30 de novembro de 2017

Grávida, velho ou deficiente: quem tem mais prioridade?



Ontem, estava na fila no Pingo Doce, logo após a notícia da morte do Belmiro de Azevedo, só para fazer pirraça e ver se o gajo dava uma última volta no tabuleiro da morgue, e uma senhora com um bebé ao colo perguntou-me se podia passar à frente. «Claro que sim.», respondi-lhe, e dei por mim a pensar na nova lei da prioridade nas filas dos supermercados e outros serviços. No ano passado, acabaram-se as filas prioritárias e em todas elas é obrigatório ceder passagem a grávidas, pessoas com crianças de colo, pessoas com deficiência e idosos com limitações visíveis. O facto de tudo isto ter de estar na lei diz muito de nós enquanto espécie humana. Seria natural que dar a prioridade a alguém que tem mais dificuldades do que nós fosse um impulso que não precisasse de ser legislado. No entanto, tenho algumas dúvidas, muitas delas parvas, mas sobre as quais me apetece filosofar um pouco. Como organizamos as prioridades dentro das pessoas com prioridade?

É tipo pedra, papel, tesoura? A grávida ganha ao deficiente e o deficiente ganha ao velho manco?

É preciso esclarecer as pessoas para que não haja equívocos. A meu ver, a grávida e o acompanhante de criança de colo deveriam ficar para último lugar. Porquê? Ter filhos, embora muita gente pense que não, é uma escolha. Não é uma obrigação e sendo que o aborto é legal, também não é um acidente. É uma escolha e as escolhas não deveriam ter prioridade. Não acho que as grávidas sejam assim tão especiais. Engravidar não é uma cena muito complicada, qualquer pessoa com QI de uma ameba consegue engravidar, infelizmente. Até acontece por acidente, não é preciso técnica, nem planeamento: é só serem irresponsáveis ou estarem com um gajo que não se controla e não tira a tempo. Podemos, até, dizer que ter filhos é um acto de vandalismo no mundo actual. Um gajo paga dez cêntimos por um saco de plástico, mas dão prioridade a quem está a gerar um ser que vai poluir o planeta? O meu maior feito de activismo será não me reproduzir e assim ajudar a acelerar a extinção da espécie humana. Quando morrer, quero na minha lápide o epitáfio «Sempre se preocupou com o planeta: comprava sacos de papel reciclado e não teve filhos.».

Se as grávidas estão sempre a tentar explicar que não estão doentes, então talvez fosse natural que uma pessoa enferma tivesse prioridade sobre elas, não? Cenário: estou com febre alta e tive de ir comprar um franguito daqueles manhosos do Pingo Doce porque não estava capaz de cozinhar, será que tenho direito a passar à frente? É que para ir comprar um frango daqueles é sinal que estou mesmo mal e a febre me está a causar demência! Quem devia ter prioridade? Eu, com febre, que fui comprar fraldas para a minha avó que está de diarreia ou uma grávida de quatro meses, com saltos altos, que foi comprar gelado de chocolate porque estava com desejos que é como quem diz que está a aproveitar a desculpa da gravidez para ficar um mamute com bócio? E tentar perceber se a senhora atrás de nós está mesmo grávida ou é só gorda? Na dúvida, prefiro passar por gajo que não cede o lugar proactivamente do que destruir o ego da senhora, embora lhe bastasse ter um espelho para perceber que o erro foi legítimo. Agora que já provoquei uma onda de revolta nas grávidas sem sentido de humor, vamos aos deficientes. Tem de haver uma hierarquia!

Por um lado, o gajo paraplégico devia ter prioridade sobre um gajo que é só coxo, mas, por outro, o primeiro fica na fila à espera sentadinho.

E os cegos? É tudo a enganá-los. «Até lhe dava a minha vez, mas estou grávida de nove meses.», diz o senhor Alfredo com voz fininha. No outro dia, atrás de mim, estava uma rapariga de muletas e ferros nas pernas, com uma máscara cirúrgica, e com um olho que tinha bazado para Marte sem bilhete de volta. Mal vi aquele combo de deficiência, perguntei-lhe «Quer passar à frente?» e ela responde-me, algo confusa, «Porquê?». Epá, parecia-me óbvio que não era porque me estava a fazer a ela devido aos seus bonitos olhos, olho, vá. Tinha ali pelo menos duas ou três razões para lhe dar, mas fiquei com receio que levasse a mal e então disse «Só tem esses dois artigos para pagar, eu tenho muitos.». Ela agradeceu e passou. Ufa.

Agora que está lançada a ira nos deficientes sem sentido de humor e sem uma ou outra parte do corpo, viremo-nos para os velhos. No Pingo Doce de Alvalade, a quantidade de idosos com dificuldades em manter-se vivo é absurda e pode acontecer (como já me aconteceu): estar apenas uma caixa aberta, chego lá para pagar as minha coisinhas e aparece uma velha com joenetes; deixo passar à frente; depois aparece um velho com marreca; deixo passar; depois aparece outra velha de muletas; deixo passar; depois uma mãe com um filho de quatro anos e pega-o ao colo e pede para passar; deixo passar a revirar os olhos; nisto, vêm mais duas velhas, pouso as minhas compras e vou-me embora. A única forma de ser atendido naquele dia seria esperar até ser velho ou procriar com alguém lá dentro e esperar nove meses para ter uma criança de colo e ser atendido. Sinto-me sempre constrangido quando vejo uma pessoa de idade atrás de mim e pondero ceder-lhe a vez: por um lado, lembro-me de todas as vezes que estive na caixa multibanco à espera que alguém de idade avançada pagasse as contas todas da vida desde 1934 e apetece-me vingança; por outro, sinto que posso ser ofensivo em perguntar se quer passar à frente. Uma vez, disse a um senhor para passar e levei um sermão do género: «Não estou velho! Tenho 82 anos, mas estou de muito boa saúde! Velhos são os trapos! Tenho mais energia do que quando andava a matar pretos em África... bons tempos.». As pessoas, por vezes, esquecem-se que também há velhos idiotas.

E os gordos? Ah pois, vou ter de dar prioridade aos gordalhões que andam naquelas scooters? Era o que faltava. Quanto mais tempo esperarem ali é menos tempo que estão em casa a comer donuts com banha de porco. No entanto, faz sentido darmos prioridade aos cachalotes de duas pernas que andam por aí, sendo que a obesidade é uma doença.

Enquanto sociedade, temos de nos decidir sobre um paradoxo: ou a obesidade é uma epidemia que deve ser combatida, ou as modelos XXL são um exemplo para a sociedade.

Não dá para ser os dois, minha gente. Modelo XXL é tipo irmos comprar uma casa e o vendedor dizer «Este aqui é o nosso andar modelo XXL.» e pensarmos que é por ser mais espaçoso, mas não: é porque está cheio de humidade e a precisar de obras.

Por fim, deixem-me repetir que nunca foi preciso haver lei para que cedesse o meu lugar a uma grávida, a um deficiente, a um idoso, ou a qualquer pessoa que me parecesse em maior dificuldade do que eu e/ou com muito menos compras para pagar. Todavia, o facto de no dia a dia ser boa pessoa, não me pode impedir de ser uma besta aqui. Sinto que ofendi muita gente com este texto. Estou feliz. Podem refilar nos comentários, que responderei dando prioridade aos que tiverem mais cara de coninhas.
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28 de novembro de 2017

Cães, raças perigosas e Ana Malhoa



No episódio desta semana do podcast Sem Barbas Na Língua, falamos sobre o melhor amigo do homem e das nossas experiências pessoais com eles. Desmistificamos as raças perigosas e ainda damos um pezinho de dança ao som da Ana Malhoa. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



Podem ouvir e subscrever o podcast nas seguintes plataformas:
Deixem sugestões e perguntas em sembarbasnalingua@gmail.com.
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Relações à distância e reacender a chama do casal



Gosto de preliminares, mas vamos directos ao assunto e comecemos mais um "Doutor G explica como se faz".

Caríssimo Dr. G, sempre me envolvi com homens e mulheres, tendo sempre mantido preferência para namoros com homens. Entretanto, decidi namorar com uma rapariga que mais tarde veio revelar-se uma tremenda pedra no sapato, isto porque: hora estava comigo, hora estava com a ex namorada. A vida sexual com ela era como se eu estivesse com um homem e eu basicamente ficava tipo boneca insuflável. Finalmente pus-me a andar namorei com outra rapariga 3 anos sem nenhum chouriço pelo meio, sendo que à pouco tempo cai na tentação novamente e até agora tem sido uma algazarra com o rapaz. Ele não quer nada sério mas também não quer que eu esteja mais com ninguém. A questão é que fiquei recentemente solteira, e continuo a gostar de chouriço... Mas também gosto muito de mexilhão, e a proposta de fazer uma mista, já foi recusada. Acredito que isto lhe esteja a fazer quase ou nenhum sentido, mas pode por favor esclarecer-me quanto ao meu ser dúbio? 
LA, 25, Lisboa 

Doutor G: Cara LA, namorar com mulheres é tramado, não é? Eu sei que sim. Não nasci gay, caso contrário não tinha metade dos problemas. Se andas com um gajo que não quer nada sério e ele recusou a hipótese de um forrobodó a três com outra gaja, então deixa-me dizer-te que encontraste uma raridade. Mais raro do que um trevo de quatro folhas só que em vez de sorte foi um azar do caraças. Esse gajo é o que se chama, em termos técnicos, um palerma. Primeiro, não quer nada sério e não quer que estejas com mais ninguém? Palerma. Não quer ir para a cama com duas gajas? Palerma ao quadrado. A feira do enchido do Continente deve estar aí à porta, aproveita e troca de chouriço.


Caro Doutor G, sou um rapaz de 22 anos. Há cerca de 2 meses comecei a experimentar o Tinder por conselho de uma amiga e encontrei por lá um rapaz que me agradou bastante. Temos falado regularmente desde aí e já nos encontramos duas vezes. Existiu um clima, mas nunca aconteceu nada a não ser umas trocas de olhares mais prolongadas. Há dias em que parece estar completamente a querer, mas depois começa a dizer que não quer relações com pessoas do Tinder e que só vai lá porque lhe faz bem ao ego. Já experimentei deixar de lhe responder às mensagens para ver se ele demonstrava interesse e foi exactamente isso que ele fez. Contudo, parece que falta sempre aquele próximo passo. Acha que devo investir nele? Ou será melhor partir para outro?
MS, 22, Porto

Doutor G: Caro MS, está giro, hoje a comunidade LGBT decidiu toda enviar emails para o Doutor G. E ainda há umas inCapazes de raciocinar que dizem que sou homofóbico. A homofobia é ridícula! Para quê ter medo de gays se eles nem sabem andar à porrada? Esta era a parte em que eu dizia que é uma piada, só que de cada vez que um humorista diz isso morre uma foca bebé gay e desfavorecida na Nigéria. E na Nigéria nem há focas, por isso vê bem a gravidade. Um humorista dizer "estava a brincar, era só uma piada" é o mesmo que um músico no fim de um concerto dizer "estava a cantar, eram só músicas". Bem, depois desta ego trip, vamos lá esclarecer essa tua dúvida rabicholas. Acho que deves partir para outro. Se ele já disse que não quer nada e que só serves para lhe subires o ego, não vale a pena estares à espera que lhe vás fazer subir o trombinhas. Não sei como é nas relações homossexuais, mas acho que dois encontros sem haver golf com o rabo é sinal que não há atracção. Afinal de contas, são dois homens e toda a gente sabe que os homens só pensam numa coisa. Parte para outro, que esse não vais partir.


Olá caro doutor. Namorava há quase um ano com um rapaz 4 anos mais velho mas, há cerca de meio ano atrás tive que me ausentar 3 meses e, as coisas começaram a descarrilar, ciúmes, discussões, até que ele decidiu acabar, isto no primeiro mês que estive fora. Acontece que algum tempo mais tarde me contou que esteve com outra depois de acabarmos. Passou se o verão e as aulas voltaram, ele aproximou se de mim e decidi tentar "perdoar" (burra eu sei). Acontece que é extremamente ciumento comigo, quase obsessivo. Contudo não me consigo afastar dele, nem ele de mim:
1. Acha que ele é assim por medo que eu lhe faça o mesmo ou que é só a personalidade dele mesmo (visto que sempre foi muito possessivo)? 
2. Acha realmente que perdoar um "traição" é aceitável, ou as coisas nunca vão funcionar?
Leonor, 18, Évora 

Doutor G: Cara Leonor, acho que temos aqui um problema grave que é o facto de não saberes o significado da palavra "traição". Bem sei que o tempo é relativo e que quando um corpo se movimenta à velocidade da luz o tempo passa mais devagar, mas a verdade é que na terra respeitamos uma cronologia de tempo linear. Deixo um pequeno fluxograma para te ajudar a compreender o que quero dizer:
Eu sei que é um fluxograma muito complicado de compreender, mas faz um esforço. Assumindo que já percebeste, passemos agora às tuas questões:

  1. Não. Se ele já era possessivo, está só a ser ele mesmo e se voltaste para ele já sabias com o que contavas.
  2. Esta pergunta não faz sentido neste contexto, mas sim, acho que é possível em alguns casos perdoar uma traição e a relação funcionar no futuro. Improvável, mas possível.
Dito isto, à partida ele acabou contigo porque já tinha a outra em vista. Alambazou-se e andou solteiro enquanto estavas fora e agora quer-te de volta. Se ele é possessivo e ciumento e por três meses decidiu acabar tudo contigo e andar com outra, o meu conselho é que lhe metas os patins porque é um palerma. Se dizes que não te consegues afastar dele nem ele de ti, então só me fizeste perder tempo e espaço precioso aqui no consultório e merecias uma chapada à padrasto que por acaso é o nome do meu novo livro que se pode comprar neste link com 10% de desconto.


Caro Doutor G fazendo uso do conselho que insistentemente faz aos pacientes peguei no meu porquinho mealheiro e comprei dois bilhetes para o espectáculo de Braga. Qual não é o meu espanto quando duas meninas que convidei (uma após a outra e não as duas em simultâneo) rejeitam o meu convite. Afinal o seu espectáculo não é assim tão bom para atrair pipi ou elas é que têm mau gosto?   
Anonimo, 22, Braga

Doutor G: Caro Anónimo, obrigado desde já pela aquisição de bilhetes para o meu bonito espectáculo dia 9 em Braga - que já se encontra esgotado - mas essa situação apenas prova uma coisa: és tão feio e/ou desinteressante que nem com um argumento de peso desses conseguiste que elas quisessem passar cerca de hora e meia sentadas ao teu lado em que nem precisam de falar. Mas admiro a tua confiança por nem ponderares que o problema poderia ser teu. Volta a tentar, como já está esgotado e não tem lugares marcados, pode ser que alguma se agarre a isso - ao bilhete - e se sente com alguns lugares de intervalo de ti. Até dia 9!


Caro Doutor G, já tive alguns namorados, mas parece que tenho o síndrome do desinteresse, porque assim que alguém começa a mostrar que gosta mesmo de mim, todo o meu interesse diminui significativamente. Qual é o meu problema? Será que nunca gostei de ninguém verdadeiramente? Adoro a fase do flirt, mas depois... Há um ano envolvi-me com um rapaz e desde entao somos fuck friends. No início era só mesmo sexo, mas entretanto acho que nos tornámos amigos e falamos muito. Visto que já dura há um ano, às vezes penso que podemos ser algo mais e que ele é cada vez mais querido comigo e que talvez também pense o mesmo. Porém, cada vez que penso nisso e me "dou" um bocado mais, se ele fizer o mesmo e se tornar muito emotivo, só me apetece fugir e penso que na verdade não quero nada além de sexo e atenção. Acha que sou uma cabra? Ou maluca sem cura?
Joana, 23, Leiria

Doutor G: Cara Joana, o cenário que descreves é de facto indicador de um quadro de síndrome do desinteresse. Há muitas pessoas que sofrem disso, sendo que o que realmente lhes dá pica é a fase da conquista e nada mais. Há ainda um subgrupo que apenas consegue aguentar relações nos primeiros meses enquanto a fase da paixão doentia dura e mal desvanece, têm de partir para outra relação para voltarem a sentir aquelas borboletas na barriga. São uma espécie de drogados do amor. Causas para isto? Boa pergunta: normalmente é um trauma do passado, não de vidas passadas porque isso é treta da Alexandra Solnado, mas de uma relação anterior que deixou dói dói no coração. Esse medo do compromisso é mais comum em espécimes do género masculino, mas também bastante incidente no feminino. Não há cura. É ir comendo até aparecer um que se queira repetir para sempre. Ainda és nova, há esperança para não ficares para tia com a casa cheia de cocó de gato.


Caro Doutor G, eu não​ ​do Portugal mas estudei um ano no Porto (sou do México
e o meu português não é muito bom). Antes de ir estudar lá, meu​ ​namorado de três anos e eu concordamos não terminar o relacionamento mas​ ​podíamos sair com outras pessoas. Durante esse ano conheci muita gente mas​ ​teve um rapaz​ ​do Porto do que eu gostei bastante; eu sempre tentei que as coisas não​ ​ficassem​ ​muito sentimentais porque tinha planejado voltar com meu namorado.​ ​No entanto, como ele é muito giro, simpático e sempre ajudava-me com a língua​ ​e demais coisas, acabamos por apaixonar-nos um pouco, mesmo que ele sabia​ ​do meu namorado. Quando voltei no meu país, meu namorado acabou comigo porque achava que​ ​tínhamos estado muito tempo separados. Eu não sofri demasiado mas fiquei​ ​indignada por ter arruinado a minha chance com aquele rapaz. No entanto, o​ ​rapaz do Porto não desistiu depois de saber o que me tinha acontecido. Agora​ ​quer que volte para lá ou ir morar para outro país. Mas estou muito assustada​ ​porque não posso ir para nenhum lado até acabar o mestrado e minha​ ​experiência com relacionamentos à distância foi péssima, como já sabe. O que​ ​aconselha que eu faça agora? 
Anónima, 25, México 

Doutor G: Cara Anónima, e não é que o Doutor G é internacional? Bem, na verdade já tinha recebido dúvidas do Brasil e Angola, mas fora dos de língua oficial portuguesa é a primeira. Obrigado. Depois deste momento de auto-bajulação, vamos lá ao que interessa. O pesadelo de todos os homens estrangeiros são os portugueses que dão ajudas com a língua. Somos muito conhecidos por sermos desenrascados com várias línguas e de sermos muito prestáveis e hospitaleiros, sempre prontos para dar dois dedos (e de conversa também). Ora bem, o teu namorado nem é um problema na equação já que acabaram e nem ficaste muito importada com isso. Por norma, as relações à distância não funcionam, mas é experimentar. Hoje, a tecnologia pode dar uma ajuda e encurtar a distância. Por exemplo, com uma conta de Skype e com este kit que permite que em qualquer parte do mundo ele controle as vibrações do brinquedo! Podem comprar neste link e com o cupão DRG10 ter 10% de desconto.
Vão-se entretendo e quando acabares o mestrado logo se vê. Se calhar até chegas à conclusão que o brinquedo é melhor e que não precisas de homens para nada e que só dão chatices.


Está feito, para a semana há mais javardeira com classe. Mais uma vez, um agradecimento ao patrocinador oficial do Doutor G, Vibrolandia, que não tem medo de arriscar e de apostar em conteúdos como este. Relembro que podem comprar artigos para apimentar a vossa vida sexual ou para envergonhar alguém durante a partilha de prendas de Natal. Obrigado a todos e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam amor à bruta, porque de guerras o mundo já está cheio.

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27 de novembro de 2017

Review ao novo vídeo da Ana Malhoa



Como sabem, sou uma espécie de media partner não oficial da Ana Malhoa e sempre que sai um videoclip da nossa musa tropical latina urbana, sinto-me incumbido de fazer uma review. Tem sido assim desde que a Ana Malhoa ficou turbinada e a cada novo vídeo inundam-me a caixa de mensagens de azeite. Não gostando de defraudar quem segue o que escrevo, aqui fica a review da nova música - Ampulheta - e respectivo videoclip da nossa diva. Se ainda não viram o vídeo aqui fica para estarmos todos em pé de igualdade:


O vídeo começa com imagens de drone do que parece ser um deserto. Imagens bonitas que nos fazem pensar que nos enganámos no vídeo, mas que aos 16 segundos, com a entrada do beat de carrinhos de choque com tuberculoso, nos faz descansar e acreditar que estamos a ver o novo vídeo da Ana Malhoa. Vemos uma ampulheta e um fade que revela a musa latina portuguesa! As imagens vão alternando entre o tal deserto que deve ser na Fonte da Telha e uma zona que parece uma pedreira ou uma zona de Lisboa em obras.

Como em qualquer vídeo clipe deste género, a artista tem de apresentar várias indumentárias para que não se note que a música é repetitiva. Ana aparece-nos de várias formas:
  • Enrolada numa toalha dourada, como quem acabou de sair do banho ou foi coberta com uma manta térmica para evitar hipotermia;
  • Uma espécie de vestimenta islâmica em que a parte de cima respeita a lei Sharia com a utilização do niqab, e a parte de baixo é da colecção Outuno/Inverno da casa da mãe Kikas. Não sendo nenhum Cláudio Ramos, penso que este modelito favorece a Ana. Todavia, parece-me perigoso que a nossa bomba latina adopte vestimentas islâmicas. Já a estou a imaginar a passar na segurança dos aeroportos e perguntarem-lhe "Transporta consigo algum material explosivo?" e a Ana dizer "Si, soy yo! Lá bomba latina! Subelo!".
  • Temos ainda o outfit em que Ana tem a cara coberta de brilhantes ou uma espécie de talha dourada como se tivesse acabado de participar num bukkake com extraterrestes.
  • Mais no final do vídeo ainda vemos uma ou outra vestimenta diferente, sempre em tons de dourados porque é a cor mais bimba do mundo e porque fica bem com a areia do deserto. A única coisa que se mantém são os saltos-alto agulha que toda a gente sabe que são o calçado ideal para os desertos. Quando há areias movediças, toda a gente equipa os seus camelos com stilettos.
O vídeo continua e vemos um cavalo. Porquê? Porque um dromedário rebentava com o orçamento e para camelo já basta quem escreveu a letra da música.

Não sei até que ponto sujeitar um cavalo a ouvir Ana Malhoa pode ser considerado maus tratos na conjectura da nova lei, mas parece-me que aquele equino estará a pensar «O meu primo zé é que está bem lá nas touradas que levar uma marrada de um touro ao pé disto é para póneis.».

Ao lado de Ana aparecem três homens suados a dançar. Os bailarinos têm a cara tapada e aposto que foram eles a sugerir «Ó Ana, o que era giro era criar aqui uma metáfora para a igualdade de género e termos os homens também de cara tapada, o que achas?». Na verdade, disseram isso para ninguém os reconhecer como bailarinos da Ana Malhoa que toda a gente sabe que tal profissão orgulha tanto os pais como ser stripper num snack bar da Reboleira.

Nisto, a batida começa a ficar mais intensa - o que anuncia a chegada do refrão - em que a senhora Malhoa diz "Ampulheta!". Agora, vou dizer-vos o que me parece ser dito e vai ser o que vocês vão passar a ouvir sempre que a música tocar. O que eu oiço é: "É punheta!". Ora vão lá ouvir a parte do refrão e digam-me se não é verdade. O que faz sentido, pois acredito que seja o que muita gente faz ao ver os vídeos da Ana Malhoa, recordando os tempos em que ela fazia as delícias da criançada com o Buereré. Isto é que é acompanhar o crescimento do público e há poucos artistas a fazê-lo como a Ana. Em 1994, os seus fãs entoavam "A E I O U" e agora, passados 23 anos, dançam ao som do "É punheta!".

O resto da letra resume-se a três quadras repetidas até à exaustão, mas devo dizer que rimar "manha", com "manhã", "lenha", "senha" e "até que eu me venha" é uma boa sequência de rimas. Um gajo tem de ser justo. No entanto, na parte "Vira-me ao contrário" tenho algumas dúvidas. Virar ao contrário como? De costas? A Ana já está de cara tapada pelo que não será preciso. Um 69 em pé? Há que ser mais específico. Mania das mulheres de darem indicações sem serem exactas e esperarem que os homens lhes leiam os pensamentos.

E pronto, é muito isto. Não tenho mais nada a acrescentar. Sinto que os vídeos e as próprias músicas da Ana estão a melhorar um bocadinho a qualidade e embora isso seja bom para ela, é terrível para mim. De 0 a 5 garrafas de azeite, temo que esta só mereça 3. Ainda assim, positivo para todos. Como sempre, estas reviews não têm intenção de achincalhar a Ana Malhoa, pelo contrário, são uma homenagem. Respeito, genuinamente, o trabalho dela e acho que é uma excelente artista dentro do género. O género é que é uma merda.
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21 de novembro de 2017

Fotos de pilas, Piropos, Igreja e a pedofilia



No episódio desta semana do podcast Sem Barbas Na Língua, conversamos sobre o caso das alegadas fotos da pila do Bruno Maçães, os piropos e assédio na rua no geral, da relação da Igreja com a pedofilia e homossexualidade, e muito, muito mais. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



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PS: Bilhetes para o meu espectáculo à venda neste link e para Faro é neste link.
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Homens e mulheres: tudo cambada de xoninhas



É dia de mais uma consulta "Doutor G explica como se faz". Não percamos mais tempo e vamos a isso.


Olá Doutor G, tenho 21 anos e nunca tive namorados, e não, não sou uma encalhada. Enfim, nunca quis ter algum namorado, (mesmo tendo pessoas interessadas em mim) vivo demasiado ocupada com os estudos, o trabalho, os meus amigos e a vida no geral. Contudo, conheci um rapaz e comecei a falar com ele todos os dias por mensagem, ja nos encontramos 4 vezes e, sim, ha clima. Falamos ja faz 4 meses e ainda nao houve um beijo, nem nada mais intimo da parte dele... Deixei de responder às mensagens durante 2 semanas e estava disposta a esquecer a situaçao, quando de repente ele contacta-me e tudo volta ao mesmo. Está indeciso ou nao tem nada para fazer entao fala comigo o dia todo?    
I.D, 21, Lisboa

Doutor G: Cara ID, isso de não seres encalhada porque estás demasiado ocupada é exactamente o que uma encalhada diria. Por vezes, penso que a sociedade evoluiu e que as mulheres estão mais proactivas, mas depois apareces tu a mostrar que ainda há demasiadas à espera que seja o homem a tomar iniciativa. Spoiler alert: os homens estão cada vez mais xoninhas. Se não são as mulheres a tomar as rédeas da coisa, a humanidade irá extinguir-se por falta de funaná pelado ao natural. Deixaste de responder porque ele não tomava a iniciativa, mas depois foi ele que te contactou? Afinal quem é que não tem iniciativa? És uma princesa que vive que no tempo do D. Sancho I? Queres, vais atrás, caso contrário ficarás encalha... com tempo para os estudos e amigos e vida no geral. Se ele te manda mensagens há 4 meses é porque está interessado. Se ele não tentou nada é porque é um xoninhas, tal como tu. Já que tens a mania que és princesa, que sejas a Jasmine e mete-lhe a mão no pífaro a ver se sai génio. Para uma dica mais subtil, abre a mala e deixa, casualmente, cair estas algemas para o chão. Podes comprar neste link com 10% de desconto com o cupão DRG10. Se nem assim ele perceber a dica, então parte para outro que esse tem bicho.


Olá doutor, namorava com um rapaz há quase 6 anos quando descobri que ele me tinha traído. Decidi acabar tudo e não tenho qualquer contacto com ele. Já passaram mais de três meses desde que acabamos mas mesmo assim ainda me sentia um pouco mal e tem sido um pouco complicado. Por isso pensei em criar conta no Tinder, só por curiosidade, para me distrair um pouco. Conheci lá um rapaz e começamos a falar muito, nunca me tinha rido tanto a falar com alguém, ele é super divertido! Criámos logo uma ligação incrível e isso ajudou um pouco a ultrapassar o outro relacionamento e a pensar menos no ex. Já nos encontramos algumas vezes e acabamos por nos beijar mas foi aí que percebi que afinal não estava pronta para estar com alguém uma vez que comecei a pensar no outro, que foi o primeiro namorado e então ainda não consegui livrar-me completamente dele. Este rapaz que conheci também acabou a sua relação há cerca de dois meses e diz que também não se quer comprometer com alguém agora, e decidimos ficar só amigos. Mas a partir daí, a ligação que tínhamos quebrou-se um pouco e isso custou-me porque comecei a gostar dele mas sem ter fechado o ciclo anterior... E pelos vistos ele sente-se da mesma forma. É por isso que não queremos nada de sério e dizemos que vamos ser amigos com alguns benefícios. Até me parece uma ideia agradável, mas não sei se eu consigo isso, pois tenho medo de me envolver demasiado e ele depois não querer nada... Mas ao mesmo tempo eu sei que não posso querer mais nada porque ainda não estou pronta. Quero e não quero. Sinto que é uma pessoa certa numa hora errada. É uma grande confusão na minha cabeça, ajude-me por favor!     
Anónima, 22, Coimbra

Doutor G: Cara Anónima, também já namoravas com ele desde os 16, já estava na hora de trocar e ver o admirável mundo lá fora. Sei que é chato, mas é provável que daqui a uns anos estejas melhor do que tendo ficado para sempre com o teu primeiro amor. Normalmente, dá merda, mais tarde, na idade em que já está tudo gasto e não dá para arranjar ninguém a não ser pessoal com traumas, também. Posto isto, deixo um fluxograma para te ajudar a decidir:
O que é que isto tudo quer dizer? Quer dizer que rejeitar coisas boas com medo do sofrimento, normalmente, não serve de nada porque a vida é mesmo assim. Vais rejeitar um bolo de chocolate depois de um caril de frango com medo da diarreia? Não. Comes e depois logo se vê. O que interessa é ser feliz agora, porque o amanhã é um sonho molhado. Chupa Chagas Freitas.


Caro Doutor G, se estivesse na sua mão o que aconselharia (escolher uma apenas): 
  1. Ter duas horas de conversa com a Maria Vieira sobre temas da actualidade
  2. Ter meia hora de paixão ardente com a Maria Vieira onde nenhum mistério carnal ficaria por desvendar
  3. Ser filho da Maria Vieira e, dado isto, ter que explicar aos seus amigos. 
Siogo, 22, Lisboa 

Doutor G: Caro Siogo (deves ter-te enganado na tecla, visto que o S está ao lado do D), mas, agora, serás para sempre o Siogo. O som "Siogo" parece a minha avó da Guarda a chamar um cão. Bem, apesar de eu ser da Buraca não sou o Bruno Nogueira nem isto é a Nêspera no Cu. Às vezes falam-se de coisas no cu, mas nunca de fruta com caroço. No entanto, só porque estou bem disposto, vou responder à tua dúvida, partindo do princípio que andas de olho numa gaja do PNR que espero que tenha mais do que a cabeça rapada:
  1. Esta é, claramente, a opção vencedora. Nunca tentaste discutir política com um Orangotango? Ficas a sentir-te bué inteligente depois de veres que os argumentos dele se resumem a atirar as próprias fezes à tua cara. Sim, sais de lá sujo e a pensar porque fizeste aquilo, mas, no fundo, o teu ego sobe porque sabes que tens um QI muito superior. No caso da Maria Vieira, talvez a comparação com o Orangotango seja errada, já que os segundos, por norma, são boa gente.
  2. Nojo. Acabei de bolçar a canja do Pingo Doce na própria boca. Se me dissessem «Se não fizeres sexo com a Maria Vieira o mundo vai acabar.» eu respondia «Ainda dá tempo de lhe dar uma chapada à padrasto na nuca e a mandar para o caralho ou é para morrermos já?»
  3. Metia um anúncio no OLX a dizer que estou para adopção.
Olá Dr. G, acontece que eu voltei para o meu ex-namorado há cerca de 3 meses, nós percebemos que ainda gostávamos muito um do outro (afinal foram 3 anos de relação), apesar de termos ficado 1 ano separados. Bem o problema é que eu traí ele e ele não sabe. Mas eu sinto culpa por ter posto os cornos nele e sei que se lhe contar só ia fazer ele sofrer, por isso pensei numa compensação para ele e estava a pensar propor sexo a três, com mais uma gaja. Não sei se isso me ajudaria, ou se outra coisa me faria perdoar-me. O que aconselha que eu faça?
Daniela, 23, Faro

Doutor G: Cara Daniela, sexo com outra gaja ao barulho não desculpa uma traição, mas de entre todas as coisas que se podem oferecer depois de se enfeitar a testa a alguém, talvez seja a mais bonita. Antes isso que um jogo de Playstation, mas isto sou eu que apesar de gostar de jogar, prefiro pipi. Ora bem, se voltaram e se queres mesmo ficar só com ele, não vale a pena contares. Agora, meto as minhas mãos no fogo que lhe vais meter os cornos outra vez, por isso o melhor é marcares já com duas gajas. Dito isto, posso ser o vosso micro-ondas e aquecer-vos durante hora e meia no meu espectáculo em Faro, dia 23 de Novembro, cujos bilhetes se compram neste link.


Doutor G, o meu namorado de 7 meses traiu-me (beijou outra gaja) e eu perdoei-o e voltou tudo a estar bem, passado duas semanas de isso ter acontecido ele acabou comigo a dizer que precisava de estar sozinho. Eu fiquei parva com a situação porque ele disse-me que ainda gostava de mim e vice-versa. Apesar de termos acabado ainda nos continuamos a ver e a falar e quando estamos juntos ele trata-me como se ainda fosse namorada dele, a dar-me beijos e mimos etc.. O que é que vai na cabeça deste gajo? Será que ele ficou a bater mal por eu o ter perdoado e ele acha que eu mereço melhor que ele? Também me parece que começou a apanhar uns tiques de “fuck boy” porque muitas vezes quando tento falar com ele por mensagens ele ignora-me.
Anónima, 19, Funchal

Doutor G: Cara Anónima, ahahahahahahahahahahaahahahahaahahaha. Espera, deixa-me só recuperar o fôlego... ahahahahahahahahahahaha. Ficou a bater mal por o teres perdoado a achar que tu mereces melhor? Raios te parta, criança inocente. Ele anda é a comer a outra gaja que beijou e acabou contigo para não ter compromisso e porque sabe que tu vais estar à espera dele, tanto que quando estão juntos é como se namorassem. As mensagens que ele te ignora é para tu te afastares dele e não te magoares. Estou a brincar, é porque está ocupado a comer a outra. Depois de ser tão bruto, só me resta oferecer-te um bilhete para o meu espectáculo no Funchal, dia 25 de Novembro. Não é bem oferecer, é mais tipo: compras neste link por 12€ e tens direito a um bilhete. Um mimo.


Acho que foi uma consulta bem gostosa, não concordam? Um agradecimento final ao patrocinador oficial do Doutor G, Vibrolandia, onde podem comprar artigos para apimentar a vossa vida sexual ou para envergonhar alguém durante a partilha de prendas de Natal. Obrigado a todos e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam amor à bruta porque de guerras o mundo já está cheio.

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14 de novembro de 2017

Assédio sexual de Louis CK e Kevin Spacey, e Jantares com mortos



No episódio desta semana do podcast Sem Barbas Na Língua, falamos sobre os escândalos de assédio de Louis CK e Kevin Spacey, indignações das redes sociais, jantares com mortos no Panteão Nacional e muito mais. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



Podem ouvir e subscrever o podcast nas seguintes plataformas:
Deixem sugestões e perguntas em sembarbasnalingua@gmail.com.

PS: Bilhetes para o meu espectáculo à venda neste link e para Faro é neste link.
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13 de novembro de 2017

Traições, relações lésbicas, e limpar o palato



Deixem-me começar por agradecer ao patrocinador oficial do Doutor G, Vibrolandia, onde podem comprar artigos para apimentar a vossa vida sexual ou para envergonhar alguém durante a partilha de prendas de Natal. Usem o cupão DRG10 para terem desconto. Pronto, vamos a mais um "Doutor G explica como se faz". 


Olá Doutor G. Tenho 34 anos, sou casado e feliz com a minha mulher. No entanto fico louco com as amigas da minha esposa. Geralmente é normal trocar mensagens com algumas delas e a minha esposa não vê mal nenhum nisso. No entanto há uma amiga dela em especial que me deixa louco (a amiga que ela gosta menos). Não é a mais bonita do grupo apesar de eu a achar a mais linda e é comum trocarmos algumas mensagens. As mensagens em si não tem nada de especial, mas digamos que se a minha esposa visse não iria achar muita piada, pois metem muitos elogios a ela à mistura. Quando saímos todos, temos muita cumplicidade os dois, e há algumas trocas de olhar em piadas que só nós entendemos por já termos falado disso. A minha esposa por vezes trabalha fora e nesses períodos já saímos só os dois para jantar e já fomos passear em duas ou três ocasiões. No entanto nesses encontros nunca se passou nada. Ela tem namorado e não lhe conta que sai comigo e sabe que eu não conto a minha esposa. Será que ela está a espera que eu me atire a ela descaradamente nesses encontros ou só quer um amigo. Sou um bocado tímido e também me sinto mal por ser casado, mas por outro lado ela é tão linda que não lhe resisto.
P.G, 34, Portugal

Doutor G: Caro PG, mas que merda é esta? Parece-me que estás à procura de permissão para ornamentar a testa da tua mulher com uma bonita armação de marfim. O Doutor G não incentiva ao adultério a não ser que haja uma boa razão e apesar da desculpa «Ela é tão linda» ser boa, se assim fosse todos estávamos autorizados a trair porque mulheres bonitas é o que não faltam por aí. Interessadas em ti, isso talvez seja outra história. Quanto a ela estar à espera que te atires a ela ou não, vamos por partes: trocam mensagens sem que ninguém saiba; tu sais com ela às escondidas da tua mulher e ela sabe disso; ela sai contigo às escondidas do namorado e tu sabes disso. Utilizando uma regra de três simples chegamos à conclusão que és burro como uma porta com défice de aprendizagem. Claro que ela quer festa brava com direito a rabejador e tudo, mas agora tu é que sabes o que fazes da tua vida. Heads up: vai dar merda.


Olá Dr.G. Há alguns meses atrás, um rapaz da minha escola abordou-me. Entretanto fomos trocando mensagens e marcando uns encontros até que chegámos a ter algum contacto físico (umas apalpadelas aqui, uns bejios acolá). No meio disto tudo, venho a saber que ele tinha namorada mas que passado pouco tempo de me conhecer acabou com ela. Na altura tudo bem, continuámos a ver-nos sempre com alguma brincadeira à mistura. Certo dia ele diz-me que voltou para a namorada. Fiquei pior que estragada e deixei de falar com ele. Passado duas semanas o indivíduo vem falar comigo e diz-me que acabou tudo com a namorada e quer estar comigo. Apesar de saber que o indivíduo não é de confiança estou novamente na brincadeira com ele e a sentir alguma coisa mais. A minha dúvida é: será que o indivíduo anda apenas agarrado à minha febra para limpar o palato e quando tiver satisfeito vai embora ou será uma coisa para durar? 
Anónima, 18, Évora

Doutor G: Cara Anónima, começo a ficar cansado deste tipo de questões. Já disse e volto a dizer que há 99% de probabilidade de ele não ter acabado com a namorada na altura que vocês andavam enrolados. Andava a fazer-te um test drive para ver se valia a pena trocar de carro. Pelos vistos, preferiu manter o carro antigo por não saber se o novo já tinha batido de frente muita vez ou não. O que aconteceu a seguir pode ser devido a uma destas razões:
  • Ela deixou-o e ele foi para a segunda opção que és tu;
  • Ele ainda continua com ela, mas disse-te isso só para ver se te consegue finalmente bagunçar o pipi;
  • Ele percebeu que afinal gosta mais de ti do que da namorada e quer algo mais contigo.
40%, 50%, 10% é a distribuição das probabilidades para cada uma das opções, segundo um estudo da Internet que acabei de inventar. Tens de falar com ele e perceber por que razão acabou ele com a namorada. Se foi por tua causa, pode ser que a coisa seja para durar, se foi por outra razão e foi ter contigo só porque não tinha mais ninguém, à partida será só para limpar o céu da boca da enguia trapalhona.


Caro Doutor G, recentemente tive um acidente de trabalho onde me magoei no joelho. Tive de realizar fisioterapia. No dia que cheguei à clínica, descobri que a minha fisioterapeuta era uma rapariga capaz de meter inveja a uma Deusa Grega, o que me deu vontade de dizer que estava magoada na virilha e não na perna. O tratamento durou 3 meses e cada vez que ela se baixava e me massajava o joelho, eu sonhava que ela metesse a mão noutro sitio. Sempre fui mandado umas bocas tímidas e o máximo que consegui foi adiciona-la no facebook (sim eu sei, sou uma conas). Da parte dela nunca recebi um feedback concreto, apenas pequenas coisas que me deixaram a pensar se ela estava apenas a ser simpática ou se estava no flirt! No último dia de tratamento, ela desejou-me tudo de bom e para ir dizendo coisas e não perder o contacto. Caro Dr. o que faço? Envio-lhe mensagem e dou uma de stalker ou sigo com a minha vida?  
S. 27, Coimbra

Doutor G: Cara S, apesar da minha experiência em relações lésbicas ser bastante vasta do ponto de vista do observador, devo dizer que não tenho forma de saber se ela estava a querer massajar-te a campainha de Satã com a língua ou apenas tratar dos ligamentos do joelho. Por isso, vou deixar um pequeno fluxograma para te ajudar a decidir:

Querido Dr.G, aconteceu-me uma coisa inexplicável. Sempre me achei muito másculo, nunca tive dúvidas sobre a minha sexualidade. Há uns tempos comecei a assistir a House of Cards e não conseguia parar de ver. Toda a história me intrigava e agarrava (salvo seja), e gostava imenso da personagem principal interpretada pelo Kevin Spacey.. Se calhar gostava demasiado. Agora que que descobri q ele é gay começo a pôr em causa a minha sexualidade. A minha namorada já não me interessa. O que faço ?!!!  
Anónimo, 25, Lisboa

Doutor G: Caro Anónimo, há um provérbio chinês que diz o seguinte: se não sabes se és homossexual, então és homossexual. De qualquer das formas, aconselho-te a tentares seduzir outro homem já que, ao que parece, estás demasiado velho para o Kevin.


Dr G durante meses andei envolvida com um moço, no qual comecei a sentir algo e ficou a faltar mais que pilinha no pipi. Como para ele era só sexo e não queria nada sério, eu decidi ser sincera e pôr um travão antes que acabasse mal. O problema é que, ele sabe que não lhe vou mostrar a minha entrefolhos (a ultima vez foi há 6 meses) e semana sim semana não, manda msg para vir ter comigo ou mesmo só para saber como estou. Não consigo ter as ideias no lugar, pois cada vez que estamos juntos questiono-me se gosta de mim mas não admite ou então está à espera que eu ceda e o deixe voltar a mergulhar o ganso. O que acha que ele quer Dr G? O que faço?
Anónima, 23, Porto

Doutor G: Cara Anónima, vou, com um auxílio de um fluxograma, explicar-te como se tivesses cinco anos e andasses numa turma de ensino especial:

Bom dia, Doutor G. namorei 3 anos com um rapaz mas ele decidiu acabar comigo e partir-me o coração. Estivemos 6 meses separados mas, passado esse tempo, ele lá decidiu que, afinal, ainda gostava de mim e que queria voltar. Eu tive algumas dúvidas mas lá me apercebi que também ainda gostava dele e voltámos. Já estamos juntos há mais de um mês e eu voltei a gostar dele como gostava antes. Problema: nunca mais tive o desejo sexual que tinha por ele antes. Por favor, com a sua sabedoria e mestria, explique-me porque é que isto acontece. 
JJ, 23, Lisboa

Doutor G: Cara JJ, posso estar equivocado, mas parece-me que é porque no fundo sabes que ele acabou o namoro contigo para andar a comer outra(s). Isso talvez te esteja a fazer confusão, principalmente porque deve ter sido o teu primeiro e único namorado "a sério". No entanto, só há duas razões para um homem voltar para uma ex-namorada passados 6 meses: gosta mesmo dela e está arrependido; ou está a atravessar um período de seca de patareca. Não confundir com período de patareca seca que isso é outra coisa, mas também pode ser esse o caso. Assumindo que é a primeira, só porque estou bem disposto, acho que o teu coração ainda está dorido o que faz com que, inconscientemente, não queiras ficar com outras partes assadas e doridas. Vai ser ser preciso tempo e ele mostrar-te que é de ti que gosta realmente. Tens de o fazer esforçar-se, no entanto, se o aceitaste de volta, tens de também fazer um esforço para que a coisa resulte e não martirizá-lo já que, até ver, foi honesto contigo. Sugiro o seguinte jogo de massagens eróticas (à venda neste link), para casais, para apimentar a relação e ajudar a acender a chama que outrora brotava por vossas zonas genitais. Sou um poeta.


Obrigado a todos os que seguem o Doutor G e aproveito para dizer que o podem ver ao vivo e até participar numa consulta em palco nas próximas datas do meu espectáculo: Guimarães (17 Novembro), Faro (23 Novembro), Funchal (25 Novembro) e Portalegre (16 Dezembro). Coimbra já esgotou e Braga faltam vinte bilhetes. Obrigado e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam amor à bruta, porque de guerras o mundo já está cheio.

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12 de novembro de 2017

Panteão Nacional: casamentos e baptizados



Parece que houve um jantar da Web Summit no Panteão Nacional. Como sempre, as redes sociais incendiaram-se devido ao seu inato problema de rastilho curto. As pessoas ficaram indignadas por acharem que, mais uma vez, Portugal estava a oferecer o nalguedo aos estrangeiros ricos, deixando-os jantar num local "sagrado" onde tal coisa seria impensável, até então. Como o que importa é ser o primeiro a mandar um bitaite, fizeram-no antes de saberem que, afinal, é relativamente frequente jantares naquele local, organizados por empresas ou por outras entidades. Como as redes sociais têm o braço muito rígido, obviamente que não o deram a torcer e ainda se revoltaram mais. Qual a razão invocada? É ofensivo devido às personalidades sepultadas. Os mortos não ficam ofendidos nem indignados com picuinhices, mas já os vivos, esses são uns coninhas.

Portanto, um monumento construído com o dinheiro saqueado a outros países durante os Descobrimentos, edificado com mão-de-obra escrava, para adorar - em tom de ostentação - um ser imaginário que instigou cruzadas sanguinárias, tudo bem, mas jantar lá dentro é que ofende a pequenada. Palermice. Por mim, façam jantares e eventos onde quiserem, desde que não incomodem os vizinhos nem partam nada e, no fim, deixem aquilo como estava inicialmente. É só essa a minha regra. De resto, façam uma lap dance no túmulo do Eusébio que garanto-vos que ele não levaria a mal. Recitem Ana Malhoa no cenotáfio do Camões que ele é gajo para gostar. Falta de respeito para com os mortos? Não os ouvi a queixar, mas posso ir buscar um tabuleiro ouija e depois já vos confirmo. Família dos mortos? Tens um familiar no Panteão Nacional e nem tiveste de pagar o funeral como os restantes mortais e vais ser ingrato ao ponto de ficar ofendido por alguém estar a comer asinhas de frango gourmet ao lado do túmulo da tua mãe? Tem juízo, Miguel Sousa Tavares. Vejo aquilo mais como uma homenagem do que como uma ofensa.

Se da minha marquise tiver vista para um cemitério, nunca posso comer uma sandes à janela, é isso? Aos mortos cheira-lhes a presunto e ficam todos irrequietos no caixão?

A maioria das pessoas que reclamaram nem fazem a ideia de quem foi João de Deus - um dos cadáveres inquilinos no Panteão - e isso para mim é que é uma falta de respeito para com o que o morto fez em vida. Sejamos sinceros: quem ficou ofendido foram os mesmos que passaram a semana toda a dizer mal do Web Summit sem nunca lá ter ido ou saber bem o que é. É uma feira meio parola e exagerada? Claro que sim, mas a maioria das pessoas não faz ideia da enorme importância que pode ter para o país a médio e longo prazo. É um aglomerado de nerds que em 90% dos casos têm uma startup de merda ou uma app que não serve para nada fundada com o dinheiro dos pais? Sim, mas não saber ver que Portugal ser a capital do maior evento de inovação da Europa é um enorme feito, é só parvo. Estamos todos fartos de turistas, bem sei, mas quando não os tínhamos dizíamos que Portugal deveria apostar mais nele. Enfim... pessoas.

Queremos ficar indignados por estarmos a tornar monumentos em espaços de festa para gente rica? Isso é outra coisa e até posso concordar, em parte. Seria chato ir visitar a Torre de Belém e estar fechada para uma festa privada da Cristina Ferreira ou para um workshop de coaching. Agora, trazer o argumento da ofensa à honra dos mortos é só parvo. Os mortos não têm honra. Só têm nada. Deixem-nos em paz. Percebo que seja de mau tom jantar ao pé dos corpos da Amália e do Eusébio e nem um copo de vinho lhes oferecer, mas é a vida, ou a morte, neste caso.

Já que as Igrejas não pagam imposto, que rentabilizem o espaço para não termos de ser nós a pagar as obras. Se fizessem um arraial pimba no cemitério onde estão enterrados os meus avós eu ficava ofendido? Nem por isso e talvez fosse a única forma de me levarem a um cemitério. Era ter lá boas festas e ter boa pontuação no Zomato. Sou um gajo que não lida bem com a morte e que nunca vai a funerais. Prefiro celebrar a vida. Sempre achei os cemitérios meio chochos e um pouco de animação só iria fazer-nos lidar melhor com certeza da morte. Quero, por fim, deixar registado que quando morrer podem jantar à vontade na minha campa e que instalarei uma máquina de tirar imperiais na minha lápide e que o meu epitáfio será «Sirvam-se e deixem de ser coninhas que a vida é só isto».


PS1: Esta semana vou atuar em Guimarães, dia 17, às 22h. Podem comprar os bilhetes neste link, na FNAC ou no local. Apareçam e partilhem com os vossos amigos, se fazem o favor. Obrigado.

PS2: Para a semana estarei em Faro, dia 23 (bilhetes neste link), e no Funchal, dia 25 (bilhetes neste link).
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