31 de janeiro de 2018

Pessoas estúpidas e a selecção natural



E é dia de mais um episódio do magnífico podcast Sem Barbas Na Língua. Neste episódio falamos de pessoas estúpidas e a selecção natural; mortes irónicas e massacres religiosos; coisas que nos fazem comichão e muito mais. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



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30 de janeiro de 2018

Celibato, ejaculação precoce e animais de estimação



Como é, meus caros? Estamos rijos e com vontade de ajavardar com classe? Vamos, então, a mais uma consulta "Doutor G explica como se faz".


Olá Dr. G, acontece que sou comprometida e feliz há 2 anos e ele pediu-me em casamento e vamos casar daqui a dois anos. Mas o problema é que eu tenho um gato há 3 anos e fui eu que sempre cuidei dele e o meu namorado diz que não quer esses bichos nem nenhum a viver na casa dele. Não sei o que faça, eu sempre adorei bichos. Ajude-me.    
Olga, 27, Lisboa

Doutor G: Cara Olga, é uma situação comum, infelizmente. Como só vão casar daqui a dois anos, é esperar e ver se o gato morre, entretanto, ou se a vossa relação não dura até lá. No entanto, o meu conselho é que metas já o animal para adopção a ver se alguém lhe pega. Quando digo animal, refiro-me ao teu namorado, claro. Por falar em animais, vou estar numa noite de stand-up comedy solidário, juntamente com outros humoristas, promovido pela ONG ANIMAL, que será já dia 3 de Fevereiro, em Cascais. Reservas e informações neste link.


Boas Dr. G. estou a estudar Teologia neste momento, não num seminário (apesar de ter feito o seminário até ao 10º ano). A ocorrência é que estou a caminho de um impasse na minha vida. Tenho namorada, no entanto a minha vocação não me parece completamente definida e desde que ingressei no curso de Teologia que me fascina outra vez esta opção do presbitério (grande parte dos professores são padres e vê-los com modelos de vida é extraordinário), e não deixo de pensar que a minha vocação possa ser, desde já, a ordenação e a pregação a tempo inteiro da Boa Nova. A inquietação está em como perceber a minha vocação - marido ou presbítero? Existe algo que possa fazer para testar? Não consigo deixar de pensar no amor que tenho pela minha namorada e no amor que tenho por Jesus Cristo. Desde já um muito obrigado, Que a paz de Jesus Cristo esteja contigo. 
Anónimo, 23, Porto

Doutor G: Caro Anónimo, há uma forma fácil de testar: quando rezas ficas de pau feito e Jesus faz-te um bico? Se não for esse o caso, escolhe antes a namorada que me parece que ela faz mais por ti do que Jesus que, aliás, nunca pediu a ninguém que deixasse de pinar por causa dele. Se Deus nos deu o orgasmo (e às mulheres os múltiplos) não foi para ficarmos com as miudezas a ganhar bolor.


Caro doutor, no meu último envolvimento andamos a ali a enrolar no vai não vai e não passava dos amassos, mas eu sempre quis experimentar praticar o amor com ele, pois ele era de raça negra e sempre tive curiosidade. Um dia lá avança-mos. Eu tinha grandes expectativas, mas no fim, acabei extremamente desiludida, "not even a minut?". Agora não sei se devo dar uma segunda oportunidade e achar que a primeira correu mal e que a segunda vai ser melhor ou desistir simplesmente.
A, 20, Guimarães

Doutor G: Cara A, primeiro, parece-me que é um pouco racista quereres experimentar o rapaz só porque ele é de raça negra, mas pronto, é uma espécie de discriminação positiva e preenchimento de quotas, por isso deixo passar. O que não posso deixar passar é a palavra "avança-mos". Fiquei com urticária e se por acaso isto fosse o chat do Tinder e me escrevesses isso, a minha enguia trapalhona escondia-se mais depressa do que uma tartaruga a ouvir o grasnar de uma gaivota. Fiquei tão baralhado que até li "not even a minete", pensando que o rapaz tinha descurado os preliminares. Depois, percebi que estamos a falar de um caso de ejaculação precoce que nem espaço para preliminares teve. Tudo depende: ele achou que o tempo foi normal e ficou satisfeito ou pediu desculpa pelo sucedido? Se foi o primeiro caso, acho que não deves dar uma segunda hipótese já que estamos na presença de um homem egoísta - que são a maioria. Se foi o segundo, é encarares como um elogio e dares uma segunda oportunidade onde ele, provavelmente, se irá esforçar. Não te esqueças que sendo ele negro, não pode ter erecções durante muito tempo senão falta-lhe sangue no cérebro e desmaia.


Boas caro Doutor! Estive namorado 3 anos, entretanto tudo acabou. Passados uns tempos, comecei a falar com umas miudas e tal, a coisa correu bem com uma, ja existia quimica, porque ja nos conheciamos antes e existia conversas quentes mas devio a ela estar namorada nunca foi nada para frente. Mas deixamos de nos falar durante uns tempos, que acontece foi que eu terminei o meu ela terminou o seu, e as conversas voltaram ao que eram, até que chegou a altura de acontecer beijos e conhecer o sistema de cada um! Sempre com ela a dizer que nao cria passar nada disso, visto que tinhamos uma boa amizade, o que acontece certo dia sem mais nem menos deixa-me de me falar, tentei saber que se passou mas sempre sem resposta.   
Anonimo, 22, Lisboa

Doutor G: Caro Anónimo, ela arranjou outro. Fácil. Limpinho, limpinho. Nem vale a pena pensares mais. Deixo um fluxograma para te ajudar a perceber:
Ou isso, ou deixou-te porque não sabes escrever e ela «cria» um homem com pelo menos a quarta classe feita. Passem as dúvidas no corrector, é o mínimo que podem fazer em consideração com o Doutor G, que presta serviços de forma gratuita. Esta dúvida até me deu refluxo gástrico e cancro nos olhos.


Doutor G, escrevo-lhe aquilo que todos os dias está nos meus pensamentos: Será que ler o 'Doutor G explica como se faz' me está a tornar viciada em sexo e assuntos do género? Isto é: o facto de acompanhar, assiduamente, o seu blogue está a tornar-me "obcecada" em matéria de sexo? Ou significa que gosto de me intrometer e conhecer a vida sexual de outras pessoas? 
Ana, 24, Lisboa

Doutor G: Cara Ana, embora gostasse de acreditar que o Doutor G tem o poder de viciar as pessoas em sexo, especialmente as do género feminino, e apenas através da escrita e não da sua prática, temo que o mérito não seja meu. Devia ser apenas um lado teu que estava adormecido e que acordou ao ler tanta javardeira com classe. Deixa-me dizer-te que sinto que esta dúvida pode ser considerada como assédio à minha pessoa e que há aí um convite implícito para uma consulta privada. No entanto, vou esperar que um dia sejas famosa e recebas um Globo de Ouro para me ir queixar às revistas.


Caro Dr. G, conheci uma rapariga há 2 ou 3 meses, ela tem 20 eu tenho 29 e gosto dela e ela sabe isso. Já falei com ela e disse-lhe abertamente que queria ter algo com ela, não para ajavardar ou apenas aproveitar-me de uma fraqueza que, quiçá, ela tenha, mas sim começar um namoro minimamente decente. Continuamos a falar e a ser amigos, mas ela ate agora ainda não se decidiu e tem dias que fala bem, manda msgs, telefona, trata-me com carinho etc... há outros que nem bom dia me diz. Ajude-me Dr. 
Anónimo, 29, Setúbal 

Doutor G: Caro Anónimo, se ela ainda está a decidir é porque já decidiu que não quer nada sério contigo. Continua a falar contigo de vez em quando porque gosta da atenção que tu lhe dás e gosta de ter um banco de suplentes recheado, que é para conseguir lutar em todas as frentes e fazer boa figura na Europa. Deixa que seja ela a tomar a iniciativa e deixa de lhe dar tanta atenção. Já fizeste a tua parte e abriste o teu coração, agora é esperar e ver o que acontece. Talvez o teu erro tenha sido dizeres-lhe que não a querias para ajavardar. As mulheres, embora digam que não, gostam que um homem olhe para elas como o Lobo Mau olhava para a avozinha do Capuchinho Vermelho. Capuchinho Vermelho pode ser uma metáfora para o capuz do clitóris, sendo que, se estiver vermelho, é melhor ela ir ao médico.


Está feito. Não esquecer que o Doutor G vai estar presente no último espectáculo desta minha primeira tour, dia 16 de Fevereiro, na Damaia. É coisa para esgotar, por isso agarrem os vossos bilhetes na FNAC ou neste linkObrigado a todos e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Façam muito amor à bruta porque de guerras o mundo já está cheio.

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24 de janeiro de 2018

Da Buraca para Alvalade: um choque cultural



Há uns tempos mudei-me da Buraca, onde vivi desde que nasci, para Alvalade. Tem sido um grande choque cultural e esperei algum tempo até fazer este texto para que lhe fizesse justiça. Desde já, engane-se quem pensar que esta mudança se deve ao facto de agora estar bem na vida. Mentira, a minha namorada tinha comprado casa na altura da crise e pagamos menos ao banco do que se pagaria por um quarto sem janelas em Alvalade. Isto é só para dizer que preciso que continuem a comprar os meus livros e bilhetes para os meus espectáculos para ver se um dia deixo de andar num Clio de 2002.

Voltando à mudança da Buraca para Alvalade, quase ao estilo do Cabaret para o Convento. Desde logo, a banda sonora de Alvalade é completamente diferente e deixei de saber quais as kizombas que estão a bater neste momento. Na Buraca, de cinco em cinco minutos, havia um carro a passar, de janelas abertas, com um excelente sistema de som com subwoofer mais caro do que o próprio carro, a dar música a toda a rua qual discoteca ao domicílio. Em Alvalade, não há nada disso. Os próprios carros são diferentes; não me lembro da última vez que vi um Saxo cup artilhado com um gajo de boné a conduzir encostado ao volante e uma gaja à pendura, com unhas de gel pontiagudas e adornadas com piercings, brilhantes e desenhos a condizer com os decalques do capô da viatura.

Na Buraca, é comum os mitras pedirem-te dinheiro na rua. Não é bem pedir, vá, é sugerir para teu bem que dar uns trocos faz bem à saúde. Em Alvalade, também se pedem trocos, mas são os malucos do Júlio de Matos. História verídica: estava no café e vem um casal de tantans da cabeça pedir dinheiro para comer; dei-lhes dois euros e eles, sem hesitar, vão directos comprar tabaco à máquina que estava mesmo ao meu lado. Zero vergonha. Na Buraca, os assaltantes eram mais honestos e estavam sempre preocupados com a pontualidade porque todos os assaltos começavam com um «Tens horas? Esse relógio é fixe… deixa ver melhor». Claro que em Alvalade também há muitos mitras! O que mais se vê é pessoal com a bolsa à cintura, vestidos com Lacoste e com aquele andar da pausa meio a mancar, mas não são bem mitras, são velhos. Começo a ter a teoria de que um mitra reformado é um velho de Alvalade: em vez de andarem com o telemóvel a dar música aos altos berros sem auscultadores, andam com a telefonia a ouvir a bola; também usam as calças descaídas devido à fralda; têm problemas de memória, não por causa da ganza, mas por causa do Alzheimer; conduzem sem qualquer respeito pelo código da estrada e ainda no outro dia vi um senhor numa rotunda em sentido contrário, tal como via na Buraca tantas vezes os mitras do tuning a fazer.

Outra semelhança entre os mitras e os velhos é que ambos te passam à frente na fila do supermercado.

Por falar em mitras, sempre achei estranho que o pessoal que vende droga na rua se vista à vendedor de droga na rua. Parece-me de traficante pouco inteligente. Conhecia um gajo que transportava quilos de droga no carro e que achava que a melhor forma de passar despercebido e a polícia não desconfiar era ter um Fiat Punto amarelo, ir sempre com boné, brilhantes nas orelhas, sobrancelha com cortes e filtro atrás da orelha. Claro que foi preso. Burro. Pá, veste um pólo e um sapato de vela para disfarçar, meu pequenino mitra. Se bem que se és parado pela polícia num Punto amarelo e estás vestido à beto, a polícia é capaz de desconfiar:

- Então… senhor… Sandro… tem alguma coisa que o comprometa? 
- Não, não senhor bófia.
- Hum… e ia onde com tanta pressa?
- Senhor bófia, ia só ali a casa do meu irmão Martim, ya? Que estou atrasado para a a aula de equitação.

Os nomes que se ouvem na rua são outra grande diferença entre as duas zonas: na Buraca ouves o pessoal a gritar «Jailson! Wellington! Cristiano!»; em Alvalade ouves «Bernardo, venha cá à mãe.» ou «Carlota, não faz xixi aí.». Sim, este último era um rapaz a falar com a sua cadela buldogue francês, raça predominante nesta zona. Pitbull? Nem um, até a Zaya se sente desajustada em Alvalade, fora do seu elemento que é o gueto. E alcunhas? Nas zonas finas ninguém tem alcunhas de jeito. Na Buraca conhecia um migalhas, um xinadas e um mata-bófias, já em Alvalade o máximo que ouvi foi um «Xico» e uma «Tatá». É triste esta falta de criatividade. 

Viver na Buraca causou-me traumas que ficam para sempre. Sou uma espécie de retornado de guerra com stress pós-traumático. Por exemplo, no outro dia ouvi gritos de desespero de uma senhora, vindos da praceta, e pensei «Já estão a assaltar uma velha!». Levantei-me, em sobressalto, fui à janela, meio escondido para evitar represálias e balas perdidas, vejo a senhora aos berros... com um gato «Vá já para casa!». Ri-me e pensei «Ya, esqueci-me que agora moro em Alvalade.». Algo parecido aconteceu-me na rua, à noite, em que oiço um assobio, «Fiu fiu», que em linguagem da Buraca quer dizer «Espera aí que eu gostava de te assaltar!». Ignorei e oiço «Oh, olha! Espera aí! Oh Oh!» e pensei, «Pronto, já vai haver merda.». Percebendo que se chegava mais perto, cerrei os punhos e quando o sinto nas minhas costas viro-me, de repente, e vejo que era um rapaz, baixinho, bem vestido de echarpe lilás que me diz «Peço desculpa por incomodar, mas por acaso podia emprestar-me um isqueiro, por favor?». São traumas que me vão ficar para sempre.

Quando vejo alguém a fazer jogging, ainda imagino que acabou de haver um assalto. Um gajo sai da Buraca, mas a Buraca não sai de um gajo.

Engane-se quem acha que Alvalade só tem vantagens. Trocava bem os parquímetros da minha rua por um ocasional roubo do auto-rádio com direito a vidros partidos. Já paguei mais à EMEL do que ao Kalu Xinadas que assaltava na minha zona e, bandido por bandido, prefiro ajudar o Kalu que tem oito filhos para alimentar do que chulos. Por isso, deixo sempre o carro no bairro social mais acima da minha rua que, ironicamente, é a única zona na qual não instalaram parquímetros porque lá dão-lhes outro nome: aquelas máquinas estranhas que dão moedas. Sim, já me roubaram um tampão da roda e um limpa para-brisas, mas compensa. Outra coisa que Alvalade tem pior é o problema da droga: não se arranja. Na Buraca, bastava ires ao 6 de Maio, paravas o carro e pedias o que querias numa espécie de Ganza McDrive aberto 24 horas. Em Alvalade, o máximo que te orientam é um Calcitrin.

Outra coisa diferente é a vizinhança. Na Buraca, os meus vizinhos faziam transacções estranhas a meio da noite. Lembro-me de, pelas duas da manhã, ver um vizinho a vir à rua e dar um pacote suspeito a um gajo, recebendo um envelope em troca. Percebo, às duas da manhã queres fazer um bolo, não há nada aberto para comparar farinha, tens de recorrer a um amigo. Duzentos gramas por dez mil euros? É justo, é mais ao menos o preço que praticam as estações de serviço. Em Alvalade, a vizinhança é pior: os meus vizinhos fazem maratonas de karaoke até as 4 da manhã a cantar Britney Spears, mas essa história já vos contei.

Tem sido uma adaptação complicada de fazer. Continuo a ir à Buraca muitas vezes e da última vez que jantei em casa dos meus pais ouvi tiros na rua. Ah, que saudades. Senti-me nostálgico e lembrei-me daquela vez que em Alvalade ouvi uns barulhos semelhantes, mas fiquei desiludido ao perceber que era fogo de artifício.

PS: Para matar saudades, vou dar o último espectáculo de stand-up comedy desta minha primeira tour no cine-teatro D. João V na Damaia, dia 16 de Fevereiro. Bilhetes à venda nos locais habituais e neste link.
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23 de janeiro de 2018

Super Nanny, Polémicas Parvas, Assédio Sexual e Palavrões



Depois de mais de um mês de pausa, o podcast Sem Barbas Na Língua está de volta. Neste episódio falamos da Super Nanny, de polémicas parvas das redes sociais, de novos casos de assédio sexual, palavrões e stand up comedy e muito mais. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



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22 de janeiro de 2018

Amor depois dos cinquenta, Tinder e Danceterias



Antes de começar, deixo apenas um conselho: usem preservativo para não acabarem no programa da Super Nanny. Vamos a mais uma consulta "Doutor G explica como se faz".


Esta anónima quase cinquentona precisa de si! Não é que acabo de sair de um (segundo) relacionamento longo, ando a brincar no Tinder e de repente me vejo com um outro cinquentão (divorciado) completamente apaixonado? Mas quando digo completamente, quero dizer que nos conhecemos há 2 meses e quer apresentar-me os filhos. Algo que nunca fez antes com nenhuma das minha predecessoras. A coisa não tem corrido mal, nem bem. O rapaz é esforçado mas falta-lhe alguma cultura geral no que toca a orgasmos femininos e ainda por cima, eu acho que estou com um bloqueio qualquer e não os consigo atingir, nem com o meu próprio esforço manual. Confesso que gosto da atenção e da companhia, até me sinto orgulhosa por ter sido eleita para ser apresentada à família. Mas não se brinca com crianças e eu começo a estar um pouco impaciente com tanta atenção e pegojosice. A questão é como aliviar a pressão de tudo isto, recuperar algum tempo para mim com jeitinho porque não gosto de magoar pessoas. 
Anónima, 55, Benfica

Doutor G: Cara Anónima, é com muito gosto que vejo uma cinquentona a usar o Tinder. Nem consigo ensinar a minha mãe a fazer tabelas no Word e é bom ver que as gerações mais antigas estão a fazer pela vida e a dominar as novas tecnologias. A falta de aconchego nas virilhas é um bom incentivo para aprender, está visto. Vamos por partes:

  1. Quando se diz que alguém é "esforçado" no sexo, é como dizer que é uma merda. Nunca digas a ninguém que é "esforçado".
  2. Se também não os consegues atingir sozinha, talvez o problema não seja dele.
  3. Se não queres nada sério, só tens de ser directa e dizer-lhe, especialmente antes dos filhos dele te tratarem por mãe ou madrasta safada.
É isto. Já tendes idade suficiente para não precisarem de joguinhos. Diz-lhe que queres ir com calma e que tens visto a Super Nanny e que não tens interesse em conhecer os filhos dele, para já. Depois, logo se vê. Resolve é o teu problema orgásmico que isso é que é importante, vê lá se não é a menopausa ou assim e precisas de tratamento hormonal. Com os orgasmos não se brinca.


Conheci uma miúda à uns bons anos atrás, porém só mais recentemente é que temos falado. Problema, ela tem namorado (que não lhe liga nenhuma). Tenho andado a sair com ela, mas a manter a distância e numa só de amigo. Ela tem dado sinais de que está "in" e eu muitas vezes divago esses sinais e brinco com eles, claro que há frases chave que ela vai dando (seja escritas ou orais) que ficam, como por exemplo: "vou levar-te para a cama "; "todos têm direito a uma aventura ". Até que ela agora fez... bom, disse que se ia afastar e que tinha passado uma linha, depois a treta do costume de "não és tu, sou eu"... Com esta treta toda eu que realmente estava habituado a falar todos os dias com ela e o que eu pensava que "ok, na boa e percebo perfeitamente", dou por mim a sentir realmente a falta dela e a pensar nela de outras maneiras que não só a de amizade. Embora lhe tenha dito que compreendia e querer respeitar a distância que ela quer dar, também estou em conflicto próprio por querer ir atrás dela e não a deixar afastar-se assim...
Anónimo, 27, Leiria

Doutor G: Caro Anónimo, já HÁ muito tempo que não havia uma dúvida com essa calinada. Eu a pensar que já tinha conseguido ensinar toda a gente, mas parece que não. Ora bem, vamos aqui ver as várias hipóteses:

  1. Ela é uma porca;
  2. Ela é uma cock teaser;
  3. Ela só precisava da tua atenção;
  4. Ela sente-se atraída por ti, mas não quer trair nem deixar o namorado.
Partindo do princípio que as três primeiras hipóteses são as mais prováveis, o meu conselho é que te afastes já que só te irás magoar. A primeira hipótese não seria má, já que era sinal que podias molhar o bico ou ter um bico molhado. A segunda e terceira, são sinal que ela só quer é flirt e que lhe subam o ego e que se está a borrifar para os teus sentimentos. A quarta opção, será a única na qual os teus avanços podem funcionar: água mole em pedra dura, tantas vezes vai à fonte que stick para a barbucha e esses ditados populares com um fundo de verdade. Outra questão importante é: o namorado dela é muito grande? Convém ter isso em conta antes de avançar para uma rapariga comprometida, mesmo que ela diga que ele não lhe liga nenhuma, até porque isso, provavelmente, é treta que ela diz só para não parecer uma porquitxona. Agora, faz o que quiseres com esta informação.


Olá Dr. G, para mim é difícil relacionar-me com alguém, pelo que digo ao meus parceiros que não me quero envolver a nível emocional e o que temos é apenas uma curte. Acontece que comecei a ter sentimentos por um em especial. Foi com receio que lhe disse que gostava e tinha interesse por ele. E ele disse gostar de mim e que não iria desistir. Encontrámo-nos (sem que nada se passasse entre nós) e ele afirmava sempre ter interesse. Depois disso, rolaram alguns beijos e amassos. Disse-me para irmos com calma, eu perguntei-lhe quando poderíamos repetir e respondeu-me que estaríamos juntos na semana seguinte. Durante aquele fim de semana afastou-se e quando o confrontei ele disse ter perdido o interesse. A única explicação para a perda de interesse ser instantânea é o sentimento nunca ter sido verdadeiro, certo? Ele manipulou-me para que eu pensasse que gostava de mim e porque ele gostava da atenção que lhe dava? Confessar o que se sente, sem jogos de sedução, é errado?    
PJ, 24, Amarante

Doutor G: Cara PJ, para quem tem essas iniciais, devias ser melhor a investigar e observar as provas. Não me parece que ele nunca tenha estado interessado, pois se estivesse apenas a simular para te manipular, só iria desistir e dizer que perdeu o interesse quando te levasse para a cama e consumasse o estica a enguia zarolha. Por isso, parece-me que houve qualquer coisa nos beijos e nos amassos que o fizeram perder a pica. Talvez tivesses o telemóvel no bolso e ele tenha pensado que era uma pila, não sei. Talvez tenhas beijado mal ou comido alho nesse dia, nunca saberemos.


Saudações, caro Doutor G, nos últimos anos da minha vida tenho lidado com uma depressão, o que acaba por afectar bastante a minha vida amorosa. Até aos dias de hoje não tive sucesso nesse ramo e muito por minha culpa, reconheço. Apesar de já terem aparecido algumas oportunidades, acabei por rejeitá-las devido a reconhecer a minha condição, visto que acredito naquela filosofia de que antes de estarmos bem com alguém temos de estar bem com nós próprios. Para além disso, sei que não sou uma pessoa fácil de lidar. Tenho uma tendência para o pessimismo e para muitas queixas e pouca acção. Onde é que se estabelece a linha entre o ter o direito de procurar felicidade com outra pessoa e o esperar para estar numa situação mais saudável antes de ir nessa busca?  
Pedro, 22, Lisboa

Doutor G: Caro Pedro, primeiro que tudo, espero que já tenhas procurado ajuda profissional e não estou a falar das meninas do Portal Privado. Não há vergonha nenhuma em recorrer a um psicólogo, até porque estás a ajudar uma classe profissional que está com pouco emprego. Depois, acho que podes e deves procurar a felicidade, mesmo ainda estando mal, desde que percebas que não pode ser a outra pessoa a tirar-te da depressão, mas sim tu mesmo. E tens de perceber que, talvez, um desgosto amoroso nesta altura só te vá fazer mal. Por isso, acho que podes e deves conviver e aproximar-te de outras pessoas, mas vai com calma até porque na tua situação é normal que te apaixones pelo primeiro pipi alheio pois vais confundir os sentimentos e agarrar-te ao que te fez sentir bem, mesmo que só da cintura para baixo. Acima de tudo, rodeia-te dos teus amigos e familiares e arranja hobbies. Se um desses hobbies for funaná pelado, tudo bem. A depressão demora tempo a curar e muitas nunca se curam e apenas se aprendem a lidar com elas. No fundo, é como se estivesses casado: é para sempre e, na maioria dos casos, deprimente.


Olá Dr. G, conheci uma pessoa interessante na passagem de ano e depois das 12 badaladas coiso e nos dois dias seguintes mais coiso e foi tudo muito escaldante e maravilhoso. Mas ele depois teve que ir uma semana de viagem em trabalho, acontece que ele já voltou há uma semana e ainda não me disse nada. Neste caso o que acha que faça Dr.? Espero que ele me diga algo ou tomo eu a iniciativa? É que foi um sexo maravilhoso.
Sara, 35, Lisboa

Doutor G: Cara Sara, espero que tenha dado tempo para mastigar e engolir as passas antes de coiso. Ora bem, tendo em conta que foi ele que voltou de viagem, deveria ser ele a dizer alguma coisa e o facto de não o fazer poderá ser indício de que já não quer coiso contigo ou que andou a coisar com outra durante a semana de trabalho. No entanto, não falaram durante a semana de ausência? Acho estranho. Se sabias quando ele voltava, ele também poderá estar a pensar que não lhe disseste nada e que podes não ter interesse em voltar a vê-lo. Por isso, podes, só por descargo de consciência, tomar tu a iniciativa e ver o que ele diz. Se ele der uma  das seguintes desculpas, é porque não quer mais coiso contigo:

  • Ando com pouco tempo agora porque estou cheio de trabalho;
  • Estou muito cansado;
  • Hoje não dá, mas depois digo-te alguma coisa quando conseguir;
Se ele disser uma destas coisas, é porque o sexo só foi escaldante e maravilhoso para um de vocês. Acontece.


Antes de fecharmos a loja, vou só deixar aqui as minhas próximas datas de stand-up comedy antes de me afastar dos palcos durante uns bons tempos.

26 Janeiro - Castelo Branco - Stand up Sessions comigo, Hugo Sousa, Eduardo Madeira, Jel e João Seabra. Bilhetes nos locais habituais e neste link.
27 Janeiro - Guimarães - Stand up Sessions comigo, Hugo Sousa, Eduardo Madeira, Jel e João Seabra. Bilhetes nos locais habituais e neste link.
3 Fevereiro - Cascais - Evento solidário que reverte a favor da ANIMAL, comigo, Cátia Domingues, Guilherme Fonseca, Dário Guerreiro, Hugo Rosa e apresentado por Nuno Markl. Informações e reservas neste link.
16 Fevereiro - Damaia - A última data do meu primeiro espectáculo a solo e a última oportunidade de ver o Doutor G ao vivo. Bilhetes nos locais habituais e neste link.

E agora, sim, vamos à nossa vida e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam amor muito à bruta porque de guerras o mundo já está cheio.

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18 de janeiro de 2018

Os problemas de quem é pontual



Tenho um grande defeito: sou pontual. O que à partida pode parecer uma qualidade, é algo que afecta a minha vida de forma negativa. Vivemos num mundo em que as pessoas dizem valorizar o seu tempo, em que se consome comida e entretenimento fast-food, mas em que o tempo dos outros que ficam à espera é desvalorizado. Portugal sempre teve fama de ser um país atrasado e talvez a falta de pontualidade da maioria das pessoas tenha alguma influência nisso. Não tenho nada contra atrasados, até tenho amigos que são. Por exemplo, a cronologia de um jantar marcado para as 20h é mais ou menos esta:

19:30h - Saio de casa, apesar de só demorar 10 minutos a chegar.
19:40h - Chego ao local e fico a fazer tempo.
20:00h - Vou para o restaurante e ninguém chegou.
20:15h - Olho para o telemóvel várias vezes.
20:30h - Vou ver a conversa de WhatsApp para ter a certeza se não me enganei nas horas; não me enganei.
21:00h - Chega o primeiro atrasado e diz «Eish, já estás a comer as entradas, nem esperas nem nada!».

É sempre a mesma rotina e eu não aprendo. Já sei que vou ser o primeiro a chegar e ficar à espera e tento convencer-me a juntar-me ao lado negro da força e ignorar as horas e chegar meia hora atrasado, mas nunca consigo. Ser pontual é mais forte do que eu.

Minto, uma vez consegui e fiz de propósito para chegar meia hora atrasado só para mostrar o que custa esperar pelos outros, mas acabei, na mesma, por estar vinte minutos à seca.

Com o telemóvel, é certo que este problema é atenuado, já que posso fingir que estou a ver algo interessante quando na verdade ando às voltas no painel das definições a fazer tempo, tal como toda a gente faz no computador do trabalho quando faltam dez minutos para sair. Não me cabem nos dedos das mãos as vezes que simulei uma chamada telefónica, só para me esquivar a conversas de circunstância com outras pessoas pontuais, mas com as quais não tenho grande afinidade. Muitas vezes, como chegar atrasado, para mim, não é uma opção, acabo por chegar sempre demasiado cedo em algumas ocasiões e fico no carro, à espera, enquanto vou ligando e desligando o motor para ter a certeza que não fica sem bateria por estar a ouvir rádio para passar o tempo. Como seres pontuais, começamos a desenvolver estratégias para conseguirmos sobreviver neste mundo, ou país, de gente atrasada. Todos nós, pontuais, quando temos de marcar um jantar, temos a mesma técnica para lidar com os nossos amigos, atrasados crónicos, incapazes de chegar a horas: marcamos o jantar para às 21h, mas dizemos-lhes que é às 20h. Chegam pelas 21:30h. Para a próxima dizemos que é um lanche e na vez seguinte que é pequeno-almoço, só para garantir que os piores chegam a tempo de jantar.

Os homens pontuais que tenham uma namorada atrasada crónica, são os que mais sofrem com o facto de terem essa condição invulgar. Aliás, como pessoa pontual em Portugal, sinto que devia ter algum tipo de ajuda por parte da Raríssimas. Esses homens sofrem porque têm de esperar que ela experimente todas as roupas do armário enquanto vêem o tempo a passar; sofrem porque vão chegar atrasados e deixar os outros esperar, coisa que mais odeiam; sofrem, por fim, porque depois de esperarem duas horas por ela, ela vai à sala e diz «Então? Vamos? Estou à tua espera.». É nesta altura que um gajo compreende os elevados números da violência doméstica.

Há vários estudos feitos para tentar compreender os atrasados crónicos e há várias teorias:
- Estão-se a cagar para os outros;
- O cérebro dessas pessoas processa o tempo de forma diferente;
- São optimistas por natureza e acreditam que, por exemplo, não vai estar trânsito.

Talvez não tenham culpa e seja só uma incapacidade mental de perceber que o tempo é relativo e que para quem se atrasa meia hora o tempo passa rápido, mas para quem está à espera é uma eternidade.

Engane-se quem pense que ser pontual apenas me traz problemas em contexto pessoal e social. É, também, um grave problema a nível profissional. Já o era quando tinha um trabalho de gente séria e ia a entrevistas ou reuniões com potenciais clientes. Raramente alguma começava a horas e nunca podia refilar com os doutores e engenheiros. Já estive numa entrevista de emprego onde esperei mais de meia hora e o entrevistador, a meio, diz que a pontualidade é algo que valorizam muito naquela empresa. Achei irónico e apanágio de todas as pessoas que chegam atrasadas que é o facto de afirmarem, à boca cheia, que detestam fazer esperar os outros. Mentira, estão-se a cagar. Se realmente não gostam de nos fazer esperar e o fazem, ainda é pior. Agora, acontece com entrevistas na televisão, por exemplo. «Esteja cá pelas 9h, por favor», desde logo, sinto-me violado pois não saí do mundo empresarial para me estar agora a levantar às 8h da manhã, mas com muito sacrifício lá chego à hora marcada e oiço «Agora é esperar aí um bocado.», bocado esse que é sempre uma ou duas horas. Neste novo mundo onde me movimento, o chamado mundo do espectáculo, sinto que estou numa timezone diferente e a pontualidade ainda me traz mais problemas.

Existe uma panóplia de frases que os atrasados utilizam e que são todas mentira:
  1. Estou mesmo a chegar.
  2. Saí mesmo agora de casa.
  3. É só lavar os dentes e sair de casa.
  4. Estou à procura das minhas lentes.
  5. Apanhei uma operação STOP.
  6. Já me levantei, sim.
Tudo mentira. Se metermos essas frases no Google translate de Atrasadês -> Pontualês, o resultado é o seguinte:
  1. Ainda nem saí de casa.
  2. Estou na sanita a jogar Angry Birds, apesar de já ter feito tudo ainda vai demorar porque quero mesmo acabar este nível. Depois ainda vou tomar banho e comer qualquer coisa.
  3. Estou a aquecer o almoço, ainda. A começar a fazer, vá, mas é coisa rápida... é cabrito no forno.
  4. Comecei agora a ver o último episódio de Narcos.
  5. Fui só tomar café e encontrei lá pessoal e fiquei na conversa meia hora.
  6. Foda-se! Adormeci, ainda bem que me acordaste, vou-me atrasar duas horas, pelo menos.

O pior de tudo é quando combino algo para as 17h, por exemplo, e a pessoa atrasada me envia mensagem às 17:15h a dizer «Estou atrasado.».

No shit, Sherlock. Ainda bem que avisas senão estava aqui numa dúvida existencial. Um gajo refila, mas acaba por aceitar que estas pessoas nunca vão mudar. Aceitamo-los como elas são até ao dia em que nós, pontuais, chegamos dez minutos atrasados porque o carro efectivamente avariou e tivemos de reanimar alguém na rua que colapsou e os nossos amigos atrasados dizem «Ahhh, vês... afinal tu também te atrasas!». Era uma chapada à padrasto nas ventas.

PS: Para todos os pontuais, o meu (último) espectáculo, dia 16 de Fevereiro, na Damaia, começa as 22h, mas atrasa sempre dez minutos para esperar pelos outros. Bilhetes aqui neste link.
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16 de janeiro de 2018

Funaná pelado em locais públicos? Sim ou não?



Tudo bacana, minha gente? Estou escrevendo em sotaque brasileiro para expandir o meu mercado alvo, feito Youtuber que fala como se estivesse dando aulas a alunos do ensino especial, né? Muito louco, caras! Bem, vamos a mais uma consulta "Doutor G explica como se faz".


Boa noite Dr G, namoro há mais de 3 anos e a relação é maravilhosa exceto numa coisa. Ele não gosta de arriscar, isto é, adorava praticar o funana com ele num carro ou noutros locais e ele não quer. Nesse campo ele é um deus mas quando eu quero ir para outros sítios que há sempre um maior risco (de sermos apanhados) diz logo que não. O que posso fazer?
Anónima, 24, Porto

Doutor G: Cara Anónima, há muitos homens que têm receio de praticar a arte do estica a enguia em locais públicos por se sentirem responsáveis pela segurança da sua fêmea. Imagina: estão no carro, a embaciar os vidros a arfar e chega um grupo de gandins prontos a arranjar merda. O rapaz vai sentir-se impotente, mesmo estando de tenda armada e tu corres o risco de teres de fazer um rodízio de pila à força enquanto o teu namorado é obrigado a assistir. É uma situação que acontece e que está na cabeça de muitos homens. Dito isto, ele que deixe de ser xoninhas e escolha locais onde esse risco é diminuto. Vão ver um filme de cinema francês que à partida a sala estará quase vazia, ou vão ver um daqueles filmes portugueses feitos com ajuda de subsídios do estado e que ninguém tem interesse em ver. Casas de banho públicas também são boa escolha, especialmente a dos deficientes porque têm mais espaço e porque, à partida, talvez entre um cego e nem dê conta. Puxa por ele e se ele continuar a rejeitar, é a vida. Como isto anda, já estás com sorte de ele te satisfazer no quarto e mais vale um orgasmo entre quatro paredes do que dois orgasmos a voar no banco de trás de um Ibiza.


Boa noite Doutor G, eu e o meu namorado temos uma atividade sexual muito intensiva. Não podemos estar em casa que a coisa vai dar sempre ao mesmo, daí termos vindo ao espectáculo do doutor em Leiria. Será um problema? E se for, como solucionar?    
Dois anónimos fogosos, Leiria

Doutor G: Caros fogosos, por que é que haveria de ser um problema? Sexo fortalece o sistema imunitário, o sistema cardiovascular e alivia o stress. Se me disseres que deixam de ter vida social porque estão sempre em casa a dançar a tarraxinha de virilha ao natural, então pode dar-se o caso de serem viciados em sexo e precisarem de arranjar hobbies. Mas, tendo em conta que saíram de casa para ver o meu espectáculo, diria que o caso não é assim tão grave, apesar de eu achar que uma boa noite de sexo é melhor do que ver-me ao vivo. A não ser que aqueles risos estranhos fosses tu a ter um orgasmo em pleno teatro. Nesse caso, parabéns por juntarem o útil ao agradável.


Caríssimo senhor Dr, a minha namorada de há 3 anos sempre que vamos fazer sexo eu peço lhe um bico pois preciso de um estímulo. A culpa é minha de precisar desse estímulo ou dela? Na verdade o estímulo que eu desejava mesmo era um cacho de uvas pelo esfíncter acima. Não sei, aquele suminho doce, os raminhos finos a roçar nos meus pêlos... serei eu homossexual ou tarado por fruta?  
António, 26, Portalegre

Doutor G: Caro Anónimo, vamos por partes:

  • Depende dos homens, há homens cujo motor de arranque não precisa de estímulos para além do facto de saberem que vão fazer sexo, mas há outros que precisam que alguém lhes toque um solo de oboé para que a jibóia anã fique em rigor mortis. Pode ser um mau estímulo para ela, saber que a simples visão do seu corpo nu não seja suficiente para te levantar a parabólica. No entanto, não me parece culpa de ninguém, é o que é. Era pior se o estímulo que precisas fosse ela ir fazer-te uma sandes enquanto canta o Chama o António do Toy. Em vez de pedires "um bico" como se estivesses no café, opta por estimulá-la tu primeiro oralmente ou a dedilhar a campainha de Satã até a deixares satisfeita, que vais ver que não vais precisar de pedir nada. As mulheres são menos egoístas dos que os homens.
  • A tua segunda questão, nem és gay nem tarado por fruta: és só nojento.

Caro doutor G, n
amorei com um rapaz mais novo do que eu durante quase dois anos. Na altura, ele tinha 19 anos e queria chafurdar pipi alheio. Ficamos sempre amigos até hoje. Na altura, com 20 anos, senti que o mundo ia acabar. Envolvi-me com vários rapazes, alguns one night stand, outros mais do que isso mas sem nunca me comprometer com ninguém. Entretanto, em outubro, e porque temos muitos amigos em comum, houve uma saída, uma grande borracheira e acabamos por nos envolver à bruta!! Depois disso houve funaná pelado mais meia dúzia de vezes, por iniciativa dele e porque eu estava carente a nível sexual. Na última vez, houve um certo problema de ejaculação precoce e ele para além de nunca mais ter mandado mensagem, quando antes o fazia bastantes vezes, também deixou de falar para mim. Agora limita-se a dizer olá e pouco mais. Provavelmente, tudo isto foi um grande erro. E eu, apesar de não ter sentimentos amorosos por ele, sempre gostei dele e sempre considerei a nossa amizade muito importante. O que faço?
Anónima, 22, Porto

Doutor G: Cara Anónima, ficar amigo de ex amores é como guardar cotão do umbigo para fazer brincos. É parvo. Parece-me que ele só te quer para sexo e deixou de falar porque arranjou outra ou fartou-se. Penso que o problema da ejaculação precoce foi apenas ele com pressa de ir ter com outra a seguir. Dito isto, se não tens sentimentos amorosos por ele, que interessa? Deixa-o ir à vida dele e trata da tua. Tens de te valorizar mais que isso é tudo carência e necessidade de atenção. Mesmo que a vossa amizade fosse assim tão linda, ficou provado que ele não te quer como amiga caso contrário não deixava de te falar. Isso ou está apaixonado por ti e afastou-se como mecanismo de defesa. Pronto, lá fui eu meter ideias na tua cabeça. Esquece o que disse, arranja outros amigos que esse é cotão.


Olá Doutor, faz uns dias que me envolvi com o irmão da minha melhor amiga. Durante o TchucaTchuca comecei a chorar porque me lembrei que ia perder uma grande amizade caso ela descobrisse. Isto também foi efeito de um charrinho de vitamina E (erva). Ele pensou que eu estava a chorar porque achava que queria algo mais sério para além de uma noite de sexo. No dia a seguir pediu-me em namoro em frente á irmã e mãe dele, acabei por lhe dar uma tampa e perder uma amizade na mesma. O que faço para reconquistar a minha melhor amiga? 
Anónima, 22, Lisboa 

Doutor G: Cara Anónima, mas por que é que perdeste a amizade? Ela namorava com o irmão ou assim? Se ela for mesmo tua amiga e tu estando apaixonada pelo irmão dela e ele por ti, ela aceita esse facto. Se não aceitar, é porque não é mesmo tua amiga e não perdeste amizade nenhuma. Diz-lhe que é por uma questão de reduzir despesas de transporte já que assim vais ao mesmo local fazer as unhas e a depilação - e essas coisas que as amigas fazem em conjunto - e sais de lá já com a vistoria feita.


Dr G, namorei quase dois anos com um rapaz, que a partida meu deu muita felicidade, foi isso que me fez ficar apaixonadissima. Trazia muitas coisas boas dentro de mim. Era dizendo-se assim uma relação feliz e saudável. Começou com o tempo a ficar o contrário. Tudo o que eu fazia, todos os meus comportamentos eram de 'malandragem', o simples facto de eu mexer no cabelo na rua era que me estaria a fazer a alguém. Começou por eu estar numa festa a olhar para os lados e ele dizer que eu estava a procura de alguém e cada vez que olhava para ele, ele imitava o gesto que eu fazia em modo de provocar. Por fim, ele já ficava chateado comigo pelo simples facto de estar na rua 10 minutos a minha espera porque eu ja devia ter chegado. Ou pelo simples facto de eu dizer uma palavra que nunca ele tinha ouvido de mim e desconfiar. Ele nao ia treinar, perdia peso, ele não ia trabalhar ou ele estava em baixo e a culpa era minha. Tudo o que girava mal a volta da vida dele era minha culpa enquanto eu fui mais que uma mãe para ele. Lutei muito pela felicidade daquela pessoa. Sempre arranjava na minha cabeça uma justificação para a sua atitude. Voltava sempre, estava sempre ali a tapar as suas feridas e não via o quanto abri feridas em mim. A minha auto estima foi acabando. Eu comecei a viver a vida dele, comecei a deixar a minha vida e tornei-me completamente dependente da nossa relação, como fosse uma droga. Passou passou...e nada mudou, ate que ele me bateu, me deixou roxa. Estava tão fraca que continuei com ele. Omiti de toda agente  porque nao o queria perder. Mas ele voltou a faze-lo. E a culpa novamente foi minha. Agora eu quero me livrar dessa droga que me infernizou a vida. Quero me reconstruir mas esta difícil. 

Anónima, 29, Lisboa 

Doutor G: Cara Anónima, antes de dar a minha resposta bruta, vou aconselhar-te a contactares as entidades competentes e não um Doutor da Internet. Aqui fica o contacto da APAV e da PSP. Dito isto, vamos lá então:
  1. Esse gajo é um merdas. Facto.
  2. Esse gajo merecia levar um enxerto de porrada de dez seguranças do Urban. A violência não resolve nada, mas... às vezes ajuda.
  3. Ele nunca vai mudar sozinho.
  4. Tu nunca o vais mudar.
  5. A culpa não é tua, conta o caso aos teus amigos e familiares porque é essencial o apoio deles.
  6. Faz as malas e sai de casa e deixa um bilhete a mandá-lo para o caralho.
  7. Faz queixa na polícia.
É isto. Papo recto, galera. Homens possessivos e ciumentos sem razão aparente, é dar-lhes um chuto no rabo logo aos primeiros sinais que a coisa só vai piorar. Se foi piorando e culminou com agressão, mesmo que tenhas deixado queimar o arroz, a culpa nunca é tua. Agarra nessa autoestima que resta e baza. Compra um spray pimenta e descarrega-lhe tudo na cara da próxima vez que ele se aproximar de ti. A culpa nunca é das vítimas, mas já sabes com o que contas e se o perdoas e voltas para ele quando ele vier com falinhas mansas, será que não tens um bocadinho de culpa? Caga nele, mais vale sozinha que com um merdas ao lado.


Olha-me a minha vida, hein? Tem um gajo um consultório para o gozo e para fazer rir e acabamos nesta toada séria. Dúvidas de violência física ou psicológica mandem para as autoridades, sim? Obrigado a todos e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.

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15 de janeiro de 2018

Super Nanny: bullying gratuito ou educativo?



O novo programa da SIC, Super Nanny, está a gerar controvérsia. Será bullying gratuito ou educativo? Primeiro, o programa devia chamar-se "Pessoas que não deviam ter filhos". Vi até ao fim, para ver se nos patrocinadores do programa estava a Durex, Control e Anal. Eu já não quero ter filhos, mas calculo que um casal que estivesse a ovular, depois de ver o programa, vá antes ver uma série em vez de praticar o coito. Dei por mim a pensar «Se a Maddie era como esta Margarida, começo a compreender e a ter pena dos pais...». Aliás, estive à espera que o conselho da Super Nanny fosse «Olhe, esta não tem remédio, é deixar sozinha em casa e deixar a porta aberta a ver no que dá.».

Parece-me incoerente dizer-se a uma criança que não deve dar conversa a estranhos e depois meter-se uma estranha lá em casa a dar-lhe ordens. A criança vai ficar confusa e de cada vez que aparecer uma senhora na rua vestida de secretária de filmes pornográficos, vai fazer tudo o que ela mandar. Acho estranho que uma mãe sujeite um filho àquela exposição, embora um pouco de humilhação possa ajudar a miúda a atinar. Deve ser essa a estratégia, já que a perspectiva de vergonha a nível nacional pode ser um detractor de comportamentos desviantes como a birra com ranho por causa do iPad. Que tipo de pais sujeitam uma criança àquele vexame público? Serão o mesmo tipo de pais que educam mal uma criança ao ponto de precisar destas medidas drásticas? Pois, coiso. Já estou a imaginar a conversa da mãe com a miúda no primeiro dia das gravações:

- Margarida, ai de ti que hoje não faças birra!
- Porquê, mãe?
- Porque vem cá a Super Nanny a casa e se não te portas mal ainda corremos o risco de não aparecer na televisão!
- Está bem, mãe, prometo que vou dar o meu pior!
- Isso, berra, grita, bate-me e prometo que te deixo ver o Wuant e o D4arkFrame.

Depois, parece-me mau o estereótipo de géneros. Se em alguns países estão a proibir anúncios que coloquem mulheres como donas de casa, acho que seria sensato colocar um homem como o Super Nanny. O Super Nando, que tem cinco enteados com hiperactividade, experiente em distribuir chapadas à padrasto a torto e a direito e que impõe respeito como deve ser. Banquinho dos castigos parece-me palermice e ainda vem alguém dizer que o banco não é bom para a postura e que devia ser a poltrona de massagem dos castigos porque as crianças são o melhor do mundo. Aliás, indo na linha de que o Super Nanny devia ser um homem, penso que este programa era a oportunidade ideal para o Carlos Cruz voltar à TV.

Quem melhor do que ele sabe como persuadir crianças a fazer o que não querem? Quem é que tem mais experiência na TV a convencer crianças a comerem o que não gostam?

Sim, o orçamento iria derrapar com a compra de ténis da Nike, mas a ver se a Margarida não comia a sopa toda. A Super Nanny tem outras armas como o seu ar intimidatório, é certo. Tem ar daquelas mulheres que dizem que os homens têm medo de mulheres independentes, como desculpa para estarem encalhadas. No entanto, sinto que a produção podia ter-se esmerado um pouco ao nível da caracterização: se a Super Nanny tivesse um chicote na mão e bebés mortos à cintura, a miúda era capaz de respeitar mais. Mas isto sou eu que não sou nenhum Carlos Cruz ao nível da persuasão infantil.

Fui vendo o programa, enquanto estava no computador a ver um documentário sobre a mortalidade infantil em Angola, e fiquei chocado com o que vi na SIC. Só me passava pela cabeça o bullying que a Margarida irá sofrer na escola agora que os colegas perceberam que ela é uma criança mimada. Dizem que a minha cadela é que é raça potencialmente perigosa, mas aquela criança nem com açaime e trela curta eu deixava chegar perto. É mais fácil domesticar um diabo da Tasmânia adulto e com cadastro do que aquela linha de montagem de ranho e birras. Aliás, senti falta de técnicas à Cesar Millan, como por exemplo dar um ligeiro biqueiro nas costelas da criança quando ela não parava de estrebuchar. Isso e mandá-la dormir no chão frio da cozinha. Acho que a violência não resolve nada, mas às vezes ajuda. A minha mãe, uma vez, atirou-me um rissol congelado tipo estrela ninja sopeira e eu acalmei logo a birra.

Claro que o programa até pode dar jeito a alguns pais e dar algumas dicas importantes, não digo que não, mas que tal, em vez de um programa sensacionalista, mandarem um vídeo ou uma newsletter a todos os pais? Que tal um workshop obrigatório para ter filhos? Que tal, até, uma licença para procriar?

- Vejo aqui, na sua timeline do Facebook, que partilha citações do Pedro Chagas Freitas e que fez like num post da Maria Vieira contra a vinda dos refugiados, estou correcto?
- Está sim senhor, é uma grande mulher e o Chagas Freitas só fica atrás do Gustavo Santos.
- Pronto, para evitar sobrepopular o planeta com mais crianças que vão sair aos pais, vamos lá proceder à vasectomia e a laqueação das trompas.

Não quero estar aqui a julgar o desespero de uma mãe que a leva a recorrer à Super Nanny, (não queria, mas julgo na mesma) por isso, talvez, a culpa não seja dela, mas sim de quem achou que este programa era giro. E é, eu pelo menos ri-me. No entanto, reconheço que tem uma vantagem para a Margarida que é a de ficar com boas imagens da sua juventude. Eu só tenho filmagens tremidas, desfocadas e com grão feitas na praia de Odeceixe em 1991, já a miúda teve direito a cinco câmaras profissionais e a tudo editado para mostrar só o que interessa.
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