Se calhar já foi tudo dito sobre este assunto e eu já chego
tarde à festa, mas apeteceu-me de qualquer forma opinar sobre a nossa polémica
das redes sociais que envolve o José Cid e os Transmontanos.
O Facebook está sempre
inflamado com alguma coisa, numa espécie de doença venérea crónica, ou como o
interior das coxas de um obeso no Verão.
Nem com like na página do Halibut e do
Bepanthen o nosso feed deixa de estar com uma inflamação diária. Para os menos atentos, mas talvez mais felizes, uma entrevista de um programa do Canal Q feita há
6 anos ficou viral onde José Cid apelidou os transmontanos, e passo a citar, de: «pessoas medonhas, feias, desdentadas», entre outros mimos. E
pronto, instalou-se o caos! Pessoas ofendidas, pessoas revoltadas, e pessoas, que muito possivelmente em Janeiro de 2015 tiveram uma fotografia de Je Suis Charlie
no perfil do Facebook, a ameaçar o nosso Tony Ramos de pancada e falecimento à base da mesma.
As pessoas têm direito a ficar ofendidas e a ofender de
volta. Há vários insultos que podem ser utilizados neste caso e deixo algumas
sugestões que podem utilizar sem pagar direitos de autor:
- José Cid, tu chamares feio a alguém é o mesmo que uma prostituta dizer que o Tinder é para badalhocas!
- José Cid, vês mal de um olho, mas a julgar pelas tuas músicas não ouves bem de nenhum dos ouvidos!
- José Cid, esse capachinho parece um esquilo nascido em maior consanguinidade do que a minha família aqui de Trás-os-Montes!
- José Cid, o macaco da tua música é da tua família? A depilação já chegou a Trás-os-Montes há uns anos!
E tanto alarido porquê? Bem sei que as pessoas na Internet
reagem a quente, neste caso a requentado seis anos depois, mas imaginem que um gajo feio, zarolho, de
capachinho e que se veste como uma camionista lésbica dos anos 90 vos
abordava na rua e vos chamava feios e medonhos. Ficavam ofendidos ou riam-se
com a ironia da situação? O José Cid já veio pedir desculpa, mas esqueceu-se que o perdão é divino e não transmontano.
Como havia raiva que chegasse para dois foram, depois, ameaçar o Nuno Markl por se ter rido das
declarações pategas do José Cid. Não foram expressar a sua indignação, foram
ameaçar de porrada e de morte. Esta gente come fezes da sanita com ao auxílio
de conchas da sopa? Quem é que ameaça um humorista por se ter rido, ou sorrido,
das patetices que um marreta diz? O Markl veio pedir desculpa por ter mostrado os
dentes, justificando que isso não significava que concordava com as declarações
patetas do Cid. Agora, muita gente está a cair-lhe em cima por ter pedido
desculpas dizendo que não o devia ter feito e que isso é dar a vitória aos justiceiros do teclado. Por isso, acho que ele devia pedir desculpas
por ter pedido desculpas, só para fechar o círculo, ou o continuar a alimentar
de forma viciosa. Por um lado, acho que as desculpas devem ser utilizadas não para conter
fúrias ou apaziguar gente ofendidinha, mas sim quando se acha que se tem culpa
de algo. O Markl sabe que não teve culpa de nada. É humorista e estava ali nessa condição, se fosse um pivot de
informação, talvez ficasse mal soltar um sorriso perante tais afirmações, agora
assim? Pedir desculpa para quê? Mas bom, isto sou eu a falar que não sou uma
celebridade sujeita a estas pressões e percebo o porquê das desculpas dele.
Já todos pedimos desculpa às nossas namoradas só para as calar e não termos de dormir no sofá, mesmo achando que tínhamos razão.
Ainda tenho esperança de que o Markl faça outro post a dizer «Peço desculpa mais uma vez a todos os que ficaram ofendidos e me vieram insultar e ameaçar! Peço imensa desculpa por não vos ter mandado a todos para o caralho. Falha minha.», mas esse
estilo não é o dele e, provavelmente, ainda bem.
As redes sociais são os novos tribunais da inquisição onde
todos são juízes de bancada. Faz parte, todos os energúmenos que viviam
sozinhos porque ninguém os aturava passaram a ter uma voz activa, mas só a usam
para as coisas fúteis. Para tal, proponho uma espécie de acordo ortográfico
para que os botões e as acções do Facebook reflictam a sua principal função que é julgar e ser julgado:
Não estou contra quem se indignou porque acho que as
declarações do José Cid foram palermas e descabidas. É óbvio que em
Trás-os-Montes há pelo menos dez pessoas que têm os dentes todos e generalizar
como ele fez é parvo. Não era uma piada, era um comentário e uma opinião, ainda assim gostava de saber se entre os ofendidos não estará gente que já se riu com comentários sobre a vesguice do Zé e o seu esquilo morto de estimação a imitar cabelo. Por
isso, os transmontanos e os outros que não se revêem naquela opinião, tal como
eu, têm todo o direito em achar que ele é um palerma. Têm direito em sentir-se
ofendidos, embora ficar ofendido seja sempre uma escolha pessoal, mas partir para a ameaça e perder tempo em manifestações é só de quem tem pouco sexo em casa. Se ele dissesse que todas as pessoas da Buraca são feias e medonhas, eu ria-me, não metia a carapuça, e pensava «Eu não sou, mas ya, anda por aqui cada camafeu...». Resumindo e concluindo, não é Trás-os-Montes que está cheio de pessoas atrasadas, é mesmo Portugal inteiro. Felizmente, não são a maioria, mas basta um gajo bêbedo a gritar à noite na rua para fazer barulho e chatear a maioria que tenta dormir descansada porque tem mais do que fazer no dia seguinte de manhã.
Agora, a única forma dos justiceiros do Facebook acalmarem depressa, seria
descobrirem que o gorila abatido é, afinal, o José Cid todo nu. Aliás, o José
Cid só seria mais odiado se tivesse maltratado um cão bebé, tivesse afirmado
que a culpa de uma mulher ser violada é dela, ou se tivesse revelado spoilers
do Game of Thrones. A última poderia desencadear a terceira guerra mundial!