25 de março de 2016

Ana Malhoa - Je Suis Tropical Urbano



Naquilo que já se tornou uma rubrica de culto neste espaço vou mais uma vez fazer a review do novo vídeo da Ana Malhoa. Desta vez nem era para fazer isto porque me parece que o vídeo não tem o mesmo potencial humorístico, mas dadas as dezenas de mensagens que recebi ontem à noite a pedir, cedi à pressão e aqui está. Este vídeo está pior e, no caso da Ana Malhoa, pior significa que não está tão repleto de detalhes sublimes de mau gosto. Tem muitos, atenção! Tem classe duvidosa! Muita! Mas não está tão escorregadio. Quem ainda não teve a oportunidade de ver aqui fica e, em seguida, irei analisar o vídeo com o detalhe e profissionalismo ao qual vos tenho habituado.


Desde logo fico desiludido com a maior parte da música ser cantada em castelhano, ou melhor, barraquelhano que isto é mais música das barracas do que de castelos. Percebo que a Ana queira apostar na internacionalização até porque será certamente mais valorizada lá fora em países mais evoluídos como a Nicarágua e a Guatemala. Cá, as pessoas não percebem este tipo de arte e tendem a ridicularizar o tropical urbano como se de simples pimba se tratasse. Enfim, somos um povo culturalmente ainda muito atrás das maiores potências tropicais. É o que dá haver poucos subsídios para a cultura neste país.

O vídeo começa e vemos Ana na estação do Oriente, vestida com aquelas películas que se usa para manter as vítimas de atentados terroristas quentes para não entrarem em choque. A meu ver faz todo o sentido porque entre bombas que explodem em estações de metro e Ana Malhoa a cantar na estação dos comboios, venha o diabo e escolha.


Je Suis Tropical Urbano! #PrayForOrienteStation

Aos 10 segundos fiquei logo mais descansado por ver que este vídeo é uma película do Jorge Jedi que todos sabemos que é garantia de qualidade duvidosa. O cenário é poético, com a estação vazia, algo que foi fácil garantir porque fugiu tudo para não aparecer no vídeo. Toda a gente prefere ver um vídeo íntimo publicado na internet do que aparecer num vídeo assinado pelo Jorge Jedi. Aos 20 segundos a Miss Malhoa começa a descer as escadas com a graciosidade de uma morsa bêbeda. Há quem diga que é dos sapatos de stripper que não dão bom andar, mas eu acho que é devido às calças estarem tão apertadas e ela ter ficado com as pernas dormentes. Aquele andar é muito parecido com o meu quando me levanto da sanita depois de ter estado agarrado ao telemóvel meia hora e ter ficado com as pernas com formigueiro. No plano seguinte, vemos a Ana num elevador mostrando que é uma mulher inteligente e aprendeu a lição e não voltou a usar a escadas vestida e calçada daquela forma como quem vai para o casamento do Toy. Quando ela sai do elevador vemos lá em baixo várias bancas com livros, uma espécie de feira que está ali diariamente na estação do Oriente, e esta foi a primeira vez que alguns fãs da Ana Malhoa viram livros.

Começamos então a ver o marido da Ana Malhoa deitado e só de cueca e corrente ao pescoço que, para quem não sabe, é o pijama do bairro social. As avós de Chelas oferecem trusses e uma corrente para os netos dormirem pausados. O marido da nossa musa é igual ao Tom Hardy! E embora não seja a minha especialidade calculo que isto seja um elogio. Ali está ele, todo sensualão com o seu piercing no mamilo para abrir a imperial e fazer macramé com aquele que a Ana tem no lábio a fingir de melanoma. Vemos que o esposo dela tem frases tatuadas no bícepe esquerdo e só espero que não seja parte de uma letra de uma música da Ana Malhoa. Isso é que seria amor verdadeiro! Tatuar o nome da namorada ou mulher já é corajoso/estúpido que chegue, agora tatuar «Não, eu nunca apoiaria a guerra. A guerra não é vencedora. Sou uma máquina sim, la makina de fiesta! Sigue reggaeton!» é uma prova de amor que ninguém consegue superar.

Por falar em letra, ainda nem falei da poesia presente nesta canção. Quando começa a parte em português podemos ouvir «Eu já não sei como sucedeu…». Sucedeu? Tenho duas hipóteses para a escolha deste verbo:
  • Quiseram dar uma de cultos e foram ao Google pesquisar “Sinónimos de aconteceu”;
  • A letra é plagiada de um tema espanhol. Porquê? Reparem:
Sou muita ninja! Qual Jorge Jedi, qual carapuça! Guilherme Ninja é que é!

O vídeo continua e ao minuto e quinze vemos a nossa Van Dama no duche a exibir um bração de fazer inveja a muito homem! E pronto, a música entra em ciclo infinito a repetir a letra enquanto alterna entre imagens da Ana seminua no banho e na cama. Na cama ainda percebo, também gosto que a minha namorada esteja na cama de lingerie sexy e saltos altos, agora no banho não faz sentido ir-se vestido. Gente vestida no banho só se forem os bêbedos para ver se acalmam e aproveita-se para limpar o vomitado da roupa. 

O mais grave disto tudo não são os mamilos estrábicos que espreitam pela camisola de alças, nem a cueca lucky star dos ciganos. O mais grave disto tudo é o aquecimento global ser cada vez mais uma ameaça e esta menina estar a dançar no banho como se isto fosse tudo dela. É gente que não teve educação em casa! Na minha, quando eu demorava mais de cinco minutos no duche os meus pais desligavam o gás e se eu quisesse continuar a masturbar-me tinha de ter atenção para o bicho não recolher com a água fria. Agora imaginem os meus pais gritarem que eu estava a demorar-me no banho e eu responder «Só mais 10 minutos porque estou aqui a dançar tropical urbano que nem uma bomba latina!». Punham-me fora de casa e com muita razão porque há muita gente que não tem água potável para beber.

Voltando à letra, há uns versos que não consigo mesmo perceber o que ela diz! Vejam lá se me ajudam:

Eu gosto de ti,
Tu gostas de mim
I belong to you,
You belong to me

Ar de mais crescido
Vou ficar bem louca
Vou ficar ?????

Não consigo decifrar, mas juro que parece «Vou ficar com sífilis.» Espero genuinamente que a Ana não fique com sífilis até porque o sífilis não afeta as cordas vocais.

E pronto, não se chegam a ver os mamilos, mas quase, e percebe-se que a Ana Malhoa tem um corpo de fazer inveja a muito pessoal que vai comer donuts ao bar do ginásio e depois queixa-se que o treino não está a dar resultado porque o metabolismo deles é muito lento e têm problemas hormonais. Não há muito mais a dizer sobre este vídeo a não ser que, goste-se ou não, a Ana Malhoa é melhor no marketing do que a maioria dos artistas portugueses. Não acho que seja pior do que muita da música estrangeira de discoteca que chega cá e que as pessoas papam como se fossem torradas com manteiga. (in)felizmente para a Ana Malhoa, o azeite português é o melhor do mundo e por isso, percebemos logo que é o ingrediente principal da receita.

Despeço-me com a frase de assinatura destas reviews: Acho, sinceramente que ela é uma excelente artista dentro do género. O género é que é uma merda.




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