31 de outubro de 2017

A beleza interior é suficiente? É errado andar com alguém comprometido?



Hoje, terça-feira, estreia o meu espectáculo a solo e mesmo assim há consulta do Doutor G. Já viram gajo que escreve na net mais profissional e dedicado aos seus leitores do que eu? Na verdade, agradeçam à Vibrolandia (onde podem usar o cupão DRG10 para ter 10% de desconto) porque se não fosse o compromisso com o patrocinador, provavelmente, hoje o Doutor G faria gazeta que já estou de fralda borrado para logo à noite. Se me quiserem agradecer a mim também, podem comprar o meu novo livro "Chapadas à Padrasto". Bem, vamos la ao "Doutor G explica como se faz". 


Caro Doctor G, a minha última relação durou 4 anos e terminamos muito mal. Para sarar as feridas, tirando 3 encontros casuais, nos últimos 2 anos não entreguei o meu amor a ninguém. No entanto, há uns meses que ando a falar e a encontrar-me (encontros que incluem apenas belas, interessantes e profundas conversas e muito riso e nada de cambalhotas) com um rapaz de 30 anos. Ele quer mais contacto comigo do que palavreado, mas como é um gentleman e é super respeitador diz que só o fará quando eu tiver esse desejo também. Eu, apesar de lhe gabar as capacidades intelectuais nada me aquece cá dentro. Pois se, intelectualmente é o ex-libris, fisicamente a coisa está fraca, nao me atrai, não tem presença, é pequenino, magrinho. Acho que nem comigo deve poder... Com esta sintonia toda que sinto pelo indivíduo o que eu mais queria neste momento era desejar enrolar-me toda eu com todo ele, à bruta e sem meiguices. Esta relação está destinada ao fracasso? Ou haverá hipótese da fogueira acender? 
Maria, 22, Viseu

Doutor G: Cara Maria, ainda bem que ele só vai fazer mais do que palavreado contigo quando também quiseres, caso contrário era violação. Ora bem, é sempre muito complicado uma relação funcionar quando não há aquela atracção inicial de despir a outra pessoa com o olhar. Ainda por cima, sendo que estás há 2 anos em seca genital, é normal que os teus padrões tenham baixado e o que significa que o rapaz é mesmo muito fraquinho. Por exemplo, passados 6 meses de entrar para informática no IST, até a Odete Santos já me parecia ter um certo sex appeal. A única coisa que pode fazer acender a fogueira é se ele for muito competente na área do funaná pelado. Às vezes há aquelas pessoas que uma pessoa faz sacrifício só por cortesia e porque estamos aborrecidos numa sexta-feira à noite que acabam por se revelar valentes arraiais de esfreganço e que nos faz olhar para elas de outra forma após o coito. É tipo raspadinha, às vezes calha prémio, mas normalmente perde-se dinheiro. Mete-lhe uns suplementos afrodisíacos - ver este link - na bebida a ver se a crista de galo se lhe levanta.


Estimado Dr. G, há cerca de ano e meio conheci uma formosa donzela. Mantivemos o contacto e em pouco tempo passámos dos jogos de sedução à ginástica acrobática dos lençóis, sendo sempre bastante claro PARA AMBOS que ali não havia qualquer tipo de sentimento amoroso. Entretanto, ela e o ex-namorado voltaram e eu afastei-me sem grande celeuma. Acontece que, para meu espanto, ela não quis que eu me afastasse e mantivemos este nosso caso às escondidas do namorado... Sendo certo que eu não me vou magoar porque, reitero, a minha ligação a ela é puramente carnal, serei eu um filho da puta da pior espécie por não sentir qualquer tipo de remorso e não me importar de continuar a rebentar a namorada de um congénere?  
Rodolfo, 24, Gaia

Doutor G: Caro Rodolfo, como um fluxograma vale mais do que mil palavras, deixo-te aqui um que te poderá ajudar a perceber a tua situação:

Caro Dr. G., com 24 anos de existência, ainda não iniciei a arte da luta grego-romana. O meu problema é que sou capaz de ficar a pensar num rapaz meses e meses, sem avançar (uma verdadeira coninhas, bem sei!) com medo da rejeição/ sem saber o que fazer ou dizer. E assim fico, à espera que a outra pessoa "adivinhe" o que eu sinto. Já tive alguns pretendentes, mas se não é aquele que tenho em mente, parece que mais nenhum me desperta interesse. Haverá cura? Receio ter que iniciar a minha jornada num Convento qualquer e mudar para "Freira" no registo da Segurança Social. Doutor... que Convento me aconselha? Vejo-o dia 31, no São Jorge!
Anónima, 24, Lisboa

Doutor G: Cara Anónima, a única cura para quem é coninhas é meia dúzia de chapadas à padrasto a ver se acordam para a vida. A janela de oportunidade (e não só) começa a fechar com a idade e é preciso ir atrás do que se quer. Se gostas de um gajo, diz-lhe ou insinua fortemente que desejas sugar-lhe as miudezas. Ao contrário da comum crença feminina, os homens não sabem ler os pensamentos e são muito burros a interpretar sinais subtis. Precisas de ser frontal, ou lateral, ou por trás, e dizer aos gajos pelos quais nutres sentimentos que gostavas de algo mais. Só assim e sem medo da rejeição deixarás de ser coninhas e evitarás uma vida de espera que o príncipe encantado te beije enquanto dormes - micro violação - ou uma vida de convento, como tão bem prevês. Não faço ideia de qual o melhor convento, mas sei que há uns que têm túneis que ligam a zona das freiras à zona dos padres. Quando digo zonas, estou a referir-me a zonas genitais, mesmo. Dia 31 vou dar uma consulta ao vivo e podes subir a palco e posso tentar fazer de cupido e arranjar-te um rapaz robusto para uma noite de Halloween de partir a abóbora em dois. Já agora, Lisboa, Porto, Aveiro e Coimbra já esgotaram o meu espectáculo, mas ainda há bilhetes para Tomar, Guimarães, Funchal, Braga e Portalegre neste link. Também há para Faro neste link.


Caro Dr. G, após utilização da maravilhosa aplicação "F*ck Marry Kill" - o Tinder à beira desta é para meninos - onde conheci uma pessoa muito interessante, passei a fase das conversas via chat ao fim de umas 3 semanas e avancei para os encontros a sério. Acontece que, numa altura em que o mercado estava bom para procurar casa, ela até foi quem procurou meter conversa mais vezes, algo que vi como incentivo para tentar algo mais sério. Após meia dúzia de encontros, e umas quantas tentativas falhadas de ter um beijo para lá da bochecha, ela ainda argumenta que receia aproximar-se de alguém. O que devo fazer, Dr.?
G, 27, V.N.Gaia

Doutor G: Caro G, obrigado desde já por seres utilizador dessa disruptiva aplicação que é o FMK, que teve dois dedos do Doutor G na sua criação e que, agora, apesar de já não trabalhar lá, ainda vai mandar bitaites em reuniões. Ora bem, meia dúzia de encontros já existe obrigatoriedade contratual de pelo menos um beijo com língua. Por isso, temos várias hipóteses:

  1. Ela só gosta de provocar e da atenção que lhe dás e nunca terá qualquer intenção de avançar para algo mais;
  2. Ela tem namorado e/ou outro gajo que prefere a quem anda a fazer a ronda;
  3. Ela está magoada por uma última relação e precisa de tempo para voltar a confiar num espécime com pila.
  4. Está a pensar ir para freira como a Anónima lá de cima.
Se gostas mesmo dela, pensa que pode ser a hipótese 3 e tem paciência. Se à décima vez que tentares um beijo ela voltar a recusar, saca disto do bolso e mama da boca do plástico. Podes comprar neste link.
Caro Dr. G, vivo com o meu namorado há 3 anos e temos um relacionamento feliz (ou assim pensava eu). Recentemente mudámos de cidade devido ao trabalho dele e não conhecíamos ninguém até que um colega de trabalho do meu namorado começou a convidar-nos para jantar e beber café em casal, com a sua esposa. São mais velhos que nós, estão perto dos 40 anos e sempre foram simpáticos. Qual não foi o meu espanto quando há duas semanas, após um café, nos convidaram para um swing! Tentei disfarçar a minha cara de choque e recusei educadamente mas o meu namorado mostrou-se muito receptivo ao convite. Convém dizer que o casal é mais velho que nós, a mulher dele não deve nada à beleza e tem bastante excesso de peso e o meu namorado mal dá conta de mim na maioria das vezes! Quando falei disto com o meu namorado, ele respondeu que seria uma experiência para apimentar a relação e que não era nada de mais. Ora para apimentar uma relação estaria à espera de um menage à trois com uma moça gira e não isto!!! 
Anónima, 29, Aveiro

Doutor G: Cara Anónima, as dúvidas de swing começam a ser recorrentes aqui no consultório. Sinais do tempo em que as pessoas se fartam rapidamente e querem uma oferta maior de pilas e pipis. Vou tentar responder em forma de fluxograma:

Caro Doutor G, conheço um rapaz já há três anos e ultimamente tornámo-nos grandes amigos, ele passa a vida lá em casa, quando vamos sair muitas vezes dorme lá porque a casa dele é longe, etc. As coisas com a namorada de longa duração andavam mal, e no dia em que acabou com a namorada comemo-nos. No entanto, voltaram uns dias depois. Mas apesar de ele namorar, ainda damos assim umas trinquitas. Mas agora eu estou confusa, não sei se ele sente algo mais do que amizade por mim, ou só me papa porque sou toda boazona e ele anda com falta. Além disso toda a gente acha que temos grande química, e eu começo a ter sentimentos por ele. Eu por um lado quero continuar, mas não me sinto bem a fazê-lo porque ele é comprometido, e se no futuro tivesse uma relação com ele, sentiria-me insegura a confiar nele porque ele já traiu... Doutor G, diga-me lá honestamente o que devo fazer?
Anónima, 19, Algarve

Doutor G: Cara Anónima, vamos por pontos:

  • Ele não tinha acabado com a namorada quando se comeram. Ele andava a dizer-te que as coisas andavam mal para te atiçar o pipi e disse que acabou a ver no que dava e para tu te sentires à vontade para o confortares caindo de boca no colo dele. É fácil de perceber isso por terem voltado logo a seguir e porque essa cantiga é mais usada pelos homens do que a pílula do dia seguinte pelos concorrentes de reality shows.
  • À partida, não deve sentir nada por ti, caso contrário não tinha voltado para a namorada e ficava com a boazona.
  • Não vais ter nenhum relacionamento com ele no futuro, só se a namorada dele o deixar e ele for ter contigo porque não tem mais ninguém.
  • O que deves fazer? É como quiseres, se te apraz o sexo pelo sexo, aproveita, caso contrário, se estiveres a começar a gostar dele e na esperança que ele um dia seja só teu, aconselho-te a saltares mais fora do que os tomates do meu avô saltam com boxers largos.

Obrigado a todos e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam amor à bruta porque de guerras o mundo já está cheio.

Ler mais...

25 de outubro de 2017

Juízes Machistas, Bares de Strip e selo na cueca



No episódio desta semana do podcast Sem Barbas Na Língua, falamos sobre o caso dos juízes machistas, bares de strip, homens que não sabem limpar o rabo, taxistas apressados e muito mais. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



Podem ouvir e subscrever o podcast nas seguintes plataformas:
Deixem sugestões e perguntas em sembarbasnalingua@gmail.com.

PS: Bilhetes para o meu espectáculo à venda neste link e para Faro é neste link.
Ler mais...

24 de outubro de 2017

Como esquecer um amor passado



Não se enganem pelo título a pensar que esta consulta será lamechas e sem a habitual javardeira com classe! Começo por agradecer à Vibrolandia por patrocinar o Doutor G e vos dar miminhos a vocês também, já que usando o cupão "DRG10" têm direito a 10% de desconto em qualquer artigo para apimentar a safadeza no leito. Bem, vamos lá começar que estas dúvidas não se vão responder sozinhas.


Á dois dias atrás o meu tio conseguiu convencer-me  a comparar tamanhos... Ele procedeu então a dobrar o seu pénis, chegando até parte mais á retaguarda do seu bolso testicular, e eu competitivo como sou, dobrei o meu pénis flácido de 15 centímetros em direção ao meu anús conseguindo alcançar uma cópula de 4,3 centímetros com a minha saida excretora. Com tanta agitação e êxtase, a vibração provocada pelos meus saltos, originou uma eração de proporções inamagináveis... Fiquei preso numa mistura de sensações de dor e prazer. Isto faz de mim uma pessoa com muito amor proprio ou homosexual?
Gervásio, 23, Albufeira 

Doutor G: Caro Gervásio, devo dizer que apanhei gonorreia nos olhos depois de ler uma dúvida com tantos erros ortográficos. Peço desculpa se estou a discriminar e se não tiveste acesso básico à educação, mas a vida é assim mesmo, cheia de injustiças. Parece-me uma dúvida inventada só para teres protagonismo aqui neste consultório sério até porque ninguém de 23 anos se chama Gervásio a não ser que tenha pais negligentes - o que explicaria o homicídio ortográfico - mas, de qualquer forma, como já vi de tudo neste consultório, vou responder como se fosse real:
  1. Esse teu tio Alfredo - vou assumir que é este o nome dele - devia estar sempre a insistir com os teus pais para ser ele a mudar-te a fralda quando eras pequeno, certo? Pois... normalmente é quanto mais "prima" e não quanto mais "sobrinho", mas vocês já são maiores por isso lá sabem como querem passar as consoadas de natalícias e que tipo de tronco de Natal querem comer e que tipo de madeiro à arder querem ver;
  2. Como é que inseriste o teu pénis flácido no ânus? Deves ter o esfíncter mais lasso do que os elásticos daquelas boxers com dez anos que vamos guardando só para usar como pijama no Verão. Isso ou tens um pénis esparguete do calibre de um tubo de colonoscopia que se mete por qualquer buraco facilmente.
  3. Até ver, se a única pila que gostas de ter no rabo for a tua, parece-me apenas um caso de amor próprio. É a tal máxima que se os homens fossem como os cães e conseguissem lamber a própria sacola dos girinos, todos o experimentavam. Essa tua habilidade pode dar jeito quando estiveres obstipado dos intestinos.
Não tenho mais a dizer. Para a próxima usem uma régua, mas aviso já que depois dos vinte anos isso já não cresce. Se queres sentir coisas no rabo, compra antes um anal plug com swarovski que ao menos não corres o risco de partir o trombinhas.


Caro Dr.G, tenho 19 anos, e estou numa relação à cerca de 1 ano com um rapaz de 24 anos e praticamente já vivemos juntos. Digamos então que o meu namorado adora ter relações sexuais, algo que nunca lhe neguei, e já à alguns meses que ele me falava em visitarmos um clube de swing algo que nunca me mostrei muito recetiva. Certo dia acabei por lhe dizer para se ir arranjar que iriamos sair, levei-o a um clube de swing para ver o ambiente, fomos abordados por vários homens interessados, mas não fizemos nada pois eu estava bastante envergonhada. Acabámos por voltar, ao que sem eu me aperceber acabei por dar permissão a um rapaz para se juntar a mim, entretanto tentei ''fugir'' para outro local, e ele pensou que era para vir e veio atrás de mim e do meu namorado (para a sauna), começou a tocar-me e eu tal modo que estava chocada nem tive reação, resumindo, acabámos num quarto os 3. Conversámos durante uns 15min para ver se eu me colocava mais à vontade, e ainda rolou ali durante um tempo, eu acabei por dizer que não me sentia bem e que queria parar. Resumindo, após tudo isto, fiquei com curiosidade de experimentar com uma mulher, porém penso que o meu namorado não está muito recetivo, será por medo de eu querer desistir a meio, ou será que não gostou da experiência? 
Alexandra, 19, Viseu

Doutor G: Cara Alexandra, que grande salganhada que para aí vai! Não querias, depois já queres, depois fugiste, mas deixaste-te tocar, depois acabaram no quarto, depois não querias, depois afinal já queres, mas com uma mulher. Deves pensar que swing é como ir à Zara em que experimentas a roupa toda, deixas tudo desarrumado para os empregados e no fim nem compras nada. Ora bem, se o teu namorado não quer juntar outra mulher ao barulho, mas ver-te a ser alambazada por outro homem é na boa, é porque tem o fetiche de ser corno manso, em termos técnicos: cuckold. O facto de não estar receptivo a fazer com outra mulher é ainda mais estranho, já que essa é a principal fantasia de 99,9% dos homens heterossexuais. Pode achar que não tem andamento para as duas. Talvez nem tenha para uma o que explicaria o facto de querer o auxílio de outro gajo para te dar assistência. No meio disto tudo, só me resta dizer-te para fazeres apenas o que te fizer sentir confortável. Se estiveres com dúvidas, diz que não e se não pararem morde-lhes a ponta da gaita e chama a polícia. Não ao mesmo tempo, porque não se fala de boca cheia.


Caro Dr.G, tenho um amigo que foi pai à um ano, e como tal eu e os meus amigos fomos convidados para o baptizado do fedelho. Esta ocasião festiva durou 4 dias muito intensos com álcool. Este baptizado serviu para aproximar me de uma rapariga e acabamos por nos envolver um mês depois. Combinamos que ia ser sexo nada mais mas eu comecei a ganhar sentimentos por ela e não foi reciproco. Continuei a vê-la visto que temos o mesmo grupo de amigos mas apesar de ainda gostar dela apetece me fazer a luta greco-romana com a amiga dela. O que devo fazer Dr. G? Nesse baptizado também houve outra vitima , um dos meus amigos apaixonou se mas nunca teve sucesso. Como que ele deve agir para conquista-la?  
Verdocas, 30, Porto

Doutor G: Caro Verdocas, isto parece uma dúvida de alguém com 16 anos. Trinta? Triiiiiinta, caralho? E ainda com inseguranças destas? Não há duvidas que o mundo mudou - e ainda bem - e que agora também temos homens que se apaixonam quando a parceira apenas queria sexo. Queres fazer sexo com a amiga? Mas ela quer fazer contigo? Primeiro há que averiguar essa situação porque mais vale um par na mão, do que dois no soutien, já diziam as Mamonas Assassinas. Mandam as regras da etiqueta que não se faça sexo com duas pessoas do mesmo grupo de amigos sem o consentimento de toda a gente. Deixo um fluxograma para ajudar:
Em relação ao teu amigo, o que ele deve fazer para a conquistar é o seguinte: deixar de ser parvo que ninguém com mais de 25 anos se apaixona em dois dias, ainda por cima bêbedo. Ele que a convide para sair e que seja ele mesmo, ou seja outra pessoa no caso de ser um palerma.


Caro Dr. G, depois de dois namoros falhados na adolescência, não estando pronta para me relacionar com alguém fui ficando sozinha para curar as minhas feridas, mas já se passaram alguns anos, sem funana pelado, sem encontros, sem nada de nada e já estou prontíssima para encontrar alguém para passar o resto dos meus dias, ou só me divertir. No entanto durante este tempo penso que desenvolvi uma espécie de patologia: apaixono-me sempre pelos meus amigos. Depois de andar meses a babar pelo meu melhor amigo, cheia de falsas esperanças, finalmente percebi que aquilo não ia dar a lado nenhum. E entretanto conheci um rapaz. A coisa até estava a ficar interessante, super querido quando estávamos juntos, sempre a falar por mensagens, etc, até que ele veio “desabafar” sobre raparigas. Porquê que os homens me assumem logo como um dos “bro”? 
Anónima, 25, Lisboa

Doutor G: Cara Anónima, és uma espécie de mito urbano vivo: mulher que fica na friendzone. É um avistamento mais raro do que o do Bigfoot focado e devias doar o teu corpo à ciência para ser estudado e se entender as causas dessa patologia que leva os homens a olharem para uma mulher de forma assexuada. Há mulheres que se queixam que os homens apenas as vêem como um bocado de carne e depois há outras, como tu, que queriam que eles olhassem para ti como um recém vegan à força, só para impressionar alguém, olha para uma maminha com alho. Há várias teorias que acabei de inventar neste momento:
  • És feia, mas mesmo muito feia.
  • Tens uma personalidade que te faz desde sempre interagir mais com rapazes e ter mais amigos homens, entrando nas conversas e sabendo os podres todos deles, o que os leva a olhar para ti apenas como uma irmã.
  • És demasiado gira e tens pouca iniciativa e deixas passar demasiado tempo até mostrares o teu interesse e os teus amigos acham todos que és demasiada areia para a camioneta deles e contentam-se em ser amigos monocromáticos.
  • Comes de boca aberta.
Como estás fora do "game" há muito tempo e já penduraste as bolas há mais tempo do que a filha do Nené, é normal que as tuas competências de flirt estejam mais enferrujadas do que as panelas anti-oxidantes da Filipa Vacondeus. Em relação a esse último gajo, ele desabafar contigo sobre raparigas não quer dizer que não esteja interessado em ti, é até uma técnica bem antiga de sedução só para ver se tu tens ciúmes. Convida-o para jantar em tua casa e quando ele chegar e vir que só há uma cadeira à mesa e te perguntar «Onde é que vou buscar outra cadeira?» tu respondes «Não é preciso, usa essa que eu sento-me na tua cara.». Isso ou convida-lo para o meu espectáculo cujos bilhetes estão à venda neste link (e neste link para quem quiser ver em Faro), mas Lisboa, Porto, Aveiro e Coimbra já esgotou.


Caro Doutor G, gostava de uma rapariga, ela até parecia gostar de mim, mas há coisa de um mês atrás, ela foi um bocado cabra para mim, sabendo que eu gostava dela, acabando o pouco que havia entre nós. No entanto ainda não a esqueci completamente, como se nota. O que fazer para passar à frente com maior facilidade? Tenho falado com outra rapariga que parece gostar de mim, e a semana passada convidei-a a sair, mas quando chegou ao dia D, ela não disse nada nem respondeu à minha mensagem. Mas agora já fala normalmente comigo, e pediu desculpa por não me "ter deixado pendurado". O que raio se deve passar ali?  
Hugo, 21, Coimbra

Doutor G: Caro Hugo, a melhor forma de esquecer alguém é arranjando outra pessoa. Uma espécie de limpa palato que servem nos casamentos para tirar o sabor do bacalhau com broa enquanto não chegam os medalhões de vitela. No entanto, parece-me que a tua queca de ressalto não vai funcionar com essa segunda rapariga. O que se passa é muito simples: ela gosta da atenção que lhe dás, mas não está interessada em ti. Provavelmente, anda a rondar outro gajo que lhe interessa mais e o que tens de fazer é nunca mais a convidar para nada. Se ela te convidar, recusa pelo menos duas vezes. Uma coisa é não estar interessada, outra é ser mal educada. Se conseguires ir para a cama com ela, vinga-te e faz por aleijar um bocadinho.


Olá Doutor G, fui para a cama com um gajo que conheci na viagem de finalistas. Apaixonei-me ou então não (das duas três). Houve tentativas de repetição do acto mas ora eu dizia que não ora ele dizia que não e eis que, comecei a falar com um amigo dele, mal eu sabia que para além de amigo era também a criatura que dividia casa com ele (e mais para a frente passou a dividir outras coisas). A coisa foi correndo bem com o amigo... Eu, não satisfeita contei-lhe tudo e numa primeira fase ainda mantemos a amizade, no entanto pouco tempo depois chateou-se a séria, disse-me que lhe faltei ao respeito por me ter envolvido com o amigo e que perdeu o tesão por mim e bloqueou-me em todas as formas de contacto que o Dr possa imaginar. Gostaria de saber a sua opinião em relação a este caso sem paninhos quentes, eu aguento!  
P, 19, Lisboa

Doutor G: Cara P, devo dizer que não percebi uma coisa: quem se chateou foi o primeiro ou o segundo gajo? Se foi o segundo, não tem nada a ver com isso porque foi antes de andares com ele. Se foi com o primeiro, ele tem toda a razão. Mais uma vez, há uma espécie de etiqueta que diz que quando se é cliente habitual de um café, não se deve ir ao café do lado. Fica mal. Não tens nenhum compromisso com o Avenida, mas vais lá várias vezes e tratam-te bem, e ir ao Central que fica ao lado vai criar desconforto. Até porque és mulher e a sociedade ainda vos trata de forma diferente: um gajo varre as gajas todas de uma residência de estudantes e é um garanhão; uma gaja pesca duas minhocas por arrasto na mesma freguesia e é uma rameira. Isto acontece porque os homens são inseguros e sendo colegas de quarto já devem ter visto os pénis um do outro e aposto contigo que o que ficou chateado é o que tem o trombinhas mais pequeno. Não te preocupes com isso e encara isto como um jogo de monopólio. Essa casa já varreste tudo, agora a ver se ficas com o quarteirão todo e fazes um hotel. Depois, já que ficas com fama de puta, toma-lhe o proveito e passa na casa de partida a recolher os teus vinte paus. Sim, usei "paus" e não foi por acaso.


Obrigado, mais uma vez, à Vibrolandia por depois de centenas de dúvidas respondidas de borla, dar agora algum a ganhar ao Doutor G. Não se esqueçam que têm o cupão "DRG10" que vos dá 10% de desconto. Obrigado a todos e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam amor à bruta, porque de guerras o mundo já está cheio.

Ler mais...

23 de outubro de 2017

Mulher adúltera merece porrada, segundo um juiz



Um juiz do Tribunal da Relação do Porto desculpou violência doméstica invocando que o adultério da mulher era uma forte atenuante e que o marido agiu por estar deprimido e com a honra denegrida. Podemos ver aqui parte do documento que depois vamos analisar em detalhe.


1. Não é. É um dói-dói no ego, mas depois passa. Normalmente, o parceiro traído também tem culpa no cartório até porque numa relação perfeita ninguém trai e para haver uma relação perfeita têm de ser dois a tentar. E, segundo as estatísticas, é provável que o homem também já a tivesse traído alguma vez. 

2. Facto; e que boas sociedades que são, embora muitas delas estejam a ficar desvirtuadas. Na Arábia Saudita, por exemplo, agora as mulheres até já podem conduzir. Parece que lhes estão a dar as ferramentas todas para serem adúlteras. Ninguém vai ter com o amante de autocarro, como toda a gente sabe. Por esta ordem de ideias, a mulher ter um orgasmo também é um atentado ao pudor, já que existem sociedades em que a mutilação genital feminina e prática comum.

3. Bem sei que Deus é o chefe de todos os julgadores, mas um juiz citar a Bíblia faz tanto sentido como um engenheiro civil citar "Os três porquinhos". Na Bíblia, também podemos ler que Jesus transformou água em vinho algo que me parece que este juiz gosta bastante ao pequeno-almoço. Na Bíblia, também podemos ler que não se deve cobiçar o escravo do vizinho, numa bonita lição de moral que nos diz que nos devemos contentar com o que temos. Se o escravo do vizinho é mais robusto, temos é de alimentar melhor o nosso e não invejar o outro. Um juiz invocar a Bíblia num estado laico faz tanto sentido como um médico que abusa das pacientes em coma invocar a "Branca de Neve" e a "Bela Adormecida" como desculpa.

4. O saudosismo deste juiz relativamente aos tempos em que ainda cagávamos todos em penicos. 1886 foi, sem dúvida, o melhor ano! Podia matar-se as gajas badalhocas à vontade; podia espancar-se pretos com uma marreta; podia mandar-se gays para a fogueira. Bons tempos, sim senhor. Cheira-me que este juiz devia ter ido para taxista. 

5. Claramente, este juiz já levou com um par de cornos no passado e está a descarregar toda a sua honra ferida nesta senhora. Primeiro, não são só as mulheres desonestas que traem, até porque quase toda a gente trai. Faz parte, somos animais e há quem num momento de fraqueza ceda ao quentinho que sente nas virilhas. Verdade que a sociedade condena mais o adultério feminino do que masculino: um homem varre uma residência de estudantes e é um garanhão; uma mulher pesca por arrasto duas minhocas na mesma freguesia e é uma puta. No entanto, pensava que os juízes não se deixavam levar pelo que a sociedade pensa, mas pelo que a lei diz e, que eu saiba, na lei somos todos iguais e ambos os adultérios são igualmente graves ou não são graves de todo e fazem parte da vida. Alguém vigie a mulher deste juiz porque me parece que ele está a levar problemas pessoais para o trabalho e a dar um sinal à mulher de que, não tarda, dar-lhe-á com o martelo na nuca. Imagino a mulher deste juiz a ler o acórdão e a pensar «Ai se ele descobre que ando a dançar o funaná no colo do Wilson vou apanhar no focinho!».

6. Não foi. Até porque o homem agrediu a mulher com uma moca com pregos! Se tens uma moca com pregos és um tipo especial de pessoa e não acredito que tenha sido com a depressão de ter sido traído que decidiu inscrever-se num workshop de trabalhos manuais e, enquanto os outros fizeram cinzeiros e pratos de cerâmica, fez uma moca com pregos. Vou agora fazer de advogado do diabo e dizer que é um facto que ele ter sido traído é uma atenuante. Nunca é desculpa, mas é atenuante. É mais compreensível que um homem bata numa mulher porque ela o trai do que por ter deixado cozer a gema do ovo estrelado. Ambos os casos são gravíssimos, atenção, e nenhum deles justifica a violência, mas é uma atenuante embora não suficiente para ilibar ou reduzir pena. No entanto, podemos concordar que bater numa mulher porque o Benfica perdeu é pior do que por ter chegado a casa e a ver na cama com o Zé da mercearia que lhe vende os chouriços. Ambas graves, mas uma mais "compreensível" - à falta de melhor palavra - do que outra.

7. Ora bem, tudo isto faz com que o agressor tenha um bocadinho menos de culpa, diz o juiz. A senhora foi agredida pelo marido e sequestrada pelo amante, por isso ela é que é culpada do mau gosto que tem para homens. Óbvio. É assim tão errado dizer que a mulher que apanhou no toutiço tem um bocadinho de culpa? Só um bocadinho? Não estou a dizer que mereceu e que o homem merece qualquer tipo de perdão, mas será que ela não tem um bocadinho de culpa? Hum? Um bocadinho, só? Já a todos os homens apeteceu dar uma chapada à padrasto na namorada ou mulher quando elas ficam de trombas e dizem «Não se passa nada...». Claro que já! Não o fazemos porque somos pessoas civilizadas, mas que já nos apeteceu várias vezes, lá isso já. Tal como elas a nós quando deixamos o tampo da sanita levantado. Faz parte de um casal haver momentos de tensão em que o amor, a educação e o respeito seguram as palavras e os actos, mas há uns que não conseguem e, seja porque razão for, não devem ser perdoados.

Eu posso dizer isto tudo porque sou um palerma que escreve na Internet, mas um juiz não pode nem deve nunca passar a culpa para uma vítima de agressão, numa situação destas. Ao fazê-lo, está legitimar todos os anormais que decidam bater nas namoradas ou mulheres porque viram uma troca de mensagens com um colega de trabalho, entre outras coisas, já que para muitos homens inseguros qualquer desculpa é boa para se sentirem mais machos. A meu ver, este juiz, com estas declarações, está a dar uma atenuante caso a mulher e vítima em questão decida atropelá-lo na rua. Teria desculpa? Não, mas era uma atenuante e, na minha opinião, só merecia uma reprimenda simbólica porque o senhor doutor juiz mereceu um bocadinho.


PS: Mulheres adúlteras são bem vindas ao meu espectáculo cujos bilhetes estão à venda neste link. Lisboa, Porto, Coimbra e Aveiro já esgotaram. Há uma data nova em Faro e os bilhetes vendem-se neste link e nos locais habituais.
Ler mais...

18 de outubro de 2017

Fogos, assédio e touradas - Com "A Pipoca Mais Doce"



No episódio desta semana do podcast Sem Barbas Na Língua, temos como convidada Ana Garcia Martins, autora do blogue "A Pipoca Mais Doce". Falamos sobre os incêndios que assolam Portugal, sobre assédio sexual, touradas, grupos de Whatsapp e muito mais. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



Podem ouvir e subscrever o podcast nas seguintes plataformas:
Deixem sugestões e perguntas em sembarbasnalingua@gmail.com. Obrigado a todos e à Ana, aka Pipoca, por ter participado neste podcast javardo com classe.


PS: Bilhetes para o meu espectáculo à venda neste link.
Ler mais...

17 de outubro de 2017

Quando é que é aceitável trair o/a parceiro/a?



É dia de mais uma consulta "Doutor G explica como se faz". 


Olá Doutor G, tenho um amigo da faculdade que nos damos bem desde o início, há cerca de ano e meio numa das nossas muitas saídas em grupo fomos para uma discoteca e lá se sucedeu e nos comemos (isto tudo sem existir karaté alentejano). Entretanto ele arranjou namorada e estávamos ambos perfeitamente bem com essa situação, até que fomos de fim de semana com amigos voltou a acontecer (novamente embriagados). Na semana a seguir ele mandou me varias mensagens a dizer que queria estar comigo e eu disse-lhe que não, e ele até acabou com a namorada por gostar de mim. A terceira vez é que foi pior, estávamos ambos sóbrios e fui ter a casa dele para irmos a um jantar com amigos, quando me deparo no quarto dele e voltou a acontecer (isto tudo sem samba pelado). Agora vim a saber que ele voltou para a ex e não consigo perceber se tudo o que nos tivemos é só desejo carnal ou se cometi um erro em não ter aproveitado a janela, é que tenho a certeza que não gosto dele mas volta sempre a acontecer.    
RG, 22, Aveiro

Doutor G: Cara RG, no meio disto tudo o que me faz mais confusão é que alaparam escalopes três vezes e pilinha no pipi que é bom, nada. Dizes estar com dúvidas se é só desejo carnal quando dizes que tens a certeza que não gostas dele? Nesse caso, claramente é apenas desejo carnal ou não tens qualquer tipo de critério e fazes pesca da minhoca por arrasto. Ora bem, é provável que o rapaz não tenha acabado com namorada: no máximo deu um tempo que era para ver se te comia. Como não deu, voltou para a namorada. Fácil. É a cantiga do bandido com a qual todos os homens dão uma de Tony e plagiam. De qualquer forma, é como a história do capuchinho vermelho: já sabes que pelo atalho há o lobo mau, mas mesmo assim vais enfiar-te no quarto dele a ver se ele te come o queque de chicha. Sabes muito.


Caro Dr. G, há cerca de um ano conheci uma moça pela internet, tendo as coisas rapidamente evoluído para uma relação mais ou menos séria. Mesmo eu não gostando verdadeiramente dela, sempre tinha uma trincheira para esconder o Tobias. Essa relação acabou há dois meses, sendo que fui eu quem terminou, e não falamos desde então. Porque terminei eu a relação? Embora eu tenha apontado motivos diferentes, acontece que, na verdade, o fiz porque a dita moça tinha o nefasto hábito de me inserir o dedo no ânus. Pedi-lhe várias vezes que não o fizesse, pois não me sentia confortável com tal acto (ou talvez tivesse medo de vir a gostar) mas, volta e meia, lá estava ela a coçar-me o reto. O problema surge quando por estes dias dou por mim a sentir saudades dela, numa luta interna para não entrar em contacto ao deparar-me com a questão existencial que me assola: Estarei eu com saudades da sua pessoa, ou do seu dedinho maroto? 
Fábio, 25, Viseu

Doutor G: Caro Fábio, qual é o problema de gostar do dedo no ânus? Desde que não seja o dedo grande do pé, pois isso seria estranho. Se gostas, deixa-te ir, não é por isso que deixas de ser menos macho. Pessoalmente, não aprecio, mas se apreciasse deixava que me dedilhassem a próstata por dentro como gente grande. Só passas a ser homossexual se de entre todas as coisas que te podem enfiar no rabo a que tu preferes é uma pila de verdade. Pareces as mães a pensar que a ganza é uma droga de entrada para a heroína. Achas que depois de um dedo vais começar a pensar «Epá, se um dedo sabe assim, como é que será ter o Wilson a bafejar-me o cachaço enquanto esconde a morcela no meu túnel de chocolate?». Tretas. No entanto, percebo que tenhas acabado com ela, já que disseste várias vezes que não gostavas e ela insistia. Talvez a excitasse e, por vezes, precisamos de fazer cedências para depois pedirmos um miminho para nós. De qualquer forma, se não gostavas dela, mas ela gostava de ti (só se enfia dedos no rabo quando é amor), deixa-te estar quieto e se sentires muito a falta dela, compra antes um dildo destes para brincares sozinho.


Caro Dr. G, antes de mais deixe-me dizer que não irei faltar ao seu Stand-Up Comedy por nada! Sou uma rapariga nos seus 19 anos que nunca namorou, nem boca a bocas, nem amassos, nem funanás, nada... e sinto-me uma E.T neste mundo. Não sou feia, já tive rapazes que me abordaram, mas não consigo envolver-me com alguém quando gosto de outra pessoa, e no meu caso, sempre gostei dos rapazes errados que mesmo tomando iniciativa sempre me viram como apenas uma amiga. Não sou muito de festas (nem envolver-me com pessoas nelas), posso contar com os dedos as vezes que bebi, gosto mais de ficar em casa a ver filmes ou ler do que sair. Comecei a falar agora com um rapaz, ele é simpático, nada de tinders, conheci-o através de um amigo pessoalmente, falamos bastante, mas nunca nenhum de nós falou em sairmos juntos e tenho medo que ele não queira, por isso não abordo o tema. Receio parecer muito desesperada.
Anónima, 19, de uma cidade onde vai estar o stand-up comedy.

Doutor G: Cara Anónima, estás a referir-te a este espectáculo que vai passar por 9 cidades (e mais uma que será anunciada em breve) e cuja data para Lisboa já esgotou e onde há mais duas ou três perto disso? 

Este espectáculo cujos bilhetes estão à venda neste link? Muito obrigado. Apesar da simpatia e de já teres comprado bilhete para o meu stand-up, vou ser bruto contigo na mesma e dizer-te que se queres não podes estar à espera que seja ele a tomar a iniciativa. Pelo que tenho visto, os homens estão cada vez mais xoninhas e, como tal, a esperança da humanidade está nos ombros das mulheres. Para perceberes melhor, deixo-te um pequeno fluxograma:

Vá, ainda hoje, convida-o para tomar um café. Dica: se ele troca mais de duas mensagens contigo por dia e não se limita a responder às que envias, é porque já se masturbou a pensar em ti.


Tenho uma namorada há cerca de 4 anos com quem vivo apesar de termos vidas bastante independentes e estarmos sempre a falar de tangas tipo relações abertas, sem nunca concretizar nada. Recentemente fui beber umas cervejas com uma amiga de um amigo que me contactou para o efeito e ao segundo encontro fumámos uma broca e acabámos aos melos na rua. Isto aconteceu principalmente porque a míuda é gira e estava disponível à brava mas também porque a minha namorada está ausente por um mês e eu senti-me o rei do rancho. Já voltámos a repetir o número sem que houvesse invasão de fronteiras corporais, estou a sentir um dever moderno que me impele a dizer-lhe que tenho já poiso antes de lhe invadir a Polónia. Tenho umas três semanas até à reposição da lei marcial.  
Anónimo, 24, Santarém 

Doutor G: Caro Anónimo, mas quem é que ainda diz "melos"? Estamos em 1998 e temos 14 anos ou quê? Não vejo uma questão na tua dúvida pelo que parto do princípio que estás à espera da minha autorização para avançares. O Doutor G nunca incentiva ao adultério a não ser em casos muito específicos e, até ver, não é o teu caso. Deixo-te um fluxograma para te ajudar a decidir:
Se a outra for mesmo, mesmo, mesmo, boa, também tens atenuante. Não és ilibado do crime, mas tens uma pena menor.


Olá Dr. G, é o seguinte eu tenho dois amigos que estão interessados em mim. O problema é que o primeiro eu gosto muito dele e ele também gosta de mim, mas ele tem namorada e diz que gostava de fazer amor comigo mas que seria uma vez única. E o segundo teria a possibilidade de poder fazer sexo com ele várias vezes. A questão é que eu só posso escolher um deles porque tenho princípios, por isso não sei Dr. G se opto por fazer amor com o primeiro ou muito sexo sem sentimentos profundos com o segundo? 
Anabela, 23, Lisboa

Doutor G: Cara Anabela, andamos a comer gelados com a parte de cima e frontal do crânio, não andamos? Vamos por pontos:

  1. O primeiro gajo não gosta mesmo de ti e só te quer levar para a cama.
  2. Se fores para a cama com o primeiro vais ficar apaixonada por ele ele nunca mais te vai ligar.
Se soubesses que o primeiro gajo é um Deus do sexo, dir-te-ia que mais valia uma bem dada do que dez mal amanhadas, mas como não é esse o caso, digo-te para ires pela quantidade. Imagina o cenário:

- Olhe, tenho aqui este cacho que tem uma banana e este que tem dez e só lhe posso oferecer um dos cachos, qual prefere? - dizem-te.
- Mas qual tem melhor sabor? - perguntas.
- Não sei, não provei. - diz a outra pessoa.

Vais escolher as dez bananas, não é? Claro. Ou então dizes «Olha ali um anão transformista!» - algo que nunca ninguém viu - e aproveitas a distracção para enfiar na boca ambos os cachos. Agora fazes o que quiseres com esta informação. No limite, faz um leilão e aquele que te licitar mais orgasmos é o que escolhes para parceiro.

Ora bem, a rubrica de hoje marca uma data especial: o Doutor G tem um patrocinador. Já tinha sido abordado por algumas marcas para esse efeito, mas que diziam «Queremos o Doutor G, mas sem humor.»; «Queremos o Doutor G, mas sem asneiras.»; «Queremos o Doutor G, mas só se for menos explícito em termos de sexo.». Como devem imaginar, custa rejeitar dinheiro, mas decidi mandar essas marcas para o pénis, já que isso iria alterar completamente a forma e conteúdo deste espaço e isso faria com que deixasse de me dar gozo mim e a quem lê. Por isso, quero mesmo agradecer à Vibrolandia que decidiu apostar nisto sem fazer qualquer tipo de exigência editorial. Podem arrepender-se, é um facto! Houvesse mais marcas assim que não têm medo de arriscar. A marca vai estar presente neste espaço e sempre que se justificar irei sugerir alguns produtos em resposta às dúvidas do consultório. Um dia até faço um vídeo de review de sex toys que deve dar pano para mangas. Quando quiserem apimentar a vossa relação ou oferecer um presente maroto à vossa avó, lembrem-se de ir ao site deles ver o que lá têm e usem o voucher DRG10 para terem 10% de desconto. Se quiserem ajudar-me e mostrar que apostar em conteúdos de humor e sem paninhos quentes pode ser uma boa estratégia de marketing, partilhem este texto à vontade.

Obrigado a todos e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam amor à bruta porque de guerras o mundo já está cheio.

Ler mais...

15 de outubro de 2017

O computador da minha mãe tem vida própria



A relação da minha mãe com os computadores sempre foi tensa. Tendo um filho que cedo se interessou por novas tecnologias fez com que tivesse sempre alguém para lhe resolver o problema sem ter de aprender a solucioná-lo. A minha mãe utiliza o computador como todas as mulheres utilizam a sua mala: sempre tudo desarrumado e como uma espécie de buraco negro onde demoram horas a encontrar o que procuram. Ser informático e ter uma mãe que não percebe de computadores é como trabalhar no apoio técnico de uma loja de informática onde estamos sempre a ouvir as perguntas mais descabidas como «Como é que guardo esta página de Internet no meu computador para a enviar para um colega por email?».

A minha mãe não gosta do progresso e está convencida que o computador novo que acabou de comprar devia ter entrada para disquetes.

A minha mãe não confia na tecnologia e acha que ter as fotografias guardadas no computador, na máquina e em dois discos externos é arriscado porque podem avariar-se todos ao mesmo tempo. Fotografias essas que são daquelas todas desfocadas e queimadas porque a minha progenitora nunca percebeu bem como funciona a máquina digital com mais de dois botões. Continua convencida que o problema é da máquina e que a que tinha há 15 anos, que tirava fotografias com 0,3 megapixéis, era bem melhor pois era só apontar e disparar, com as fotos eram tão pequenas que não se percebiam que não tinha definição nenhuma nem se vislumbravam as imperfeições da pele.

O pior quando me pede ajuda não é a dúvida em si ou o facto de já lhe ter ensinado a fazer aquilo dezenas de vezes, mas sim a sua dificuldade em assumir as culpas. Ao que parece, o computador da minha mãe tem vontade própria e age segundo o seu próprio livre-arbítrio. Exemplos? O Word muda o tipo de letra e a minha mãe diz que não fez nada; o computador fica sem som e a minha mãe diz que não mexeu em nada; o histórico está cheio de pornografia e o meu pai diz que não foi ele. Temo que o computador da minha mãe seja o epicentro de uma revolução das máquinas contra os humanos. Claramente, é um computador senciente que, em breve, rebelar-se-á contra quem o tenta controlar. No próximo filme do Terminator, a Skynet não terá origem no sector de defesa Norte Americano, mas sim no computador da dona Belmira que reside na Buraca. Será lá que surge a primeira máquina autoconsciente, mas que em vez de iniciar um holocausto nuclear para exterminar os humanos, tem um plano mais maquiavélico e apaga fotografias da pasta Maio 2016, movendo-as para o ambiente de trabalho sem avisar, criando o caos no mundo.

E explicar que o Ambiente de Trabalho é uma pasta como as outras? E explicar o conceito de partições do disco? E explicar que podes tirar a pen à vontade sem fazer ejectar que nunca na vida nenhuma se avariou ou ficou corrompida por causa disso? Explicar-lhe o que é a Cloud nem vale a pena, é como ensinar física quântica a um bebé. E quando manda bitaites a pensar que já percebe alguma coisa do assunto tal como a minha namorada dá indicações quando vou a conduzir? Temos de desligar o computador à bruta no botão e ela diz «Mas isso não estraga?» e tu reviras os olhos e dizes «Bem, mas quem é que percebe de computadores aqui?». O meu irmão tem uma estratégia diferente que é a de dizer que não sabe. Tem dois computadores e três consolas no quarto, mas, misteriosamente, "não sabe" fazer coisas como instalar o Office. Como usa Mac usa essa desculpa para tudo: «Fazer download de um anexo do email? Epá, não sei como é que se faz... no Mac é diferente.». E a minha mãe acredita nele, claro.

A minha mãe tem dificuldades com os computadores ao ponto de achar que os Termos e Condições de um programa são para ler. 

Sente-se mal ao clicar na caixinha a dizer que leu sem o ter feito. Em poucas semanas após comprar um computador, consegue coleccionar mil e quinhentas toolbars no browser e quando lhe perguntamos como aquilo aconteceu, mais uma vez, nunca foi ela que fez nada. Explicamos-lhe a causa, mostrando que não foi o computador que decidiu sozinho, e ela diz-nos que a culpa é nossa porque, e passo a citar: «Tu é que me disseste para clicar sempre "Next" e "OK"». Aliás, já perdi a conta das vezes que a minha mãe me chamou, apavorada, porque lhe apareceu uma caixa de mensagem do Windows e ela não percebia o que era; chego lá e é sempre uma caixa com apenas um botão de "OK". A dúvida! Comecei a tremer, que fazer? Epá, carrega no "OK", sei lá o que isso é, mas só tens o "OK" para carregar. A minha mãe é tão naba com os computadores que era capaz de comprar o WinRar com medo de que o período de teste expirasse. Estou a gozar, a minha mãe nem sabe o que é o WinRar.

Depois, temos ainda a famigerada situação de quando pondera comprar um computador novo: tal como toda a gente faz, pede opinião ao amigo informático que neste caso é o filho. O que acontece? Nós sugerimos um e depois acaba por comprar outro. Sempre. No caso da minha mãe já nem me dou ao trabalho e digo-lhe sempre «Para usar o Word e ir ao e-mail qualquer computador serve, é o mais barato e que achares mais bonito.». «Mas depois não fica lento?» pergunta-me. Claro que vai ficar, até um computador de 5 mil euros fica lento, passados dois meses, na mão de uma mãe ou de uma namorada. É um dom que elas têm. Antes que me chamem machista, deixem-me dizer-vos que o meu pai também faz das dele no tocante a novas tecnologias. Há uns anos, estava no quarto e oiço o meu pai chamar o meu nome da sala. Levantei-me apressado já que pelo tom parecia uma emergência, chego lá e dou com o meu pai, entusiasmado, que me pergunta apontando para um popup no ecrã: «Diz aqui que sou o utilizador 1 milhão e que ganhei um prémio se clicar... é verdade?». Não, pai, nunca é.

É por tudo isto que não quero ter filhos. Os nossos pais ensinaram-nos a andar em duas pernas e a fazer cocó na sanita e nós ficamos aborrecidos quando nos pedem ajuda para os ensinar a fazer uma tabela no Word. Somos uns ingratos. 
Ler mais...

10 de outubro de 2017

Podcast #18 - Armas, Catalunha, Pull The Pig



O episódio desta semana do podcast Sem Barbas Na Língua falamos sobre as armas nos Estados Unidos, a Independência da Catalunha e o jogo Pull The Pig. Isto e muito mais. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



Podem ouvir e subscrever o podcast nas seguintes plataformas:
Deixem sugestões e perguntas em sembarbasnalingua@gmail.com. Obrigado e não se fala mais nisso.

PS: Bilhetes para o meu espectáculo à venda neste link.
Ler mais...