30 de setembro de 2019

Globos de Ouro 2019: os pirosos e as pindéricas



Mais uma gala dos Globos de Ouro, mais uma publicação a arranjar inimigos famosos porque há quem fique ofendido por um gajo que não percebe nada de moda estar a fazer piadas com os seus looks, mostrando que são muito inseguros e que não confiam muito em quem os vestiu. Sim, as celebridades são como crianças e velhos de fralda que precisam que alguém os vista.

As fotografias foram amavelmente cedidas pela NiT que, ao contrário de outras publicações, não me quer processar e extorquir dinheiro por usar as suas fotos só porque famosos ligaram para lá a fazer pressão para que isso acontecesse. Chupai todos, meus caros. Chupai.


Não sei quem são e talvez seja essa a pior ofensa que lhes posso fazer, mas penso que seja o George Michael do Cacém com a irmã mais velha. Já que se faz bullying às mulheres quando estão gordas, acho justo referir a diferença de alturas entre os dois. Não querendo ser preconceituoso, desconfio que sejam apenas amigos, mas ainda assim fica estranho. Faz-e sempre confusão pensar que houve um momento em que, antes de sair de casa, o rapaz se olhou ao espelho e disse "Ya, é mesmo isto. Estou muita bem."


Luciana Abreu nunca desilude e consegue sempre trazer um toque de azeite à passadeira vermelha. Não conseguia escolher um colar, por isso usou-os todos e os que sobraram meteu nos pulsos e à volta dos pés.


É bonito ver toda esta consciência ambiental e que o Diogo Amaral, em vez de comprar um fato novo que só vai usar uma vez, tenha pedido emprestado ao Goucha ou usado um que herdou do Beauté.


Frio na nuca. Calor nas costas. Não consigo gozar mais porque a Inês já comentou um destes meus posts com muito fair-play. Detesto pessoas com fair-play a provocarem-me autocensura.


Acho um bocado falta de respeito o par romântico da novela com a Carolina ser o Ângelo Rodrigues e ela andar aqui a exibir as pernas em bom estado como quem diz "Chupa, Ângelo, olha eu com duas pernas funcionais, inteiras e gostosas".


A roupa normal, mas tem ar de quem é familiar dos Câmara Pereira. Aliás, pelo que disseram vai estrear uma nova novela chamada Terra Brava em que ele é protagonista e, olhando bem, tem mesmo ar de forcado ou toureiro. Não estou a dizer que tem ar de filho de primos direitos com um atraso mental, não é isso, vocês perceberam.


Finalmente, alguém que reutiliza vestidos e decidiu trazer o mesmo que levou ao casamento do Toy. Este vestido com estas botas faz tanto sentido como ganhar um globo de ouro para melhor música em 2019 com uma que foi lançada no início de 2017. 


Cego ou parolo? Nunca saberemos.


Todos os anos me acusam de ser machista e homofóbico por gozar com os vestidos das mulheres e dos gays, mas isso é porque a maioria dos homens hetero não arrisca e veste-se de forma banal. Não tenho culpa que o Cláudio tenha usado o lenço de tapar chupões.


- Caro stylist, consegues fazer-me parecer um pântano de águas estagnadas no qual alguém com problemas de fígado vomitou?
- Não digas mais nada. 


O vestido mais falado da noite. Porquê? Tetonas. Meus amigos e minhas amigas, não se iludam, aquilo é obra de um programador informático e o front end parece todo no sítio, mas quando vamos ver o código é só remendos e coisas a puxar para um lado e para o outro a fazer com que tudo funcione sabe Deus como. Há quem diga que foi demasiado e mostrou mais do que o necessário, mas quem diz isso são mulheres e gays.


Ups, vestido parecido à anterior. Constrangedor. Mas esta tem menos teta o que resulta em menos atenção recebida. É a 4ª Lei de Newton.


  Temos um vestido inspirado nos Transformers. A versão de cima é excelente se estiveres à deriva no mar porque recolhe a água da chuva. Também é bom porque podes ir a jogar no telemóvel e ninguém repara. Isto é o tipo de gente que quando dá entrevistas diz "Sou muito prática, visto a primeira coisa que experimento porque gosto muito de andar confortável".


 Manzarra é vegan e do Sporting, por isso a escolha parece-me óbvia. Talvez pelo azar que o verde tem dado, deram-lhe um envelope errado a anunciar um dos vencedores. Por falar nisso, achei estranho a novela do Sporting não estar nomeada para nenhum globo de ouro. Os outros dois não sei quem são, mas um tem o fato a rebentar o botão e o outro parece um veado albino encandeado pelas luzes.


 Eu a seguir a comer rodízio quando levo um t-shirt justa.


 Aquela que todos vão dizer bem no programa Passadeira Vermelha com medo que o marido dela os despeça. Devem pensar que não vos topo.


 Feia. Tem o umbigo esquisito. (esta publicação foi escrita segundo o novo acordo ortográfico e revista e censurada pela autoridade máxima cá em casa.)


 Família polivalente, mãe e filho a dar cartas no mundo da TV e da rádio e agora parecem dedicar-se ao circo. Gosto do detalhe casaco dois números acima e calças dois números abaixo porque os artistas são feitos de incoerências e essas merdas que o pessoal que se leva bué a sério diz.


 Não sabia que a Vodafone patrocinava os Globos de Ouro. Reparem como o contrato deles é tão exclusivo que até têm de usar as cores da marca num evento destes.


 Pela primeira vez, a Sara Sampaio veio receber o seu globo de ouro vitalício. Ah não, é aquela das novelas que é igual a ela. De resto, parece que se inspirou nos exibicionistas de rua com uma gabardina sem nada por baixo.


A Sara Norte só é convidada que é para garantir que há droga para todos no After Party. De realçar a naturalidade na foto, não me parece que seja fácil sorrir quando se tem bolotas alojadas em orifícios. Props para a tatuagem de prisão do ombro que diz "Pato à Pequim".


Deve ter perdido uma aposta, ou assim.


 Já se pode gozar com a Bárbara Bandeira ou ainda é menor? Curioso que o seu namorado de trinta anos nunca teve esta preocupação e goza com ela desde que ela tinha 17. Em relação ao vestido, é foleiro como o cabelo do pai.


 Nem um decote, nem uma racha. Nada. Enrolou-se numa colcha de casa da minha avó e lá foi ela. São as piores estas que parecem mais santinhas. Por baixo é cinto de liga de cabedal, aposto.


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 Nunca desilude, vêm sempre vestida que parece que faz de propósito para eu pegar nela, salvo seja. Vestido feito pelo mesmo criador dos looks do Vegeta do Dragon Ball.


Claro que não podia deixar de fazer uma referência aos cinco vestidos que Cristina Ferreira usou. O primeiro parecia uma teia de aranha e era feito de desperdício de rolhas de cortiça porque é importante passar a mensagem ambientalista num evento de ostentação em que a roupa vai ser usada uma vez apenas. No caso da Cristina, 5 vestidos numa noite, em nome do desperdício. Reutilizar, reciclar, reduzir. Este foi o mais falado, há quem tenha dito que era um hot spot de Internet, mas a mim parece-me que um candeeiro de casa da minha tia avô lhe caiu em cima, ficou espetado e não conseguiu tirar a tempo da gala. Este momento foi durante o seu discurso de aceitação do seu globo de ouro, em que o Nuno Feist, maestro da banda, a deixou falar mais do que aos outros todos. Meteu a banda a tocar por cima, mas foi no caralhinho. Ai não, se não para o ano o maestro é aquele do cabelo Youtuber do Júlio de Matos.

Foi muito isto, é Portugal e falam-se mais das roupas do que de quem venceu os globos. Em relação à gala em si, nota-se um upgrade em relação aos outros anos, com uma produção muito maior e mais à la Hollywood, mas não deixa de ser Portugal e a sua mísera indústria de Televisão e Cinema. De realçar a presença do humor com uma nova categoria que lhe foi dedicada e com a Mariana Cabral a vencer na categoria do Digital e o Pedro Teixeira da Mota nomeado na categoria revelação. Estimo que ambos faleçam, mas é muito bom para o humor nacional. Pena não ter havido coragem para ter lá alguém a fazer stand-up e um pequeno roast a tanta gente da elite. Talvez seja por causa da liberdade de expressão que a Maria do Céu Guerra, vencedora do globo mérito e excelência, tanto falou no seu discurso. Disse que o fim da censura há 45 anos tinha sido o maior prémio que as artes e Portugal tinha recebido. Toda a gente aplaudiu efusivamente, mesmo aqueles que tentam processar humoristas.

***

PS: Já que aqui estamos, aviso que vou ter novas e últimas datas para o meu espectáculo de stand-up "Só de Passagem" e que os bilhetes já podem ser comprados neste link (excepto Damaia cuja bilheteira abrirá nos próximos dias)

- 7 de Novembro - Vila Real
- 14 de Novembro - Évora
- 15 de Novembro - Almada
- 21 de Novembro - Covilhã
- 23 de Novembro - Damaia

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24 de setembro de 2019

Não gosto da Greta Thunberg



Não gosto da Greta Thunberg, tem ar de ser uma criança mimada que chora quando não lhe compram o Chalet da Barbie ou o Centro de Reciclagem da Playmobil. Talvez seja por ter 16 anos e aparentar ter 10 ou por ter um ar de psicopata que exterminaria a espécie humana só para travar o aquecimento global. Tem ar de que foi gozada na escola e sorte a dela que não veio estudar para Portugal, onde com o nome Greta teria sofrido bastante bullying.

Sabem aqueles adolescentes irritantes que têm o rei na barriga só porque os pais lhes dizem que são muito espertos e especiais? Agora imaginem isso levado ao extremo numa miúda de 16 anos com meio mundo a dizer-lhe o quão especial e importante ela é. Uma heroína merecedora do Nobel. Tudo isto a deve ter tornado numa mini pessoa insuportável como quase todos os activistas, seja qual for a causa que apoiam. Imaginem serem colegas de escola da Greta:
- Greta, queres vir à minha festinha de anos?
- Vais usar talheres e pratos de plástico de utilização única ou tens uma alternativa sustentável?
- Ó Greta, vai para o caralho, por isso é que não tens amigos.

No Natal, enquanto as outras crianças deliram com os presentes, a Greta anda a recolher o papel de embrulho para meter no papelão e a chatear o Pai Natal com as emissões de carbono do trenó.

Na sua página de Instagram, a bio da Greta é a seguinte: "Activista ambiental de 16 anos com Asperger". Sim, a Greta tem síndrome de Asperger que é aquela doença cool que os pais gostam de inventar para os filhos porque os faz parecer mais inteligentes e não apenas estranhos. Sim, decorares todas as estações de metro é um truque giro para festas, mas vais acabar virgem até aos 30. Quem é que mete a doença na bio do Instagram? Pior que isso só os que metem que são vegans ou o signo. Ninguém quer saber. Imaginem se a moda pega "Kátia, influencer de 21 anos com espondilose" ou "Rúben, personal trainer. Proud to have joanetes". Tenham juízo. Por tudo isto, não gosto da Greta e até me sinto mal por isso, por me apetecer dar-lhe um tabefe e dizer "Vai brincar e ser criança e deixa de nos chatear o juízo".

Não gosto dela por todas essas razões, mas a principal é o facto de ela ter razão no que diz.

Não gosto de putos armados em espertos que me apontam o dedo a algo que faço errado. Ela tem razão e isso irrita-me. Claro que a Greta não sabe nada, é uma miúda de 16 anos, mal fora se ela tivesse um plano infalível para solucionar o aquecimento global, era uma vergonha para todos os cientistas economistas e políticos. Sim, ela papagueia coisas que vai ouvindo na comunidade científica, mas isso é bom, porque quando a ouvimos não precisamos de acreditar nela, só precisamos de acreditar no que ela diz, sabendo que é um megafone a amplificar aquilo que é verdade há muito. A ciência tem a beleza de não precisar de que se acredite nela, não é baseada na fé, é baseada em factos até que seja refutada.

Claro que a Greta é incoerente, como todos nós somos. Claro que o facto de apenas existir polui o ambiente, usa telemóvel com bateria de lítio e só não anda de carro porque ainda não tem idade para conduzir, mas deve usar Uber quando precisa que isto de ser 100% ecológico cansa as pernas. No entanto, não a vejo a centrar o seu activismo em pequenas acções dos comuns mortais como outros pseudo-ambientalistas. Vejo-a a apontar as suas armas  aos políticos e decisores porque é a esses que devemos cobrar. Dizer que se separa o lixo, se come pouca carne e se leva um saco de pano para o supermercado, aconchega o ego, mas individualmente não tem impacto nenhum.

A Greta está a despertar muito ódio e deve haver muita gente a vasculhar a vida dela para tentar revelar segredos obscuros do seu passado. Provavelmente, vão descobrir que em 2016 fez batota a jogar ao Uno e renúncia a jogar ao peixinho. Em 2012 levou uma falta de material a Estudo do Meio e teve negativa a Educação Física o ano passado. O bom de ter 16 anos é que se tem poucos telhados de vidro, embora haja quem a acuse de ser um peão e de ter sido manipulada pelos pais. Pode ser, não digo que não, os pais podiam contar-lhe histórias infantis de alterações climáticas ao género:
  • A Branca de Neve e os 7 cabrões que trabalhavam numa mina de carvão em vez de montarem torres eólicas;
  • A Pequena Sereia que morreu engasgada com uma palhinha de plástico de utilização única;
  • Os dois porquinhos ambientalistas e o outro que era burro porque fez a casa de cimento e tijolo, materiais não reutilizáveis.
Talvez ela seja um peão, manipulado, ao serviço de interesses económicos que têm a ganhar com o ambientalismo. Sim, porque o ambientalismo também traz dinheiro ou acham que os copos de cartão são feitos pro bono para salvar o ambiente? No entanto, isso não interessa grande coisa, porque por muito que haja interesses e gente a ganhar dinheiro com o travar do aquecimento global, à partida quem lucra mais somos todos nós que podemos continuar a habitar o planeta sem ser numa gruta com ar-condicionado. 

A Greta quer alertar, mas a discussão centra-se mais nela do que na mensagem que ela passa. Humanos a ser humanos. Talvez preferissem que ela fosse mais uma adolescente que mete fotografias de biquíni a dizer "Está um calor que não se pode! Não usem plástico, malta!".

Estou-me um bocado a borrifar para as alterações climáticas. Não vou ter filhos e não tenho qualquer dinheiro investido no resultado final do jogo humanidade vs planeta. Passo a batata quente, ou o planeta quente neste caso, a vocês.
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23 de setembro de 2019

O abusador de menores empreendedor



Um dos assuntos do dia é o caso do João, condenado a 6 anos de prisão por abuso sexual de menores. Não seria notícia, não fosse o caso de o João ser babysitter de crianças e, no ano passado, ter ido falar com a Cristina Ferreira à TVI a promover os seus serviços de babysitting. 

Um babysitter pedófilo é a verdadeira definição de juntar o útil ao agradável. 

Está toda a gente com nojo do João, mas acho que não estão a dar-lhe o devido valor. Há pedófilos que ficam à espera que nasça uma sobrinha e que a família se reúna toda no jantar de Natal para abusar de um menor; outros rondam escolas a oferecer doces sem qualquer critério e a contribuir para a obesidade e diabetes infantil; o João tem espírito empreendedor e identificou o problema na sua vida: "Gosto de abusar de crianças, mas não tenho muitas crianças à minha volta, o que posso fazer para solucionar esta situação? Já sei, vou ser babysitter!". Génio. Reparem que isto não foi do dia para a noite, houve trabalho e investimento na sua formação como pedófilo certificado, já que começou por tirar um curso de auxiliar de acção educativa e, depois, passou por creches, escolas básicas, centros educativos e um centro paroquial. Fez uma espécie de rally tascas da pedofilia. Um peddy papper do abusador de menores. De notar que deixou o centro paroquial para o fim porque é onde o ensino da pedofilia é mais exigente pois é onde estão os abusadores mais experientes. Se houvesse um Shark Tank da pedofilia o João tinha tido um dos melhores pitches e angariado investimento. Até o Michael Jackson deu uma volta do caixão com orgulho do seu colega.

As pessoas dizem mal, mas quantas é que tiveram coragem de seguir os seus sonhos? De transformar o seu hobbie e prazer na sua fonte de rendimento? Pois, as pessoas criticam o João enquanto estão sentadas no seu cubículo ou no open space de um trabalho que odeiam, mas o João esteve 10 anos a viver o sonho de o deixarem sozinho com crianças desconhecidas e ainda lhe pagavam por isso! Chupem, haters! Na entrevista à Cristina Ferreira o João diz "Cheguei a receber muitos ‘não’. Não percebo porquê. Não sei do que é que alguns pais têm medo". Não sabes, João? Dou-te uma dica: que os filhos sejam obrigados a mamar outra coisa que não o biberão. Abusar de crianças já é do mais baixo que se pode chegar enquanto ser humano, mas ser um abusador que tem a lata de ir à TV promover os seus serviços de babysitting e ainda dizer estas coisas com a maior descontração do mundo é todo um novo nível subterrâneo. No entanto, temos de lhe reconhecer o valor, pois além de empreendedor é bom actor. Pela entrevista não diria que é pedófilo, diria que, no máximo, gosta de jogar Magic. A Cristina Ferreira disse que ele era uma bandeira para a igualdade de género para mostrar que não há profissões de homens e de mulheres. Ups. Afinal não, afinal é mais uma nódoa na bandeira, ou uma suástica na bandeira da igualdade de género. É a prova que às vezes o preconceito até tem alguma razão de ser.

No entanto, não podemos colocar todos os abusadores no mesmo saco. Há pedófilos que abusam das crianças e depois vão-se embora sem qualquer preocupação, o João não.

Preferiam ser abusados pelo Bibi ou pelo João que depois de vos ir ao rabo vos ajudava a fazer os trabalhos de casa?

Quer dizer, não sei se seria por esta ordem, mas seja como for. O Carlos Cruz alguma vez ajudou uma criança abusada a montar o Castelo da Playmobil? Duvido muito, mas o João brincava horas com as crianças, as pessoas é que só vêem as coisas más.  O João cobrava 6€ por cada hora de serviço ou 7€ se fosse depois das 21 horas. Isto é tudo uma questão de perspectiva, porque se fosse com adultos e fosse uma mulher, 6€ para vi cá a casa dar-me banho, ajudar-me na contabilidade e ainda me sugar as miudezas, era uma pechincha. O João tinha um anúncio online onde se lia "Olá papás e mamãs! Faço serviço de babysitter (à hora) e de ama ao domicílio. Sou de confiança, responsável, dedicado e com muito amor para dar aos pequenos". Na parte do dedicado e com muito amor para dar aos pequenos não mentiu, houve foi uma falha de interpretação porque a escrita nem sempre transmite o sentimento que queremos. Imaginem o João a dizer isso enquanto passa a língua nos lábios e ajeita os boxers por cima das calças e prolonga a parte "muitoooooo amooor". No fundo, ele sempre foi sincero, as pessoas é que não perceberam. Faltava ali um emoji com a língua de fora no fim para transmitir a vibe violadora adequada. "É mais fácil para mim "trabalhar" com as crianças do que trabalhar com os pais", disse João à Cristina. A palavra trabalhar está entre aspas porque o João fez aspas aéreas ao dizê-la. O João estava a dar-nos tudo para descobrirmos o mistério, mas ninguém percebeu. Claro que é mais fácil "trabalhar" com as crianças, são mais pequenitas e ficam a dormir com um calduço bem dado. Quando a Cristina Ferreira lhe perguntou duas palavras que identificassem a sua profissão ele disse "chuchas e brinquedos". Enfim, só não montou o puzzle quem não quis. 

No seu Instagram multiplicam-se as mensagens de ódio deixadas em forma de comentário às suas fotografias. É o linchamento popular da era digital, feito por pessoas com muito tempo livre que apenas querem ver o seu ego inchado por acharem que estão a fazer justiça de alguma forma.

Esqueceram-se foi que ele não deve ter telemóvel na prisão e se tiver é um Nokia 3310 enfiado no rabo e não anda a passear no Instagram. 

O João foi apanhado e condenado e confessou às autoridades que tinha dificuldades em controlar-se perante crianças do sexo masculino e que fez "carícias a uma ou duas crianças". Não foram carícias, meu monte de merda, foram abusos. Depois, quando alguém diz "uma ou duas" é porque foram muitas mais. Quando um gajo é parado numa operação stop e o polícia nos pergunta "Bebeu alguma coisa?" e um gajo responde "Uma ou duas cervejas" o polícia sabe logo que foram pelo menos 10. O João diz que não se consegue controlar, o que até poderia ser o caso, não fosse ele ter escolhido profissões onde pode ter contacto com crianças. Se o termo "pedofilia premeditada" existe, o João é um dos maiores embaixadores. 

Mesmo depois de sair da prisão, cumpra os 6 anos ou metade por bom comportamento - o que é fácil para o João porque não há crianças na prisão - a condenação inclui a proibição de qualquer contacto com crianças a nível profissional durante os próximos 15 anos. Sinto que há ali um buraco que pode ser explorado e não estou a falar dos buracos que o João explorava, estou a falar do "nível profissional". E se for voluntariado como hobby, já pode estar ao pé de crianças? 15 anos? Ao fim de 15 anos a pedofilia passa? Quem faz as leis deve pensar que é tipo verruga que com o tempo desaparece sozinha. Eu sei que daqui a 15 anos as crianças que o João abusou já são adultas, mas há crianças novas a aparecer todos os dias.
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20 de setembro de 2019

Valete Vs "Feministas" e Politicamente Correctistas



Valete, um dos rappers mais aclamados de Portugal - por pessoas que efectivamente gostam de rap e não pelas alunas do 7º A de Cascais que acham que rap é malas Gucci e carros alugados no stand do Alfredo só para o show off do vídeo - está no meio de uma polémica devido à sua última música. Para quem não a viu e ouviu, aqui fica:


Numa das notícias lê-se que este novo tema está "a ser associado a um apelo à violência contra as mulheres e humilhação do sexo feminino.". Muitas vozes insurgiram-se, dizendo que é uma péssima influência para a sociedade, especialmente para as crianças, dando o exemplo de um miúdo de 11 anos que gosta muito do Valete. Pois, se calhar os miúdos de 11 anos não deviam ver aquilo, tal como não devem ver um filme do Tarantino. Os pais que lhes metam trela que o Valete não é o Batatinha nem nunca quis ser. Estamos a falar de um gajo que sempre pautou o seu percurso por uma mensagem de igualdade e de activismo pelos mais marginalizados e esquecidos. Um gajo que sempre se assumiu de esquerda e que pelas letras parece ser de uma esquerda bem extremada, mas não tão extremada quanto aquela que agora anda por aí e que parece confundir arte com opinião.

Confesso que sempre achei estranho que o politicamente correcto perseguisse humoristas, mas se esquecesse dos rappers. Sempre achei estranho levar-se uma piada a sério e ninguém fazer isso com as letras de rap. Se a moda pega, não sei se há moralistas do sofá suficientes para escrutinar piadas e letras de rap ao mesmo tempo. Vão começar a ter trabalho e isso significa que rapidamente se calam. Os comediantes e os rappers têm muito em comum: estão na moda, só precisam de um micro e enchem salas em todo o país. O rap sempre foi o patinho feio da música, tal como o stand-up sempre foi o patinho feio do teatro. As coisas mudaram e ambos têm projecção e monetização e é muito por isso que os holofotes lhes estão apontados. Falam da responsabilidade que devem ter, mas na verdade é tudo muito por causa do buzz que dá falar neles. As pessoas podem não gostar e dar a sua opinião? Claro! Não podemos acusar as pessoas de serem intolerantes respondendo com intolerância sobre as suas opiniões. Não gostar? Legítimo. Achar violento? Tudo bem.

Achar que é uma apologia à violência e humilhação das mulheres? Podem ter essa opinião, tal como posso opinar que quem pensa assim é meio atrasado mental.

Aliás, é por aí que quero começar: quem acha que aquilo é um apelo à violência sobre mulheres é um atrasado mental. Pode ser interpretado dessa forma por atrasados mentais que gostam de bater em mulheres? Pode, não digo que não, tal como o Kill Bill pode ser interpretado por gajas malucas como um apelo a vestir um fato de treino amarelo da Primark e comprar uma espada para andar a matar gente na rua. Gente que interpreta mal as coisas haverá sempre, dos dois lados da barricada e, pasme-se, são ambos totós. Tanto os pseudo feministas, como os machistas que também viram as coisas desse prisma.

A meu ver, o vídeo é uma curta metragem, uma história e, como tal, nem precisa de ter mensagem. Retrata, até, a realidade, infelizmente. Sim, as mulheres também traem e há homens que quando são traídos matam as mulheres e os amantes. Infelizmente, o que o Valete retrata acontece vezes a mais pelo mundo inteiro. Acho que só um palerma é que vê aquilo como um normalizar ou incentivar violência sobre mulheres. Para mim, aquilo, além de ser arte e um bom rap em formato de storytelling, pode ser um alerta. É um murro no estômago para algo que acontece, retratado de uma forma crua e violenta como merece, sem paninhos quentes. Se calhar, até faz mais pela prevenção da violência sobre mulheres do que artigos da Fernanda Câncio.

Por exemplo, à pala do Valete, já vários artigos sobre a violência foram escritos e feita a chamada de atenção de que só este ano já morreram 21 mulheres vítimas de violência doméstica. O machista afinal está a alertar. Giro. Se calhar é esse o papel da arte, agitar as aguas, não sei, o burro devo ser eu. Quer dizer, se até Dezembro morrerem 100 mulheres e todos os homens que as mataram tiverem no histórico do YouTube a música do Valete, aí se calhar temos de dar a mão à palmatória e perceber que o Valete é um génio que apenas com uma música consegue influenciar tanta gente, embora ninguém tenha assassinado o Bush em 2004 quando ele lançou o rap "Fim da Ditadura". Estranho. Aliás, a culpa dos tiroteios é dos jogos de computador, como todos sabemos, e agora de cada vez que um caçador acertar chumbada na cara da mulher, a culpa é do Valete.

Se o BFF incentiva o femicídio, então "Os Maridos das Outras" do Miguel Araújo é um incentivo a ridicularizar e generalizar todas as mulheres que nunca estão contentes com o que têm; o "Faz Gostoso" da Blaya é uma apologia à traição e à utilização de roupa de marca cara por pessoas de bairros sociais.

Se o Valete incentiva a que se matem mulheres, então o David Carreira incentiva à surdez.

Entre os que criticam o Valete, aposto que há alguns que continuam a gostar do Chris Brown e até foram ao concerto dele em Portugal em 2016. É que se virmos bem, a música dele não fala de bater em mulheres, por isso é na boa. Por acaso, ele bateu em mulheres, mas há que separar a obra do artista neste caso. Vejam o Paco Bandeira que em nenhuma das músicas dele falava de violência doméstica. Isso sim, é um homem a sério que guarda essa parte pessoal para si e não anda aí a influenciar negativamente as pessoas com as suas letras. "Ó Elvas ó Elvas, levas uma que te vazo uma vista" poderia ter tido muito mais sucesso, mas o Paco é um senhor.

Quase que aposto que nenhum dos homens que matou mulheres este ano era fã de rap. Pelas idades e geografia, aposto que muitos gostavam de Tony Carreira. Vamos culpar o Tony? Não digo que não haja pessoas legitimamente preocupadas com a influência negativa que pensam que um vídeo daqueles pode ter. Acredito que sim, mas a maioria é "Olha isto a bater bué no YouTube, boa oportunidade para eu aparecer um bocadinho e mostrar a todos o quão boa pessoa eu sou e talvez angariar uns guitos!" Só para não me chamarem hipócrita por estar a fazer o mesmo, todo o dinheiro gerado com esta publicação será doado à minha cadela para comprar biscoitos.

Os que criticam e apelidam de grotesco e perpetuador de discriminação de género, são muitos dos que idolatram as Kim Kardashians da vida e, já que querem saber a minha opinião, essa é que influencia milhões de jovens mulheres a serem fúteis e talvez esse seja um real perigo para a luta feminista.

A arte tem de ser livre, mesmo que às vezes tenha repercussões indesejadas. Perigoso é limitar essa liberdade e achar que toda a ficção têm consequências reais. Nesse caso, a "Paixão de Cristo" seria um incentivo à violência contra o pessoal de barba e cabelo comprido; o "Jurassic Park" seria um incentivo a não confiar em gordos que sabem de computadores; e o "Titanic" seria um incentivo à desigualdade porque o Leonardo é que se fodeu à pala da Kate que não lhe deu um espacinho na porta e, além de discriminar os homens, discrimina os pobres, pois a Kate era rica. Buh. Devia ser proibido! Ah, e é uma das razões pelas quais as pessoas não se preocupam com o aquecimento global porque deu muito mau nome aos icebergs que ainda hoje tentam recuperar da má fama com que ficaram. É certo que o filme Jaws influenciou muitas mortes de tubarões, mas falar disso podia prejudicar o meu ponto de vista.

Não digo que a arte não tenha consequências reais no mundo, já que influencia a cultura e correntes de pensamento, mas acalmem lá as patarecas metafóricas e deixem de ser coninhas. Há verdadeira violência contra mulheres, há verdadeiro racismo no mundo, há verdadeira discriminação de género e de orientação sexual em muitos sítios. Acho que o último onde deviam procurar era em músicas de rap, mas é mais fácil, eu sei, até porque ficou nas trends e nem foi preciso pesquisar nada. Até sou da opinião que muito do rap norte-americano perpetua um estereótipo negativo para comunidades negras e que pode influenciar negativamente os jovens a acharem que vender droga e viver no crime é cool e gangsta. Agora, se os problemas da sociedade e desigualdades estivessem resolvidos, não era o rap que os levava para o crime. O rap é reflexo da sociedade, não é causa dos seus problemas. 
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