30 de abril de 2014

Profissões que hoje em dia têm nomes parvos



Bom dia a todos. O dia está a ser bom ou estão de mau humor matinal como eu? Vamos então descarregá-lo. Já repararam nos eufemismos que se utilizam hoje em dia? Já não bastava os do costume como "forte" em vez de "gordo", e o "pessoa de cor" em vez de "preto", agora a moda pegou nas profissões. E nem estou tanto a falar tanto dos estrangeirismos, é mesmo da mudança de nomes para coisas mais pomposas, como se tendo o nome que tinham antes não fossem dignas. Aliás, quem inventou esta moda é quem descrimina e realmente acha que essas profissões têm menos valor. Se não vejamos alguns exemplos:
  • Técnica administrativa empresarial - Secretária.
  • Operador de marketing telefónico - Gajo do Call Center
  • Designer de Cabelos - Cabeleireiro
  • Operacional de Reciclagem - Homem do Lixo
  • Consultor de melhoria da experiência do cliente - Gajo das informações
  • Mãe a tempo inteiroDoméstica
  • Comissário/Hospedeira de bordo - Empregados de mesa
  • Em busca de novos desafiosDesempregado
Isto é uma palhaçada ou não é? Aliás, isto é humor teatral e circense ou quê? "Ai eu sou técnica administrativa empresarial". Não minha menina, tu és uma secretária e não há mal nenhum nisso, mas ao usares esse nome parece-me que tens complexos e assim sim, dou-te menos valor. A esta coisa junta-se a mania de chamar Doutor a quem não é. Mesmo a quem é já é uma tristeza, agora a quem não é, ainda se torna mais ridículo. Aliás quem se apresenta aos outros com Doutor antes do nome é normalmente parvo. Já trabalhei num banco que nos tratavam quase pelo número de trabalhador, como se faz na prisão, mas quando a CEO lá aparecia era "Ui vem ai a Engenheira". Eu também sou Engenheiro, Sr. Mestre Engenheiro faz favor, e nunca ninguém me chamou isso no trabalho. E ainda bem, porque é estúpido.

Como gosto sempre de dar o meu contributo para esta sociedade em evolução, deixo aqui algumas sugestões para profissões que ainda não sofreram essa remodelação de marca:
  • Canalizador - Consultor de águas e resíduos canalizados
  • Gajo da bomba de gasolina - Engenheiro de transferência de combustível
  • Ginecologista - Inspector oficial de zonas (curiosamente há outra palavra que rima que também se aplicava)
  • Taxista - Técnico de transporte de passageiros em veículo ligeiro
  • Talhante - Engenheiro Físico vertente corte de tecido animal
  • Peixeira - Consultora de venda pós-pesca
  • Deputado - Consultor em filha-da-putice
  • Primeiro-Ministro - Técnico de relações públicas de aldrabice
Se tiverem mais sugestões não se coíbam de as espetar nos comentários. Nunca se coíbam de espetar, já dizia o meu avô. Obrigado e bom dia.
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29 de abril de 2014

#SOMOSTODOSMACACOS, uns mais que outros



Olá bom dia. Anda um cheirinho a racismo no ar. Mas no tempo do Ku Klux Klan era mais agradável porque normalmente era cheiro a churrasco. Foi aquele vídeo do jogador do Barcelona Dani Alves, em que lhe atiraram uma banana e ele respondeu apanhando-a do relvado e comendo-a. Uma resposta genial ao atrasado mental que o tratou como um macaco no Zoo. Ou será que não foi antes um adepto mal compreendido e que só quis ajudar, sabendo que a banana é rica em potássio e que portanto ajuda a evitar cãibras? E terá o Daniel Alves comido para passar por cima desse insulto ou nem o percebeu e comeu a banana porque percebe de nutrição desportiva e/ou estava com larica? São questões que nunca serão esclarecidas. Mas apontemos para o facto de ter sido um insulto racista, que é a mais provável e também o que me dá mais jeito. Agora anda uma onda de solidariedade chamada #somostodosmacacos, em que caras conhecidas ou não, publicam fotos com bananas na mão. Como podem ver até o nosso presidente aderiu ao movimento. Não me surpreende, já que macacadas é com ele. Eu acho que o pessoal que não acredita na teoria da evolução de Darwin é o que vai ficar mais ofendido. Por acaso o termo correcto seria #somostodoschimpanzes, os macacos são de um ramo evolucional diferente, mas pronto isto sou eu a ser piquinhas. Eu só pergunto se em vez de um insulto racista tivesse sido um insulto homofóbio e em vez de uma banana lhe tivessem atirado um dildo grandão, como é que ele se tinha safado dessa. Tinha mais opções é certo.

É também notícia que o Nelson Évora foi barrado na discoteca Urban Beach, em Lisboa, com um grupo de amigos, na sua maioria desportistas que representam as cores de Portugal, como o Obikwelu, Naide Gomes, etc. O segurança terá dito "Demasiados pretos no grupo!". Os porteiros de discotecas não são conhecidos pela inteligência nem subtileza no trato e este só veio provar que o Gervásio lhe ganha aos pontos num teste de QI. Mas se calhar, mais uma vez, houve uma falha de comunicação e pode ter sido apenas uma questão de estética, visto o preto destoar com os tons creme com que o Urban Beach está decorado e já se sabe que os epilépticos não se dão bem com contrastes fortes. O segurança estava apenas a zelar pela integridade física dos clientes. As únicas pessoas que têm o direito de proferir um comentário do género "uí, tanto pretos no grupo" são aquelas actrizes de cinema alternativo que têm que servir de boneca de trapos para um grupo de jovens africanos. Até fica bem no guião.

Tinha acontecido uma do género há uns anos com o antigo jogador do Benfica Miguel. Foi barrado numa discoteca da margem sul com um grupo de amigos, alegadamente também por motivos raciais. O Miguel para mostrar que o porteiro não tinha razão foi buscar uns amigos ao bairro e dispararam 2 ou 3 tiros à porta. Nesse caso parece-me que não foi a cor da pele a razão mas sim o comportamento Neanderthal-ó-Arruaceiro, característica de muitos pretos, brancos, ou qualquer outro tom de pele. Uns evoluíram mas muitos não. A prova está na Assembleia da República. Piada fácil mas ainda assim muito bem metida.

Eu até acho piada a muito humor racial. Dave Chappelle é um génio da comédia, embora se fosse branco, seria certamente crucificado com 90% das piadas que faz. Mas agora trazer o racismo para a vida real, em pleno século XXI, num país que até é bastante liberal com essas coisas é só estúpido. É coisa que se espera de um militante do PNR, porque desses já ninguém espera coisas boas. Eu que vivo na Buraca, que sofri racismo por ser branco na escola, que fui assaltado inúmeras vezes quando era puto, tenho a inteligência suficiente para ver que o problema é social e económico e não de decoração de exteriores. Aliás a maior piada disto tudo é que esse comportamento discriminatório é típico de algumas raças de macacos, portanto, ao chamar símio a outra pessoa só por causa da cor da pele revela-se o verdadeiro saguim, que para quem não sabe é um primata pequeno, com ar ridículo e cobardolas. E cheira a cocó.
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28 de abril de 2014

Coisas de um casamento



O fim de semana foi bom? Eu tive um casamento na sexta, dia da liberdade ironicamente, e depois os outros dois dias foram de molho que a idade já pesa. Os casamentos são giros, excepto a parte da Igreja. Como era o casamento de um grande amigo fiz o favor de não ficar à porta. Durou mais de uma hora e só Deus sabe o esforço que fiz para ouvir o padre a falar durante tanto tempo, mesmo que intervalado com músicas do senhor cantadas por rapazes imberbes e raparigas de buço. Estava longe para ver tanto detalhe mas é como os imagino. Ver um padre a dar conselhos sobre o casamento e de como manter uma relação feliz, é equivalente a ver um cego a fazer as crónicas dos mais bem vestidos da passadeira vermelha dos Óscares, enquanto diz qual dos filmes deve receber o prémio para melhores efeitos visuais. Mas a bom ver os padres são casados com Deus e não há gajo mais conflituoso que o Senhor, por isso se calhar até sabe do que fala. 

Iniciou a cerimónia com algo deste género, "Temos aqui a noiva tão bonita e o noivo... com umas flores no bolso", referiu ele num apontamento de quem diz "mariquices na igreja é que não!". Foi também a primeira vez que vi um padre a fazer uma metáfora elaborada sobre sexo: "Tendes que tirar pelo menos 15 minutos todos os dias para namorar", disse ele com um sorriso maroto. Depois de acabar a analogia sexual que durou ela também 15 minutos disse "A noiva agora pode ajoelhar-se". Pensei que fosse algum tipo de dicas mais práticas, mas afinal era outra parte já. Eu estava esperançado que ele terminasse a cerimónia com um "Declaro-vos marido e mulher, de hoje em diante já podeis foder". Mas não. Senti-me desiludido.

Chegada a hora de sair da Igreja, a tradicional atira do arroz. Acho que se devia inovar, está na altura de outro hidrato de carbono receber a mesma atenção. Proponho para a próxima um fusilli integral, uma batata doce, ou até mesmo uns flocos de veia com mel. Eu por acaso tinha cozido esparguete para levar e atirar, só para ver se esta moda pega, literalmente, mas esqueci-me num tupperware em casa. Desperdício de comida com tanta gente a morrer à fome, mas estando nós à porta de um Igreja até é coerente.

E pronto, chegou então a altura de ir para o copo de água, altura de confraternizar, ver o noivo a receber os pêsames de mais de 30  gajos que pensavam que estavam a ser originais e de tirar as fotografias da praxe. Aqui fica o meu bem haja ao fotógrafo que era uma personagem, no melhor sentido da palavra. Pouco chato, o que não é costume e juntava às habilidades fotográficas as de entertainer. E não estou a ser irónico, era mesmo um porreiro. Dizia coisas como "Vá envolvam-se mais" ou um ainda "Tens que sorrir mais para a frente". Muito bom. Posto isto foi hora de ir para dentro e celebrar a união de duas pessoas amigas a comer e beber até o corpo dar sinais de alarme.

Coisas que há em todos os casamentos:
  • A mesa dos bêbedos. Há sempre uma mesa que faz a festa sozinha e que, invariavelmente é a onde eu me encontro. Uma mesa que já trata os empregados por tu, sabe de onde eles são e conhece alguém da terra deles.
  • Aquela família que mesmo separados se percebe que são parentes pela falta de gosto de toda a indumentária. Normalmente o pai parece um talhante de fato, a mulher uma peixeira enrolada num cortinado e os dois filhos, um pouco obesos, saídos de uma série infantil mexicana dos anos 80/90.
  • Mulheres a trocarem os saltos altos por chanatas assim que o pessoal já está bêbedo não repara na elegância das mulheres. Antes disso foram horas de sofrimento, com sapatos de uma altura digna de um acrobata do Circo Chen, enquanto refilam que a calçada não foi  bem feita.
  • Ao fim um grupo de gajos de volta do bar a pedir umas garrafas para facilitar o trabalho ao empregado. Invariavelmente também estou neste grupo.
  • No fim, os noivos com ar cansados e com cara de que não vai haver núpcias para ninguém.
Foi um casamento muito fofo e só espero que o divórcio seja tão ou mais alegre. Um grande viva aos noivos e que estejam juntos e, sobretudo felizes, até que a morte os separe. E que essa morte apanhe trânsito na 2ª circular em hora de ponta e chegue o mais atrasada possível!
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100º Post... OBRIGADO!



Pois é, esta imagem toda mariconça serve para assinalar o meu texto número 100 neste singelo e humilde blogue. Como tal, achei que era boa altura para agradecer a todos os que têm acompanhado, partilhado e comentado este meu hobbie de escrever umas parvoíces diariamente. Eu não escrevo com o objectivo de outros gostarem nem é o número de visualizações que me move. Escrevo para mim, o que me faz me faz rir, ou pensar, ou as duas coisas ao mesmo tempo que é sempre bom. Mas ver que essas coisas também são interessantes para outros é um orgulho e uma satisfação que só me faz continuar. Com quase uma média de 1000 visualizações por dia, desde que comecei a escrever, este já é provavelmente o maior blogue feito por alguém do meu prédio, e talvez da Buraca toda, agora que o Bruno Nogueira já não mora cá. O que é sempre um orgulho. Espero conseguir manter o ritmo na escrita, coisa que se vai afigurar complicada agora que a carga de trabalho vai aumentar devido a provavelmente ter que deixar de ser desempregado por conta própria. Um gajo tem que comer e os 5€ que faço em publicidade do blogue por mês não me dá para manter o físico esbelto que possuo. Por isso, se a assiduidade da escrita diminuir a culpa é do capitalismo. A qualidade irei tentar mantê-la, até porque diminuir é complicado. Aumentar também, mas por razões diferentes.

Já que aqui estamos, aproveito para vos pedir um favor. Devido ao pessoal que manda no Facebook ser uma cambada de chulos e que, cada post que coloco só chega a 5% dos 1200 seguidores, já que para alcançar mais querem que desembolse dinheiro, para o Mark Zuckerberg poder usufruir de companhia feminina de alto gabarito, pedia-vos para fazerem a subscrição das notificações, para assim saberem sempre quando coloco uma nova posta de pescada. Não sou daqueles que põe 300 mil actualizações por dia, a avisar que vou fazer um excelso cocó, por isso não vos chateia muito e é uma forma de ajudar esta brincadeira a crescer. Um género de festinha por cima das calças. É só ir à página de Facebook e clicar no "A seguir" e depois deixar o rato sobre o "Gostei" e clicar no "Receber notificações". Pode ser? Eu depois consigo ver quem o fez e envio em cafuné por mensagem privada.




Já agora, para quem se juntou há pouco tempo à lista de soberbos seguidores, ficam aqui os 10 textos mais lidos desde que há memória, para ler ou reler:
Espero que continuem a seguir e a gostar. Comentem quando gostarem e chamem-me nomes caso se sintam ofendidos, porque isso dá-me igual ou mais prazer. E pronto, é isto. Mais logo já voltamos a falar. Abraço católico sem encostar para os meninos, e beijinhos para as meninas, ou se quiserem trocar estão à vontade, não sou um gajo esquisito. Obrigadinho, sim?
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25 de abril de 2014

25 de Abril, celebrar ou reivindicar a democracia?



Pois é, parece que é 25 de Abril, dia da Revolução e de todas essas coisas bonitas. Hoje tenho um casamento de um amigo. Contrair matrimónio no dia da liberdade é bastante irónico. Estou com um bocado de pressa porque quero ver se me embebedo antes de ir para a Igreja, caso contrário não há paciência para ouvir o padre. Vamos então a isto que vai ser breve.

Hoje é dia de relembrar a crise com a nostalagia dos anos 70. De relembrar as promessas de Abril que nos foram roubadas sem nos lembrarmos que essas promessas eram fruto da imaginação de um povo em euforia. A crise é chata. É terrível para muita gente. Dá fome e miséria a muitos que nunca pensaram tê-la e aos outros que já lá estavam tira-lhes o sonho de lá saírem. Rouba a liberdade porque se passa a ser escravo das necessidades do dia a dia que não se conseguem subjugar. É por isso, um dia simbólico para manifestações e críticas à (des)governação do país. É triste que assim seja, mas é no que se tornou o 25 de Abril nos últimos anos.

Mas hoje, mais que reivindicar, deveria ser dia de relembrar aqueles que se revoltaram antes de nós, e por nós. Que conspiraram nas costas de uma ditadura e contribuíram para a mandar para o caralho. Aqueles que souberam dizer não à repressão e à censura e não se conformaram com o "vamos andando" e "é a vida". Aqueles que tiraram as ideias da gaveta e fizeram-nas marchar, numa marcha pacífica e organizada, com Zeca Afonso e Paulo de Carvalho em banda sonora. Aos que permitiram que hoje eu esteja aqui a escrever, e tu a ler, sem teres um gajo da PIDE ao lado a esborratar-te o ecrã com um marcador azul daqueles que depois nem com álcool sai a bodega.

Quando oiço pessoal a dizer que faz falta é um Salazar e que ele é que punha as contas em dia, dá-me uma volta do estômago. Principalmente porque normalmente é um taxista e andar de carro a pendura dá-me náuseas. Claro que havia gente que vivia melhor nessa época do que agora. Os que não pisavam o risco, não tinham ideias próprias e diziam que sim a tudo viviam melhor, principalmente porque não sabiam o quão melhor podiam estar. Por isso ou por não terem inteligência para ambicionar exercer o livre arbítrio sem censura e repressão. Para quem não valoriza a liberdade de opinião a vida era melhor com o Dr. Salazar. Mas quem não valoriza essa coisa chamada liberdade não merece opinar. A empobrecer um povo à força do conformismo, da proibição e punição, também o meu avô acamado metia as contas em dia do País. Bendito caruncho que lhe roeu a perna da cadeira e o fez dar de cornos na laje. Pena não ter dado com o mindinho do pé descalço num móvel, enquanto pisava uma peça de lego, se entalava na braguilha e queimava a língua com um chá de estriquinina.

Por isso e apesar de tudo, hoje é dia para se celebrar. A crise magoa, especialmente no rabo, porque com a fome emagrece-se e ao sentar bate-se com o osso na madeira. Mas a ditadura deve doer dentro da alma. Ser escravo do trabalho deve ser menos mau do que ser escravo das ideias que não podemos dizer, nem quase pensar, porque nos amarram a imaginação num totalitarismo de algemas invisíveis. Hoje é dia de exaltar o que temos, o que conquistámos há 40 anos. Ou o que outros conquistaram porque eu não tive nada a ver com isso. É dia de dar valor e irmos para a rua celebrar num ajuntamento que nos é agora permitido. Deixem as manifestações e reivindicações para os outros 364 dias do ano, porque hoje até é falta de respeito sobrepor as nossas queixas aos feitos heróicos de quem tinha muito menos do que nós temos agora.
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24 de abril de 2014

Porto, a (2ª) cidade mais bonita de Portugal



Deixo aqui a minha crítica honesta à cidade que viu nascer Jorge Nuno Pinto da Costa, um dos meus maiores ídolos (em termos de corrupção). 

O Porto é uma cidade do cara...go! Tinha ido lá há pouco tempo mas sem disponibilidade para visitar. Das outras vezes era petiz e não me lembrava de grande coisa. Já sabia que ia gostar, mas ainda assim fiquei surpreendido. Tem um carisma único e está a passar por uma fase de reabilitação que lhe dará ainda mais vida e personalidade. Deixo algumas dicas sobre o que fazer quando visitarem o Porto. Um género de roteiro turístico, como se fazem em conceituados blogues de viagens, mas em bom e sem ninguém me ter pago nada para dizer bem. O texto parece grande mas a culpa é das fotos que, (com excepção das duas primeiras) são da minha autoria o que só engrandece a qualidade deste texto. Ou não.


Comer uma francesinha. A francesinha é uma espécie de AVC dentro de um pão regado com um molho secreto. É bom? É! É espetacular? Mais ou menos. Quando o molho é bom a francesinha é boa, caso contrário o prato torna-se uma treta porque não há centímetro cúbico que não esteja empapado na molhanga. Mas sem dúvida que vale a pena experimentar e repetir.



Ir à torre dos Clérigos. Data de meados do Séc. XVIII e é o monumento mais emblemático do Porto. Uma afirmação fálica da Igreja Católica que se ergue pujante e hirto no centro da cidade. É bem fofa, tem 240 degraus para subir, mas quando se lá chega a cima a vista é de tirar o fôlego. O que é chato porque já vamos esbaforidos de tanta escada e acaba por ser difícil respirar.



Teleférico de Gaia. É giro sim senhor, tem uma boa vista, perdoem-me os Gaienses, embora não tenha visto muito de Gaia, pareceu-me que o ponto mais forte da cidade é a vista que tem para o Porto. Um género de Almada do Norte.

Andar de barco no Douro. Já visitámos por cima, agora vamos por baixo, que é como qualquer relação sexual bem efectuada deve ser. Por apenas 10€ podem dar uma voltinha de barco. O capitão anunciou nos altifalantes "Preparem-se para uma experiência inesquecível". Acho que exagerou. Não soube gerir as minhas expectativas, ainda nem 3 dias passaram e não fossem as fotos já nem me lembrava que lá tinha estado. Mas vale a pena sim senhor.


Prova de vinhos. Ir às caves do vinho do Porto emborcar vinhaça é essencial. Eu fui, não porque sou fino, mas porque me deram uns vouchers em que podia experimentar 4 vinhos à borla. Como bom português, tudo o que é de borla é para ir. Fui duas vezes e provei os mesmos vinhos. Levei bigode da segunda vez para não desconfiarem. Aconselho o Porto Rosé. Sim é um bocado maricas mas é bem bom (aposto que esta frase já foi dita noutros contextos).



Ver Igrejas. Sou sadomasoquista e gosto de ir a Igrejas para sentir aquelas borboletas no estômago de estar a apreciar obras de arte construídas com o dinheiro dos pobres e o suor dos escravos. São bonitas sim senhor, mas se um gajo vai a pensar bem nas coisas mete um bocado de nojo.



Café Majestic. Café icónico da cidade, na rua de Santa Catarina, que existe desde 1921 e que é também conhecido por assaltar a carteira dos clientes cobrando 2.5€ por um café. Mas vem com um chocolatinho o que não é mau. É ir, só para dizer que lá se foi, pelo interior vale a pena.



Ir às muralhas ver a vista. Mais um local agradável para apreciar a bela paisagem. Aqui vi uma senhora maravilhada com um laranjal que lá havia. O rio, a ponte, as casas pitorescas recortadas por escadas irregulares, as muralhas com a Catedral em pano de fundo era tudo secundário para esta senhora, fetichista de laranjais. O escorbuto não a apanha de certeza.



Avenida dos Aliados. A maior artéria da cidade, cheia de edifícios de meter inveja a muitas criações arquitectónicas das maiores cidades europeias. É também o local onde os adeptos do Futebol Clube do Porto festejam as vitórias do seu clube. Não vou fazer piadas sobre isso porque sou do Sporting e não tenho muito para festejar. De realçar as estátuas de meninos desnudos, com os pinduricalhos à mostra a roçarem-se em cachos de uva com ar de safados. Não sei o significado mas coisa boa não deve ser.




Ir à Ribeira. A Ribeira do Porto está cheia de vida, cheia de cafés e restaurantes com bom aspecto. E a julgar pelo preço devem ser bons... Mas vale muito a pena, nem que seja para ir passear, apanhar ar e ver a vista, seja de dia ou de noite.


A Ribeira tem também uma zona que só é gira porque tem o enquadramento do rio e das muralhas.. Caso contrário poder-se-ia confundir com o antigo Casal Ventoso de Lisboa.

E pronto, a meu ver estas são as atracções principais do Porto. Claro que há muitas outras mas que por falta de espaço aqui não figuram. Em vez disso ficam aqui algumas curiosidades sobre a cidade:

Gaivotas por todo o lado. Ainda por cima deviam estar em época de acasalamento. Não paravam de grasnar a noite toda numa chinfrineira que fazia a voz da Bernardina parecer melódica. Na minha casa ouvem-se  tiros e kizomba durante a noite, não sei quais prefiro.

No Porto há menos gordos. Não sei porquê mas é um facto. Vê-se muita gente de bicicleta e a fazer jogging o que resulta em mais elegância. Também se vê o ocasional mamute de leggins a estragar a paisagem, mas é mais raro, principalmente à noite, onde as meninas saem todas vestidas como se fossem a um casamento. Muitas vezes parece que é para o casamento do Toy, mas ainda assim dou nota positiva pelo esforço.

Por falar em noite, fui à discoteca Eskada. Eu era a única pessoa de tshirt lá dentro, ainda por cima uma que dizia Lisboa, embora que em letras pequenas. Sou um gajo corajoso. Ou inconsciente. Tudo o resto estava de camisa, fatinho e vestidos curtos a revelar mais do que Deus Nosso Senhor acharia de bom gosto. Tinha uma pista de kizomba, o que mais uma vez me fez sentir em casa. Ir a esta discoteca foi a experiência mais próxima que terei de participar na Casa dos Segredos. Tinha uma DJ daquelas que entrou nos Morangos com Açúcar e se despiu para uma revista masculina. Tinha também várias raparigas com ar de quem faz horário da noite, acompanhadas de senhores de 60 anos para cima, nas zonas VIP. Se a SIDA se apanhasse por via aérea ninguém ia lá sem máscara de oxigénio. Mas com o álcool um gajo esquece essas coisas e diverte-se. Vocês é que estão sempre a dizer mal.

É por isto tudo e muito mais que nos prestigiantes "PorFalarNoutraCoisa Tourism Awards", o Porto fica com o galardão de 2º lugar na categoria de cidade mais bonita de Portugal. A primeira é Lisboa e disso não há dúvidas. Há quem diga que as pessoas no Porto são mais genuínas. Concordo, embora ser genuíno nem sempre seja bom, porque se fores genuinamente um imbecil mas vale fingires que és outra coisa. Mas não é o caso, o pessoal do Porto é realmente mais caloroso e simpático. Quase todas as pessoas a atender ao público foram de uma grande simpatia e amabilidade, coisa que em Lisboa é complicado acontecer. Por tudo o resto, mas principalmente por isto vale a pena ir ao Porto. Os sítios são feitos de pessoas e essas são a mais valia da cidade.

P.S. - Repararam como depois de achincalhar muita coisa consegui dar a volta com uma lamechice? Sou muito profissional na arte de mal dizer.
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17 de abril de 2014

Sugestões para uma boa Páscoa



Boas tarde. O dia está a ser bom? É quinta mas é como se fosse sexta. Amanhã vamos celebrar a morte de Cristo? E depois no Domingo o facto de ele ter ressuscitado? Yeah! Vamos a isso! Domingo é para comer à bruta que deve ter sido a primeira coisa que ele fez quando saiu da gruta. Três dias fechados sem comer nada é obra! Deve ter chegado cá fora com uma larica daquelas de quem consumiu drogas leves. Aliás ele só conseguiu ascender aos céus porque tinha perdido 10 quilos.

Mas amanhã nada de comer carninha que Deus fica chateado. Deus é um gajo atento aos detalhes e se vocês comem uma sandes de queijo com uma fatia de fiambre lá escondida, têm que rezar dois Pai Nosso de joelhos, enquanto enfiam os dedos na goela e vomitam o pecado numa espécie de absolvimento bulímico. Amanhã é dia de abstinência de tudo o que são prazeres, como forma de respeito a Cristo. Como tal amanhã os padres também não vão saborear a carne tenra dos meninos do altar. Nos outros dias tudo bem, mas amanhã é pecado! 

Eu acho que a Igreja devia modernizar estas celebrações. Porque não uma rave numa Igreja para celebrar a morte do Senhor? DJ São Mateus a passar remixes de música sacra com reggaeton era épico! Faziam-se shots específicos para adorar o menino e tudo! Exemplos:

  • Coroa de Espinhos: Vodka, malaguetas e groselha;
  • Judas: Vendido como sumo de laranja mas afinal é absinto puro;
  • Papa: Tequila mas em vez do sal era Cerelac
  • Xôr Padre: Batida de Coco com Blue Corazón e tinha que se beber de joelhos
  • Homilia: Uma rapariga deita-se em cima do balcão apenas de lingerie. Quem beber o shot tem que lhe tirar uma hóstia do meio dos seios e beber vinho do umbigo. No fim tem que declamar a passagem do Novo Testamento que ela tem tatuada nas virilhas.
Era uma festa à grande e à Romana Católica Apostólica. Podia descambar tudo numa bela orgia das antigas e se alguém engravidasse era só dar a desculpa aos pais que tinha sido o Espírito Santo. E se calhar tinha, porque duvido que ele fosse querer faltar a uma festa destas.

E pronto. Vinha apenas desejar-vos uma soberba Páscoa mas entusiasmei-me e escrevi isto tudo. Eu vou de férias e só volto para a semana, pelo que não haverá textos nos próximos 5 dias. Peço que não desesperem e que tentem encontrar um sentido para viver durante esses dias. Não me crucifiquem por isso! No Facebook vão sendo publicados textos antigos que escrevi para que o vosso sofrimento não seja tanto. Adeus, um bem haja e façam amor que nem coelhinhos da Páscoa para compensar os doces que vão comer! Se o fizerem por uma questão de saúde, não de prazer, Deus compreende.
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16 de abril de 2014

Já chega de notícias sobre selfies não?



E pararmos com a parvoíce das notícias sobre selfies?
Tudo começou quando disseram que selfie ia ser uma das palavras do ano mais usadas. E eu explico-vos como é que eles chegaram a essa conclusão. Depois de analisarem as tendências e os dados recolhidos com métodos altamente científicos tiveram um brainstorm criativo que foi mais ou menos isto: "Bem vamos dizer que selfie vai ser das palavras mais usadas e isso vai fazer com que ela seja das mais usadas! Quando os meios de comunicação virem que é previsto que seja das mais usadas, vão querer usá-la para que as pessoas pensem que eles estão na vanguarda do jornalismo". E assim foi. A previsão foi acertada, como seria se tivessem escolhido a palavra "braguilha". O que tinha sido melhor porque assim as pessoas aprendiam que não se escreve "breguilha".

Primeiro veio a selfie do Obama com a Rainha da Dinamarca, enquanto a Michelle ficava de trombas. O Obama durante umas semanas que deve ter ficado a ter que fazer mais coisas a ele próprio do que apenas tirar fotos. Depois foram os Óscares, momento espontâneo premeditado. Mas pronto até foi engraçado sim senhor, crashou o twitter e como eu não uso aquilo deu-me igual. Uma coisa que não me incomoda ganha logo pontos a favor. Depois veio a do Papa Francisco com a sua selfie benta que fez mais pela Igreja Católica do que o Ratzinger tinha feito durante o seu reinado todo. Mesmo assim só devia ser notícia se o Papa tivesse deitado a língua de fora e feito cornos com os dedos ao gajo da frente.

A semana passada tivemos a notícia sobre o puto estúpido que quase morreu porque era viciado em selfies e não conseguia fazer mais nada da vida em busca da cara perfeita. Foi pena não ter morrido porque a selecção natural é uma coisa linda, e ao menos tinha desculpa para se maquilhar e tirar (ou tirarem-lhe) uma última selfie deitadinho no caixão. Agora vem a notícia da selfie do Durão Barroso, capaz de crashar igualmente o twitter, porque toda a gente bolsa para cima do teclado que acaba por tweetar um "brasrlaksjrasrlçkjawrwr" inadvertido. Ah e depois há as selfies que o Nuno Eiró tira nos programas de domingo da TVI, com o pessoal da Casa dos Segredos, que vai lá ver se continua famoso até ao Verão para lhes renderem as presenças nas discotecas. Nunca uma selfie teve tantas doenças venéreas.

Há também a moda agora do belfie, que é tirar foto ao próprio rabo. Sempre é melhor quando o rabo o justifica. Depois colocam no Facebook ou Instagram e se algum gajo comenta "com esse rabinho deves cagar bombons!", as meninas ficam ofendidas: "Que machista, só sabes falar do corpo das mulheres!". E têm razão, só porque a rapariga tirou uma foto a pronunciar o rabo, com calça justa semi transparente a ver-se a cueca, numa pose de quem está à espera de uma palmada do tio Alfredo, não é razão para não fazer antes referência ao belo sorriso ou par de olhos que ela tem. Ou até mesmo à simpatia e personalidade mais vincada que o vale das nalgas na calça de licra. Os homens são umas bestas!

"Facebook permite agora fotos panorâmicas e Angela Merkl aproveita para postar uma belfie". Isso sim era notícia, agora quem tirou ou deixou de tirar uma fotografia a ele próprio... podemos parar com esta merda?
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15 de abril de 2014

Como lidar com o pessoal que liga a tentar vender cenas




Ora bem. Depois de um texto sobre os problemas do mundo e questões existenciais, filosóficas e sociais volto às parvoíces do costume, que eu sei bem que vocês gostam é disso.

Há uns tempos um senhor da MEO ligou-me e perguntou se estava a falar comigo, eu disse que sim, porque era estranho dizer que não. Depois perguntou "Tudo bem consigo?", e eu respondi "Sim obrigado e consigo?". Houve uma pausa de 2 segundos e ele diz "Estou bem. É a primeira pessoa que me pergunta isso. Obrigado." Notou-se entusiasmo e emoção na voz do senhor. Pareceu-me genuíno e fiquei a pensar "Porra sou mesmo um gajo porreiro". Umas semanas depois ligou-me uma senhora do Barclays a tentar vender-me um cartão de crédito e aconteceu exactamente o mesmo. Afinal não sou um gajo assim tão porreiro, deve fazer parte é do guião que eles têm que seguir. Uma coisa é tentarem intrujar-me com os serviços e produtos deles, outro é darem-me falsas expectativas em relação à minha porreirice.

Bem, do Barclays a tentar vender-me cartões de crédito é a 5ª vez que tentam. Eu penso sempre em mandá-los à merda e dizer que deviam ter vergonha de andar a tentar endividar pessoas numa altura desta. Mas como sei que a culpa não é deles prefiro não o fazer. Em vez disso opto por outra postura e digo sempre que não preciso. Digo que não preciso de cartões de crédito porque tenho imenso dinheiro. A reacção é sempre gira, hão-de experimentar. Depois dizem "Mas 5000 euros de plafond é sempre bom mesmo para quem tem dinheiro!". E eu respondo, "Sim, claro que é, mas sabe eu não gosto de usar cartões, tenho sempre o dinheiro em casa, em notas, por questões profissionais". No meu caso, tendo eles no sistema que eu moro na Buraca, depois desta frase segue-se um "Pronto sendo assim obrigado pelo seu tempo". É a melhor forma de os despachar e de lhes dar uma história para contar quando chegam a casa cansados de um trabalho de merda onde andam a ser explorados.

Uma situação gira também são aquelas que vos ligam a oferecer cenas, e por vezes coisas, que basta ir buscar. Depois chegam lá e levam uma ensaboadela de paleio mais secante que os discursos do Cavaco. Havia uma altura que ligavam para casa e pediam para adivinhar a cor de um suposto carro. Fosse qual fosse a nossa resposta era a certa e eles diziam que tínhamos sido premiados com uma torradeira manual ou algo do género. Claro que depois nunca era, ou para ser tinha que se comprar não sei o quê e fazer o pino todo nu. Então um dia ligaram-me com essa conversa e eu respondo "Cor de rosa às bolinhas amarelas!". Silêncio constrangedor de 3 segundos e depois a senhora diz "ACERTOU!" numa performance digna de uma Meryl Streep de call center. Depois disso fiz-lhe um manguito, mas como era por telefone ela não viu. Desliguei e fui à minha vida.

Há que ter criatividade para tornar as situações desagradáveis em momentos cómicos que alegram o resto do dia. Da mesma forma que se alguém no trânsito vos mandar a algum sítio menos próprio, em vez de retribuírem na mesma moeda devem fazer o seguinte: Colocar uma cara preocupada e apontar para o carro deles a dizer "Olhe o pneu". Depois é recostarem-se e apreciarem as expressões faciais de confusão, raiva e agradecimento ao mesmo tempo a apoderam-se da pessoa. E mesmo que não consigam ver o resultado final, vão para casa com a felicidade de terem feito aquela pessoa parar o carro uns metros à frente e andar a verificar os pneus. Ele mandou-vos ir até ao pénis mas ele é que foi encavado com a subtileza de um ninja catatónico.
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Carta de Deus para o Homem



Caros humanos, é Deus quem vos escreve. Já não falávamos há algum tempo e vejo que as coisas continuam na mesma. Quando criei o Big Bang e deixei a ordem natural das coisas desenrolar-se, longe estava de saber na merda que ia dar. Dizerem que eu vos criei à minha imagem é a pior ofensa que me podiam fazer. Eu não vos fiz. Vocês fazem-se a vocês próprios todos os dias. Vocês criam os vossos filhos e ensinam-nos a fazer parte da sociedade como cordeiros. A não desafiar a autoridade. A não me desafiarem porque eu sou inquestionável, sem se questionarem a vocês próprios no que acreditam. Vocês não acreditam em mim, vocês acreditam no que vos dá jeito.

Eu é que já não acredito em vocês. Já desisti. Vejo rasgos de alegria espaçados por morte e miséria. Vejo picos de solidariedade no meio de planaltos infindáveis de mesquinhez e inveja. Vejo amor nas esquinas de avenidas inteiras povoadas por ódio. Vejo uma ou outra bandeira de paz içada em barcos que navegam por mares de lágrimas choradas de crianças inocentes. Já mudei o vosso canal. Vocês não são únicos no universo, há outros reality shows com aliens muito mais interessantes que vocês. Vejo Católicos, Protestantes, Muçulmanos e Judeus, todos a contar histórias para ver qual dos seus Deuses é o melhor. Discutem e matam em nome daquele que, segundo eles, é o que melhor personifica a verdade e o amor.

Cristãos, deixem-me que vos diga que rezar pais nossos e avés marias não vos absolve dos vossos pecados. O que absolve é o arrependimento e não reincidência dos actos. Muçulmamos, deixem que vos diga que não estão aqui 72 virgens ao pé de mim à vossa espera. Se acham que devem praticar o bem com esse objectivo então é porque o céu não é o lugar para vocês. Judeus, deixem que vos diga que rezar a seguir às refeições não vos abre as portas para o céu. De que serve rezar enquanto se banqueteiam com alimentos colhidos por um qualquer agricultor que quase não ganha para sobreviver. Ou por uma criança que é paga em taças de arroz? Protestantes, deixem-me que vos diga que sei que tentaram desacreditar a opulência do Catolicismo. Mas obrigar as vossas crianças a decorar a Bíblia não foi demais? Tinham ensinamentos sobre bondade e valentia nos três porquinhos e no capuchinho vermelho, sem terem que decorar as 2000 páginas cheias de sangue e vingança. Ateus, preocupem-se menos em tirar crédito às crenças dos outros e preocupem-se mais em espalhar a igualdade e o amor com o mesmo fervor que dizem que não acreditam em mim. A verdade não é a não existência de Deus mas sim a existência da felicidade.

Meio mundo vive na miséria para que a outra metade viva remediada, enquanto uma ínfima minoria vive com tudo o que devia ser de todos. E perguntam porque é que eu permito que tudo aconteça sem interferir? Sem fazer nada? Dizem que escrevo direito por linhas tortas mas a verdade é que Deus não sou eu. São vocês. Mas parece que se esqueceram disso. Inventaram-me e agora dão-me as responsabilidades dos actos que são vossos. E acham que a moralidade vem das vossas invenções? Foi preciso um maluco dizer que eu lhe disse no monte que matar e roubar era pecado para que vocês percebessem que realmente não era boa ideia? Só há um mandamento verdadeiro: trata os outros como gostas que te tratem a ti. Trata todos os estranhos como se fossem membros da tua família. É a lei fundamental da moralidade humana. Não são precisas tábuas inscritas para isso. Construíram pontes e aviões, foram à lua e ao fundo do mar e não conseguiam chegar a essa conclusão por vocês próprios?

Tinham um planeta com tudo o que precisavam, mas vocês decidiram que o que vos fazia falta eram outras coisas. Tinham tudo aí à vossa disposição. Lenha para se aquecerem, comida no chão e nas árvores, abrigos fáceis de conseguir. Mas acharam-se melhores que eu, e que queriam mais e melhor. E agora são escravos da segunda feira, para ter dinheiro para se aquecerem, comerem e se abrigarem. Distorceram tudo. Criaram regras para controlar e castrar o vosso espírito livre e criativo com que a causalidade do universo vos presenteou. Apelidaram o prazer de pecado e criaram monstros celibatários de batina que violam crianças. Padres que ganham a vida a gastar o meu nome numa boca que não merecia sequer estar viva. Celibato para quê? O que tenho eu a ver com a vida de cada um? Se tudo foi feito por mim para que é que existe o orgasmo se não para desfrutar dele? Fodam mais e façam menos guerras.

Pode ser que me surpreendam. Pode ser que um dia percebam porque aí estão. Que não interessa se eu existo ou não se não conseguirem ser felizes em conjunto. Pode ser que chegam à conclusão que vocês é que são omnipotentes e omnipresentes na única vida que vos é garantida. Que não é eterna mas que podem deixar a vossa marca para sempre. Que são o nada e o tudo, o alfa e o omega e que só todos juntos podem ser um só.

Ass: Zé
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14 de abril de 2014

Foi melhor que falecer



Viram o primeiro episódio do novo programa do Ricardo Araújo Pereira, Melhor que Falecer? Nas redes sociais não se fala de outra coisa, especialmente os tonhós a dizer mal, criticar e achincalhar como se não houvesse amanhã, por uma parte do programa ser um texto que ele já tinha escrito há uns tempos para a Mixórdia de Temáticas. Gente que, mesmo se tentasse, não conseguiria fazer rir uma criança bêbeda e deficiente. Pessoal que não deve ter noção do que é escrever humor todos os dias com a qualidade que o Ricardo faz. Eu também não tenho noção mas calculo que seja, no termo técnico, uma tarefa fodida de fazer. Uma coisa é dizer mal no café com os amigos, dizer "Epá estava à espera de melhor" e essas coisas. Agora ir mandar postas para os comentários do Facebook é que me faz uma comichão que nem vos conto. Apetece-me montar uma empresa cujo serviço é sacar as informações pessoais do perfil dessa gente, encontrá-los e dar-lhes um calduço e um beijo na boca. Só para os confundir.

A inveja é lixada e é fácil ter inveja do RAP. Faz o que gosta e tem aquela qualidade que as mulheres dizem que é a mais importante num homem. Dinheiro. E sentido de humor também.

Eu também estava a à espera de conteúdo 100% original, claro que sim. Mas e que não tenha sido? Mesmo repetido tem mais piada do que 99% dos outros humoristas, essa é que é essa. E acho giro ver algo que foi feito para a rádio ganhar vida na TV. Significa que funciona nos dois formatos e isso é de valorizar. Não acredito que tenha sido por preguiça. Acredito que foi apenas e só porque era giro fazer aquela rábula da TV, e foi, ou até mesmo para baixar as expectativas que estavam altíssimas. Ou se calhar até é por outros motivos, vamos esperar para ver... Fosse como fosse vinha sempre gente dizer mal. E ainda bem. Porque eu acho-lhe piada e se toda a gente também achasse eu ficava com a sensação que alguma coisa estava mal. Para se ter sentido de humor é preciso inteligência e sabemos que essa não é uma qualidade que todas as pessoas tenham.

Bem eu cá estarei para ver os próximos episódios. Gosto de humor e comédia e o Ricardo é o melhor que temos. E temos outros muito bons por isso é um elogio. Está tudo à espera que ele perca a graça como dizem que aconteceu ao Herman, esquecendo-se que sem ele provavelmente não havia os outros que agora achamos os melhores. Está tudo a esfregar as mãos à espera desse dia. Mas mesmo que esse dia chegue, ele terá passado 20 anos a fazer rir os portugueses. Coisa ao alcance de quase nenhuns.
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Coisas que as pessoas pesquisam no google



Esse fim de semana foi bom? Eu ainda estou de ressaca de sábado. Isto com 30 anos demoram 2 dias a passar. Hoje deixo-vos aqui uma lista de pesquisas do google que pessoas fizeram e foram dar aqui ao blogue. Há pessoal estranho. Algumas delas foram mais do que uma pessoa a pesquisar, o que só reafirma o facto de haver sempre alguém feito à medida para todos.
  • boa foda com ana malhoa - Não sei qual era o objectivo de quem pesquisou isto. Espero que não tenha ficado desiludido com o texto.
  • ana malhoa está tudo bem nada - Alguém que ouviu a música e nem quis acreditar que se chamava "turbinada".
  • críticas filme sei lá - Foram dar a este texto. Gostava de saber se os convenci a irem ver o filme ou não.
  • e possivel falarmos e depois sonharmos c isso - Gente doida.
  • bailarinas de ana malhoa - Alguém certamente a fazer uma tese de mestrado.
  • raparigas portugal strip mamas grandes - Classe. Acho que ficaram desiludidos com o resultado.
  • videos de rita pereira a fazer coisas sexy - LOL. Fazer coisas sexy é muito bom. Não sei se acharam isto muito sexy.
  • o que e que os rapazes falam no balneario - Alguma menina a querer saber mais sobre os homens. Deve ser uma rapariga empenhada.
  • paneleiros - Quem pesquisa isto? Alguém que quer ver pornografia gay mas sem dar a entender isso ao google. O que esta pesquisa quer realmente dizer é: "Fotos de paneleiros nojentos que gostam de se esfregar em outros homens para eu ver e dizer o quão homofóbico sou enquanto me toco intimamente de tanta repulsa que sinto". O texto só aparece na 2ª página do google e mesmo assim o gajo foi lá dar.
E pronto é isto. Mais logo já falamos.
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11 de abril de 2014

Poliamor (desculpa para comer várias gajas ao mesmo tempo)



Viram a reportagem na SIC sobre o Poliamor, com aquele senhor que à primeira vista toda a gente pensaria que nem um namorada conseguiria ter e vai-se a ver e afinal anda a martelar 4 ao mesmo tempo? Se não viram fica aqui o link, mas vejam depois de ler isto se faz favor, que eu não estou aqui para servir de guia turístico.

Primeiro que tudo Poliamor soa a nome de doença que dá comichão naquela zona logo a seguir ao ânus, de quem vem de cima para baixo. Mas não é. É o estilo de vida de quem tem mais do que uma relação romântica e/ou sexual ao mesmo tempo. Homem que tem várias gajas e/ou mulher que tem vários gajos, tudo com o consentimento uns dos outros. Podem inclusive morar todos na mesma casa numa espécie de acampamento hippie mas com papel higiénico.

Eu apesar de não me rever neste estilo de vida, acho que se o pessoal fosse todo poliamoroso o mundo era um lugar melhor. Havia muitos menos crimes passionais e possivelmente andava tudo ocupado na festança, ou a resolver problemas de lides domésticas, que ninguém tinha tempo para pensar em guerras e nessas coisas. Acredito que a monogamia é racionalmente um disparate que surgiu por questões darwinistas. O pessoal começou a ficar monógamo por preservação das crias. Um só parceiro, menos probabilidade de um rival matar as crias do outro, como acontece no caso dos leões. Depois há as questões sociais e religiosas ao barulho mas para mim a causa principal é essa. Obviamente que com a mentalidade que temos, a monogamia é o aceite e eu também não conseguiria estar numa relação em que há mais pilas ao barulho. Mas se olhar racionalmente sem emoção à mistura, o sexo devia ser como ir ao ginásio e ninguém devia ficar chateado de se fazer com outras pessoas. Se toda a gente pensasse assim o mundo era um lugar melhor e disso não tenho dúvidas.

Acho é que, mais cedo ou mais tarde, os poliamorosos deixam de o ser. Quando há paixão e amor à séria o ciúme vem à tona. Quem gosta realmente não quer cá terceiros na relação a meter o dedo e principalmente o resto. Mas pronto, isto sou eu, formatado para ser monógamo por esta sociedade. Os outros, ou são pessoas com problemas mal resolvidos de infância, ou são pessoas que se libertaram desses pré-conceitos que nos são impostos. A mim não me faz diferença. Estilos de vida que não interferem na minha vida para mim é à vontade. Se houver pessoas que querem ter relações sexuais com 10 animais, desde que os animais consintam, por mim tudo bem. Se vir um gajo com duas gajas ao colo e a alambazar-se com elas vou pensar "sim senhores, safa-se bem o rapazola". Se vir uma gaja com dois gajos ao colo a ser alambazada vou pensar "estranho... como é que ela tem cabedal para ter dois gajos ao colo e não lhe doer os quadrícipes". Preconceitos que ainda temos na nossa sociedade.

Aturar uma namorada já é um cabo dos trabalhos. É trabalho full time de minimização de risco, gestão de prioridades e controlo de danos. Agora imagino quem namora com várias e ainda por cima na mesma casa como o gajo da entrevista. Imaginem só quando elas sincronizarem os períodos. Deve ser uma casa mais esquizofrénica do que a ala mais complicada do Júlio de Matos. Aturar vários homens também deve ser um ver se te avias. Nos vários sentidos da palavra. Mas os homens é só meter-lhes futebol à frente e uma cerveja nas mãos que eles acalmam, da mesma forma que um bebé a chorar espeta-se-lhe uma mama na boca e ele fica ali entretido sem chatear ninguém. Convém no entanto ser uma mama feminina. Se for de homem é um bocado estranho. Com homens adultos também podem experimentar essa técnica meninas, que garanto que resulta.

Casos em que o poliamor faz todo o sentido:
  • Uma surda-muda casa-se com um cego. É preciso um terceiro elemento para fazer de intérprete.
  • Tens duas amigas, uma com boas mamas, outra com bom cu e não consegues decidir qual gostas mais.
  • Estás na prisão e os dois gajos maiores, líderes de gangues opostos, querem fazer amor contigo no rabo. Uma relação de poliamor poderia aqui acabar com as rivalidades.
E pronto, é isto. Sobre este assunto estamos conversados. Espero que as minhas namoradas não fiquem chateadas comigo por causa deste texto.

P.S - Tema sugerido através do Facebook pelo excelentíssimo Pedro Castanheira, possuidor de um restaurante de prestígio na Buraca. Sim há restaurantes de prestígio na minha zona. Chama-se "O Baptista" e se alguma vez lá forem digam que vão da minha parte que ele oferece-vos um copo de água. Dos grandes.
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Muitos deveres... Poucos direitos



Ontem lancei o desafio no Facebook que o primeiro tema sugerido seria o tema do texto de hoje. Arranjei lenha para me queimar obviamente, mas vamos lá ver o que sai. A leitora Anabela Miranda sugeriu o tema "Muitos deveres... Poucos direitos". Ainda não faço ideia do que vou escrever mas vamos a isso que alguma coisa se há-de arranjar. Boa ou má.

Não se come de boca aberta. Não se canta à mesa. Não se brinca com coisas sérias. Vai fazer os trabalhos de casa. Já são horas de ir para a cama. Desde pequenos que temos deveres, muitas regras para seguir, muitos padrões de comportamento para cumprir. Mas temos muitos direitos que compensam tudo isso. Temos a liberdade para sonhar e o direito a brincar e a falhar. Começamos a crescer e os direitos vão-nos sendo roubados. E os deveres começam a encorcuvar-nos. Estuda, trabalha, casa, reproduz. Morre. Ouve o que o teu chefe te diz. Tens o dever de ser responsável e de seguires o rebanho. Tens o dever de votar e eleger o teu primeiro. Até nos querem transformar os direitos em deveres. O direito a votar passou a ser um dever. E o direito à indignação passou a ser olhado como revolta sem causa.

O pior direito que é negado a muitas pessoas é o direito a uma boa educação. Isso sim, devia ser um direito adquirido, mais do que a saúde que temos a sorte de a ter, embora muita gente se queixe, é das coisas que funciona bem em Portugal, se compararmos com outros países. Agora a educação... É nosso dever exigir esse direito. Porque se não vai tudo continuar como está, vão ser sempre os mesmos no poleiro. Sim porque no fundo no fundo, estamos a perder direitos porque lhos damos a eles, vezes sem conta. PS e PSD podem errar mil vezes que a amnésia selectiva dos portugueses lhes perdoa os erros. Parecemos umas esposas que sofrem violência doméstica e acreditam sempre nos pedidos de desculpa e nas promessas. Achamos que vai mudar e ser aquilo que sempre sonhámos. Mas não vai. Vai ser sempre a mesma merda. Enquanto não exercermos o dever a mandá-los todos para o caralho não nos podemos queixar muito de nos andarem a roubar os direitos. É uma pescadinha de rabo na boca. "Os políticos são produto da nossa sociedade. Das nossas escolas, das nossas famílias, das nossas igrejas. Entra lixo, sai lixo. Isto é o melhor que o nosso sistema consegue produzir.", já dizia o George Carlin em relação aos Estados Unidos e o mesmo se aplica para Portugal.

Podem tentar tirar-nos tudo desde que não nos roubarem o direito de sonhar. Aliás o dever de sonhar e lutar por um mundo melhor. Devemos isso a nós próprios e aos que cá ficam quando nós já cá não estivermos. Ainda assim temos mais direitos e liberdades que 90% da população do mundo. Eu prefiro desemprego do que ter um ditador que manda executar pessoal só porque sim. Prefiro políticos corruptos do que bombas a cair no meu quintal. Prefiro défice e contas para pagar do que ter filhos a morrer porque não lhes consegui arranjar água para beber. Não sou apologista que nos devamos comparar com o pior para nos sentirmos melhores. Acho que temos que nos medir pela bitola mais alta e querer ser como eles. Mas às vezes é preciso pôr as coisas em perspectiva. É sexta feira. Está sol. Vamos dar-nos ao direito de desfrutar sem pensar na crise.

E pronto é isto. Obrigado pela sugestão. Não saiu nada de jeito que o tempo e a inspiração hoje não abundam. Quem não gosta que faça melhor que não estou para vos aturar. Brincadeira. Vocês são uns fofos.
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