31 de julho de 2016

Como lidar com a depressão pós-férias



Pois é, estou de volta! Estive duas curtas semanas de férias e agora é hora de voltar ao trabalho e, como muitas pessoas, estou com alguns sintomas que podem indicar uma condição psicológica preocupante à qual se dá o nome médico de «Depressão pós-férias» (DPF), ou, em termos leigos «Aquele sentimento de um gajo não querer trabalhar mais. Nunca na vida.». É um assunto que não é levado a sério pela sociedade que parte do princípio que as férias são sinónimo de recarregar energias e não tem em consideração que estas podem ser interiorizadas como uma espécie de saída precária da prisão. Neste artigo altamente científico, pretende elucidar-se o trabalhador, ou estudante, sobre os principais sintomas, causas e tratamentos desta epidemia.


O que ê?

Como o próprio nome indica, a depressão pós-férias é o sentimento de depressão depois de um período de férias. Acho que era preciso explicar esta parte porque há muita gente burra por aí, embora os burros tenham menos tendência para a depressão porque a ignorância é uma bênção e quem não pensa nas coisas não se deprime. A DPF é uma patologia que foi diagnosticada pela primeira vez em meados do Séc. XX, altura em que as pessoas começaram a ter alguns dias férias para gozar por ano. Um trabalhador de uma linha de montagem, 16 horas por dia, sem dias de férias, está imune a este tipo de doença de gente que não sabe o que custa a vida. A cada nova geração, a taxa de incidência aumenta, porque toda a gente sabe que a juventude não quer trabalhar e só quer é sexo, drogas e Pokémons. 


Diagnóstico

O diagnóstico da depressão pós-férias é de precisão difícil. Muitas vezes, confunde-se a preguiça crónica do trabalhador mandrião com um quadro de depressão pós-férias. É preciso saber separar as coisas, porque a utilização da desculpa por parte do preguiçoso «Chefe, sabe como é que é, não tratei do relatório porque estou em depressão pós-férias...» tende a desvalorizar uma doença que deve ser levada a sério. É comum a DPF ser assimptomática e vermos doentes a afirmarem que «Preciso de férias das férias!» o que seria o mesmo do que curar a ressaca de um alcoólico com um shot de absinto. O diagnóstico deve ser feito por um médico que não tire férias há cinco anos, impedindo assim que ele inconscientemente vicie os resultados por, também ele, sofrer da mesma enfermidade psicológica. Pode, também, ser efectuado por um gestor de recursos humanos que tenha tirado uma certificação em «Motivação no local de trabalho», «Desmotivação ou preguiça?» e «Como identificar colaboradores que estão a ver se mamam subsídio de desemprego?». Em último recurso, pode ser feito o diagnóstico através da Internet, em sites fiáveis como este e se tiverem três ou mais dos seguintes sintomas é certo que sofrem de DPF. Se forem hipocondríacos como eu, com essa pesquisa no Google também vão perceber que têm SIDA, Cancro, e todo o tipo de doenças raras que matam depressa e de forma dolorosa.


Sintomas
  • Ver as fotografias das férias 72 vezes de seguida e partilhá-las em todas as redes sociais, inclusivamente recuperando a password do Hi5 para ir lá publicá-las. Recorrer rapidamente às urgências quem der por si num círculo infinito de refreshs para ver se as fotografias têm mais likes;
  • Achar que em vez de se trabalhar no primeiro dia de volta ao emprego se deve fazer o planeamento do trabalho só para queimar tempo;
  • Contemplar o suicídio como uma opção válida para resolver os problemas naquela primeira segunda-feira de manhã;
  • Chegar ao trabalho e verificar a folha de férias para ver quando são as próximas;
  • Aquando da pergunta «Então essas férias?» dar sempre a mesma resposta: «Curtas...»;
  • Enviar mensagens a todos os médicos que encontrar no Facebook a perguntar se passam atestados por dez euros;
  • Fantasiar com o fim do mundo: incêndios, terramotos, quedas de asteroides e outras catástrofes naturais que pudessem destruir o local de trabalho;
  • Gastar tudo o que sobrou na conta, depois de gastar o subsídio de férias, no Euromilhões e em Raspadinhas «Pé-de-Meia»;
  • Sentir taquicardias quando se desliga o "Out of office" automático do email.

Causas
  • Ter demasiado dinheiro para gastar em boas férias que fazem com que o resto da nossa vida pareça inútil. Voltar de Bora Bora para a Zona Industrial do Barreiro é um choque que deve ser evitado;
  • Ter um trabalho de merda. A tendência para a DPF é proporcional ao desfasamento entre a qualidade férias/trabalho. Exemplos:
  • Passar férias num local onde há mais gajas boas do que no nosso local de trabalho. Voltar de uma praia onde abundam bundas em fio dental e seios empertigaitados de moças jovens, e sexualmente gulosas, para o meio de uma empresa cheia de informáticos, aumenta em 80% a probabilidade de incidência de DPF. O mesmo é válido para mulheres que voltem de um resort onde estavam hospedados todos os nadadores olímpicos, e que voltem, também, para uma empresa onde a fauna mais abundante são informáticos;
  • Férias longas. Por cada dia de férias tirado, a probabilidade de contrair depressão pós-férias aumenta em 5% (desde que dentro da proporcionalidade do rácio de qualidade Emprego/Férias da tabela acima);
  • Não ter feito o trabalho que devia ter sido feito na última semana que antecedeu as férias. Soube bem, na altura, fingir que se trabalhava nos últimos dias quando, na realidade, se esteve a ver fotos de gajas boas nas discotecas da cidade que iriamos visitar, mas agora vai doer mais o regresso à vida real.

Tratamento
  • Obrigar os amigos e conhecidos a verem todas as nossas fotografias de férias a um ritmo de dez minutos por fotografia com direito a zoom em todos os detalhes. Isto fará com que vejamos tristeza e desespero nos olhos deles, enquanto sorriem e dizem «Boas vidas, deve ter sido muito giro...» e «Ahhh, ainda faltam as que tiraste com o telemóvel? Fixe...». Toda a gente sabe que a melhor cura para a depressão, seja ela de que tipo for, é vermos pessoas mais deprimidas do que nós;
  • Despedir-se (ver formas criativas para o efeito);
  • Substituir os tradicionais leite e cereais ao pequeno almoço por bebidas alcoólicas destiladas. Sugestão: papas de aveia com vodka, numa massa consistente para libertação lenta ao longo do dia;
  • Marcar reuniões fictícias para dormir;
  • Dizer que se comeu comida marada nas férias e passar pelo menos quatro horas por dia na sanita, alternando entre sesta e choro abafado por um rolo de papel higiénico amarfanhado.
  • Atualizar o perfil de LinkedIn só para nos enganarmos a nós próprios com promessas de procura de um emprego melhor;
  • Depois de regressar ao trabalho, ir colocando fotos das férias no Instagram para as pessoas que nos seguem pensarem que ainda estamos de férias e nos sentirmos melhor ao meteres-lhes nojo.
Se os sintomas durarem vários meses, sugere-se que o doente faça por mudar de vida e pare de se queixar porque já ninguém tem paciência para o ouvir. Pode, inclusivamente, experimentar os conselhos do Quintino Aires e converter-se à etnia cigana.
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18 de julho de 2016

Comecei a fazer dieta e... é uma merda



Devo começar por confessar que não tenho grande empatia para com os gordos. Para mim, a obesidade, salvo raras excepções onde há distúrbios psicológicos envolvidos, não é uma doença. É só gula, e que eu saiba isso é só pecado. Quando um fumador contrai cancro no pulmão toda a gente diz «É a vida, ele sabia os riscos e a escolha foi dele.» Quando é um gordinho que fica com a arteriazinha entupida e estica o pernil de porco, mesmo que a comida não tenha uma substância viciante com a nicotina, é toda a gente a dizer «Coitado. Entrou numa espiral depressiva em que não conseguia parar de comer. É muito triste esta doença.» Comesse menos, digo eu. Os únicos obesos pelos quais tenho alguma compaixão são os que sempre foram gordalhufos desde petizes porque os pais achavam que era giro ter a mascote da Michelin lá em casa e lhes davam Cerelac com ketchup entre as refeições. Dizem que a obesidade é uma epidemia e tem de ser combatida, mas se uns pais deixam um filho passar fome são logo sinalizados à protecção de menores, já aos que o engordam que nem um peru recheado ninguém diz, ou faz, nada. O que é certo é que ninguém faz dieta por questões de saúde. Fazemos dieta pelo ego e para nos sentirmos bem quando nos vemos ao espelho. Quem devia fazer dieta por questões de saúde, normalmente fala disso enquanto come um balde de gelado e se queixa do seu metabolismo. 

Cheguei àquele ponto em que se começa a sentir a barriga como que fosse um membro dormente do vosso corpo, sabem?

Sentem-na quando se sentam como se tivessem uma bolsa marsupial com dez cangurus bebés lá dentro? Foi a esse ponto que cheguei, depois de descurar a minha alimentação e de ter parado de fazer exercício físico regularmente. Sempre tive um ou outro quilito a mais, mas sempre fiz desporto e há uns anos fazia 5 ou 6 vezes por semana. Entre ginásio, futebol, jiu-jitsu e bicicleta semanalmente, conheci pela primeira vez os meus abdominais. Estava gostoso, pronto. Depois, vi que dava muito trabalho e que me tirava tempo para fazer coisas mais produtivas e parei. Mentira, desleixei-me e engordei uns bons oito quilos nos últimos dois anos e, desde então, nunca mais vislumbrei os meus abdominais a não ser quando a luz bate de lado e acentua as sombras quando nos vemos ao espelho e até achamos que não estamos mal. Mas, depois, olhamos para baixo ou para uma qualquer fotografia tirada na praia, em que estamos sentados, e percebemos que temos ali chicha capaz de fornecer uma noite movimentada no Chimarrão. Então, decidi que ia começar a fazer dieta há umas semanas e já perdi uns quatro quilos. Depois voltei a ganhá-los quando fui passar um fim-de-semana fora. Depois, perdi-os outra vez e voltei a ganhá-los quando fui a um casamento. E, agora, ando assim, nesse limbo do comer mais ou menos bem durante umas semanas para depois estragar tudo num fim-de-semana calórico. Ainda assim, a minha barriga já só seria capaz de albergar metade dos dez cangurus, algo que não vai durar porque vou de férias duas semanas.

O processo da dieta é sempre o mesmo: iniciamos em Janeiro porque foi uma das nossas resoluções de ano novo; começamos bem e entusiasmados, mas chega ali Fevereiro e Março e é uma desgraça porque temos muitos jantares de aniversário porque faz nove meses desde o início do Verão; chegamos a Abril e percebemos que já só faltam dois meses para o início da época balnear e começamos a desmotivar; chegamos a Maio e percebemos que já não vai ser neste Verão de 2016 que vamos estar sarados; desistimos e prometemos começar a fazer dieta logo em Setembro para estarmos em forma para o Verão de 2017. Sabemos que nos saiu a sorte grande quando podemos optar por fazer dieta. Quão privilegiados somos quando podemos decidir, de livre vontade, comer menos e melhor? Para os cerca de 900 milhões de pessoas que passam fome no mundo esse conceito é só parvo.

Comem o que houver e, garanto-vos, ninguém tem alergias ao glúten.

Filosoficamente, fazer dieta é como decidir usar menos as pernas e andar de Segway numa convenção de paraplégicos e mutilados de guerra. Outro indicador de que somos uns privilegiados é o facto de todos os restaurantes serem obrigados a ter um livro de reclamações. Não só temos comida acessível a toda a hora e em cada esquina, com pessoas a confeccioná-la para nós e a servir-nos, com uma diversidade de pratos de fazer salivar uma criança africana apesar de estar desidratada, como todos eles têm um livrinho onde podemos escrever uma reclamação caso alguma coisa não esteja do nosso agrado. Por isso, sempre que peço o livro de reclamações porque achei que a carne estava bem passada apesar de eu ter pedido «médio» deixo sempre um PS a dizer «Esta reclamação é ofensiva para os milhões de pessoas a passar fome no mundo, mas, no fundo, isso não me interessa porque eu paguei 10 euros pelo bitoque.».

Voltando à dieta, é difícil ser um homem heterossexual e fazer dieta. Com barba, ainda pior. Estão sempre à espera que que comamos um frango inteiro e cuspamos os ossos no fim durante um grande e sonoro arroto vindo das profundezas do nosso homem das cavernas. Lembro-me de pedir uma salada num restaurante conhecido pelos seus bifes e marisco e de ter esta conversa com o empregado:

- Vou querer a salada. - digo com uma voz máscula.
- Como assim? Para entrada? - diz ele sem conseguir prender o sorrisinho que lhe escapava pelo canto da boca.
- Não, não. Só quero mesma a salada. - digo enquanto coço os tomates para que não houvesse dúvidas da minha vincada masculinidade.
- Tem a certeza? Não quer antes um bife? - graceja.
- Não, não tenho muita fome...
- Ok, ok. E a menina o que vai querer - pergunta para a minha namorada.
- O bife. - responde ela.
- Isto está tudo mudado. - diz ele enquanto anota o pedido.

Só faltou perguntar-me se para sobremesa iria querer calipo de alheira congelada enquanto escolhia o padrão dos cortinados lá para casa. Os homossexuais queixam-se de discriminação, mas não sabem a sorte que têm por poderem ir a desfilar pela zona do hipermercado que tem cenas biológicas e saudáveis com embalagens verdes sem que ninguém os julgue. «Ah, é gay. Claro que quer granola, aveia e bagas de goji... diz que faz bem às hemorroidas.». Com as mulheres é igual, ninguém as julga por comprarem gelatina light! Já um homem heterossexual e de ar másculo é logo olhado de lado pelas senhoras com prisão de ventre que estão lá a vasculhar os alimentos com mais fibra que lhes façam funcionar o intestino, enquanto têm duas embalagens de Tena Lady já a contar com o ovo no cu da galinha. Não posso deixar de me sentir observado quando passeio o olhar por entre os rótulos cheios de buzz words como «Light», «Green», «Orgânico», «Biológico» e «Sem açúcar adicionado apesar disto já ter, de origem, 100 gramas de açúcar, mas não digas nada a ninguém.».

Quando pego numa embalagem e a viro para verificar as calorias, sinto olhares de reprovação homofóbica maiores do que se me tivessem apanhado fazer um felácio numa esquina. 

Por falar em contar calorias, há pessoal que foi para humanidades para evitar matemática que se tornam autênticos peritos euclidianos da dieta. Sabem todas as calorias de todos os alimentos e quantos gramas de cada um dos nutrientes têm 31,7 gramas de um qualquer superalimento. São um dos vários tipos dos maluquinho das dietas que agem como se estivesse numa seita que acabou de inventar uma religião que odeia o budismo com base no Índice de Massa Corporal de Buda. Outro tipo de maluquinhos das dietas são os que aderem a dietas da moda, uma e outra vez, todos os anos a experimentar uma que realmente resulte e lhe tire os pneus acumulados. Estes são os que, na verdade, nunca se esforçaram em nenhuma delas: «Pois, agora vou experimentar a dieta para o meu tipo de sangue, porque o meu estômago transforma os brócolos em chocolate e é por isso que nunca emagreci com as dietas normais. Agora, estou a experimentar a dieta da Alga do Tibete, que só cresce no rego de cabras montesas albinas e que dizem que é muito boa para pessoas sem força de vontade para fechar a boca e parar de comer Doritos com Cerelac a meio da noite sempre que vão à casa de banho aliviar a bexiga do chá diurético a preço inflaccionado que compraram no Celeiro.»

A minha dieta é muito simples e cabe em meia dúzia de linhas:
  • Comer menos quantidade. Não és um condenado no corredor da morte que tem de repetir três vezes e ainda ficar a olhar para as outras pessoas na esperança que elas não repitam para ires lá outra vez. 
  • Comer menos merda. Sim, comer tostas com queijo e beber Coca-Cola antes ir para a cama sabe bem; meter duas embalagens de Chipmix num copo de leite até ficar uma papa capaz de assentar tijolo, também. Não dá. Queres emagrecer troca isso por um copo de água e uma maçã, e vai chorar até adormeceres.
  • Mexer o cu. Levanta a peida do sofá nem que seja para ir apanhar Pokémons. É que por muito que isso diminua a qualidade, ou a probabilidade, da tua vida sexual, sempre é mais atraente do que ser gordo.
É simples! Não precisam de comprar livros de dieta, comprem antes o meu. Não precisam de nutricionistas que só vos vão ajudar porque as consultas são caras e ficam com menos dinheiro para gastar em fast food. Não dêem desculpas para não conseguirem emagrecer! Ficam ridículos porque toda a gente sabe que a real razão não são as hormonas, pelo menos as vossas. Quanto muito são hormonas que usaram para aquela vaca crescer depressa e dar origem a esse hambúrguer que estão a enfardar enquanto se queixam.
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13 de julho de 2016

Até que a mentira nos separe!



Está na hora de mais uma consulta com o magnânimo Doutor G, o especialista sentimental e sexual, cujas dicas são sempre repletas de honestidade, bom senso, e, acima de tudo, javardeira com classe.



Bom dia caro Dr. G. após lhe ter escrito ha já algum tempo analisei bem a resposta que me deu e as coisas com a minha namorada melhoraram. Agora em vez de forrobodó semestralmente é varias vezes por semana. Mas uma coisa que tem piorado com o calor e incomoda a moça e a mim também, é eu suar. Mas suar muito, não se trata do suor de um comum mortal, qualquer dia ela chama-me Aquaman. Gostaria de saber se me sabe com toda a sua sabedoria indicar alguma solução para este meu problema, que me pode tirar o quentinho nas noites em que o meu malaquias tem frio.
Anónimo, 19, Leiria

Doutor G: Caro Anónimo, folgo muito em saber que os meus conselhos aumentaram a regularidade com que praticas a bulha pelada. Isto é a prova de que o Doutor G é o melhor conselheiro sexual entre os que não cobram nada nem têm habilitações. Relativamente ao suor, penso que não deveria ser um problema. Os fluídos durante o acto são de salutar, menos urina, fezes e vomitado. Deixo algumas dicas para lidar com o excesso de ejaculação das glândulas sudoríparas:
  • A técnica da múmia: enrola-te com gaze médica e deixa apenas o trombossaurus de fora.
  • Fica por baixo para não pingares para cima da rapariga. Usa um resguardo na cama.
  • Façam no banho.
  • Besunta-te em Rexona daquele que faz mal porque entope os poros. Podes até utilizar isto para fazer bonitos trocadilhos com a namorada: amor, passa-me o Rexona que é para depois levares com o roll-on na... isso.
  • Façam dentro de um alguidar e usem daqueles aspiradores de saliva dos dentistas para ir retirando o suminho corporal.
Há muitas coisas que se podem fazer, mas se o sexo for bom e intenso, não é a ocasional goteira de suor nas ventas que vai atrapalhar.


Caro Dr G, pela primeira vez decidi ter uma amizade colorida com um amigo. Estava a correr tudo bem, mas nunca tinha havido mais que masturbação. Ora, no dia em que a luta greco-romana se deu, tive uma grande desilusão. Nem parecia o mesmo que me fazia tremer as pernas de excitação. Eu fiquei mais seca que o deserto do Saara e ele veio-se em menos de 5 minutos. Depois disso a festa acabou e não foi por falta de tentativas. Não havia maneira do carro voltar a pegar, se é que me entende. Ficamos por ali, ele envergonhado e eu desiludida e agora não sei bem que fazer. Consegue explicar-me porque é que o trombinhas não se quis levantar novamente? Será que fui assim tão má? Acha que deviamos tentar novamente?     
Anónima, 18, Lisboa

Doutor G: Cara Anónima, não, não foste assim tão má. Aliás, tens a prova no facto de ele se ter vindo em menos de cinco minutos. É normal que ele se tenha vindo que nem um adolescente com Parkinson depois de ter estado dois meses engessado com os pulsos partidos. É, também, normal que depois não tenha conseguido voltar a fazer levitar a enguia trapalhona: nervos de voltar a desiludir. Claro que devem tentar novamente porque o sexo é como o stand up comedy, por muito que se veja na Internet e que se pratique sozinho, só se melhora a fazer com pessoas a sério. Para a próxima, quando ele se estiver quase a vir, grita-lhe coisas para lhe diminuírem a excitação:
  • «Diz que a Manuela Ferreira Leite teve um caso com a Odete Santos».
  • «Por cada ejaculação precoce há uma criança em África que morre antes do tempo.»
  • «Deus está a ver-nos a pecar com a túnica pelos tornozelos e só para fazer pirraça chamou a tua falecida avó para lhe dar uma mãozinha!»
Agora que penso nesta última, imagina que as ejaculações precoces são Deus a passar a barra de vídeo logo para a parte do cumshot porque se está quase a vir e quer sincronizar?


Caríssimo Sr. Dr. G, sou o Tobias Capitulino, tenho 35 anos, moro na Amadora. Engatei uma rapariga de 18 anos sem saber bem como e agora tenho medo de avançar para o passo seguinte (Sexo), uma vez que a minha perna extra não tem o tamanho nem a forma devida (pequeno e torto), mas o meu pior receio é a reacção dela quanto ao meu problema. Além do problema peniano referido anteriormente eu sofro de tremoliça: quilhões maior que a piça. Todos estes problemas levaram a que eu ainda seja virgem. POR FAVOR AJUDE-ME DOUTOR!!!  
Tobias, 35, Amadora

Doutor G: Caro Tobias, seu granda virgem trintão de agulhão empenado! Ia dizer-te para não teres qualquer receio porque ela tendo 18 anos ainda não teria muito termo de comparação de pénis, mas depois passou-me pela cabeça se ela não será, tal como tu, da Amadora... Nesse caso já deve ter rodagem e, provavelmente, com muitos rapazes cujos antepassados vieram de África há menos tempo do que os meus, o que ainda poderá abonar menos a favor do teu abono. Acho que aqui tudo se resume a: quão pequeno e quão torto? Tão pequeno que se fosse um prego os senhorios nem ficavam chateados que pendurasses molduras? Tão torto que se tivesse um olho era uma cria de um tubarão martelo que nasceu sem um lado da cara? Seja como for, aqui fica um fluxograma para te ajudar a lidar com as tuas inseguranças:



Caríssimo Doutor G, estou aqui confusa com um rapaz: estudamos na mesma faculdade e a troca de olhares é mutua, já há alguns meses. Pedi-o em amizade no facebook, mas ele não aceitou. Tenta cruzar-se comigo todos os dias (género stalker, as vezes...) e até já tentou falar comigo, algumas vezes, mas fica-se pelo "posso levar uma cadeira"...Blablabla... Ele tem algum problema ou é só um coninhas? Conselhos para sair do impasse?
Anónima, 20, Porto

Doutor G: Cara Anónima, o que se passa é que ele tem namorada. De nada. Agora faz o que quiseres com essa informação.


Olá Dr. G, esta é a segunda vez que lhe escrevo, pela razão de há alguns anos não conseguir molhar o pincel de maneiras legítimas e másculas. Sou um dos muitos xoninhas de informática que lhe escreve, com muita dificuldade em deixar pipis húmidos e em concretizar. Tenho reparado que é adepto do Tinder para pessoas como eu, pois eu tenho-o utilizado (e sinto-me péssimo a fazê-lo mas é por um bem maior) e mesmo assim não tenho grande sorte, por isso gostava de saber se me podia dar algumas dicas. Tenho uma quantidade significativa de matches, mas 80% são de raparigas menos atraentes que eu (serve para a autoestima). Das atraentes, 5% avançam para amigas no facebook, 30% têm uma conversa interessante e flirty mas deixam de responder sem mais nem menos, em 55% a conversa não flui e 10% não respondem de todo. O que fazer para reverter estas estatísticas? É realmente possível praticar funaná pelado com alguém que se conhece no Tinder ou é só um mito? Todas as raparigas dizem sempre que estão lá por "brincadeira" e "para ver como é". Muito obrigado!  
José, 24, Almada

Doutor G: Caro José, continuas a tocar zumbinhas em frente ao computador passado tanto tempo? Começo a pensar que não tarda tens de começar a investir dinheiro para resolver o problema. Sim, o Tinder é uma boa solução para ti, uma app que não tarda vai ter de patrocinar o consultório ou começar a dar-me comissão. Claro que é possível ajavardar pipi alheio com o auxílio do Tinder e claro que as mulheres dizem todas que estão lá só para ver como é, tal como depois vão dizer «Vou só meter a cabecinha na boca para ver como é.». Deixa-as tentar enganarem-se a si próprias que pode ser que seja a tua sorte. Deixo algumas dicas para melhorar a tua taxa de sucesso no Tinder:
  • Altera a descrição do teu perfil para algo fofinho, mas, ao mesmo tempo, sensual. Exemplo: «Rapaz que gosta de dar cafunés, procura rapariga para casar ou algo mais sério como por exemplo uma conta de Facebook conjunta. Estou a brincar, o único perfil que vamos ter juntos é se nos tirarem uma fotografia enquanto fodemos em conchinha.»
  • Após responderem à mensagem tens uma janela de oportunidade de 24 horas até as convidares para sair. Elas estão "só a experimentar para ver como é que é" a falar com 50 gajos ao mesmo tempo e isto é como na peixaria do hipermercado: o primeiro a chegar-se à frente leva o peixe mais fresco.
  • Utiliza frases de abertura inovadoras, tal como: «Desculpa induzir-te em erro, mas sou disléxico. Era para ter feito swipe para a esquerda.». Recosta-te e aprecia o resultado.
Não posso revelar mais, pois esta temática será explanada num capítulo exclusivo do livro do Doutor G que irá sair depois do Verão. Como já é a segunda consulta que tens de borla, acho que o mínimo que podes fazer é comprar dois exemplares.


Olá Doutor G. estou a enviar-lhe esta mensagem por que preciso sériamente de uma opinião de fora. "Começei" com um rapaz bem mais velho doque eu (tenho 17 e ele 25) e o que acontece é que ele vai ser pai, fiz questão de lhe perguntar logo nas primeiras conversas se ele ainda estáva com ela, mas a resposta que obtive foi :" não, solteiro e bom rapaz" ... tudo bem a partir daí! Tive uma boa semana quando estive com ele, mas infelizmente vivo no algarve e ele em lisboa e lá tive de voltar! Sou bastante intuitiva e ficava a pensar pra mim se ele às vezes não ia ter com ela... o que aconteceu, passados dias seguintes, é que fiz web com ele e reparei que a cama tinha lençois com bonecos e o chão do quarto era preto, e na casa onde dormi com ele o chão era castanho, fiquei super desconfiada porque o chão do quarto da mãe do filho dele é preto (descubri isso graças a uma foto que ele tinha em casa dela) e os lençois da cama dela eram iguais... minha melhor amiga afirmou me que ele dormia com ela, mas ela não tem certezas de nada, e eu aqui no algarve muito menos! No entanto outros casos se sucedem, como ele para ela parar de discutir lhe dar "um mimo" e voltou a adiciona-la no facebook e colocou uma foto de capa deles os dois. Agora asério, parece ele está ou não com ela??! 
Anónima, 17, Algarve 

Doutor G: Cara Anónima, não, claro que ele não está com ela! Achas mesmo? Como é que te iria passar uma coisa dessas pela cabeça? Acho que estás a ser completamente paranóica e sem razão alguma... Mas tu comes gelados com a testa? Arre foda-se! Claro que ele está com ela, minha aventesma ingénua! Há gente que só à chapada que é para ver se lhes saltam os olhos das órbitras para que consigam ver para além das palas! Para não parecer insensível deixo algumas notas relativas à tua dúvida:
  • O meu corrector ortográfico encravou tal é a quantidade de erros que "descubriu" mal "começei" a verificação. Asério. Estou mesmo a falar sériamente. Preocupa-te mais em terminar o secundário do que com gajos cabrões que te tentam enganar.
  • Espero que quando fizeste "web" com ele não tenhas mostrado a cara. Regra de ouro da promiscuidade online.
  • Chão preto? Mas ele mora numa casa de putas ou quê? Chão preto só se usa quando se tem um labrador preto ou quando se tem calvície púbica.
  • A tua amiga afirmou, mas não tem certeza de nada. Ela que vá para política porque afirmar sem saber é 99% das habilitações para governar Portugal.
  • Vai ao mecânico afinar a intuição
É isto. Caga no gajo e vai brincar com bonecas.


Boas Doutor, venho pedir-te ajuda por que  estou numa situação complicada, no mês passado eu e uns amigos meus de Lisboa fomos a uma discoteca, mas eu abusei um bocado e fiquei podre de bebâdo, e a meio conheci uma gaja que vive perto de mim, em Povoa de Lanhoso, e acabamos a dar umas boas "montanhadas" na casa de banho, sendo que depois eles acabaram por ter de me levar de arrasto pa casa. Mas tou é mesmo preocupado porque a gaja é casada, e o marido é militar, e já me ameaçou partir o focinho, e agora não sei o que fazer, por favor ajuda-me Doutor! 
Miguel, 21, Braga

Doutor G: Caro Miguel, quem tem pila para esbardalhar mulher casada, tem de ter os testículos para apanhar no focinho como um homem. A tua única hipótese é fazer explodir uma bomba em Portugal que mate milhares de pessoas e fazeres com que pareça que tenha sido um atentado do Daesh! Assim, todos os nossos militares serão destacados para uma guerra algures no Médio Oriente e, com sorte, o marido dela morrerá por lá e tu ficas cá são e salvo e, ainda, com uma viúva badalhoca para consolar. Sou um génio do mal ou sou apenas um génio? De nada.


Espero que tenha sido do vosso agrado, algo que consigo medir pelo número de partilhas. Perceberam a dica? Sou muito subtil. Lembrem-se que quanto mais partilharem, mais gente vai apanhar isto sem saber bem o que é e mais dúvidas reais de pessoal que pensa que eu sou mesmo Doutor vão ser enviadas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Façam muito amor à bruta que de guerras o mundo já está cheio.

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11 de julho de 2016

Somos campeões! Chupem, franceses!



Para desgraça de muitos agoirentos e treinadores de bancada, Portugal sagrou-se campeão europeu de futebol pela primeira vez na história. Sem jogarmos nada, só com empates, com sorte, sem brio, sem suar a camisola, sem táctica, sem ponta de lança, sem nada, fomos campeões. Sem um capitão à altura, sem saber trocar a bola, sem uma defesa coesa, sem nada, fomos campeões. Com o franguício, com um central na reforma e outro brasileiro, com um lateral que nem fala português, com um miúdo que só falha passes, com um que só passa para o lado, com o outro que só quer fintar, com outro que só se queixa, com o Éder, fomos campeões. 

Ainda haverá alguns portugueses a sonhar que por alguma questão técnica o jogo seja repetido e nos tirem a taça.

Haverá outros a beliscarem-se na esperança de estarem num pesadelo e de, ao acordarem, verem que felizmente levámos dez a zero na final, como eles tanto almejavam para poderem descarregar as suas frustrações ao exigir que os jogadores façam o que eles nunca fizeram na vida: levar o nome de Portugal ao topo do pódio.

Jogar à bola é ganhar. Da nota artística não reza a história. São pagos para chegar ao fim do jogo e ganhar, é esse o trabalho deles. A mim ninguém me exige que eu resolva um problema informático enquanto faço o pino ou bailado clássico. É para ficar resolvido e pronto. É para ganhar e pronto. Ganhámos, porra! Ou pensam que daqui a uns anos os pais que hoje gritaram golo vão dizer aos filhos «Sim, filho, Portugal já foi campeão europeu uma vez, em 2016, mas não jogou um caralho.». Não, não é isto que fica para a história. O que fica é que fomos campeões, que ganhámos, que erguemos a taça na final contra a equipa que jogava em casa. Contra os franceses que seguiram o exemplo de muitos portugueses: dizer mal da equipa portuguesa. Ainda bem. Agora engulam os sapos, apaguem os posts e os tweets e digam que sempre acreditaram nestes jogadores e no treinador.

Ronaldo lesionou-se e enquanto esses gritavam para que ele deixasse de fazer fita, outros preocupavam-se que que a lesão fosse grave. E foi. E, mesmo sendo, tentou e tentou, sacrificou-se pela equipa e mostrou que merece a braçadeira de capitão. Enquanto uns ligam ao chefe a dizer que não podem ir trabalhar porque estão meio constipados, há outros que coxeiam para liderar uma nação. Não deu, até para Ronaldo. Saiu e muitos pensaram «Até prefiro o Quaresma e assim não estão sempre a passar a bola ao Ronaldo. Não precisamos dele.».

E não precisámos, porque um capitão delega e motiva os que ficam. Grita de fora do campo e faz-se sentir presente. Ele e toda a equipa fizeram com que Éder aguentasse a carga como todos  temos aguentado a austeridade, de peito erguido. Encheu o pulmão de ar e acreditou como nunca ninguém acreditou nele. Espero que todas as piadas que se fizeram com ele tenham servido de combustível para aquele remate de raiva fora da área. Chutou... «Golo!!!» foi a palavra que ressonou em milhões de cordas vocais. Golo! Estocada final já sem tempo para reagir. Foi golo! Foi uma bomba de fora da área! Bem que havia rumores de que haveria um atentado no jogo da final! E que maior atentado do que o Éder marcar um golo ao cair do pano e deitar por terra as aspirações dos gauleses? Mamem na baguete e enfardem um croissant com brie, seus arrogantes de merda. Nós temos sardinhas e febras, não precisamos da vossa comida pretensiosa. Não precisamos da vossa torre Eiffel com as nossas cores. A vossa torre não nos merece. Temos os Jerónimos e os Clérigos. 

Metam a torre no cu para ficar com as cores do vosso fair-play. #PrayForFrance

Mas isto não é sobre os franceses, sobre os derrotados não reza a história e não se gasta tinta, mesmo que tenham tido nota artística. Les artistes foram para casa com a medalha de prata. Os heróis do mar ficaram com a de ouro. Só faltou o Marcelo dizer «Amanhã ninguém trabalha! Se for preciso declaro feriado e que sa foda! SIIIIIIIIIIIIIIIIIIM, caralho!».
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6 de julho de 2016

Como trair sem ser descoberto e como lidar com uma traição?



Sem perder tempo, vamos a mais uma consulta "Doutor G explica como se faz".


Caro Dr. G, namoro com uma rapariga fantástica há mais de um ano, mas as coisas já viram melhores dias. Discutimos frequentemente, não temos muitas coisas em comum e sinceramente eu penso que já nem gosto dela. O "problema" é que o funaná pelado é uma coisa do outro mundo, nunca tinha estado com alguém assim e ela diz o mesmo. Fomos aguentando a relação com suporte nos pilares da luta greco romana, mas agora acho que nem isso chega pois o meu chouriço de sangue tem fome de outros pipis e não a quero trair. O que devo fazer?
Anónimo, 18, Abrantes

Doutor G: Caro Anónimo, namoras com a rapariga desde os 17 e ambos dizem que nunca tinham tido sexo tão bom quanto o que têm em conjunto? Fico a pensar na quantidade de rodagem de virilha com que já vinham os dois, em tão tenra idade, para conseguirem aferir tal facto com propriedade de quem está a tirar conclusões sobre uma amostra considerável. Agora, vamos aos factos: o sexo não é o mais importante numa relação, mas conta muito e, sem bom sexo, nenhuma relação é feliz. Se queres pipi alheio e não a queres trair, só há uma opção, não é verdade? É não lhe dizeres. Estou a brincar, é acabar a relação. No entanto, e dada a tua vasta experiência, é provável que os pipis alheios que encontrares sejam menos capazes de albergar o teu salpicão de Abrantes, e que te arrependas. Tens de ver se essa vontade de a trair não é apenas a sazonalidade do Verão e dos vestidos curtos e corpos morenos e suados. A taxa de infidelidade sobe em 87% no Verão e não é por eu ter acabado de inventar este número que não é verdade. Se está na Internet é sempre verdade.


Boa tarde caro Dr, sou casada há já alguns anos mas a relação está cada vez mais fria. De há uns anos para cá que tenho um amigo colorido, que apesar de nunca termos chegado a vias de facto andámos lá perto por diversas vezes. Como o caso não saía da cepa torta e eu estava mesmo a precisar de acção resolvi ter uma aventura de sexo sem compromisso com um desconhecido. O grande problema é que o meu amigo descobriu e não ficou muito contente, sentiu-se traído e acabou com a amizade. O que faço agora? Não me imagino sem ele, queria muito que chegássemos a vias de facto mas pelos vistos agora é que isso nunca vai acontecer. E no meio disto tudo está o meu marido que não faz a mínima ideia das aventuras em que ando metida. Como é que conquisto o meu amigo de volta?
S.M., 28, Peniche

Doutor G: Cara S.M., o teu nome é acrónimo para Sandra Marisa ou para Sado-Masoquismo? Espero que seja o segundo. Adiante, tu és, em termos técnicos, o que se denomina como «uma badalhoca». Casada, andas a pavonear a carcaça a um amigo e a fazer sexo com desconhecido e, no fundo, só estás preocupada em recuperar o teu amigo colorido para que ele te possa pintar as paredes da escotilha de bebés. Quão panhonha é o teu marido que até o teu amante descobriu que andavas a comer outro gajo e ele não faz a ideia que tem uma coleção de marfim? Se queres reconquistar o teu amante, deixo aqui algumas sugestões:

  • Diz-lhe que o outro era parecido com o teu marido e que por isso não significou nada para ti;
  • Diz-lhe que o outro era casado e que casado com casado anula o a traição ao amante;
  • Diz-lhe que afinal não foi com um desconhecido, só que como não tinhas sexo com o teu marido há tanto tempo acabaste por confundir.

Boa tarde Doutor, já pensei em ligar para o Quintino Aires e desafogar as mágoas, mas o Doutor parece uma pessoa bem mais sensata. O que acontece é que terminei a cerca de 1 mês com uma namorada de quem gostava muito e da qual estava disposto a dar este mundo e o outro para ficar com ela, mas sentia-me subaproveitado. No inicio a relação era excelente, bom sexo, grandes conversas, bons momentos. Mas há uma diferença, ela vive numa família abastada e eu tenho recursos económicos escassos, e para ela isto fazia a diferença toda. As coisas foram piorando, ao ponto de no dia do funeral do avô dela, ela acabar comigo minutos antes de irmos para o enterro, dizendo que não precisava de mim. Horas depois ligou-me a dizer que afinal lhe fazia muita falta. Simplesmente ignorei dizendo que escolhas tinham sido feitas e que agora era andar para a frente. Nunca me senti tão mal, com as memórias todas a vir a cabeça, já quase não durmo e agora em fase de exames estou a ver a minha vida a ir pelo cano abaixo. Antes de pedir ajuda gostaria só de referir que adoro festa rija mas sou a pessoa mais tímida que conheço, não sendo capaz de abordar uma rapariga na noite. Algum conselho Doutor?  
Francisco, 20, Lisboa

Doutor G: Caro Francisco, fizeste bem em recorrer a mim ao invés do Quintino. A diferença entre mim e ele é que eu admito que não sou psicólogo a sério. Portanto, a tua história é a do Romeu e da Julieta, ou da Matilde e do Sandro Miguel de qualquer telenovela da TVI. A diferença é que no teu caso, a tua Julieta anda metida com um primo direito e foi por isso que acabou contigo antes do funeral do avô porque ela queria dar uma com ele em cima do caixão do defunto. Tens duas opções:

  1. Perdoas a rapariga e partes do princípio que foi o luto que a fez agir sem pensar e que realmente se arrependeu depois de comer o primo.
  2. Partes para outra, sendo que a tua xonice crónica vai prejudicar o aproveitamento da janela de transferências de Verão. Álcool ou Tinder são as minhas sugestões. Nunca as duas ao mesmo tempo! Um bêbedo no Tinder é como um ganzado no Pingo Doce: está com a larica e só escolhe merda para comer.

Caro Dr. G, após experimentar algumas morcelas no mercado decidi arriscar e satisfazer-me sempre com a mesma, isto é, apostar numa relação e até correu bem, namorei com um rapaz quase 5 anos e havia uma boa química, assim pensava eu, já tínhamos feito planos para o futuro e todas essas balelas até que... deparei-me que só eu é que estava a fazer por isso, não é que ele seja mau rapaz, mas mentalizei-me que para uma relação ter futuro é preciso "rega-la" e era a única a pensar assim, até que a fonte secou. Voltei de novo ao mercado para ver o que havia de novo mas embora houvesse algumas ofertas, nada me me despertou grande interesse. Após 6 meses aconteceu voltar a encontrarmo-nos e a questão é que continuamos a ter química, mas desta vez não quero voltar para a mesma relação ou a sequer ter uma relação, mas sabe bem estar com ele. Por isso é assim tão errado sermos "ex reconciliados amigos coloridos"? Ah! Obrigada pela consulta gratuita!
Ana, 25, Porto

Doutor G: Cara Ana, andar a comer o ex-namorado não tem nada de mal para quem gosta de comer restos. A minha avó também dizia que o pão era bom passados dois dias de o comprar quando começava a ficar recesso. Há gostos para tudo e há quem prefira ficar agarrada à morcela do dia de ontem do que dar-se ao trabalho de cozinhar uma alheira. Deixo aqui um fluxograma para explicar o que pode acontecer numa relação colorida entre ex-namorados:
Basicamente, é isto que acontece. Pode dar-se o caso de perderem o interesse ou arranjarem outras pessoas ao mesmo tempo e ninguém ficar melindrado, mas, por norma, andam no ciclo infinito da reciclagem sexual e discussões. No entanto, enquanto não der para ir jantar fora vai-se chupando os ossos do frango de ontem.


Caro Xôr Doutor G, eu e a minha ex namorada terminamos há cerca de um ano um relacionamento com 10 anos de história. Ela foi o meu grande amor, meu "high school sweetheart", a mulher com quem sempre imaginei dar continuidade a minha linhagem genética. Depois de um luto de 9 meses decidi fazer-me novamente ao mundo e tentar utilizar técnicas de engate há muito esquecidas e pouco treinadas. Com alguma ajuda lá fui introduzido a uma amiga de uma amiga e logo comecei a introduzir na amiga da amiga o que já nao era utilizado a 10 meses. Tudo muito certo e a correr maravilhosamente bem até ela querer assumir algo mais serio comigo, eu até gosto da miúda mas a distância que nos separa nao ajuda a que as coisas sigam o seu caminho natural, pois só estamos juntos 4 a 5 dias por mês. 
  1. Devo arriscar tudo e mudar-me para junto da miúda para tentar que as coisas resultem e se tornem mais sérias, pois sinto imensas saudades de estar num relacionamento sério e ter sempre alguém que se preocupa e está la sempre que preciso?
  2. Devo fazer o que nunca tive oportunidade na minha adolescência e que todos os meu amigos me aconselham a fazer, andar por aí a jarvardar forte em bagaçudas em busca de DST fáceis, menáges e orgias ao bom estilo da serie "Spartacus", temendo ficar preso nesse mundo e nunca conseguir ter um parceira que me acompanhe nesta longa jornada?
Fico a espera das tuas sábias palavras e que estas me ajudem a encontrar um caminho, pois estou farto de seguir os conselhos do Gustavo Santos.  
Jorginho, 30, Monte das Pitas

Doutor G: Caro Jorginho, aposto que escreveste mais nesta pergunta do que nas respostas aos testes de português quando andavas na escola. Relativamente às tuas hipóteses:

  1. Depende do que é arriscar tudo. É deixar o trabalho e mudar de casa? Depende da tua área, se fores de Sociologia ou Eng. Civil não arriscaria. A probabilidade de ficares com a rapariga com quem fizeste o rebound sex, ou sexo de ressalto, é baixa. Tens muita bagagem de um relacionamento tão longo e vais, provavelmente, ficar sempre a pensar que devias ter aproveitado mais. Se gostas mesmo dela e estás com vontade de dar tudo, força nisso.
  2. Os teus amigos dão bons conselhos. Depois de dez anos de cativeiro precisavas de andar por aí a limpar o palato até estares tão cansado de sexo sem significado com desconhecidas que querias definitivamente assentar. Estou a brincar, nunca irias fartar-te de sexo sem compromisso.
Faz o que o teu coração e mente mandarem porque ninguém te pode julgar a não seres tu. Citando esse guru que referiste «Uma pessoa equilibrada não sente necessidade de julgar seja quem for, pois não depende desse requinte de malvadez que é a sobreposição perante o outro.». Descobri que sou desequilibrado por julgar que o Gustavo é um palerma.


Doutor G, tenho um fetiche absolutamente nojento. Fico excitado quando um homem que considero atraente solta um flato. Pesquisei na internet e descobri que não sou o único e esse fetiche é designado por eproctofilia. Não sei como lidar com esse fetiche tão bizarro.  
Anónima, 22, Viseu

Doutor G: Cara Anónima, claro que não és a única a ter um fetiche nojento! Qualquer que seja o fetiche, por mais nojento que possa ser, há sempre pelo menos duas pessoas com essa pancada. Gostas de homens que se peidem todos à tua frente? Vais passar a vida a cozinhar feijoada. Há por aí muitos homens que pagavam para ter uma mulher que não se importasse com os seus gases malcheirosos debaixo dos lençóis. Já agora, essa excitação também inclui quando um homem solta o flato aquando do felácio? Excita-te porque te imaginas numa mota com os cabelos ao vento ou a fazer karaoke em frente a uma ventoinha? Sugiro que comeces a frequentar tascas ou a sacar gajos que acabaram de sair de uma colonoscopia. Vêm com o intestino cheio de ar e tens gases para encher vários balões para uma festa de aniversário de uma criança. Vai ser giro quando começarem a rebentá-los.


Olá Doutor G. namoro com uma rapariga á quase dois anos. No início, a intimidade era bastante frequente, rasgava aqueles túneis com a mesma frequência com que são postas fotografias de comida no Instagram e só me contentava com os orgasmos dela. Entretanto, ela começou a recusar-se cada vez mais e fiquei uns meses a ouvi-la dizer que não. Bem, eu aceitei e não sou de trair, portanto esperei e continuei a fazer o meu papel de melhor namorado possível. Contudo, tantos "nãos" puseram-me a pensar que ela está farta de mim, que eu já não sou o fisico que ela gosta de tocar e acabei por ficar com medo e vergonha de estar com ela intimamente. Apesar de a amar profundamente e sentir-me dedicado a ela, quando ela tentar ter algo comigo só a consigo a imaginar a recusar-me e fico com imenso receio de tirar a camisola, e acabo por fugir à situação ou então tento acabar o mais rapidamente possível. O que é que eu faço? 
Anónimo, 21, Lisboa.

Doutor G: Caro Anónimo, há várias razões para a tua namorada andar mais arredia no tocante a tocar-te na genitália:
O que fazer? Ainda bem que perguntas.

  1. Quando ela tentar ter sexo contigo deves recusar dizendo «Ainda hoje comi sushi ao almoço.»
  2. Quando ela tentar diz-lhe que não sabes se consegues porque já te masturbaste cinco vezes hoje. Quando ela fizer uma cara de «E para mim não há nada?» dizes «Sabes como é, não tens dado conta do recado e isto bolça sozinho.»
  3. Quando ela tentar, diz: «Vamos a isso, mas importas-te de não tirar a roupa e deixar a luz apagada?», só para ela sentir o ego ferido.
  4. Dizeres «Amanhã vou sair à noite com os meus amigos.». Se ela souber o que faz, vai fazer por te secar para que nem penses em comer outras.
  5. Perguntares-lhe o porquê de ela andar com menos vontade de sexo, isto enquanto a violas. Mentira, não faças isso. As razões dela não interessam. Estou a brincar, interessam, mas não perguntes. Agora a sério, não a violes.

Está feito. Metade de vocês abriu este texto porque queria mesmo técnicas para conseguirem trair sem que ninguém soubesse, não foi? E agora sentem-se enganados? Ha Ha Ha. Karma gonna Karmalhate. Obrigado a todos e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.

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