24 de maio de 2018

Marial Leal - Review à nova música e vídeo



Penso que a Luciana Abreu pode ter acabado de perder o primeiro lugar no pódio para a pior música de sempre. Já tinha dito várias vezes que nunca mais falaria da Maria Leal, por já ter escrito tudo o que havia a escrever sobre ela, mas acabei por ceder à pressão de toda a gente que me enviou o vídeo para fazer uma review. Dizem que a melhor terapia para ultrapassar um trauma é falarmos sobre ele e talvez isto me faça bem, porque há coisas que vemos e ouvimos e que não nos deixam dormir descansados se não as deitarmos cá para fora. Por isso, aqui segue o vídeo que podem ver e ouvir à vossa própria responsabilidade. Não o vejam mais do que uma vez e façam pausas de dez em dez segundos, caso contrário podem ter danos cerebrais irreversíveis. Em baixo, a review profissional a que vos tenho habituado.


O vídeo começa com a batida e uma voz a falar em Castelhano porque há que seguir a tendência e em estrangeiro parece sempre menos foleiro. Somos brindados com umas pernas oleadas com azeite rançoso e, de repente, aparece uma mão a segurar um copo. Várias coisas assinalar aqui: mãos de bruxa; aliança na mão esquerda que dá a entender que há uma pessoa ainda com mais mau gosto do que a Maria Leal; uma unha com decalques estilo carro chunning; um copo com rodelas de laranja que devem ter sido cortadas com essas unhacas. Somos presenteados com mais umas imagens da Maria, com uma voz a dizer "Este é o beat para toda a gente, este é o beat do verão".


Não sei se é para toda a gente, talvez seja melhor ser só para os surdos.

Percebemos, aos 14 segundos, que a Maria tem uma tatuagem a dizer Marial Leal, já a pensar na altura em que terá Alzheimer, para não se esquecer de quem é. Também servirá para a identificar em caso de morte, porque assim ninguém terá de olhar para o corpo e cara e bastará ver aquela tatuagem, poupando quem tiver de reconhecer o cadáver.

Nisto, começa a tortura auditiva, com a Maria Leal a gritar "Todo el mundo, cantando". Os mais fracos teriam desistido nesta parte, mas eu bolcei na própria boca, engoli e continuei. E pronto, aparece a tolinha a pedir que a Argentina, México e o Paraguai cantem com ela "Vai, vai vai". Penso que ela não precisa de nos mandar ir a lado nenhum: nós vamos sozinhos para longe. Quero chamar à atenção para o que se segue:

Vai, vai vai,
Vai que o Verão chegou-ou-ou
Vai que o calor começou
go go go

Em termos líricos isto é da mais fina poesia que Portugal já fabricou-ou-ou. Eis que vemos um plano da Maria Leal em estúdio, a gravar a voz, e devo dizer que usar um microfone daqueles para a voz da Maria Leal é como usar uma câmara fotográfica topo de gama para fotografar... a Maria Leal. Continua a letra e ela diz "Vai que está fenomenal". Penso que a palavra fenomenal nunca tinha sido usada numa música, por isso é de gabar a capacidade de adjectivação da senhora Maria, que na verdade é do senhor Sérgio Ventura que foi quem escreveu a letra. Não vamos estar aqui só a fazer bullying à Maria quando há outros que também merecem crédito. "Fenomenal" é acompanhado de um auto-tune e de um eco de uma subtileza equivalente a gordo a comer pipocas no cinema. Se repararem bem, ela deita a língua de fora ao dizer esta palavra, numa espécie de camaleão com espasmos que acabou de sair do dentista e ainda tem a boca dormente.

Aos cinquenta segundos, vemos imagens do estúdio em que a Maria e o Jaimão estão concentradíssimos na produção da música. Há até uma parte em que eles fazem um gesto de "Exactamente, é mesmo isto". Penso que estes sete segundos que vemos foi exactamente o tempo total investido na criação da música e letra e, mesmo assim, não há desculpa. Finaliza o refrão com "Vem curtir com a Maria Leal". É assim, Maria, se for curtir numa de beber uns copos e dançar, numa festa da aldeia, sim senhora, tudo bem, sou gajo para me divertir e curtir um bocado; se é curtir numa de te mamar da boca, mesmo com os dentes arranjados, não vai dar, lamento.


A Maria Leal é das poucas artistas que precisa de auto-tune e Photoshop ao mesmo tempo.

"Estou na adrenalina (?), o meu corpo quer dançar". O teu corpo pode querer, mas nós preferimos-te quietinha e caladinha num canto. Já te vimos a dançar em várias situações e ninguém gosta de ver ataques epilépticos ou alguém a tentar andar com um taser nas cuecas. Prossegue com "Manda vir o segurança que não estou a aguentar". Não consigo descodificar estes versos, mas vou dar várias opções: ela gosta de pinar com seguranças e está que nem se aguenta (talvez devido do taser nas cuecas); não está a aguentar tanta adrenalina e precisa que o segurança a ajude a ir lá fora apanhar ar; alguém está a assediar a Maria e ela precisa que o segurança afaste o rapaz cego que se está a roçar nela.

Não consigo decidir se gosto mais das imagens da Maria à beira da piscina ou dentro dela. Por um lado, nas primeiras, gabo-lhe a coragem de não ter vergonha de mostrar os pneus, já que eu na praia sou daqueles que joga às cartas deitado de barriga para baixo, todo desconfortável, só para não estar sentado e parecer que tenho uma bolsa marsupial com um hipopótamo bebé a dormir lá dentro; por outro lado, é em pé, dentro da piscina, que a Maria solta todo a sua ginga, dançando de tal forma que parece estar numa aula de aeróbica para pessoas especiais. A música continua com "O MC meteu aquele som que trouxe o sol e o calor". Que som é esse? Existe a dança da chuva e o MC do sol e do calor e nunca ninguém me disse nada? Aposto que esse som é a música da Marial Leal que até afasta as nuvens para longe.

Por esta altura os meus ouvidos já pedem um descanso, mas prossigo estoicamente e oiço "Vamos logo ao que é bom, latino mostra o teu sabor", com um auto-tune que parece um rouxinol a ser sodomizado por um elefante. Por volta dos 1:58 minutos a Maria aponta para o monitor no estúdio numa de quem está a dar dicas ao produtor, porque toda a gente sabe que ela não sabe cantar, mas que em música é uma expert. Nisto, Maria começa a dançar no estúdio, com o seu movimento patenteado que se chama "A suricata bêbeda", seguido do "Dança do ventre obstipado".

Por esta altura, o beat muda, mas continua igual, e a Maria entra na última parte da música "Já corres na pista". Não percebo se estamos a falar de uma discoteca ou de uma pista de atletismo, mas pode ser tudo uma bonita metáfora, dizendo que dançar é como correr: quem o faz por gosto não cansa. Enquanto ela canta "O teu charme é demais, vem latino moreno, mostra os teus moves sensuais", aproxima-se um gajo que, inteligentemente, decidiu não dar a cara para o vídeo. A abordagem dele na sedução é tirar-lhe a flor que ela tem na orelha e ela manda-o à piscina, algo que não condiz com a letra, pois assim se percebe que nem os moves eram sensuais, nem ela estava interessada. No fundo, a Maria é uma cock-teaser que provoca e depois dá tampa. Segue com um  "Estou a vibrar e tu vais ficar a conhecer melhor o que eu tenho para dar".


Vibrar não era mau, mas melhor era estares em modo silêncio ou de avião para não termos de te ouvir.

O último minuto e meio é a repetição do refrão até sair sangue pelos ouvidos e termina com um piscar de olho que me irá atormentar nas próximas noites.

E pronto, é isto. Sinto-me sujo e vou ali tomar banho enquanto choro enrolado em posição fetal. Este texto está na linha ténue entre o humor e o bullying, admito, mas acho que quem faz músicas destas tem um bocadinho de culpa e até agradece que se fale neles. Peço desculpa por vos ter obrigado a ver, mas podem fazer como eu e partilhar o texto para dividirmos o sofrimento por todos. Obrigado.
Ler mais...

23 de maio de 2018

Formas de baixar o preço dos combustíveis



Fui informado que a população se está a unir para um boicote às gasolineiras, no dia 28 de Maio. Acho muito bem que as pessoas se unam para lutarem pelos seus direitos.

Os preços estão obscenos e ainda este fim-de-semana gastei 50€ para vir do Porto a Lisboa a 170 km/h.

Quero, por isso, juntar-me à causa e garantir-vos que na próxima segunda-feira não vou abastecer o meu carro. Só para fazer dói dói nos gigantes do combustível, vou atestar o carro no dia anterior, ou, para lhes fazer ainda mais mossa, no dia seguinte para eles ficarem ali aflitos à espera do meu dinheiro e na dúvida se voltarei a ser cliente. Desta forma, nem usufruo do desconto de fim de semana e até deixo em casa os cupões e nem peço um cartão de sócio do SLB a um amigo, só para eles verem como elas doem. Eles passam-se com estes tipo de protestos, já quando estico a reserva e faço 50 km só porque não me apetece ir abastecer naquele dia, eles ficam logo em sentido. Até vão ficar malucos quando me virem a ir de carro para o trabalho na segunda-feira sem ter abastecido; vão pensar que o meu carro anda a água ou assim. Podia ir de transportes? Podia, mas sou mais revolucionário quando estou confortável e assim consigo entrar e sair da bomba várias vezes, sem abastecer, só para eles ficarem naquele suspense a roer as unhas.

Embora isto deva ser suficiente para eles verem o meu descontentamento e convocarem uma reunião de emergência para baixarem os preços, vou mais longe no meu protesto. Vou à bomba, sem abastecer, e vou trazer o stock inteiro de pastilhas em promoção para dar despesa à casa. Depois, vou ler todas as revistas sem comprar nenhuma, só para fazer pirraça. Vão ficar tolos e baixar a gasolina pelo menos um cêntimo, garanto-vos.

O Governo não escapa a esta minha ira de revolucionário e irei, também, fazer-lhes pressão para que baixem os impostos dos combustíveis. Como? Boa pergunta: na altura das eleições, vou lá desenhar uma pila no boletim de voto. Já estou a ver os deputados todos pasmados com a minha capacidade de desenho e a terem em conta os meus falos artísticos na altura do Orçamento de Estado.

Vou aproveitar a onda de revolução para tratar já de outros assuntos que tenho pendentes. Aqui na minha rua há um passeio todo esburacado e, por isso, vou boicotar esse passeio e ir sempre pela estrada. Até sou gajo para tirar uma foto e meter no Instagram com a hashtag #tenhamvergonha - para ser mais eficaz - mas tiro a foto da estrada para o passeio porque, como já disse, boicotarei o passeio.

Tabaco é outra: os preços estão muito altos. Segunda feira não vou comprar maço e fumarei do volume que comprar no Domingo. 

E as nozes e os cajus? Estão mais caros do que ouro e, por isso, vou abastecer um carrinho de compras no domingo que é para segunda-feira os boicotar ali mesmo à bruta. E as rendas? Ah pois, dia 28 vou dormir na rua.

Voltando aos combustíveis, aposto que haverá quem faça pouco deste boicote, sejam pessoas que não têm carro ou pessoas que andam sempre de transportes, que vão dizer que fizeram boicote só para ficarem bem na fotografia. É como não irem a uma manifestação e usarem Photoshop para dizer que estiveram lá. Haverá sempre essas pessoas que se aproveitam da proactividade e cidadania dos outros, mas não podemos desmotivar. Temos de lutar pelos nossos direitos e dos que vierem a seguir. Já me estou a ver a contar aos meus filhos "Vocês vêm de uma família de revolucionários! O vosso avô esteve no 25 de Abril, a vossa avó na grande manifestação dos professores em 2008 e aqui o vosso pai... houve um dia em que não meteu gota".
Ler mais...

22 de maio de 2018

Comédia, imortalidade e ETs, com o convidado especial: JEL



Para celebrar o episódio 40 do podcast, convidámos o eterno homem da luta, JEL. Falámos sobre comédia e o sentido da vida, sobre ditadores, extraterrestres, imortalidade, viagens no tempo e muito, mas mesmo muito mais. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



Podem ouvir e subscrever o podcast nas seguintes plataformas:
Não se esqueçam de subscrever na vossa plataforma favorita, deixar like na página do Facebook, comentar e partilhar com os vossos amigos. Obrigado e um bem haja.
Ler mais...

21 de maio de 2018

Globos de Ouro 2018 - O pior da Passadeira Encarnada



Como tem vindo a ser hábito, no dia seguinte à gala dos Globos de Ouro acontece o evento mais importante do ano: o meu comentário às roupas da passadeira vermelha ou, melhor, encarnada. É aquela noite em que solto a blogger de moda que há dentro de mim e comento outfits e looks. É sempre giro, porque posso andar o ano todo a fazer piadas com assuntos sérios, mas é com este texto que tenho mais mensagens de ódio e ameaças de processos em tribunal. Pelos vistos, fazer humor com pessoas privilegiadas que arriscam tudo na hora se se vestir, mas depois têm um ego de uma andorinha e ficam ofendidas com piadas de um gajo que não percebe nada de moda, é que é ofensivo. Vamos lá começar o alambique de veneno.


As fotografias são cortesia da fotógrafa Inês Costa Monteiro, da revista de lifestyle NiT, e podem seguir o trabalho dela no Instagram e no Behance.

O Manuel Marques é um actor camaleónico, mas nada disto seria possível sem a qualidade da caracterização do Alxeredo. 

Aquela pose obrigatória para quem tem uma racha no vestido. Gosto do look taxista vintage, com os dedos todos cheios de cachuchos, mas parece-me haver ali uma nódoa negra no braço. Noite bem passada ou violência doméstica? Alguém que chame o Hernâni Carvalho para investigar.

Aqui está ele. Nunca falha, onde há crime ele aparece logo a promover o seu livro. Claro que não podia faltar a este evento onde a classe é assassinada com requintes de malvadez e o estilo é sodomizado à bruta.

Calma, Cláudia. Isto não são os Globos de Ouro dos Estados Unidos da América. Estamos em overdressing. Ir assim vestida para os Globos de Ouro tugas é como ir de fato para uma entrevista de emprego de um call center.
  
Pow pow pow. Tenho algum receio de criticar as roupas das pessoas que não são brancas, pois da última vez acusaram-me de racismo. Por isso e só para chatear, vou reutilizar a piada do ano passado: o preto, afinal, não dá bem com tudo.

Vencedora do prémio revelação. Filha do Rui Bandeira, tem melhor voz que o pai, mas o pai tem melhor cabelo do que ela. Tem 16 anos, mas está vestida à septuagenária. Estas influencers do Instagram andam a perder qualidades. 

Loiro com dourado e com pele pálida. Alguém que faça uma correcção de cor e aumente o contraste desta senhora que não tarda está com a opacidade a 50%.

O look do Ricardo Carriço é patrocinado pelo cancro de pele. Aquela cor é solário a mais. 

Achei bonito a Lucinda ter feito uma extreme makeover a um sem-abrigo e ter-lhe dado a oportunidade de vir comer uns croquetes.

Ou é perna à mostra ou é side boob. Os dois ao mesmo tempo só no Urban ou num encontro do Tinder. Gosto do detalhe de levar na mão o estojo de primeiros socorros, não vá alguém ter baixo açúcar e classe no sangue. Os Globos de Ouro são patrocinados pela Opticalia e por aquele cirurgião que mete mamas.

Não sei quem é, mas deve ser ilusionista e está aqui a apresentar o seu grande truque de magia: conseguir uma mulher muito mais gira do que ele. Isso ou é rico, também pode ser isso. Buh, machismo! 

Feia. Horrível. Nojenta.
(este comentário foi-me ditado pela minha namorada) 

Existem as outras e depois existe a Lili. Com os seus 305 anos continua impecável e está prestes a tornar-se na primeira estátua de cera viva. Ali, com o pezinho à mostra como quem ainda nem passou dos 80 anos, saia reciclada do cortinado lá de casa que comprou em plena primeira guerra mundial. Mandara-me 40 fotos da Lili e em todas tem a mesma expressão. 

Calma, Conceição Lino. Isto não é a ante-estreia dos Avengers, nem é para fazer cosplay. És uma alface do Lidl? A cair na própria ratoeira que montou, sofrendo bullying do estilista que lhe disse que o vestido era bonito e o pior é que toda a gente vê e ninguém faz nada. 

Era um gin tónico, por favor.

Decotes pronunciados sem mamas é como cego usar óculos graduados. 

Ir ao Chapitô roubar cortinados é feio. 

A Bumba na Fofinha está em todo o lado. PS: não é a Bumba, achei que era óbvio, mas pelos vistos há quem pense que sim.
E começa o freak show. Convosco, o sítio do Picapau Amarelo. Acho corajoso da parte da bruxa da pequena sereia deixar o preto e o roxo e arriscar no amarelo.   

Quando a tua prioridade é comprar colares e jóias e não arranjar o dente que te falta na cremalheira. Quando nos perguntamos "Mas esta gente não escolhe a própria roupa? São sempre os estilistas a vesti-los?" temos aqui a razão. Quando eles se tentam vestir sozinhos dá merda. A da direita vem vestida de ecoponto azul, mas para onde as pessoas deitam comida estragada na mesma. O da esquerda vem vestido com o look que gosto de chamar "Gosto de bullying".  
  
Quando pensavas que ias ao casamento do Toy com after party na discoteca Kaxaça. 

Tenho flores nos sapatos, mas olha eu aqui a ser bué macho e a segurar na minha gaja ao colo.

Depois dos dourados do ano passado, este ano o Luís Represas veio mais discreto.  
  
E pronto, depois da passadeira vermelha seguiu-se a gala que teve como ponto alto o mamanço da boca de César Mourão ao José Fidalgo (porque entre homens não é assédio) e o prémio de mérito e excelência ao José Cid, mais do que merecido. Para o ano há mais.

Ler mais...

16 de maio de 2018

Violência no Sporting, Fátima e Gaza, Casamento Real



No episódio desta semana falamos sobre a violência no Sporting, Fátima e a Faixa de Gaza, Casamento Real, monarquia, e muito mais.. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



Podem ouvir e subscrever o podcast nas seguintes plataformas:
Não se esqueçam de subscrever na vossa plataforma favorita, deixar like na página do Facebook, comentar e partilhar com os vossos amigos. Obrigado e um bem haja.
Ler mais...

Review à nova "música" de Luciana Abreu



As notícias só falam da violência no Sporting e dos confrontos na Faixa de Gaza - este último com menos destaque, obviamente - e esquecem-se que há coisas piores a acontecer em Portugal, neste momento. Enquanto se discutem quantos pontos levou o Bas Dost da cabeça e se o Jorge Jesus levou uma cabeçada standard ou à Cais do Sodré, o mundo ignora um dos maiores atentados terroristas de que há memória. Falo, claro, sobre a nova música da Luciana Abreu que tem como mote o apoio à selecção das quinas para o mundial que se avizinha. Aliás, a música saiu ontem, tal como as agressões em Alcochete a a escalada do conflito em Gaza: é a tal teoria do efeito borboleta "Quando uma Luciana bate as cordas vocais em Portugal, pode haver um terramoto no Japão".

Sinto que estou a trair a minha verdadeira musa, senhora Ana Malhoa, ao fazer uma review à nossa eterna Floribela, mas depois de ver o vídeo, achei que era meu dever escrever sobre este tema. Para quem ainda não teve o azar de ver, aqui fica e, em seguida, a review profissional a que vos tenho habituado.


Ora bem, o vídeo começa com uma batida a fazer lembrar o barulho de um Spectrum a carregar jogos, acompanhado de um xilofone tocado pelo meu avô com Parkinson. Há uma voz que diz "Miss LA", mas também pode ser "Mi sê lei" o que em crioulo macarrónico quer dizer "Eu sou a lei". Segue-se um riso e um "De Portugal para el mundo", porque nada diz mais "apoio à selecção portuguesa" como começar a música em castelhano. Lamento, mas duvido que esta música vá para o mundo.


É certo que somos dos maiores exportadores de azeite, mas parece-me que este não é extra-virgem.

Vemos um puto a imitar o filho do Cristiano Ronaldo, mas que será, certamente, contrafacção. Em vez do Cristianinho, é o Cristininho, alugado na Feira do Relógio por uma sande mista. A voz masculina diz qualquer coisa que não se percebe bem, mas como devem ser só palavras aleatórias e sem sentido algum, não se perde nada. Aparece, finalmente, a Luciana e começa a música de apoio a Portugal... em inglês. Se a a Nelly Furtado pode, porque é que a Luciana não pode? Deixem lá de criticar tudo. Miss LA, vestida com um baby grow de ganga, exibe o seu corpo impecável para quem já deu à luz três ou quatro vezes, já que no caso de gémeos não sei como é feita a contabilidade. Se ela investisse tanto tempo a escrever letras e aprender música como a ir ao ginásio, não estaríamos aqui a ter esta conversa. A letra, traduzida, diz isto:

Toda a gente sonha em grande / 
Paixão sem controlo
O sangue fala mais alto / E acreditamos que somos um
Estamos juntos / Alimenta a tua alma
Usa controlo / Sê audacioso e continua vivo
Tenta voar / Tu consegues se quiseres / Acredita e não te escondas

Gosto do apelo ao uso do preservativo e do incentivo ao suicídio nos últimos versos. Uma espécie de discurso anti-motivacional que termina com um "Vamos latinos" dito, imagino eu, pelo DJ Maci que é italiano. Nada faz sentido, não sei se já tinham percebido. Nisto, entra o refrão, com a Luciana Abreu disfarçada de Tatiana Neves, em que canta várias onomatopeias e o título da música "Pula pula". Penso que pode ser ofensivo, já que "pula" é o nome dado aos brancos em Angola e o William Carvalho pode ficar a sentir-se de fora. Existe toda uma coreografia que até é capaz de pegar se nos lembrarmos que as pessoas ainda dançam o eskema em algumas discotecas. A música segue, agora em castelhano que isto é preciso disparar em todas as direcções para ver se se tem sorte; a meio do castelhano, devo admitir que há uma transição bastante suave para o português em que a Luciana diz "Corações ao alto e samba no pé". É isso, Luciana... samba no pé, Kizomba no joelho e Duro no Cú. "Portugal vai mostrar como é que é", aquela frase que dá para tudo: pode mostrar como é que se perde, pode mostrar como é que se empata, etc.

Segue-se uma chamada dos nomes de jogadores portugueses (com sotaque castelhano) e gosto que não tenham arriscado e só digam os nomes que estarão certos no Mundial, não fossem os outros confundir e pensar que isto era a convocatória oficial e depois ficar desiludidos (chamaram-me à atenção que é dito o nome do Danilo que não irá ao mundial devido a lesão. Temo que esta música não ajude na sua recuperação)Segue o disco e toca o mesmo, com a Luciana a dizer "Mister Santos" (com sotaque inglês), "It's true, Portugal in the house" (aliás, "Portxugal"). Refrão, mais uma vez, e entra uma batida de samba, com bailarinas fantasiadas de Carnaval de Torres Vedras e a dançar, intercaladas com um bailarino de capoeira porque, relembro, isto é uma música de apoio à selecção portuguesa e é preciso não ignorar a história: sem os escravos trazidos por Portugal não haveria capoeira nem samba. 

Para mostrar que é uma poliglota, ainda lança um russo ali perto do final com um "Spasiba Russia" que quer dizer "Obrigado Rússia", embora ela pareça dizer Racha, mas tudo bem, não vamos estar a exigir que fale bem quatro línguas. E pronto, é isto.


A música fica no ouvido? É capaz, mas otite também fica. 

Isto é, a meu ver, a pior música de sempre. Não faz sentido do início ao fim, tanto musicalmente como em termos de letra e, muito menos, o vídeo. Já estou a ver o produtor "Estou aqui já com ideias para esta música. Que tal se a gente metêssemos aqui uma gaja a dançar ballet, um gajo a dar toques na bola porque isto é sobre futebol, depois duas gajas a sambar e um capoeirista porque coiso, mas também curtia ter tipo dança hip hop, ginástica, e dança contemporânea... Sinto aqui falta de qualquer coisa... ah, já sei, preciso de um gajo com aqueles paus com pano no ar a esvoaçar que fica muita bonito. É isso, manda vir tudo que no fim vais ver que vai fazer sentido." Não faz.

A música não serve para apoiar selecção alguma, acho, até, que pode prejudicar. É apenas um aproveitamento do mundial para ver se o pessoal estrangeiro vê e há o lançamento de carreira internacional. É pior do que Marial Leal? É. A Maria Leal não tem voz nem meios de produção e é uma pobre coitada da qual se aproveitaram. A Luciana Abreu tem uma voz tremenda e meios para produzir coisas com qualidade, mas fez esta merda. A Maria Leal tem desculpa, a Luciana não. Claro que estou a ser injusto, já que seria ingénuo da minha parte esperar que alguém que fez uma música dedicada ao marisco e cujas filhas se chamam Lyonce Viiktórya, Lyannii Viiktórya, Amoor e Valentine, fizesse uma música melhor, mas isto não passa de uma imitação barata da Ana Malhoa, artista que, ao menos, é coerente e competente no estilo musical de merda que escolheu. Como sempre, estas críticas não têm nada de pessoal, acredito que seja boa pessoa e a prestação dela no Último a Sair foi excelente e de quem tem fair play e sabe representar. Que ela sabe cantar, também ninguém tem dúvidas, da mesma forma que ninguém duvida que ela só tem feito, na minha opinião, música de merda.

Já fiz muitos sacrifícios devido a trabalho: horas extra, aturar clientes mal educados, fazer stand up em sítios sem condições, mas nunca tinha feito um sacrifício tão grande como ver e ouvir este vídeo 10 vezes (DEZ) para conseguir fazer esta review. Espero que valorizem o meu esforço e que partilhem. Voltamos a falar para a semana que agora preciso de enfiar duas agulhas nos ouvidos e esfregar-me todo com aguarrás.
Ler mais...

9 de maio de 2018

Ingleses ofendidos com o Herman José na Eurovisão



Ontem, nos intervalos da Eurovisão, foi transmitida, apenas para o estrangeiro, uma série de sketches com o Herman José, intitulada "Planet Portugal", usando uma personagem inspirada no David Attenborough. A personagem é antiga, data do Herman Enciclopédia, mas na altura chamava-se David Vaitembora que para não haver piadas perdidas na tradução, foi alterada para David Attemburger.

Foram alguns sketches sobre as particularidades do povo português, mas alguns britânicos não gostaram e mostraram a sua revolta nos locais onde se mostra a revolta nos dias de hoje: nas redes sociais. Foram vários os comentários a mostrar indignação por se estar a parodiar o Sir David, especialmente por ser o seu 92º aniversário. Deixo alguns dos comentários com a respectiva tradução para quem não percebe inglês nem sabe usar um tradutor online:

"Are Portugal making fun of David Attenborough? On his birthday?? The absolute audacity #Eurovision"
Estão Portugal a fazer divertimento do David Attenborough? No seu dia de nascimento? Que absoluta audácia! 

"Taking the piss of SIR David Attenborough? #Eurovision."
A tirar o mijo do SENHOR David Attenborough?

"What the fuck is this David Attenburger shit? #Eurovision"
Que foder é este David Attenburger merdas?

"Oh god this is bad. Nobody takes the piss out of David Attenborough #Eurovision."
Oh deus isto é mau. Ninguém tira o mijo para fora do David Attenborough.

"This is incredibly offensive to David Attenborough on his birthday #Eurovision"
Isto é incrivelmente ofensivo para o David Attenborough no seu dia de nascimento.

"OMG #eurovision is mocking David Attenborough."
OH MEU DEUS, Eurovisão está fazendo pouco de David Attenborough.

"#Eurovision who the fuck is this loser taking the piss out of national treasure David Attenborough? Not at all even remotely funny"
Eurovisão quem é este perdedor da foda que está tirando o mijo fora do nosso tesouro nacional David Attenborough? De todo nada remotamente engraçado.

"Wtf is this David Attenburger…… you have lost me now. See ya Saturday. #Eurovision."
Que foda é este David Attenburger.... agora é que me perderam. Vejo-vos Sábado".

Gosto que este último fica ofendido mas só até sábado, sem fazer ideia que nesse dia deve levar com mais uma dose do Planet Portugal. Reparem que todos tinham a hashtag #Eurovision que é para ser uma revolta a sério e para ver se alguém lhes dava atenção. Para além destes, foram escritos vários a dizer "I'm offended on behalf of David Attenborough" que traduzindo assim directamente quer dizer "Estou ofendido porque sou otário". Até pensei que o David estivesse morto, mas pelo que vi na Wikipedia ainda está bem vivo, na medida dos possíveis dos seus 92 anos. Ficar ofendido por alguém, quando esse alguém está vivo e não disse que estava ofendido, é só parvo; aposto que ele, como pessoa inteligente que deve ser, estará ofendido por outros estarem ofendidos em nome dele; mas vamos por partes:

  • Os ingleses nunca ouviram falar de Herman José.
  • A maioria das pessoas é burra, logo, a maioria dos ingleses é burra.
A primeira parte explica o facto de não perceberem que a personagem é mítica para os portugueses e que o Herman é uma instituição tão grande em Portugal como o David é em Inglaterra. Vi, até, quem ficasse ofendido por a caricatura não ser parecida e por o Herman ser mais gordo (talvez se explique com o novo nome AttemBURGUER) e estar vestido à "Juventude hitleriana". Enfim, como se não se percebesse que aquilo é, claramente, roupa da Mocidade Portuguesa. A segunda parte, explica tudo o resto, mas justiça seja feita: depois da revolta inicial, muitos britânicos perceberam que se tratava de uma homenagem em formato de paródia. Os ingleses sempre tiveram sentido de humor e os seus maiores humoristas foram e são uma grande influência para os nossos maiores.

O sketch está com piada? Meh. Teve piada há 20 anos no Herman Enciclopédia que é, a meu ver, ainda hoje, o melhor programa de humor feito em Portugal, não contando com o Falta de Chá, obviamente. A piada é relativa, mas ofensivo? Bem, tenho a certeza que se fosse ao contrário, com os ingleses a parodiar o Cristiano Ronaldo, por exemplo, também teríamos muitos portugueses ofendidos. Porquê? Porque a maioria das pessoas é burra, logo, a maioria dos portugueses é burra. Não são vocês que estão a ler isto, é o resto, calma.

Aposto que na produção da Eurovisão foi dito: "Pessoal, vamos fazer uns sketches clean e family friendly que isto é Eurovisão e é para todas as idades e não queremos ofender ninguém.". Pimba. Chupem. Quem quer ser clean e critica quem arrisca ofender, acaba por se tramar, mais cedo ou mais tarde. Moral da história: há sempre alguém ofendido, por isso, na altura de fazer humor, é nem pensar nisso e arriscar, tendo sempre o foco na piada, mas cagando para os ofendidos do sofá. Humor não é design de usabilidade e se vamos ter de contar com os burros que nem conseguem perceber que aquilo era uma paródia ao povo português e uma homenagem ao David Attenborough, estamos limitados a não fazer nada.

Haters gonna Hate.
Coninhas Gonna Conate.
Pussies Gonna Pussycat Dolls.

Isto nem se trata de defender os humoristas, seja o Herman ou os Markl que, segundo sei, escreveram o guião. Ao contrário do que muita gente pensa, os humoristas raramente se defendem uns aos outros, nós (alguns) defendemos é o nosso direito a fazer piadas com o que nos apetecer e deixar o público escolher se quer ou não ver. O melhor a fazer nesses casos é ignorar este tipo de comentários ofendidos e não lhes dar atenção? Claro que é e até me sinto mal em estar a dar destaque a quem perde tempo a ficar ofendido com uma paródia completamente inócua, mas sei que isto me vai dar views e que ainda ganho uns trocos à pala desses coninhas. Estou só aqui a ser honesto, ao contrário dessa gente que fica ofendida com humor e ignora coisas muito mais ofensivas que ontem se passaram na Eurovisão: as "músicas".
Ler mais...

8 de maio de 2018

Modas parvas das redes sociais, Eurovisão, Sócrates, barulhos a mastigar



No episódio desta semana falamos sobre a Eurovisão; modas parvas das redes sociais; Sócrates e Câncio; pessoas que fazem barulhos a mastigar; pessoas que falam alto ao telemóvel na rua e muito mais. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



Podem ouvir e subscrever o podcast nas seguintes plataformas:
Não se esqueçam de subscrever na vossa plataforma favorita, deixar like na página do Facebook, comentar e partilhar com os vossos amigos. Obrigado e um bem haja.
Ler mais...

7 de maio de 2018

Todas as opiniões são válidas



Quantas vezes, a meio de uma discussão, alguém que está prestes a perdê-la recorre à famosa frase "Todas as opiniões são válidas!". Torço logo o nariz e digo que isso é mentira. A outra pessoa refila e reafirma que sim, que todas as opiniões são válidas, ao que respondo "Então, mas a minha opinião é que nem todas as opiniões são válidas, mas se tu és dessa opinião, só tens de aceitar e respeitar a minha, já que todas as opiniões são válidas." Abre-se um buraco negro continuum espaço-tempo, a pessoa fica com um nó no cérebro e eu anuncio o check-mate.

Todas as opiniões podem e devem ser dadas, mas temos de aceitar que nem todas são, igualmente, válidas.

Por exemplo, dizer que a opinião de um físico teórico sobre mecânica quântica é igualmente válida à de um taxista sobre o mesmo tema, é palermice. Tal como o seria dizer que a opinião do físico sobre gajas bêbedas na noite é tão válida como a do taxista. Há assuntos para os quais é necessária uma especialização para se opinar em conformidade. No entanto, não quero com isto dizer que as opiniões, mesmo que estúpidas, não possam nem devam ser expressas; pelo contrário, penso que devemos incentivar os ignorantes a verbalizar a sua opinião para sabermos quem evitar, seja numa discussão ou na vida.

As pessoas queixam-se que as redes sociais vieram dar voz a todos os opinadores de sofá, mas, a meu ver, isso é excelente para a sociedade. Claro que custa ler centenas de observações homofóbicas e racistas numa qualquer caixa de comentários de um jornal online; custa, especialmente, devido aos erros ortográficos que, coincidência ou não, andam de mão dada com as opiniões abjectas. Andámos anos a pensar que as pessoas estavam mais civilizadas, mas com as redes sociais percebemos que estávamos errados e isso é bom! Agora que sabemos que essas abéculas ainda existem, aos magotes, podemos parar de varrer a ignorância para baixo do tapete e fingir que está tudo bem.

Por aqui se vê que a velha máxima de "Temos de respeitar as opiniões dos outros!" também é falsa. Foi por nem todos respeitarem as opiniões dos outros que se fizeram revoluções, se desafiaram dogmas, e a humanidade foi evoluindo. A opinião de um racista não deve ser respeitada nem é válida, apesar de ele ter todo o direito em ser racista e em dizer que o é. Se todas as opiniões fossem respeitáveis, teríamos um diálogo deste género:
- Acho que fazer sexo com crianças só lhes faz bem e as prepara para a vida.
- Pronto, eu discordo, mas são opiniões e temos de respeitar.
- Sim, sim, vamos concordar em discordar.

Aliás, as sentenças judiciais seriam muito mais simples:
- O senhor assassinou a sua mulher?
- Sim, senhor doutor juiz.
- E qual o motivo?
- Deixou queimar o arroz.
- E acha que isso é motivo suficiente para cometer homicídio?
- Ora bem, na minha opinião, é muito mais do que suficiente.
- Agora é que me complicou aqui o sistema porque na opinião da lei o que o senhor fez foi um crime, mas, agora, se você me diz que na sua opinião ela mereceu e, como tão bem sabemos, todas as opiniões são válidas, o julgamento terá de ficar sem efeito porque deu empate.

Se todas as opiniões fossem válidas, teríamos problemas no ensino:
- Pedrinho, em termos biológicos quantos géneros existem? - pergunta o professor de biologia.
- Na minha opinião, existem todos aqueles com os quais a pessoa se quiser identificar.
- Olhe que não, Pedrinho, em termos biológicos, existem apenas dois.
- Buh, fascismo! Nazismo! Capitalismo!

Bem sei que estou aqui recorrer ao exagero com situações que nunca aconteceriam na vida real (cof cof), mas posso dar-vos um exemplo mais realista e prático: na decoração cá de casa é notório que nem todas as opiniões são válidas. Tenho legitimidade para expressar o meu descontentamento face ao elevado número de almofadas que ocupam o meu sofá, mas, no entanto, essa minha opinião não é tão válida como a da pessoa que comprou as almofadas.

É atrás destas máximas de "Todas as opiniões são válidas" e "Temos de respeitar as opiniões dos outros" que se escondem algumas pessoas que não têm outros argumentos para perpetuar algo que está ultrapassado eticamente. Por exemplo, andam aí a rodar uns vídeos de uns estudantes de Évora em que enaltecem a garraiada.

Desde logo, achei inteligente meterem os bois e as vacas a falar para a câmara.

Depois, o "Quem não gosta não vê", variação das frases acima referidas, só se aplica quando valores básicos não estão em causa. Eles têm legitimidade para expressar a sua opinião? Claro que sim. É uma opinião válida quando colocada ao lado do que dizem biólogos e veterinários e face ao que a comunidade científica nos diz sobre o sofrimento animal? Não me parece. Talvez seja precipitado julgar esses estudantes apenas por uma opinião que pode estar inquinada por todo um contexto social e cultural, mas sou assim: julgo as pessoas. Bem sei que há quem afirme que "Não devemos julgar ninguém", mas quem diz isto são as pessoas que mais julgam os outros. Claro que devemos julgar os outros, é o que fazemos no dia a dia, sempre que observamos ou contactamos com outras pessoas. A humanidade nunca se tinha desenvolvido se não nos julgássemos a toda a hora. Cenário: estás num beco escuro e na tua direcção avança um homem, com uma faca na mão, e com uma cabeça decepada na outra e diz-te "Olhe, desculpe, precisava de uma informação". Se optares por não o julgar com base na primeira impressão, e decidires não fugir porque ele até pode ser boa pessoa, mereces, um bocadinho, que a tua cabeça seja a próxima a ser usada como porta-chaves.

Mas pronto, isto é só a minha opinião.
Ler mais...