30 de junho de 2014

Coisas que não se devem fazer num 1º encontro



Bem, hoje venho dar-vos umas dicas de como ter aquele primeiro encontro perfeito, digno de um conto de fadas. Para issom acho que devem saber o que não fazer ou dizer, para não estragarem as vossas hipóteses de terem um 2º encontro. Cá vai:

Para mulheres
  • Uma mulher não deve aparecer grávida de 8 meses. Há fetiches para tudo mas a maioria dos gajos não aprecia que se traga uma 3ª pessoa para um 1º encontro, a não ser que seja uma amiga jeitosa para uma festa a três;
  • Dizer que está com aftas, hemorróidas e com o período. Há maneiras mais subtis (e menos nojentas) de sugerir que não vai haver festa no primeiro encontro;
  • Dizer que a Érica da Casa dos Segredos é uma mulher de muito valor;
  • Perguntar o signo. Ainda piora se disser que é igual ao do ex-namorado;
  • Pedir um copo de água para tomar um medicamento e dizer que é para a bipolaridade. Já se sabe que todas as mulheres têm um bocadinho disso mas deixem-nos na ignorância um bocado;
  • Dizer que não conseguia fazer sexo anal com o ex-namorado porque ele tinha um badalo gigante. Se utilizar mesmo a expressão "badalo gigante" ainda piora a situação, embora seja de valor uma mulher que fala à taxista;
  • Uma mulher não deve não insistir para pagar a conta. Minhas meninas esse tempo já lá vai, igualdade para o bem e para o mal se faz favor;
  • Dizer que normalmente gosta mais de badboys mas que como está a chegar aos 30 aceitou sair com ele, apesar de ter ar de xoninhas. Ele já sabe que é esse o caso, por isso não há necessidade de o verbalizar.
Para homens
  • Dizer que só aceitou sair com ela porque lhe faz lembrar a mãe quando era mais nova e que apesar de já ter 60 anos continua a ser bem boa;
  • Dizer-lhe que é parecida com uma actriz pornográfica de quem ele gosta muito e que se não tiver sorte com ela vai para casa ver uns filmes;
  • Coçar o testículos por dentro das calças, cheirar e dizer "Faz-me lembrar o arroz de marisco da minha avó Arminda.";
  • Não dizer "Já te deixo em casa, deixa-me só passar ali no Técnico a ver se está lá a minha mãe para me dar dinheiro para a gasolina, ela costuma ter sempre notas de 5€ por causa dos beijinhos";
  • Perguntar com um sorrisinho maroto "Já alguma vez te tentaram violar num primeiro encontro?";
  • Perguntar "Já foste mais gorda ou mais magra?". Compreende-se que um gajo queira saber se está a apanhar a rapariga na fase descendente ou ascendente, mas tentem perguntar isto apenas no 2º encontro;
  • Dizer que sexo só depois do 10º encontro. Uma mulher que oiça isto vai desconfiar. Ou que é um aldrabão, ou que não gosta de pipi como deve ser. Elas dizem que querem homens sensíveis e as valorizem pelo seu interior mas 10 encontros sem tentarem ver-lhes o outro interior ela não vai achar piada;
  • Dizer que se perdeu a virgindade na mãe Kikas, no aniversário do Tio Alfredo que estava bêbedo e pagou à Jéssica Cristal para lhe tirar os 3. Há detalhes da vida dum gajo que devem ficar para sempre no oculto.
E é isto. Não precisam de agradecer e força nesses encontros à bruta.
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26 de junho de 2014

Qual o melhor super-poder?



Hoje trago-vos um tema um pouco nerd. Em conversas de café, quando os homens não estão a falar de gajas, futebol e carros, estão a teorizar sobre assuntos parvos. A pergunta "Que super-poder é que escolhias?" é das mais frequentes e por isso aqui vai uma lista dos super-poderes mais usados nos filmes e bandas desenhadas, com a análise muito profissional a que vos tenho habituado:

Viajar no tempo
Já dizia o Louis C.K. que se for para viajar ao passado só os brancos é que podiam experimentar. Ser preto e usar uma máquina do tempo e voltar a tudo o que seja 100 anos atrás não deve ser uma boa experiência. Era um poder brutal de se ter mais algo me diz que íamos ficar viciados em voltar atrás e tentar remendar erros num ciclo infinito que nos ia impedir de aproveitar a vida. Além de que um gajo com jet lag já fica meio abananado, quando mais com esta brincadeira.

Prever o futuro
Este é daqueles que se podia contar a toda a gente porque ninguém acreditava. Quer dizer, há malucos que acreditam em tudo. A utilização óbvia era prever os números do euromilhões e tinha a vida feita. Além de que podia seguir os passos da Maya e ser uma das celebridades mais acarinhadas de Portugal. Prevejo que há gente que não vai detectar a ironia nesta última frase.

Ler pensamentos
Altamente poderoso no que diz respeito a sacar gajas e a ser dos melhores em qualquer profissão que se tenha. Fora isso dava para pouco e provavelmente não se ia ter amigos porque há sempre aquela altura que se pensa "este gajo é mesmo otário" e estava o caldo entornado. Já para não falar de namoradas... Já basta ouvir-vos falar!


Super inteligência
Este eu já tenho mas achei que devia estar na lista. Agora a sério, era do caraças ver vídeos e aprender tudo estilo Matrix. Provavelmente ia era depois achar todas as outras pessoas desinteressantes e burras. Bem, mas já acontece isso muitas vezes no dia a dia... Não por eu ser super inteligente mas por haver muita gente super burra.

Invisibilidade
Mais uma vez excelente, não para sacar gajas, mas para fazer de detective ninja em balneários femininos. Dava para levar uma vida do crime do caraças. No entanto tenho quase a certeza que ia ser atropelado mais cedo ou mais tarde.

Poder de enfiar uma chapada através do computador ao pessoal que faz comentários anormais na internet
Este é talvez o que me dava mais gozo. Era andar pelas páginas dos jornais online e passar o dia nisso. E aqui no blogue também iria haver pessoas com os meus nós dos dedos marcados na face. Este poder talvez pudesse também ser utilizado para acariciar em vez de agredir, o que podia ser giro.


Voar
É daqueles que ia ser difícil fazer em segredo. Mais cedo ou mais tarde tínhamos caças F-16 a mandar-nos uns mísseis no nalguedo. Este era ideal com o da invencibilidade porque acho que inevitavelmente me ia espetar de fronha algures ao olhar para uma rapariga mais voluptuosa. Depois depende da velocidade também, imaginem que voavam, sim senhor, mas à velocidade daqueles carritos meios quadrados conduzidos por um senhor de 80 anos. Era uma seca do caraças, era mais rápido ir de metro a qualquer lado. E a chuva e o frio... É preciso pensar bem nas coisas antes de começar para aí a bater as asas.

Teletransporte
Este sim, muitas vantagens e poucas desvantagens. Poder aproveitar a vida ao máximo e conhecer o mundo todo. Tinha era que me ser garantido que podia controlar ao milímetro onde me ia materializar. Não quero cá erros no GPS, nem que sejam apenas de 19cm, que era o suficiente para me materializar com a ponta do trombinhas dentro de uma parede e era capaz de doer. Com essas garantias talvez fosse o meu favorito.

Super força
Este é daqueles que queremos ter quando somos putos mas depois quando crescemos vemos que há melhores. E depois há a questão de perceber se dá para controlar a força ou é sempre à bruta até deslocar a bacia? Há que ver os termos e condições muito bem antes de escolher.

Imortalidade
Para lá caminhamos por isso ia ser um super-poder obsoleto daqui a uns 100 anos. Tendo isso em conta era um mau investimento. E viver para sempre e veres todas as pessoas queridas a morrer deve ser chato. Mas também ias ter o prazer de ver as pessoas que não gostas a ir desta para melhor e tu ali todo pimpão, cheio de saúde, a dançar sapateado em cima do caixão deles.

Arranjar aparelhos electrónicos
Esta era do caraças. Há coisa pior que se avariar o telemóvel, máquina fotográfica, computador ou os electrodomésticos em casa? Além de que montava uma loja de arranjos que aquilo ia ser um rio de dinheiro. E não há gaja que resista a um bom técnico de máquinas de lavar.

Controlar a mente
Se eu tivesse este poder ia ser uma besta (já sou um bocadinho eu sei). Aliás, acho que qualquer pessoa com este (e com a maioria dos outros) se iria tornar num pequeno Salazar. Era difícil aceitar um não como resposta e lá iriam haver muitas violações mascaradas de livre e espontânea vontade.

Curar
Era o mais altruísta de todos, mas tem um gajo um super-poder para ter um consultório? Depois era pedidos de toda a parte do mundo e nós, qual Cristiano Ronaldo, tínhamos que andar por aí a curar putos ranhosos para não ficarmos com peso na consciência. Eu neste era egoísta, não contava a ninguém e só me curava a mim e às pessoas que me são próximas. E a dois ou três milionários para me pagarem e ter a vida feita. Eventualmente curava também uma gaja boa caso ela tivesse SIDA e me estivesse mesmo a apetecer...

Por isso assim em jeito de resumo o que se concluí é que com todos eles um gajo tinha a vida feita e diversão garantida. Eu acho que escolhia o tele-transporte ou o de curar. E vocês? Mandem bitaites aí nos comentários mas cuidado com as chapadas através do monitor!
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24 de junho de 2014

Sem bullying éramos todos xoninhas



Ora bem, este foi o tema mais votado no Facebook para ser escrito aqui neste belo e singelo blogue. Como não gosto de faltar ao prometido, aqui fica o que se afigura ser um post bastante parvo.

Primeiro que tudo faz-me comichão a utilização dos estrangeirismos quando palavras tão portuguesas poderiam descrever bem o assunto. No meu tempo não havia bullying, havia porrada, normalmente no intervalo. Havia putos estúpidos, maiores ou que atacavam em bandos, que achincalhavam e melindravam putos mais pequenos que não se sabiam defender. Havia o ocasional calduço que deixava impressões digitais no pescoço e as paralíticas nos ombros e nas coxas. Isto era o bullying do meu tempo, a que a maioria das pessoas não ligava muito, porque fazia parte do crescimento normal de uma criança.

No meu tempo os campos eram de gravilha e vidros, os parques infantis de areia com cocó de cão e seringas e os escorregas e baloiços tinham ferrugem e pregos soltos prontos a espalhar o tétano. Hoje em dia é tudo almofadado, acolchoado e desinfectado. Mas que merda é esta? Andamos a mexer com a selecção natural feitos parvos e vamos acabar por estragar a evolução da nossa espécie. Se um puto ranhoso decide que se deve mandar de cima do escorrega, num mortal encarpado à retaguarda, quando nem o pino sabe fazer, e se esbardalha com os dentes no chão ou enfia um prego ferrugento no escroto, quem somos nós para impedir? É deixá-lo ir.

No meu tempo os pais davam chapadas nos filhos quando eles se portavam mal e os professores davam reguadas quando merecidas. Hoje em dia uma mãe bate num puto e tem os Serviços Sociais à porta e uma professora fala alto com um miúdo e tem os pais a quererem explicações à base do punho cerrado. Eu levei muita porradinha, a minha mãe chegou-me a atirar um rissol congelado, em género de estrela ninja, que se me tinha acertado era coisa para abrir lenho no sobrolho. Só me fez bem, não que merecesse, mas ensinou-me movimentos semelhantes ao do Neo no Matrix, que na minha zona dão jeito.

Eu era um xoninhas até os meus 15 anos. Mas era um xoninhas grande e bruto que fazia com que os bullies fossem procurar alvos mais fáceis. No 1º dia de aulas da primária a minha mãe vestiu-me de fato de treino salmão (cor-de-rosa vá) e botas ortopédicas. Tinha tudo para ser o bobo da corte da Escola Nº1 da Buraca, onde o salmão se destacava ao longe no recreio por entre as cores maioritariamente mais escuras do resto da criançada. Aqui fica uma foto para comprovar.

(esta foto comprova também o facto de eu já ter sido muito fofo.
Não, não tenho ascendência asiática, especialmente da cintura para baixo)

E já que aqui estamos vou aproveitar para me gabar mais um pouco. Na 3ª classe puseram um puto franzino, timorense e refugiado na minha turma. Não foi preciso muito tempo até 2 ou 3 palermas começarem a meter-se com ele e a querer treinar os movimentos do último filme do Van Damme no lombo do rapaz. Não foi preciso grande coisa para acabar com isto, foi só convidá-lo para jogar à bola com o meu grupo e enturmá-lo. Acabaram-se os abusos porque ele deixou de estar sozinho e de ser um alvo fácil. Basta coisas destas para se acabar com o bullying. O bullying só existe porque as pessoas assobiam para o lado quando vêem alguém a sofrer. Numa escola haverá o quê, 1 bully para 100 putos normais? Parece-me óbvio que se quem não é arruaceiro vir algum puto a ser melindrado, podiam juntar-se e ir lá esbofetear a peste até lhe sair sangue dos ouvidos. Mas não, pensam "ainda bem que não é comigo" e fingem que não vêem. Atrasados mentais vão sempre existir, cabe aos outros fazer frente e defender os mais fracos. Esse puto timorense ficou dos meus melhores amigos até ao dia que morreu vítima de um gangue rival do meu. Mentira, ainda não estava em gangue nenhum com 10 anos. Foi cada um para seu lado depois da 4ª classe.

Quantas vezes já ouvimos grandes CEO, músicos, etc dizer que sofreram bullying na escola? Muitas! Pois eu tenho para mim, e agora para vocês, que se não fossem uns atrasados mentais terem azucrinado esses gajos provavelmente não seriam o que são hoje. Sem bullies não há nerds que montam empresas milionárias nem artistas que põem cá para fora todas as suas emoções e se tornam ídolos que papam gajas a torto e a direito só para se vingarem do que sofreram quando eram putos. Se se diz que quem é bully e popular (sim porque normalmente isto anda de mãos dadas) nunca é ninguém na vida, e que o cromo, xoninhas é que vai ter sucesso, então para quê mexer num sistema que está a funcionar? Na volta camufla-se o bully com regras e acaba o gajo por ser o adulto com sucesso que vai mandar em empresas e quando se vir com poder solta o bully que esteve dentro dele acorrentado.

As crianças são más, sempre foram, talvez sejam piores agora, não sei. Mas sei que uma educação demasiado protectora vai dar cabo desta sociedade toda. Não é à toa que anda por ai o SWAG... com uma boa dose de bullying essa gente andava na linha. Com bullying criam-se putos mais desenrascados, que se sabem defender, que vão saber mandar um patrão abusivo dar uma curva, que vão saber o que querem para as vidas deles. Faz parte do ser criança, faz parte do crescimento, tirem isso tudo e vamos ter uns adultos xoninhas que não sabem o que fazer à mínima adversidade. É verdade que com o bullying também vamos ter alguns que ficam traumatizados e com problemas para a vida toda, mas é um sacrifício necessário. Não tentem acabar com o bullying como se fosse terrorismo, tentem antes fazer com que quem vê outros a ser maltratado diga "Alto e pára o baile meu gandim! Deixa o miúdo que nós somos para cima de 10 xoninhas prontos a ir-te ao focinho!". Matam-se 2 coelhos de uma só vez.

Pronto era isto. Obrigado e bom dia.

P.S. - Em relação ao cyberbullying, como agora dizem, tenho uma solução simples para as vítimas "Desliga a internet foda-se!!!".
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17 de junho de 2014

Portugal vs Alemanha: #SomosTodosTreinadores



Então parece que Portugal levou na pá forte e feio da Alemanha? 4-0 no buxo que doeram mais que muitas das medidas da troika. O pior de tudo foi ver a Senhora Merkl a festejar sem ninguém lhe enfiar um par de chapadas com as costas das mãos até lhe saltar a peruca.

Foi um bom jogo para quem é fã de sado-masoquismo. Já vi raparigas acabarem gravações de filmes marotos e não terem sido tão sodomizadas como foi a nossa selecção. E é curioso que muitos desses filmes eram alemães. Como somos todos treinadores e comentadores aqui fica a minha análise individual aos nossos jogadores:

Rui Patrício - Ia dando um brinde logo no início que se tivesse dado golo não tínhamos perdido por tanto que ficavam logo em sentido. Nunca se sabe. Fora isso só esteve mal no último golo mas depois da defesa deixar passar tudo... Já ele tinha salvo um golo antes. Não foi por ele que fomos encavados.
Coentrão - Pena a lesão e não foi dos piores.
Pepe - Foi o Militão de ontem. Enterrou-nos bem fundo, especialmente porque nos próximos jogos vai jogar o Ricardo Costa.
Bruno Alves - Quando devia ser o brutamontes que nos habituou é que lhe dá para ser uma bailarina.
João Pereira - Perdeu mais bolas que a filha do Nené.
Miguel Veloso - Nem se deu por ele, o que podia não ser mau... mas foi.
Moutinho - Jogou a 10% do que sabe se é que não se esqueceu já.
Meireles - Correu muito mas sempre atrás do prejuízo. Construir jogo está quieto ó preto. Onde esteve melhor foi a cantar o hino.
Nani - Podia ter marcado um golão mas fora isso, foi a desgraça que nos tem habituado nos últimos anos. Para mim sentava no banco que é para aprender que isto não é o Circo Chen.
Hugo AlmeidaO único ponto positivo disto tudo foi o facto de se ter lesionado.
Ronaldo - Fez o que podia. Olhar para o lado e ver a quantidade de cepos que tem como colegas deve ser desmotivante.

André Almeida - Quem? Entrou a tempo para abrir um buraco ainda maior da defesa.
Éder - Tendo em conta o resto não jogou mal.
Ricardo Costa - Até o Carriço é melhor, ao menos deixa os adversários confusos com beijos na boca.

E pronto foi esta miséria. Agora com os Estados Unidos sugiro a seguinte táctica, em vez do 4-5-0 com Hugo Almeida a ponta de lança que utilizámos neste jogo: Miguel Veloso a defesa esquerdo, Ricardo Costa (à falta de melhor) a central, William a trinco (com William não tínhamos levado metade dos golos), Varela no lugar do Nani e Postiga no lugar do Hugo Almeida. Ainda era menino para sentar o Moutinho para ele aprender e meter o Rúben Amorim.

Vá, vamos lá espetar 3 ou 4 batatas nos Estados Unidos que eles merecem.

P.S. - O Cristiano costuma dizer "eu estou aqui", hoje só lhe devia passar pela cabeça "porque é que eu estou aqui?".
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12 de junho de 2014

O essencial para ver o Mundial de Futebol 2014



Hoje começa o Mundial! Ainda não tinham percebido? Realmente a cobertura noticiosa tem sido muito subtil e quase nem se tem ouvido falar disso. Para poderem acompanhar este Mundial com tudo o que têm direito, aqui fica uma breve descrição das equipas que vão participar:
  • Brasil - Já ninguém conhece os jogadores como antigamente. Já lá vai o tempo do Ronaldo, Rivaldo e Romário. Agora há o Neymar, os que já estiveram no Benfica e o Hulk. Jogam em casa para quem não sabe.
  • Croácia - Têm o gajo que foi beijado pelo Carriço.
  • México - Equipa financiada por Cartéis de droga.
  • Camarões - Correm muito.
  • Espanha - Campeões da Europa e do Mundo, jogam ao primeiro toque que nem uns mariquinhas que têm medo de levar pau.
  • Holanda - Var Persie e Robben, são sempre dos favoritos mas nunca ganham nada.
  • Chile - Desde o Zamorano e do Salas que nunca mais se ouviu falar deles. Têm muitas prostitutas amadoras entre as adeptas.
  • Austrália - Vieram passear como sempre. Futebol não é com eles.
  • Colômbia - Equipa financiada pelos Cartéis que financiam os Cartéis que financiam o México.
  • Grécia - Não voltam a repetir a proeza de ganhar uma prova de futebol nos próximos 1000 anos.
  • Costa do Marfim - Só interessa o Drogba mas é difícil distingui-lo na TV.
  • Japão - Os asiáticos têm jeito para tudo menos para o futebol.
  • Uruguai - São sempre melhores do que o que se espera. Têm o Suárez que é bom mas há sempre o risco de acabarem com menos 1 em campo.
  • Costa Rica - A maioria das mulheres brasileiras tem pernas mais musculadas que os jogadores desta selecção tal é a fomeca que passam no seu país.
  • Inglaterra - Nunca ganham nada e levam sempre na boca de Portugal.
  • Itália - Já não é o que era mas são ratos.
  • Suiça - Chegam sempre a horas aos jogos mas perdem logo antes do tempo.
  • Ecuador - Os jogadores estão habituados a bola de trapos e chegam a estas provas e não se dão bem com as jubulanis e o catano.
  • França - Ribery não vai jogar, resta o Benzema. A selecção que nem os próprios franceses gostam.
  • Honduras - Era a equipa que eu escolhia como adversário quando jogava FIFA e queria dar cabazada.
  • Argentina - Têm o 2º melhor jogador do Mundo mas que se fosse pelo que joga na selecção nem nos 10 melhores ficava.
  • Bósnia - Mal ouvem petardos nas bancadas borram-se todos.
  • Irão - Têm muito potencial, com jogadores prestes a explodir.
  • Nigéria - Correm muito tal como os Camarões.
  • Alemanha - Pelos menos 4 jogadores são parecidos com a Merkl. Vamos ver se não nos encavam como ela tem feito.
  • Portugal - Cristiano e mais 10, ou mais 9 quando joga o Hugo Almeida.
  • Gana - Já foram a melhor selecção Africana o que não quer dizer nada.
  • USA - Ainda lhes faz confusão a cena de haver faltas mas estão a começar a apanhar-lhe o jeito.
  • Bélgica - São talvez a melhor selecção entre aquelas que ninguém dá nada por elas.
  • Algéria - Slimani!
  • Rússia - Muitos nomes acabados em "ov", com fígados que parecem iscas temperadas em vodka de alhos.
  • Coreia do Sul - Sem árbitros a ajudar, como da vez que foram anfitriões, dificilmente ganham 1 jogo.
E pronto é isto. Vamos falando.
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11 de junho de 2014

O desmaio do Cavaco: drogas, sexo ou quebra de tensão?



Esse 10 de Junho foi gostoso? Primeiro que tudo quero afirmar aqui que acho indecente que, num país que se diz evoluído, idosos tenham que trabalhar num feriado até à exaustão para conseguir pagar as contas.

Não podia deixar passar a cena dramática protagonizada pelo nosso Presidente. Quem costuma vir aqui sabe que eu nutro um carinho especial pelo Aníbal, mas não lhe desejo mal em termos de saúde. No entanto, não posso deixar de me rir da situação e de achar que a cara dele meio azambuado é das coisas mais engraçadas que vi nos últimos tempos. O Cavaco fez inveja à maioria das mulheres, teve homens fardados a correr em seu auxílio e a carregarem-no ao colo. Provavelmente atrás das cortinas ainda lhe fizeram respiração boca à boca com língua. Nojo.

Eu acho que há 3 explicações, igualmente plausíveis, para o que aconteceu. Vamos então ver quais são? Claro que vamos que quem manda aqui sou eu.

A primeira foi o Sr. Presidente ter tomado alguma droga recreativa antes de ir discursar. Uns cogumelos mágicos, um brownie de erva, qualquer coisa. Comeu aquilo com aquela galga com que ele come bolo Rei e teve que ir palrar. Aquela merda a meio começou a bater como se não houvesse amanhã. Há partes em que se percebe claramente na cara dele que está a ver Salazar a dançar no fundo de um arco íris duplo. Se foi esse o caso quero saber onde é que ele comprou a cena, porque parece-me que é daquelas que até faz sangrar dos ouvidos, que já se sabe que são as melhores.

A segunda e para mim mais provável, foi o gajo ter-se começado a aliviar atrás do palanque, ou em termos de urina ou a tocar uma flautada a ver ali a parada militar. É um gajo patriótico e não conseguiu evitar o hastear da bandeira do dia de Portugal. São coisas que acontecem e na idade dele uma erecção não deve ser desperdiçada, esteja-se onde se estiver. Nisto o pessoal da guarda veio logo tentar abafar a situação, porque abafar outra coisa era capaz de ser mal visto. O de branco foi logo calçar a luvinha, mostrando que isto não é a primeira vez que acontece e da última vez sujou-se (sorte que a farda é branca). O pequenino que parece primo do Marinho Pinto, foi lá meter ordem na coisa, salvo seja e o Cavaco olhou para ele numa de "Olhe que isto é bala de salva, é pólvora seca, deixe-me em paz, não comento, é preciso esforço e é para celebrar". Na idade avançada do senhor deu-lhe a quebra depois do cavaquinho bolsar e foi em ombros lavar-se.

A terceira hipótese foi o Cavaco ter-se sentido mal, uma quebra de tensão ou falta de açúcar no sangue. Não vou muito por esta hipótese, acho que as duas primeiras são mais prováveis.
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6 de junho de 2014

Maus tratos no ATL onde eu andei



Hoje venho-vos falar do ATL onde eu andei quando era puto, dos 6 aos 10 anos. Ia para lá depois das aulas e por lá ficava porque os meus pais não saber de mim até o sol se pôr. Ficava lá a fazer trabalhos de casa, ver desenhos animados, brincar aos médicos e enfermeiras e essas coisas normais que as crianças fazem num ATL. Mas o meu ATL era especial, derivado do facto de ser gerido por uma senhora professora da antiguidade, que devia ser fã do Salazar e de Belzebu. A juntar a esse facto tinha lá a filha que era "ex" toxicodependente, mas já lá vamos.

No meu ATL havia enfardamento à base da chapada com as mãos das costas em crianças. Até aqui tudo bem, acho que hoje em dia falta dar uns bons pares de tabefes a muita criançada para ver se chegam aos 14 anos e não começam com a merda do SWAG e do YOLO. Eu nunca levei nenhum, porque era um petiz bem comportado, mas principalmente porque era um bufo queixinhas e contava tudo aos meus pais. Da primeira vez que me trataram menos bem lá foi a minha mãe armar a barraca. A minha mãe tem muito jeito para isso, mas sem peixeiradas que somos da Buraca mas somos gente fina. Então nunca me bateram nem me trataram muito mal e por isso é que fiquei um coninhas. Culpa da minha mãe.

Uma das imagens que mais tenho na memória foi tentarem obrigar uma amiga minha a comer algo que ela não gostava e acreditem que não era filet mignon com folhas de rúcula e queijo de búfala. Devia ser uma papa qualquer cujos ingredientes eram segredo da casa. Mas obrigar a comer como se fazia à antiga, tapar nariz até a rapariga ficar roxa e mal abria a boca ia uma garfada que avião só se fosse um dos que bateu nas torres gémeas, era até desaparecer o cabo. Nisto a miúda vomita-se toda mas cometeu o erro de principiante de acertar com o vómito no prato. Foi só ir buscar uma colher e aquilo passou a ser sopa que lhe foi dada como se engordam os patos para fazer foie gras. O que vale é que ela estava a chorar e o sabor das lágrimas devem ter disfarçado o sabor do suco gástrico.

Outra coisa que me lembro, esta sem culpa das senhoras, era de uma colega que, ao contrário da outra, não tinha pudores em comer o que quer que fosse. Lembro-me de a ver a colocar uma aranha morta e umas quantas formigas num pão, com batata frita para dar textura e comer aquela merda com um sorriso na cara de Síndrome de Down. Escusado será dizer que era gorda. E nojenta.

Voltando à parte da filha da dona ser "ex" toxicodependente. Era algo que era sabido, os pais que lá deixavam as crianças estavam a par da situação, pelo menos os meus estavam. Não sei se interprete isso como os meus pais sendo seres humanos impecáveis que não descriminam ou pais negligentes e/ou se estavam a cagar para a minha segurança. A dona tinha montado o ATL para a filha endireitar a vida agora que já tinha deixado a droga. Nada melhor que um trabalho com crianças ranhosas para não voltar a dar na fruta. Eu só de ver um puto aos berro num restaurante já me apetece dar na heroína e enfiar um supositório de LSD, quanto mais aturar uma dezena deles. Só sei que ela era meio estrábica, meio vá, toda, e que se fechava muitas vezes no seu gabinete que só faltava ter uma plaquinha à porta a dizer "Sala de chuto". Por vezes íamos meia dúzia na carrinha com ela e ficávamos à espera lá dentro uma meia horita enquanto ela ia pagar contas. Mais tarde, em conversa com ex colegas, chegámos à conclusão que ela nos deixava à espera à porta do antigo Casal Ventoso. Ao menos não nos mentiu, foi mesmo pagar as contas. Parece que afinal quando a mãe disse "ela deixou a droga" queria dizer era que se tinha esquecido dela em algum lado. Lembro-me bem das caras e dos nomes, da mãe e da filha, mas não os vou revelar embora já devam estar ambas mortas. A dona por causas naturais da idade e a filha por aquilo que já se sabe... atropelada por causa do estrabismo.

E pronto, muito mais haveria para vos contar mas isto já ficou grande demais e quando é assim dizem que doí. Adeus e bom fim de semana!
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4 de junho de 2014

Páginas do livro que nunca escrevi



A noite cai agora mais cedo. Em Lisboa o Verão terminou e o vento, a chuva e o pôr do sol apressado tomam conta da cidade. A cidade que continua cheia de vida por entre cada uma das suas ruas entrelaçadas, entre estações de metro, avenidas largas, as artérias da cidade, mas também pelas suas ruelas e escadinhas apertadas, de Alfama, Mouraria ou da Bica, desses bairros carismáticos que só são lembrados quando o cheiro da sardinha assada e do pão andam no ar. O sol abrasador de Agosto já lá vai, e os raios de sol acutilantes dão agora lugar a uma brisa que acaricia o rosto e nos diz que para o ano há mais. Os calções começam a crescer e os casacos de meia estação já são uma constante. As noites estão mais frias e as manhãs também. As manhãs de sol de ouro que é reflectido no dourado das ruas cobertas pelas folhas de bronze dos plátanos que ornamentam o chão, espalhadas nos passeios, amontadas nas beiras das estradas e revestindo a relva ainda verde dos jardins.

Rostos desconhecidos e descontentes vagueiam nos transportes públicos, zombies de fato e gravata e de facto pouca vontade própria, escravos dos tempos modernos que acordam cedo, colocam o capacete de palas espelhadas e embarcam para mais um dia até que seja sábado. Mas por vezes, no meio de tantos rostos sem alegria há um que sorri, que está ali porque quer e não porque precisa, ou precisa ainda assim porque é estar ali que a faz feliz. Se calhar não o estar ali, mas para onde vai e enquanto não chega tenta aproveitar tudo o que o mundo tem para lhe dar. Hoje, ali, entre a Avenida e o Rossio, esse rosto era o de Maria, que se destacava na multidão envelhecida pelos sobrolhos franzidos e dentes cerrados. O sorriso estava-lhe nos olhos e no jeito como ajeitava o cabelo e se desviava para dar espaço para mais um revoltado no metro enlatado. No modo que pedia “com licença” e "desculpe" por cada encontrão que a carruagem ia incentivando. No olhar convidativo a um bom dia como ela olhava para todas as pessoas, desde ao rapaz de 20 e poucos anos de fato e gravata, vermelha, e barba feita à pressa, até ao senhor de higiene precária que empurrava toda a gente por onde passava. A vida ensinou-lhe a não descriminar, a que por trás de uma imagem há uma história e que essa imagem não desvenda as 1000 palavras que são precisas para a começar a contar.

Nos seus 22 anos de inocência, Maria tinha mais maturidade que a maioria das meninas-mulheres da sua idade. Nos seus olhos azuis esverdeados havia o espelho de um mundo risonho, de uma alegria destemida de agarrar cada dia como se fosse o primeiro ou o último. Acabada de se licenciar em Serviço Social com distinção, trabalhava agora na Associação Comunidade Vida e Paz onde fazia aquilo para que gostava e para que tinha vocação. Tentar fazer do mundo um sítio mais justo e melhor. Tentar que os que não tiveram sorte na vida, que foram abusados, por outros ou por si próprios, que erraram e não lhes foi dada a oportunidade de tentar de novo, pudessem ter algo mais que os agarrasse a esta vida tão efémera, e que para alguns, ainda bem que assim é. Maria gostava de todas as áreas que tinha estudado mas onde se sentia melhor era a trabalhar com os sem abrigo, ou como ela gostava de lhes chamar, os sem amigo, porque era isso que ela achava que eles realmente não tinham e lhes fazia mais falta. Era mais fácil encontrar uma esquina, uma ponte, uma arcada, uma árvore que os tapasse da chuva do que encontrar alguém com quem eles pudessem contar, abrir o coração e que lhes abrigassem as lágrimas. Não era aconselhável criar laços na sua profissão, podiam toldar-lhe o julgamento, diziam-lho, mas Maria não era assim, Maria criava laços com uma folha presa ao sapato no caminho para casa, quanto mais com um ser humano que ali estava, carente, desabrigado de calor emocional. Talvez mudasse com o passar dos anos, talvez isso a tornasse uma pessoa mais descrente no mundo e nas pessoas, consoante as histórias de vida se lhe amontoavam nos ombros juntamente com as Primaveras, sem que ela visse o mundo e as pessoas a mudarem à sua volta. Talvez fizesse com que ela vivesse os problemas dos outros mais do que vive os seus, mas ainda assim talvez fosse melhor. O que poderia ser fraqueza para muitos para ela era o tónico diário que a fazia erguer-se da cama ao primeiro fôlego de olhos abertos com a genica e alegria de quem tem tudo para fazer e o quer fazer por gosto. Há cerca de 1 ano, Maria tinha sido diagnosticada com um deformidade cardíaca aguda, uma herança genética de quem nunca lhe deu nada. Sabia que a qualquer momento o seu coração poderia calar-se-lhe no peito. Que podia deixar de ser quem é entre dois batimentos, numa música que fica a meio para sempre. O seu coração era grande de mais. Literalmente. Era maior do que uma rapariga do seu tamanho e estrutura devia ter e por isso tinha-se tornado fraco e insuficiente para manter o seu corpo a funcionar por um tempo que para os outros é considerado normal. Maria sabia que muito provavelmente iria morrer mais cedo, demasiado cedo e, por isso, queria viver todos os dias. Viver à séria. Viver! Não sobreviver como faz a maioria. Não queria passar um dia sem deixar algo de si a alguém que cá fica. Um sorriso, uma palavra carinhosa, um abraço com um “vai correr tudo bem”. Não tinha aquelas listas que as pessoas fazem quando sabem que vão morrer. Se vamos todos morrer porque será que só os que sabem que vão morrer antes do tempo querem fazem isso? Não quer dizer que ela não receasse a morte, apavorava-a pensar nisso e por isso, não pensava. Fugia-lhe do controlo e pensar nisso só lhe iria adoecer a vida que lhe restava.

Mas hoje era um daqueles dias em que Maria se lembrava que o seu coração era diferente. Tinha refeito alguns exames, já os sabia de cor e o resultado também. Tudo na mesma mas pior. Fora encaminhada para um médico especialista em transplantes cardíacos e coisas do coração, no sentido físico claro. Era dos mais conceituados e dos que lhe poderia dar o parecer mais profissional sobre o seu futuro, se é que havia, e sobre as alternativas todas e os riscos que lhes estavam associados. Era nestes dias, de 2 em 2 meses desde há 1 ano que Maria se sentia nervosa e ansiosa, optimista como era não podia deixar de sonhar com um milagre do corpo humano e que a sua doença se lhe desaparecesse. Mas acima de tudo era realista, sonhadora terrena sabia que isso não iria acontecer. Mas era tão bom pensar nisso e imaginar por momentos, mesmo que quando descesse das nuvens o solo lhe parecesse quente e áspero nos seus pés descalços de quem sonha acordada. Ela adorava viver, não tinha medo da morte tinha era pena de não poder viver o tempo que lhe tinha sido prometido quando era criança. Queria ter filhos e deixar cá um pouco do seu ADN, uma tábua rasa para ensinar e se orgulhar. Queria tudo isso e sabia que a probabilidade disso acontecer era reduzida mas que isso não reduzia a sua capacidade de sonhar e viver enquanto o sangue lhe bombeasse pelos vasos sanguíneos que lhe aqueciam o corpo.

Chegada ao metro do rossio, apressou-se a sair, vestindo o  seu pequeno casaco bege. Tinha 500 m para fazer até ao Hospital de S.José. Podia ter saído na estação do Martim Moniz mas preferia andar mais um pouco e fazer o percurso a pé. Subiu as escadas, 2 a duas como fazia sempre, com a pressa de quem não tem tempo a perder com um degrau de cada vez e surgiu por entre a calçada com o sol preguiçoso de Outono a iluminar-lhe o rosto. De cabelo escuro quase liso, caído sobre os ombros contrastando com os tons claros e quentes da sua roupa. Calças de ganga e ténis castanhos claros, que agora eram escuros, e top de alças rosa a esconder-se por entre o casaco desapertado que a protegia da brisa das 9 da manhã. Um sorriso rasgado a esconder a preocupação que ela se esquecia por momentos de ter. Como ela adorava aquela cidade. Sentia-se parte dela apesar de lhe conhecer os podres todos e talvez por isso, por ainda assim a preferir a todas as outras, sabia que era amor verdadeiro. Não havia nada que aquela cidade lhe pudesse fazer que ela a deixasse. Ali, ao lado da pastelaria Suíça olhou à volta, rodou sobre o seu eixo e respirou o ar da cidade num fôlego profundo. Ali estava ela no coração vivo e forte de Lisboa, onde a calçada conta histórias e as estátuas ouvem tudo o que se passa. As buzinadelas dos condutores apressados a contrastar com a calma das águas das fontes da praça do Rossio. O vento leve e cauteloso vinha do rio e trazia os cheiros e as memórias de um povo arrastando o fumo do Homem para longe dela. Aquela praça estava-lhe na alma. E estava a chegar a altura que ela gostava mais, onde o cheiro das castanhas assadas e dos pregões dos cauteleiros se misturava com as luzes de natal quando ainda faltava para abrir os presentes. Já ameaçavam algumas lojas neste início de Outubro a chegada do Natal, a quererem forçar o seu início para que o negócio se esquecesse dos tempos de crise e lhes pagasse as contas em atraso. Mas as ruas ainda estavam despidas de enfeites, ainda não havia presépios nem árvores ornamentadas mas já havia indianos a vender chapéus de pai natal misturados com as rosas e as coras de princesa. Era estranho ver que o Natal já espreitava pela porta entreaberta do Verão mas que as bancas de gelado continuavam ali e que os turistas que invadiam Lisboa não precisavam de mais que um par de calções e uma Tshirt para fazer conjunto com os chinelos de enfiar no dedo. Era uma cidade de contrastes mas com uma coerência na sua essência que a deixava rendida.

Agora num passo desapressado, sem degraus para subir aos pares, pôs-se a caminho, devagar, apreciando as ruas e as gentes. Tinha tempo, faltavam ainda quase 45 minutos para a consulta e o caminho, mesmo andando a passo despreocupado não demoraria mais de vinte. Passou pela ginginja do Rossio, à sua direita e já havia fila. Não era a sua bebida preferida, nada com álcool o era. Sabia que não podia beber, ou não devia, mas também tinha direito a saborear de vez em quando. Não gostava do sabor da ginja mas sempre que a provava sabia-lhe a Lisboa e o doce do fruto com o amargo do álcool sabiam-lhe a Portugal. Pensou em levar um garrafa para oferecer, já que o Natal está quase aí, mas decidiu que o faria à vinda, não queria andar a carregar com o saco nem que o seu médico novo a interpretasse mal ao ver com uma garrafa de álcool antes das 10 da manhã. Até se riu por dentro ao pensar nisso. Por entre as lojas abertas e os passos apressados de quem esteve no trânsito demasiado tempo e agora tem que compensar havia ali tanto trabalho para ela fazer. Pedintes e sem abrigos cresciam em Lisboa e ali era o pedaço da cidade que reclamavam para eles. Era ali que os turistas mais andavam e era ali que as pessoas tinham dinheiro para beber cafés de 2€ sentados em esplanadas viradas para o estômago guloso de Lisboa. Era ali que eles dormiam ao relento debaixo de arcadas de casas que ironicamente estavam abandonadas, deterioradas e a pertencer sabe-se lá a quem. Com caixotes do lixo pretos cheios de comida da família que pediu doses a mais com medo de ficar com fome e deixou no prato que foi deitado fora. De tanto lhes conhecer as histórias Maria já as fantasiava na sua cabeça ao ver um desses pobres indigentes rejeitados pela sociedade, ou que a rejeitaram em alguns casos, o que os tinha levado ali. Álcool e drogas eram os mais comuns antigamente, agora eram contas por pagar, créditos atados ao pescoço em nó de forca que lhes tirou a casa e com ela muitas vezes a família e a vontade de tentar de novo. Aquela desgraça misturada com os restaurantes gourmets e os carros de luxo que iam acelerando eram como a ginja, um contraste que lhe deixava a boca amarga.

Subiu pela Calçada do Garcia, por entre aquelas ruas apertadas e traçadas a régua e esquadro na mão de Dali de tão pouco rectas e aborrecidas que não eram. O comércio típico português ali já não viva, restaurantes indianos e chineses com lojas de conveniência a condizer em cada esquina e línguas que ela não percebia a ser entoadas por entre as janelas semi abertas dos rés-do-chão. E mais uma vez ela se sentia em casa. Aquela multiculturalidade de Lisboa, como de uma rua para a outra se passa da Europa para a África ou Ásia dava um aroma especial àquela metrópole que era muito mais do que o cheiro das especiarias no ar. Como Assistente Social ela sabia bem os problemas que havia tanto de quem tenta integrar todas as raças e credos em igualdade, como de quem é integrado numa sociedade que não é a sua enquanto tenta guardar a sua origem. Mas ainda assim, numa calma aparente, havia respeito e não imposição, havia uma convivência pacífica e saudável que contrastava com tantas outras cidades do mundo, muito mais racistas e xenófobas do que as nossas de Portugal. E isso fazia-a sentir contente, sabendo que a perfeição estava longe, muito longe, que apesar de tudo e nos tempos que se vivem a paz ainda era senhora da razão.

Os grafitis, ou os rabiscos feitos por rapazes rebeldes sujavam aquelas paredes, que já estariam sujas mesmo sem os traços de tinta das latas, de quem as usava como armas de revolta sem saber com o que se estavam a revoltar muitas vezes, davam carisma àqueles esquinas. Aquela zona da cidade era como um senhor de cara fechada e cicatrizes no corpo que não tem mais nenhum sorriso para oferecer. Já os deu todos em tempos e agora guarda-os para quem se mostrar digno. Um senhor que respeita quem o respeitar mas que acima de tudo deixa passar ao eu lado de forma indiferente, desde que não se lhe dê um encontrão no ombro.

Os andaimes amarrados aos prédios anunciavam mudanças numa cidade com medo de ser velha. Com medo de ser como as senhoras de idade à espreita nas janelas das ruas estreitas e os senhores de cabelo branco à porta dos cafés a galar as meninas que passam e que não faziam de Maria uma excepção. Sem ser exuberante fazia virar os pescoços no seu sentido, o seu jeito descontraído e alegre abria portas aos piropos e aos comentários, muitos deles inapropriados, mas de onde ela tirava apenas o humor que lhe estava inerente. Aos outros esquecia e nem os escutava. O seu sorriso, sempre rasgado a mostrar os dentes e o bom dia que ela dizia sempre que alguém a fitava nos olhos mais do que 2 segundos faziam com que a sua falta de feminilidade e sensualidade que a sociedade impõe a uma mulher, não interessassem a que ela fosse bela. E era. Todo o seu rosto parecia ter sido feito por algum dos pintores ou escultores renascentistas, com as proporções correctas e matemáticas que se atribuem aos rostos belos. Sem maquilhagem, sem unhas pintadas, cabelo não mais que escovado e um pouco penteado depois do banho, o seu rosto emanava mais que beleza ingénua, reflectia a energia e a beleza que ela via no mundo. Se algo era imperfeito na sua cara, só apenas o dente canino direito, da sua direita, que tinha crescido rebelde em relação aos seus irmãos. Tinha decidido dar um passo à frente para ser o primeiro a sentir a aragem quando ela sorria. Mas esse dente era talvez a cereja no topo da beleza de Maria, o que quebrava os seus traços aprimorados e lhe dava a rebeldia quente que ela tinha da não conformidade. Mas ela não se achava bonita e talvez por isso ainda o fosse mais.

Chegando ao fundo da Rua do Arco da Graça, por entre taipais envelhecidos de há tanto tempo que a cidade está a ser operada ao apêndice, por entre caixotes do lixo cheios até cima e partidos por baixo, de escadarias amareladas que espalhavam o cheiro da urina de ontem à noite, ou de tantas outras noites, as paredes de cimento e tijolo afastavam-se e a calçada abria-se. Em frente, o muro de cor salmão sujo com o arco em pedra branca trabalhada, de colunas gregas e figuras bíblicas no topo convidam a entrar. Mas só ali ia quem ali trabalhava e quem precisava. Era o hospital de S. José. Antigo e célebre Colégio de Santo Antão-o-Novo que após o terramoto de 1755 passou a abrigar os enfermos que ficaram sem local para ser tratados aquando da destruição da sua antiga casa, o Hospital de Todos-os-Santos. Este era de apenas um santo, S. José, o padroeiro das famílias, dos trabalhadores e o protector da Igreja Católica Romana. Reminiscências religiosas que ficam de uma época em que rezar a Deus era o mais eficaz dos remédios, nem que fosse porque quem o fazia acreditava nele. Agora era um dos monumentos mais importantes de Lisboa e um dos pólos da medicina moderna do país e era para ali que Maria tinha sido encaminhada por um amigo de sua mãe, com conhecimentos importantes e confiáveis na área. Maria encheu os pulmões de ar, sabendo que era o último fôlego de ar puro que ia respirar na próxima hora, preferindo o ar corrompido pelas máquinas do Homem que pairava nas ruas, do que o cheiro a éter e batas brancas desinfectadas dentro das paredes do hospital. Expirou e com um bom dia alegre ao segurança do portão ensonado entrou.
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3 de junho de 2014

Monarquia? Sim ou não?



Óbvio que não. Pumbas, logo assim sem lubrificar nem nada. Até parece que tem areia! Parece que o Rei Juan Carlos abdicou do trono em Espanha para dar lugar aos mais novos. Era bom que o Cavaco por cá fizesse o mesmo e fosse gozar a sua mísera reforma para bem longe. Infelizmente o que ele ganha não lhe deve dar para ir comprar uns caramelos a Badajoz, quanto mais ir para o caralho que o foda que é bem mais longe. (ando a ver se me processam para ter publicidade à borla mas está difícil).

Bem, posto isto, o que dizer da monarquia? Primeiro que tudo é que é ridícula. "Ah mas há países muito avançados que são monarquias", dizem os senhores de calças vermelhas. Pois há, mas também os há que não são, não é? E quem disse que se não fossem monarquias não estariam ainda melhores? Nunca se sabe. O que se sabe é que alguém ser eleito seja para o que for por ter uma cunha é parvo. E a monarquia é isso, é o gajo do poder só lá estar porque tem a maior cunha do mundo que foi o pai ter ejaculado no interior da mãe e ele ter nascido. Era o D. Duarte que ia pôr Portugal no sítio? Um gajo que saca uma gaja 20 anos mais nova tem algum valor, mas duvido que fosse a solução que andamos à procura. Ia ser pior que o Cavaco? Provavelmente não. Têm a voz parecida mas um é D. Duarte Pio e o outro só se lhe ouve o pio quando devia estar calado.

A monarquia é um regime machista, ostentoso, ultrapassado e ridículo. Não quer dizer que não funcione bem, atenção! Limpar o rabo com facturas do pingo doce também funciona, o que não quer que não se cague os dedos todos e que não haja melhor forma de o fazer. Ainda assim adorava que se fizesse um referendo sobre isto que era para os monárquicos se calarem para sempre bem caladinhos. Acho que quando há um partido monárquico que nunca tem mais que meia dúzia de votos da família e amigos não seria preciso um referendo para adivinhar o resultado. "Ah mas o partido monárquico não reflecte a vontade dos portugueses em ter uma monarquia", dizem agora os senhores de bigode aristocrata. Então façam o seguinte, criem o partido QVENÉPQAMDV, ou, "Quem Votar Em Nós É Porque Quer A Monarquia De Volta" e concorram às próximas eleições! É como se fizessem o referendo! Esta gente não tem criatividade nenhuma...

E é isto. D. Sebastião não há-de voltar, porque alguém que anda perdido há tanto tempo não é numa noite de nevoeiro que encontra o caminho para casa. Mais depressa aparece a Maddie a dizer que a fila para a Disney Land estava grande e que ainda fez tempo para ficar com altura suficiente para andar na montanha russa.
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