23 de setembro de 2019

O abusador de menores empreendedor



Um dos assuntos do dia é o caso do João, condenado a 6 anos de prisão por abuso sexual de menores. Não seria notícia, não fosse o caso de o João ser babysitter de crianças e, no ano passado, ter ido falar com a Cristina Ferreira à TVI a promover os seus serviços de babysitting. 

Um babysitter pedófilo é a verdadeira definição de juntar o útil ao agradável. 

Está toda a gente com nojo do João, mas acho que não estão a dar-lhe o devido valor. Há pedófilos que ficam à espera que nasça uma sobrinha e que a família se reúna toda no jantar de Natal para abusar de um menor; outros rondam escolas a oferecer doces sem qualquer critério e a contribuir para a obesidade e diabetes infantil; o João tem espírito empreendedor e identificou o problema na sua vida: "Gosto de abusar de crianças, mas não tenho muitas crianças à minha volta, o que posso fazer para solucionar esta situação? Já sei, vou ser babysitter!". Génio. Reparem que isto não foi do dia para a noite, houve trabalho e investimento na sua formação como pedófilo certificado, já que começou por tirar um curso de auxiliar de acção educativa e, depois, passou por creches, escolas básicas, centros educativos e um centro paroquial. Fez uma espécie de rally tascas da pedofilia. Um peddy papper do abusador de menores. De notar que deixou o centro paroquial para o fim porque é onde o ensino da pedofilia é mais exigente pois é onde estão os abusadores mais experientes. Se houvesse um Shark Tank da pedofilia o João tinha tido um dos melhores pitches e angariado investimento. Até o Michael Jackson deu uma volta do caixão com orgulho do seu colega.

As pessoas dizem mal, mas quantas é que tiveram coragem de seguir os seus sonhos? De transformar o seu hobbie e prazer na sua fonte de rendimento? Pois, as pessoas criticam o João enquanto estão sentadas no seu cubículo ou no open space de um trabalho que odeiam, mas o João esteve 10 anos a viver o sonho de o deixarem sozinho com crianças desconhecidas e ainda lhe pagavam por isso! Chupem, haters! Na entrevista à Cristina Ferreira o João diz "Cheguei a receber muitos ‘não’. Não percebo porquê. Não sei do que é que alguns pais têm medo". Não sabes, João? Dou-te uma dica: que os filhos sejam obrigados a mamar outra coisa que não o biberão. Abusar de crianças já é do mais baixo que se pode chegar enquanto ser humano, mas ser um abusador que tem a lata de ir à TV promover os seus serviços de babysitting e ainda dizer estas coisas com a maior descontração do mundo é todo um novo nível subterrâneo. No entanto, temos de lhe reconhecer o valor, pois além de empreendedor é bom actor. Pela entrevista não diria que é pedófilo, diria que, no máximo, gosta de jogar Magic. A Cristina Ferreira disse que ele era uma bandeira para a igualdade de género para mostrar que não há profissões de homens e de mulheres. Ups. Afinal não, afinal é mais uma nódoa na bandeira, ou uma suástica na bandeira da igualdade de género. É a prova que às vezes o preconceito até tem alguma razão de ser.

No entanto, não podemos colocar todos os abusadores no mesmo saco. Há pedófilos que abusam das crianças e depois vão-se embora sem qualquer preocupação, o João não.

Preferiam ser abusados pelo Bibi ou pelo João que depois de vos ir ao rabo vos ajudava a fazer os trabalhos de casa?

Quer dizer, não sei se seria por esta ordem, mas seja como for. O Carlos Cruz alguma vez ajudou uma criança abusada a montar o Castelo da Playmobil? Duvido muito, mas o João brincava horas com as crianças, as pessoas é que só vêem as coisas más.  O João cobrava 6€ por cada hora de serviço ou 7€ se fosse depois das 21 horas. Isto é tudo uma questão de perspectiva, porque se fosse com adultos e fosse uma mulher, 6€ para vi cá a casa dar-me banho, ajudar-me na contabilidade e ainda me sugar as miudezas, era uma pechincha. O João tinha um anúncio online onde se lia "Olá papás e mamãs! Faço serviço de babysitter (à hora) e de ama ao domicílio. Sou de confiança, responsável, dedicado e com muito amor para dar aos pequenos". Na parte do dedicado e com muito amor para dar aos pequenos não mentiu, houve foi uma falha de interpretação porque a escrita nem sempre transmite o sentimento que queremos. Imaginem o João a dizer isso enquanto passa a língua nos lábios e ajeita os boxers por cima das calças e prolonga a parte "muitoooooo amooor". No fundo, ele sempre foi sincero, as pessoas é que não perceberam. Faltava ali um emoji com a língua de fora no fim para transmitir a vibe violadora adequada. "É mais fácil para mim "trabalhar" com as crianças do que trabalhar com os pais", disse João à Cristina. A palavra trabalhar está entre aspas porque o João fez aspas aéreas ao dizê-la. O João estava a dar-nos tudo para descobrirmos o mistério, mas ninguém percebeu. Claro que é mais fácil "trabalhar" com as crianças, são mais pequenitas e ficam a dormir com um calduço bem dado. Quando a Cristina Ferreira lhe perguntou duas palavras que identificassem a sua profissão ele disse "chuchas e brinquedos". Enfim, só não montou o puzzle quem não quis. 

No seu Instagram multiplicam-se as mensagens de ódio deixadas em forma de comentário às suas fotografias. É o linchamento popular da era digital, feito por pessoas com muito tempo livre que apenas querem ver o seu ego inchado por acharem que estão a fazer justiça de alguma forma.

Esqueceram-se foi que ele não deve ter telemóvel na prisão e se tiver é um Nokia 3310 enfiado no rabo e não anda a passear no Instagram. 

O João foi apanhado e condenado e confessou às autoridades que tinha dificuldades em controlar-se perante crianças do sexo masculino e que fez "carícias a uma ou duas crianças". Não foram carícias, meu monte de merda, foram abusos. Depois, quando alguém diz "uma ou duas" é porque foram muitas mais. Quando um gajo é parado numa operação stop e o polícia nos pergunta "Bebeu alguma coisa?" e um gajo responde "Uma ou duas cervejas" o polícia sabe logo que foram pelo menos 10. O João diz que não se consegue controlar, o que até poderia ser o caso, não fosse ele ter escolhido profissões onde pode ter contacto com crianças. Se o termo "pedofilia premeditada" existe, o João é um dos maiores embaixadores. 

Mesmo depois de sair da prisão, cumpra os 6 anos ou metade por bom comportamento - o que é fácil para o João porque não há crianças na prisão - a condenação inclui a proibição de qualquer contacto com crianças a nível profissional durante os próximos 15 anos. Sinto que há ali um buraco que pode ser explorado e não estou a falar dos buracos que o João explorava, estou a falar do "nível profissional". E se for voluntariado como hobby, já pode estar ao pé de crianças? 15 anos? Ao fim de 15 anos a pedofilia passa? Quem faz as leis deve pensar que é tipo verruga que com o tempo desaparece sozinha. Eu sei que daqui a 15 anos as crianças que o João abusou já são adultas, mas há crianças novas a aparecer todos os dias.




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