28 de fevereiro de 2018

Stalkers, porrada na noite, testemunhas de Jeová



O episódio desta semana foca-se em histórias de porrada na noite ou com mitras no geral; stalkers e mulheres perseguidas; testemunhas de Jeová, plágio e muito mais. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



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O que realmente aprendi na universidade



Às vezes, tenho saudades dos tempos em que era estudante, mas, depois, faço uma massa com atum para o jantar e passa-me. Mais do que as competências técnicas que adquiri na vida de estudante universitário, sinto que foi tudo o que não era relacionado com a matéria que me preparou para o mundo e para a vida.

Aceitar-me como sou
Quantas vezes não disse a mim mesmo «Para o próximo exame é que vou estudar ali que nem um herói. Duas semanas inteiras!» e depois olhei para o calendário e apercebi-me que só faltavam três dias. Três dias inteiros, bem aproveitados, ainda dava com fartura para ir bem preparado, pensei, optimista. Primeiro dia, planear o estudo que a organização é muito importante; segundo dia, imprimir exames de anos anteriores e ir comprar um caderno novo para fazer apontamentos, coisa que demorava três horas porque havia aquele dilema sobre folhas lisas, pautadas ou quadriculadas. Pausa para lanchar. Entretanto, convidam-me para ir tomar café que se transforma em dez cervejas até as quatro da madrugada. Acordo no dia seguinte, já depois do meio-dia, comer o resto da massa com atum, jogar um joguinho de PC enquanto a ressaca passa e é tempo de começar a estudar. Estudo uma hora e depois tento resolver uns exames de anos anteriores e percebo que só sei dar a resposta certa à parte do nome e número de aluno. São oito da noite e é altura de ir fazer um litro de café porque vai ter de ser de directa. Oito horas focado a estudar, apenas interrompidas para me meter em posição fetal na cama com o despertador para daí a cinco minutos não fosse adormecer durante o choro. Vou para o exame sempre com o sentimento de «Era mais um dia, foda-se. Mais um dia e eu até ia bem preparado. É sempre a mesma coisa. Sou mesmo burro!». Ser estudante ensinou-me que somos como somos e há coisas que não podemos mudar. Aliás, diz-se, agora, que os trabalhadores preguiçosos são dos mais importantes que uma empresa pode ter, pois devido à sua falta de vontade de trabalhar, são os que resolvem os problemas de formas mais criativas, descobrindo atalhos que os mais aplicados nunca encontrariam. Por isso, um grande bem-haja para todos nós, procrastinadores e preguiçosos deste mundo.

Tomar decisões difíceis
Uma das coisas que aprendi como estudante foi que era importante saber quando desistir. Por vezes, corremos atrás da perfeição e acabamos por não terminar nada e somos eternamente daquelas pessoas que têm sempre "projectos" que nunca vêem a luz do dia. "Ando aí com um projecto" é a frase preferida do pessoal que nunca leva nada até ao fim. Estudar ensinou-me a tomar aquela decisão difícil de "Esta cadeira... para mim se calhar já chega. Deixo para o ano". É como terminar um namoro: custa, temos dúvidas, mas quando, finalmente, proferimos aquelas palavras "É melhor ficarmos só amigos" tudo fica melhor. Sai-nos um peso de cima e renascemos. Quando deixei para trás, logo no início do semestre e sem ter ido a nenhuma aula, Análise e Síntese de Algoritmos, senti-me dez quilos mais leve. Uma sensação única que me ensinou que na vida, às vezes é preciso largar as coisas e não pensar mais nisso.

O que interessa é participar
As horas que antecedem um exame são angustiantes, especialmente quando vamos mal preparados, o que é em quase todos. O exame chega, preenchemos o nome ainda sem olhar para as perguntas que é para não entrarmos já em pânico e esquecermos qual o nosso número de aluno. Calmamente, lemos a primeira. Mini ataque cardíaco ao vermos que não fazemos ideia da resposta. Lemos a segunda que começa por "Pegando no resultado do problema anterior" e sabemos que esta também é para o zero. Chegamos ao fim do enunciado e pensamos "Ya, é para chumbar forte e feio". Nessa altura, invade-nos, estranhamente, uma paz de espírito. Sentimo-nos calmos com a inevitabilidade de repetir a cadeira para o ano. Damos por terminada a nossa participação naquela cadeira, depois de rabiscar umas coisas aleatórias que, fazendo as contas por alto e muito optimistas, talvez dêem para sacar 2,3 valores. Decidimos que nem vale a pena estar ali a bater no ceguinho e decidimos sair em grande, entregando o exame duas horas antes do fim. Levantamo-nos, confiantes, passo a passo, e vemos os nossos colegas a erguer a cabeça e a olhar para nós, também eles em pânico, como que a pensar "Como é que o gajo já fez tudo em meia hora?". Sorrimos, não revelando que é só porque já estamos em paz com o nosso desleixo. Saímos da sala e celebramos. O stress já passou; seja boa ou má a nota, o que interessa é participar.

Gerir bem o meu tempo
Nos dois primeiros anos de faculdade fui a quase todas as aulas. Depois, quando estudava para os exames, percebi que não me lembrava de nada e que toda a matéria que supostamente estava a rever parecia estar a ser vista pela primeira vez. Por isso, no semestre seguinte, fiz a experiência de não meter os pés nas aulas teóricas. Resultado? As notas não sofreram grandes flutuações. Como sou inteligente, notei ali um padrão: as aulas não serviam para nada desde que um gajo estudasse em casa. Sim, é complicado empinar um semestre inteiro naquelas oito horas de directa na véspera do exame, mas, ainda assim, feitas as contas, era capaz de compensar. Isto ensinou-me que na vida há coisas que nos dizem ser importantes, mas que são dispensáveis e só as fazemos porque é suposto e "sempre se fez assim". As aulas teóricas estão para a vida de estudante como as reuniões estão para a vida de trabalhador: normalmente, não servem para nada e um gajo vai lá marcar presença, mas está em modo zombie e não absorve nada e reza para que alguém tenha tirado apontamentos por nós ou que, daí a dois meses, consigamos perceber a nossa própria letra ensonada.

Ser independente
Na primeira aula de uma cadeira de primeiro ano, um professor disse «Aqui vamos usar linguagem de programação C, mas não ensinamos linguagem de programação C». Ao dizer isso, o nome dele na minha cabeça passou a ser o Prof. Cabrão. No entanto, passados uns anos, dou-lhe crédito por me ter preparado para a vida, ensinando-me que não vale a pena estarmos à espera que os outros nos dêem alguma coisa e, muito menos, esperar que os profissionais façam o seu trabalho que, neste caso, era ensinar. Obrigado, Prof. Cabrão, por sua causa, sou agora um adulto mais independente e que apenas conta consigo para resolver os problemas. Podia era devolver-me parte das propinas, mas pronto.

Ter foco e determinação
Passar para o caderno o que está no quadro é uma tarefa extenuante. Entramos em modo piloto automático e em vez de estarmos a tomar atenção à matéria ou a fazer perguntas pertinentes, estamos a ser formatados para nos tornarmos fotocopiadoras humanas sem questionar o que estamos a escrever. Acredito que se a meio de uma aula de Álgebra Linear do Professor José Roquette do IST ele colocasse uma receita de bacalhau à Zé do Pipo, eu iria passar aquilo para o caderno sem reparar, tal era a velocidade vertiginosa com que aquele homem debitava exercícios no quadro, sempre à beira de um AVC. Tudo se tornava mais complicado devido às muitas distrações dessa aula como o facto de ele não dizer a letra L. Ou seja, estávamos numa Aula de Áugebra Uinear com imensos exercícios com paraueuipípedos e triânguos equiuáteros, escauenos e isósceues. Aquilo é que era treinar a concentração para estar com ar sério! Se há coisa que estas aulas me ensinaram foi a ter capacidade de auto-controlo para não me rir em funerais e outras situações delicadas.

Há coisas mais importantes
Estudar ensinou-me que, tal como diziam na série "How I Met Your Mother", nada de bom acontece depois das duas da manhã. O tempo é relativo e o tempo durante uma directa com o prazo a aproximar-se passa infinitamente mais depressa do que em condições normais. Os erros acontecem e, como tentamos estudar à velocidade da luz, começamos a perder massa que, na verdade, são os nossos neurónios a morrer. Ensinou-me que não vale a pena o esforço e que se depois das duas da manhã o projecto não está feito, então mais vale ir dormir. Deu-me jeito na vida profissional já que quando era consultor e me diziam às seis da tarde "Vê o teu email que enviei agora uma coisa urgente para fazer ainda hoje", respondia "Sim, sim, amanhã de manhã olho para isso. Obrigado e boa continuação" e ia-me embora.

Ter pensamento positivo
Ser estudante ensinou-me a acreditar em milagres. Às vezes, quando tudo parecia desmoronar, quando já não tínhamos esperança e sabíamos que íamos chumbar naquele que era é o projecto mais importante do ano, subitamente, recebemos um email a dizer que a data de entrega foi adiada! Oremos, irmãos! Foi milagre! Projecto adiado uma semana que era exactamente o tempo que precisávamos para conseguir ter aquele dez redondo que nos faz saltar de alegria. Sim, porque ser estudante universitário ensinou-me a baixar as expectativas para evitar desilusões futuras. Aplico esse ensinamento com as pessoas que vão aparecendo na minha vida, onde assumo sempre que não são boas pessoas e, depois, casos sejam razoáveis e tenham aquele 9,5 de decência, até fico surpreendido e satisfeito.

Honestidade é sobrevalorizada
Aprendi, também, que a honestidade não nos leva a lado nenhum e apenas serve para apaziguar a nossa consciência. Tal como na vida adulta e de trabalhador, também na vida de estudante, quem faz cábulas, copia e aldraba o sistema tende a ser favorecido e não penalizado. Uma vez, assumi logo ao professor que não tinha participado num projecto de grupo e ele disse-me «Se calhar nunca vai ser rico e ter um Mercedes, mas se calhar vai ser mais feliz que eles todos porque é honesto. Continue assim.». Continuei, mas de cada vez que passo um recibo verde ou levo o meu Clio de 2002 à oficina, penso se a felicidade não é uma coisa que nos vendem para nos manter na linha.

Aproveitar o momento
«Aproveita que são os melhores tempos da tua vida.» foi das frases que mais ouvi, vinda de quem já trabalhava e afirmava que não havia tempos iguais ao de estudante universitário. Como aluno do Técnico, a minha pergunta era sempre «O quê?! A vida ainda pode ficar pior?» e o que é certo é que pode. Por isso, aproveitem o momento que amanhã podem estar num call center ou a trabalhar numa consultora.

Vá, agora vão estudar ou trabalhar que a vida não é só ler textos na Internet. Já agora, antes de irem, podem partilhar e identificar os vossos amigos universitários que estão a contemplar o suicídio como uma alternativa ao estudo.
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26 de fevereiro de 2018

Amizade com benefícios e maus odores na cama



Vamos lá então fazer o tratamento da luz e expulsar o espírito maligno bloqueador do funaná pelado? Vamos a isso. O momento que se segue é da inteira responsabilidade do Doutor G que explica como se faz.


Caríssimo Dr. G, tenho sexo com rapazes e raparigas e gosto sempre muito dos dois, dependendo apenas do jogador ou jogadora que representa cada modalidade. No entanto, não consigo suportar o cheiro a sexo com gajos. Eles cheiram sempre bem e estão sempre muito lavadinhos, mas depois do sexo fica aquele cheiro que eu não aguento. O que aconselha?   
Patrícia, 22, Margem Sul

Doutor G: Cara Patrícia, aconselho a que deixes de ser picuinhas. Se no início estão lavadinhos e cheirosos e no fim cheiram a cavalo, é porque se esforçaram. Se não aguentas o cheiro a cavalo, aconselho-te a fazer sexo apenas com crianças que pode ser que cheirem a pónei. Piada fácil. Pode dar-se o caso de os homens com quem andas a esfregar as peles sejam daqueles que têm problemas nas glândulas sudoriparas. É aumentar a amostra para teres a certeza se o problema é mesmo deles ou se é do teu olfacto que é demasiado sensível ao odor a macho e, se for esse o caso, pode indicar que deves apenas ficar-te por pessoas com vagina. Isto sou eu aqui a assumir várias coisas: primeiro, que todas as pessoas com vagina são mulheres, o que nos dias de hoje parece que é opressor; segundo, estou a assumir que não te dás com gajos que se cagam todos durante o sexo. Em último caso, enfia dois rebuçados de mentol nas narinas e está feito.


Olá Doutor, acabei um namoro há uns tempos e desde o mês passado tenho falado com uma rapariga. Começámos a falar no instagram e tudo corria bem, até que uma semana depois ela diz-me que tem um "rapaz que gosta dela" e a quem ela "decidiu dar uma oportunidade". Basicamente sei que namora com esse rapaz mas ela nunca mo disse diretamente. Além disso, quando ela está com ele evita responder e quando ele não está mete conversa. Quando me apercebi disso comecei a responder mais seco, para ela perceber que o flirt de ocasião não vai funcionar. Primeiro, porque não estou desesperado, segundo, porque ela não é uma rapariga tão divina que deixe o meu malaquias fora de si. Atualmente, a conversa está bem menos interessante. Como não quero cair na friendzone, estou a ponderar ser franco e dizer que me vou afastar porque ela ora me trata como um amigo normal ora me trata como se me quisesse ter no meio dos lençóis. O que me aconselha doutor? Ainda me estou a habituar à vida de solteiro.
Pedro, 21, Porto

Doutor G: Caro Pedro, a tua dúvida é palerma. Porquê? Porque sim. Passo a explicar:

  1. Só falas com a rapariga há menos de um mês, logo não é tua amiga, ainda.
  2. Ela tem namorado, mas tu dizes que nem estás muito interessado.
A minha questão é: para que é que continuas a falar com ela? Se já percebeste que ela só te quer para flirt de ocasião e para lhe subires o ego ou fazeres de microondas e aqueceres para o namorado comer, mas se tu não estás desesperado nem tens assim tanto interesse nela, qual é o teu problema? Vai à tua vida e pronto. Gente complicada, pá. Prevejo grandes problemas nessa tua vida de solteiro se precisas de recorrer ao Doutor G para te resolver um problema cuja solução é: ela não está interessada e (pelo que dizes, embora seja mentira) tu também não, então parte para outra.


Há meio ano embebedei-me e fui sair, tudo normal até que eu e um rapaz (não menos bêbado que eu) começamos a falar e trocámos contactos. Cerca de 1 semana depois encontrámo-nos já com o copo e beijamo-nos. A partir daí as coisas estavam a desenvolver-se favoravelmente, até que ele começou a afastar-se porque estávamos a caminhar depressa demais para uma relação séria e ele soube nessa altura que seria o último ano dele nesta universidade e eu ainda fico por cá mais 1 ano e tal. Posto isto, decidimos ficar só amigos, mas depois dessa conversa já ficámos juntos várias vezes, porque mais uma vez, quando estamos juntos e com álcool, pumba! Assim sendo, o que faço: (1) tento esquecer que ele existe e ser forte para não voltar a rolar nada quando malhar uns shots e finos (2) confronto-o para tomar uma decisão final ou (3) outra sugestão.    
Chica, 22, Braga

Doutor G: Cara Chica, quer parecer-me que talvez sejam os dois uma espécie de camafeu que só quando estão com os copos é que perdem o critério. Deixo um fluxograma para te ajudar a decidir:
Simples. Ele só te quer para sexo, encara isso como um elogio que há muita gente que nem para isso serve.


Olá Dr. G, nos relacionamentos amorosos, utilizando a gíria náutica, não sou um encalhado, sou mais um navio naufragado visto a minha experiência aos 17 anos de idade ser 0. Resumidamente, eu gosto de uma rapariga (e penso que ela também gosta de mim), de quem sou amigo, e queria convidá-la para sair mas não faço ideia de como o fazer. Ainda é possível recuperar este navio ou tenho que me inscrever no seminário.
Anónimo, 17, Fátima

Doutor G: Caro Anónimo, ser inexperiente aos 17 é perfeitamente normal, especialmente para um xoninhas. Se gostas dela e achas que ela gosta de ti, tenho aqui uma sugestão fantástica para a convidares a sair. É um bocado fora da caixa, mas acho que pode funcionar! Nem devia estar aqui a divulgar estas técnicas, mas pronto, aqui vai: chegas ao pé dela, mais ou menos a um metro de distância, olhas-lhe nos olhos e com a tua boca e cordas vocais verbalizas o seguinte: «Olá, queres ir sair um dia destes?». Já sei que estás a pensar: que sou alta génio, não é? Ya, eu sei. Ganda boss. Como és de Fátima, podes sempre perguntar-lhe se quer a tua casa ver a Nossa Senhora que se te apareceu em cima do teu bonsai de chicha. Confiança, pá! Se três crianças meio atrasadas convenceram meio mundo que tinham visto uma mãe virgem em cima de uma árvore, tu também hás de conseguir levar uma rapariga ao cinema. Dá-lhe com fé! Deus no comando, menos no joystick de chicha que isso é gay e Deus diz que é pecado.


Olá Dr G, gostaria de saber qual a sua opiniao sobre depilação masculina. Tirar os pelos lá em baixo é homossexual ou aceitável para um hetero?
Filipe, 31, Lisboa

Doutor G: Caro Filipe, muito vocês se preocupam com o que é gay ou não é. Se queres, faz. Depilar só é gay se a seguir a depilar gostares de te ir esfregar com outros homens - depilados ou não - e brincar ao esconde a morcela com eles enquanto cantam Lady Gaga. Depilar só é gay se gostares que seja um homem a arrancar-te os pelos com os dentes enquanto te enfia um abacate no rabo e te chama de cafajeste. Depilar só é gay se for feito para agradar o teu namorado. Não sou adepto de depilar as pernas nem o meu bonito rabo de esquilo, mas na zona das vergonhas já não se usa pelos! Não estamos em 1990. Haverá sempre quem goste de um frondoso matagal, mas a maioria das mulheres preferirão não ter de andar com uma catana para desbastar mato quando vão sugar o cogumelo mágico. Por isso, deixa de ser um coninhas e faz a jardinagem se queres que elas se apliquem. Não há nada pior do que a tua namorada ir para o trabalho e alguém lhe dizer «Tens aí uma coisa no dente.» e não ser um pedaço de azeitona ou de espinafre.


Sinto que esta consulta foi demasiado ordinária. É o que dá chamarem Doutor a toda a gente. Como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Façam amor à bruta porque de guerras o mundo já está cheio.

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22 de fevereiro de 2018

Modas parvas 2018 - "Assédio", cocktails, stories, funk



Chegou aquela altura do ano em que identifico as novas modas parvas. Umas que já se têm vindo a arrastar e que é necessário matar, outras que começam a surgir e ameaçam a minha estabilidade psicológica. Como sempre, é um texto onde destilo ódio e onde o objectivo principal é uma catarse, fazer rir e ver quem é que não tem capacidade de encaixe. Vamos a isso.

Cocktails
O gin já é coisa do passado, a moda agora é beber sumo a preço inflaccionado. O mercado das bebidas é de modas: primeiro, foi o Blue Corazon, o Pisang Ambon e o Safari; depois, foram as caipirinhas e suas variantes; depois, o gin com salada e mexido com a pila flácida que é para não partir as bolhinhas delicadas da tónica; agora, são os cocktails. Cocktelarias são estabelecimentos onde trabalham pessoas que tiraram "um curso" onde aprenderam a dificílima arte de misturar cenas num recipiente. Pessoas que vendem bebidas alcoólicas - quase sem álcool - a preço de ouro com trufa da Sibéria. É impossível embebedares-te com cocktails: primeiro, devido ao preço; depois, porque pedes um e demoram uma hora a preparar e, entretanto, já passou o efeito do primeiro. Aquilo faz-se rápido, mas se fizessem em trinta segundos não podiam cobrar os preços que cobram. Se um mecânico reparar que o problema do carro é só ligar um cabo, não pode demorar só meia hora e cobrar 200€! Tem de dizer "ui, isto está aqui um cabo dos trabalhos", demorar dois dias e depois cobrar 1000€ sem factura. 

Nova edição da Casa dos Segredos
Quando as audiências desceram a pique nas últimas edições de reality shows, pensámos já nos ter livrado desse mal, mas, ao que parece, a TVI vai apostar numa nova edição. Temo que seja o “vai ou racha” e que o casting seja ainda mais exigente do que os das últimas edições. Quando digo exigente estou a referir-me ao facto de que só pessoas com um QI menor do que a idade e com pelo menos duas doenças venéreas é que foram seleccionadas. Deixo um apelo à TVI para me colocar a fazer de voz por um dia e sem avisar os concorrentes. «Larga os pesos que o bíceps já está trabalhado, agora vai ler um livro, ó granda burro.» ou «Já toda a gente viu o teu rabo! É Dezembro e ninguém anda de fio dental na cozinha, sua porca.» seria o género de coisas que diria. Isso e dar-lhes desafios ao género «Esta é a voz! O primeiro a pegar num cinto, colocá-lo à volta do pescoço, subir para cima de um banco e, depois de prender a outra ponta do cinto no varão dos cortinados, mandar o banco ao chão ganha uma presença na discoteca “Dona Cândida” no Montijo.» Vejam lá isso, produção.

Interferir na selecção natural
Uma moda parva que se tem vindo a acentuar na nossa sociedade cada vez mais protectora e choninhas. Pessoas com idade para ter juízo decidem começar a comer cápsulas de detergente ou, mais recentemente, a ver quanto tempo aguentam com o braço na placa do fogão eléctrico até ficarem com queimaduras de terceiro grau, e o mundo entra em histeria, achando que a solução é sensibilizar e alertar para os perigos do óbvio. Não é. A solução é deixar os burros irem ter com o criador mais cedo e se forem de hálito a WC pato ainda melhor que é da maneira que vão mamar da boca de Belzebu para toda a eternidade. Quando vos aparecer um extraterrestre e vos perguntar qual o nível de inteligência dos humanos, respondam-lhe que andamos a meter trancas e a esconder caixas de cápsulas de detergentes, mas que deixamos que pessoal marado dos cornos compre metralhadoras e mate os colegas todos, não se fazendo nada quanto a isso.

Pintar sobrancelhas por fora
Mulheres cuja maior influência na vida foi o palhaço Batatinha. O objectivo é tornar as sobrancelhas mais grossas, mas o resultado final é quase sempre uma espécie de asa de gaivota desenhada por uma criança de uma turma especial do ensino básico. Esta palhaçada é propagada pelas milhentas bloggers e vloggers de moda e beleza cuja única capacidade artística e criativa é conseguirem transformar a cara numa tela de um pintor cego com Parkinson. Há umas que têm carisma, sabem falar e são válidas, mas 99% é gente sem nada na cabeça a não ser extensões de cabelo. Isto a juntar ao facto de que muitas são feias! Ser vlogger no ramo da beleza e ser feio é o mesmo que um gajo querer ser ginecologista e ter um tique que é lamber os lábios. Não vai dar, lamento.

Nomes parvos para profissões
Algumas profissões têm sofrido algumas alterações em termos de nomenclatura nos últimos anos: deixámos de ter secretárias para passar a ter técnicas administrativas empresariais; deixámos de ter "o gajo do call center" para ter o operador de tele-marketing; deixámos de ter o cabeleireiro e "a gaja que faz as unhas" para ter o haircut artist e a designer de nails; deixámos de ter domésticas para ter "mães a tempo inteiro"; até o desempregado passou a ser designado "entre empregos" ou "em busca de novos desafios". Temo o dia em que o taxista será o “técnico de transporte de passageiros em veículo ligeiro” e que as peixeiras serão “consultoras comerciais pós-pesca". No entanto, os nomes mais parvos aparecem nas novas profissões que as redes sociais inventaram e o pior é "influencer". Acho giro às pessoas que se autointitulam influencers cujo trabalho se resume a mostrar fotografias do decote no Instagram. Pah, não influencias a opinião de ninguém, lamento. A única coisa que influencias é o fluxo sanguíneo nos homens a ir mais para sul. Fui bruto? Este assunto irrita-me. Se há coisa que me tira do sério são pessoas que fazem mais dinheiro do que eu sem terem o trabalho de escrever um texto a dizer mal de outras pessoas.

Falar de millennials
Os millennials isto, os millennials aquilo. Multiplicam-se os artigos de jornal, ensaios de psicólogos, e notícias sobre como essa geração é diferente no local de trabalho e nos objectivos de vida e sobre como as marcas tentam apelar a esse target. Tretas. Os millennials não são uma geração, são só o subgrupo dessa geração que corresponde à fatia de gente mimada que não sabe o que custa a vida. Agora, temos a Geração Z e esses sim, são quase todos meio palermas porque como bom millennial trintão, sou obrigado a dizer que «Esta juventude está perdida.»

Testes do Facebook
Algo que se pensava extinto, mas que voltou em força nas últimas semanas. O meu Facebook está cheio de gente feia que gostava de saber como seria se fosse uma beldade de Hollywood. Lamento, mas o teste não é o poço dos milagres e o resultado é sempre continuarem a ser pessoas feias que, hipoteticamente, residiriam em Hollywood. Depois, há os que decidem ser travestis virtuais e querem saber como seriam do sexo oposto e o resultado é diabólico e de atormentar os sonhos de um bebé ou de fazer bolçar um adulto. Por falar em bebés, há outro teste que diz às pessoas quantos filhos vão ter. Por este andar, a perder tempo com testes de merda no Facebook vão ter zero filhos, porque pilinha no pipi que é bom, nada. E, se calhar, ainda bem.

Hoje é o dia de...
Ainda no Facebook, este tipo de post é o preferido das rádios nacionais. “Hoje é dia da Maria”, só para terem partilhas e engagement através de um conteúdo completamente inócuo e de criatividade nula. Sabem como é que sei que é feito só para ter partilhas? Porque nunca há o dia do Jaílson, ou da Belmira. Como há poucas pessoas em Portugal com esse nome, são ostracizados e nunca têm direito a um dia deles, caso contrário o post só teria duas partilhas e uma delas seria da minha mãe. “Hoje é dia de Coimbra”, também é comum e, mais uma vez, nunca é “Dia da Picha” ou da pequena aldeia da Boieira em Leiria.

"Assédio" sexual
É aqui que vou ser ofendido. Reparem que coloquei a palavra assédio entre aspas? Exacto, porque há assédio real, violação, coação sexual e afins. Existe muita, no mundo do entretenimento, mas mais e pior no resto do povo e dos comuns mortais que ninguém passa cartão. Quando digo que o "assédio" virou moda, é quando tudo passa a ser assédio. Lamento, mas colocar a mão nas costas de uma mulher para lhe dar passagem como quem diz "Faça favor" não é assédio: é só cavalheirismo e uma desculpa para lhe ver o rabo. Um gajo, a meio do sexo, não saber fazer bem as coisas não é assédio, é só um gajo que não sabe o que faz. Arrependimento por uma má queca não é assédio. Esta moda de apelidar tudo de assédio só faz com que os verdadeiros casos (muitos e a maioria) sejam desvalorizados. Começa a ser tão comum que as mulheres que nunca se sentiram assediadas na vida começam a pensar que têm algo de errado com elas e depois metem-se a pintar as sobrancelhas e essas coisas. Está tudo ligado. Efeito borboleta e coiso. É isso e estes casos de assédio serem o maior impulsionador da criação de bonecas sexuais realistas na tentativa de tornar as mulheres obsoletas sexualmente e, como tal, voltarem a ser mais discriminadas noutras áreas da sociedade. Vocês oiçam o que eu vos digo. 

Funk Favela
Boa notícia é que a kizomba está a passar de moda, má notícia é que o que agora está a bater é o funk das favelas brasileiras. Pessoas que não sabem cantar, letras manhosas, uma batida reciclada, pessoas com ar sarrabeco e rabos a abanar. Não estou a falar da Ana Malhoa, não. Ao pé do funk de favela, a Ana Malhoa é Florbela Espanca com a voz da Amália. E os vídeos da Ana já os vi todos e nunca apanhei doenças, enquanto que para ver os do funk uso sempre preservativo e no fim lavo-me com vinagre.

Stories de Instagram
As stories são um conceito giro: publicar sem grandes problemas, sem medo que fique no feed para sempre e com mais foco em serem genuínas do que com qualidade de imagem e de som. É um conceito giro num mundo que vive de filtros e poses falsas, mas, como tudo, na mão dos seres humanos é usado para o pior. Mil e quinhentas stories sobre a tua ida ao supermercado? Lamento, mas ninguém quer saber. Das mil stories do teu gato a dormir? Se calhar é melhor ires ver se ele está morto e se estiver ficamos todos contentes para não termos de ver mais as tuas stories sem interesse. Stories a conduzir enquanto ouves uma música manhosa? Pode ser que seja a última e ficamos todos a ganhar. Já agora, podem seguir-me no Instagram em @guilhermercd e ver as stories irritantes que faço com a minha cadela.


Já está. Sinto-me mais leve. Sintam-se à vontade de adicionar mais modas parvas nos comentários e não se coíbam de me ofender e mostrar que essa moda de ficar indignado por tudo e por nada nas redes sociais ainda faz parte da colecção para este ano.
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20 de fevereiro de 2018

Estou grávida de outro homem? Distraída ou porquitxona?



Como é, pequenada? Vamos ajavardar com classe? Vamos, pois. Então, sem preliminares, comecemos mais um "Doutor G explica como se faz". 


Olá Dr. G, eu fiquei há uns dias atrás noiva mas acontece que o meu ex-namorado ficou a saber e insistiu encontrar-se comigo. Eu concordei encontrar-me com ele e não sei como mas eu fui para cama com ele como forma de despedida. Acontece que já foi há 20 dias atrás e agora descobro que estou grávida dele. Não sei se deva acabar a relação ou fingir que o pai do meu filho é o meu noivo, que acha deva fazer?    
Soraia, 23, Lisboa

Doutor G: Cara Soraia, realmente, quantas vezes me acontece ir para a cama com pessoas sem saber como. Um gajo está ali a falar de política internacional e de repente, vem um brisa que nos tira a roupa e nos atira para a cama. Ainda no outro dia, estava nas Finanças, conversa puxa conversa, sobre o artigo 9º e dei por mim estava na cama, sem saber como, com a senhora Arminda que de questões sobre a minha actividade não me soube esclarecer, mas que de funaná pelado sabia muito. Dizes ter sido uma forma de despedida, mas se era ex é porque a despedida já não faz sentido. Sexo com ex só faz sentido se for feito imediatamente a seguir ao término do namoro como uma espécie de indemnização pelo fim do contrato. Mas bem, está feito, está feito, a carne é fraca, especialmente a de porco que tem muita gordura e pouco músculo. Ao ler a tua dúvida, fiquei eu com algumas dúvidas:

  1. Como sabes que é do teu ex? O teu noivo dispara tiros de pólvora seca ou já estão naquela fase que só fazem sexo uma vez por mês? Se assim for, mais vale não casares e está o caso encerrado.
  2. Como é que não é opção fazer um aborto? É que católica não deves ser de certeza porque todos sabemos que os católicos só fazem sexo depois do casamento e nunca traem nem pecam.
Dito isto, já foste um bocado uma pessoa de merda ao trair o teu noivo com o teu ex e ainda por cima com sexo não protegido, sujeito a dares-lhe de prenda de casamento, para além de um bonito par de peças em marfim, um HIV ou uma gonorreia fofinha. Agora, tens a hipótese de te redimires e lhe contares tudo e não lhe dares também um filho que não é dele e privares o teu ex do filho que é dele. Tu é que sabes, podes sempre dizer que é filho do Espírito Santo que com a Maria funcionou. No entanto, temo que em alguém chamado Soraia, o pessoal vá desconfiar. *drops mic*


Caro Doutor G, sou um rapaz idiota de 21 anos que se apaixonou pela "amiga" da faculdade. Depois de algumas mensagens, cometi o erro de contar a um amigo que gostava dela, daqueles que não sabe ficar calado. A verdade é que eu soube por outro amigo que ela já sabia, porque ela nunca teve a iniciativa de vir falar comigo sobre isso. Isso explicou a sensação que tinha de que ela estava estranha comigo, algo distante. Porém antes de ela ter essa certeza, ficou chateada comigo por eu não lhe contar quem era a rapariga em que estava interessado. Entretanto as minhas tentativas de conversa foram ficando cada vez mais monólogos e eu comecei a afastar-me para a tentar esquecer. Mas depois tivemos um jantar de praxe e ela veio ter comigo e diz para eu voltar a ser como era antes e não a ignorar, para falar com ela numa boa e que não havia problema em gostar dela. E pronto, eu idiota lá tentei reaproximar-me novamente mas só fiz figura de urso. As conversas passaram a ser como se fossemos dois desconhecidos e só havia iniciativa da minha parte. Portanto eu tinha uma "amiga" que não era bem minha amiga e que resolve afastar-se e sou um idiota por isso, não é, Doutor?
G, 21, Lisboa

Doutor G: Caro G sem doutoramento, ela só queria a tua atenção para lhe subires o ego. Ocupaste 1259 caracteres do consultório para uma resposta tão simples, já viste? Normalmente, quando um gajo detalha demasiado a história e anda com rodeios é porque a resposta é simples e, no fundo, já a sabemos. Não és um idiota, és só um gajo apaixonado e, como tal, idiota. Calha a todos. Para a próxima que ela vier falar contigo a dizer que estás distante, dá-lhe uma destas respostas:

  • «Sim, antes estava apaixonado por ti, mas depois comecei a usar óculos e meh...»
  • «Nunca estive apaixonado por ti, só te queria comer, mas depois engordaste.»
  • «Sim, antes estava interessado em ti, mas depois conheci-te melhor e não sei se foi por cheirares mal da boca ou foi coincidência.»
De nada.


Olá doutor! Já sei que não é possível amar alguém que não ouve a mesma canção, mas será possível amar alguém sem atração sexual? Estou numa relação há um par de anos, mas há uns meses deixei de me sentir atraída sexualmente por ele. Continuo a amá-lo (gosto de estar com ele, divirto-me imenso, não me imagino a passar a vida com mais ninguém, etc.), mas quando chega à altura de funaná é como se eu não sentisse nada. Não tenho vontade de muito mais que abracinhos e beijinhos. E sim, este poderia ser um problema meu, algo físico que tivesse deixado de funcionar comigo. Mas... sinto-me atraída (fisicamente e sexualmente) por outro rapaz, sendo que com ele apetece-me forrobodó a toda a hora. O que acha que pode ser isto senhor doutor?    
Ana Clara, 26, Lisboa

Doutor G: Cara Ana Clara, claro que é possível amar alguém que não ouve a mesma canção. Gostos musicais variados são importantes para uma relação saudável, exceptuando os casos em que a outra pessoa gosta de Kizomba ou Funk Faveleiro. Nesse caso, não só a relação não irá funcionar como deveria haver leis que impedissem que essas pessoas procriassem. Dito isto, sem atração sexual a coisa não tem pernas para andar. Sabes o que chamo às pessoas com quem gosto de estar, de me divertir, que não imagino a minha vida sem elas e pelas quais não tenho atração sexual? Amigos.


Caro Dr. G, como convencer a minha namorada a fazer anal?
Anónimo, 25, Lisboa

Doutor G: Caro Anónimo, assim é que é, curto e grosso, embora quando é curto e grosso dê menos jeito para o sexo anal. Deixo um pequeno fluxograma para ajudar:


Caro DoutorG, acha que quando nos interessamos muito por uma pessoa mas se começa a ter "festa" cedo demais, as coisas acabam por se cingir só a isso, ou não vai afetar a evolução da relação psicológica? Obrigadissima.    
Laura, 19, Porto

Doutor G: Cara Laura, o que é cedo demais?

  1. Antes de saberem o nome um do outro?
  2. No primeiro encontro, ainda antes do jantar?
  3. Às sete da manhã antes da missa?
  4. Antes de fazerem análises de DST?
  5. Antes de terminarem o namoro com outra pessoa?
O tempo é relativo, já dizia Einstein. Por isso, diria que desde que ambas as pessoas queiram, não haverá problema nenhum e é uma excelente forma de despistar possíveis incompatibilidades sexuais. No entanto, é facto de que quando as pessoas se atiram para a chave de virilha pelada logo ao início, pode dar origem a equívocos onde o parceiro apenas queria sexo e não um namoro. Tudo o que sabe bem, vem com algum tipo de risco. Antigamente, as mulheres eram ensinadas a esperar para não parecerem badalhocas, mas, felizmente, hoje as coisas estão a mudar e um homem seguro prefere uma mulher sexualmente liberta do que uma falsa púdica que só o faz esperar para parecer bem. O pior para uma relação é começar com uma mentira, por isso, se te apetece, come e não finjas que estás de dieta.


É isto. Partilhem que as partilhas são o salário do Doutor G e, como sempre, sem a vossa participação isto não faz sentido, por isso, enviem as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Façam amor à bruta porque de guerras o mundo já está cheio.

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18 de fevereiro de 2018

A Guita Toda | "A Vida Toda" - Carolina Deslandes



Os impostos levaram-me A Guita Toda. Uma paródia musical, com a música "A Vida Toda" de Carolina Deslandes. Espero que gostem desta minha primeira paródia musical (podem ignorar o óbvio que é eu não saber cantar) e que partilhem se também vos levam a guita toda em impostos.


Créditos:

*Som e edição de som*
Rodrigo Gomes - https://goo.gl/e9GxJJ

*Imagem, edição e realização*
Pedro Bessa - http://bit.ly/2C6JPMY

*Música original*
A vida toda - Carolina Deslandes - https://youtu.be/75iqd2yJH6w
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14 de fevereiro de 2018

À conversa com alguém que tem cancro



O episódio de hoje é muito especial e espero que não se assustem com os temas e o título. No Sem Barbas Na Língua desta semana, temos um convidado que é o Tiago que nos veio falar da sua experiência com o cancro que tem neste momento. Uma conversa dura e sem paninhos quentes sobre a doença, a perspectiva da morte e sobre como rir é, talvez, o melhor remédio. É ouvir e, se gostarem, subscrevam e partilhem.



Podem ouvir e subscrever o podcast nas seguintes plataformas:
PS: Se costumam seguir o podcast, subscrevam na plataforma que mais gostarem para serem notificados sempre que houver um novo episódio.
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13 de fevereiro de 2018

Relações poliamorosas e dicas de engate



O dia dos namorados está aí à porta e com ele muita gente encalhada fica em casa deprimida a chorar e a comer gelado enquanto vêem o Pretty Woman pela décima quinta vez. É a pensar neles que o Doutor G não tirou folga neste dia de Carnaval e vai dar uma bonita consulta "Doutor G explica como se faz". 


Caro Doutor, comecei a dar-me com uma rapariga e depois, por arrasto, a minha namorada também começou a simpatizar com ela e estão-se a tornar demasiado próximas. Após confrontar a minha namorada sobre o assunto, ela disse-me estar um bocadinho interessada na moça, que gostava de mim, mas que queria uma relação poliamorosa, mas eu não me sinto confortável com tal. Como lhe consigo dizer isso sem que ela me troque ou que fique chateada comigo?
Anónimo, 25, Lisboa

Doutor G: Caro Anónimo, o drama. A tragédia. O horror. Ter uma namorada que quer uma relação poliamorosa para andar às tesouradas de virilha com outras mulheres. É o pesadelo de qualquer homem. É isso e ter a Adriana Lima a mandar-nos nudes e a aparecer-nos de surpresa no chuveiro. Nojo. Diria que és um choninhas, mas pode dar-se o caso de isso ser uma porta aberta para depois ela se andar a engalfinhar com outros gajos e, nesse caso, talvez tenhas uma certa razão em não estar confortável com a situação. No entanto, se ela quer uma relação aberta e tu não queres, não haverá nada a fazer e mais vale aproveitares para o forrobodó pelado com ela e a amiga. Depois de comeres tudo, dizes que afinal não estava do teu agrado, tal como faz muito boa gente nos restaurantes para encher o bandulho e não pagar. Ela vai dizer que então é melhor acabarem ou vai dizer que não te quer perder e jurará ser-te fiel, mas, na verdade, vai andar a comer por fora sem te dizer. Estás entre a espada e a parede, por isso mais vale aproveitares e ficares entre o pipi e outro pipi.


Caro Doutor G, já há algum tempo que estou a namorar com um rapaz de quem gosto muito, mas quando chega a hora do funaná pelado algumas coisas não correm tão bem como deviam... Ele é bastante "sensível" e acaba por soltar os girinos albinos cedo de mais. Já tentei magoá-lo ligeiramente para ver se perdia a sensibilidade, mas acabou por querer parar e eu fiquei a ver navios. Sugestões?    
Maria, 27, Loures

Doutor G: Cara Maria, esta é das dúvidas mais recorrentes do sexo masculino: o problema da ejaculação precoce por parte dos seus parceiros. Esse problema pode dever-se a causas físicas ou psicológicas. As primeiras, convém ir ao médico ver se tem hipersensibilidade na cabeça do pimpolho e caso tenha, fazer uma circuncisão pode ajudar porque a cabeça do bicho ganha calo por estar sempre à fresca. Se for a segunda, sugiro que tentes algumas destas técnicas:

  • Tatua um retrato da mãe dele entre os seios e um do pai dele ao fundo das costas.
  • Quando ele se tiver quase a vir, chama-lhe o nome do teu ex.
  • Quando ele disser que já não aguenta mais, diz-lhe «Nem sabes, ontem risquei-te o carro!».
  • Quando o sentires que ele está prestes a atingir o clímax, diz-lhe que o clube de futebol dele é uma merda. Não só retardará o orgasmo, como ainda te vai dar umas palmadas. Se ele for do Benfica, convém estares de costas para ele porque é gajo para te agredir mesmo a sério na cara.
Há várias técnicas de solos de oboé que ele pode fazer para ir habituando o trombinhas a aguentar mais tempo e a salivar, mas não cuspir demasiado cedo. É ver no Google. Se nada resultar, é porque és demasiado gostosa e ele não se aguenta e que depois do menino bolçar seja homem e dê outra logo de seguida e te satisfaça. Se disser que não consegue, troca de namorado.


Boas dr, sou um gajo monogâmico, de relações duradouras e sem historial de traições. Contudo tenho uma fantasia que nunca consegui satisfazer: ménage com 2 mulheres. Fruto da minha postura na vida não aprecio uma mulher badalhoca portanto a ter que acontecer teria que ser com uma namorada e outra mulher (esta última badalhoca ou não - seria usada unicamente para o propósito). O que acontece é que a minha namorada não é virada para brincadeiras com o mesmo sexo. Questão: 1- como a convencer a entrar na brincadeira? 2- Qual o perfil de escolha para a segunda mulher: amiga desconhecida, amiga conhecida, serviços 'profissionais'?   
Anónimo, 27, Porto

Doutor G: Caro Anónimo, olha que estranho um homem com essa fantasia. Realmente, este consultório é só aves raras. Olha, troca de lugar com o gajo da primeira dúvida. Passa-lhe a tua namorada e tu ficas com a dele e recebes outra de oferta. Não dando jeito, até porque és do Porto e ele de Lisboa, é mandar o barro à parede com a tua namorada, mas se dizes que ela não é virada para aí, não haverá muito a fazer. Achas que se o Doutor G soubesse convencer a sua parceira a alinhar nessas aventuras tinha tempo para dar consultas? Podes tentar convencê-la com dinheiro, mas para isso mais vale ires a profissionais que deve ficar mais barato. Se a conseguires convencer, sugiro que seja com uma desconhecida. Com uma amiga vai ficar um ambiente estranho e com uma profissional vai ficar uma sensação estranha que normalmente é gonorreia.


Caro Dr. G, acho piada a uma miúda que trabalha numa loja de óculos. Ela é simpática e muito gira, mas não sei se a simpatia é apenas por trabalhar no atendimento ao público. Estava a pensar dizer-lhe que estou a ficar sem desculpas para ir à loja e convidá-la a sair, mas ali em frente as colegas todas torna-se difícil. Acha que tento na mesma, ou tento uma abordagem mais discreta tipo pelo facebook?  
A, 30, Norte do Mondego

Doutor G: Caro A, abordagem em pessoa é sempre melhor e as mulheres valorizam isso, especialmente num mundo de homens cada vez mais xoninhas que só sabem fazer swipe com os dedos e não os sabem usar para mais nada. Dito isto, proponho algumas destas frases de abertura:

  • «Eu nem preciso de óculos, por isso adivinha porque é que estou aqui.»
  • «Se isto fosse uma loja de roupa convidava-te para ires comigo ali para os provadores.»
  • «Vamos fazer um teste de optometria» e nisto baixas as calças perguntas se consegue ler as letras da última linha.
  • «Tenho aqui esta receita para aviar.» e nisto mostras-lhe uma receita de magret de pato com molho de frutos silvestres e dizes «Depois de aviarmos isto hoje ao jantar em minha casa, avio-te a ti.»
  • «És tão bonita que é um desperdício trabalhares num sítio onde a maioria dos clientes não vê bem ao perto.» - esta é genial.
Não tendo coragem, investe no Facebook, se bem que dá aquele aspecto de stalker desesperado, mas tu é que sabes. As mulheres que estejam a ler isto que digam se preferiam uma abordagem em pessoa ou virtual.


Tive uma namorada à 3 meses atrás e ela acabou comigo porque ainda sentia algo pelo ex dela. Nas primeiras semanas tivemos umas conversas para acalmar as coisas e ficarmos como amigos, mas eu não consegui e acabei por cortar relações contra a vontade dela. Mas ao fim de 3 meses ainda dou por mim a pensar nela e a ler as antigas mensagens dela. Devo falar com ela e ver se dá em alguma coisa? 
Anónimo, 23, Lisboa 

Doutor G: Caro Anónimo, ela acabou contigo porque não sabes conjugar o verbo haver. Temos pena. Foi merecido. Adeus e até à próxima. Vá, só porque é Carnaval, vou responder-te com um fluxograma:

Pronto, está feito e não se fala mais nisso. Bom Carnaval e bom dia de S. Valentim. Com sempre, se tiverem dúvidas, ou um amigo vosso tiver, podem enviá-las para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam amor à bruta porque de guerras o mundo já está cheio.

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8 de fevereiro de 2018

Facebook, temos de falar...



Facebook, temos de falar...

Quero começar por te agradecer, não gosto de ser ingrato. Agradecer-te por nos teres livrado do Hi5; agradecer-te por todo o conteúdo gratuito; agradecer-te pela forma como ligas pessoas do mundo inteiro; agradecer-te pelos memes e vídeos de gatinhos e bebés; e, acima de tudo, por me teres dado uma plataforma para escrever e fazer rir os outros e, assim, descobrir aquilo que realmente me dá prazer na vida. Agradecer-te por teres sido a minha montra e porque se não fosses tu, provavelmente, nunca estaria a viver da comédia e da escrita, faz agora um ano.

No entanto, como na maioria das relações longas, há alguém que se começa a desleixar e neste caso foste tu. Foste retirando o alcance das minhas publicações gradualmente e este ano decidiste tirar-me uma grande fatia da minha visibilidade no feed das pessoas. É desmotivamente. Reuni mais de 300 mil pessoas na minha página, sem ajudas de ninguém, só através do meu conteúdo, da generosidade das partilhas e dos likes das pessoas que gostam e, também, com a ajuda dos haters e coninhas que se ofendem por tudo e por nada. Sinto-me orgulhoso por ter reunido esse número, em apenas quatro anos, sem estar na TV, rádio ou outros media tradicionalmente impulsionadores da visibilidade. Sinto-me orgulhoso de o ter feito com o conteúdo que eu gosto e não com o conteúdo que eu acho que as pessoas vão gostar. Sei que as minhas taxas de engagement são das mais altas de Portugal e isso não se deve à minha cara bonita, nem ao facto de estar na TV e ser uma celebridade, mas apenas e só porque há quem goste do meu conteúdo. Diria que a esmagadora maioria das pessoas que seguem a página nem sabe o meu nome e não reconheceria a minha cara na rua e isso, apesar de poder ser um erro de marketing, é algo que me orgulho porque sei que o que lhes importa é o que escrevo e digo e não quem sou.

Por isso, acho injusto que me trates como uma marca. Percebo que o faças num post em que vendo bilhetes ou livros, tudo bem, não tenho problemas em patrocinar esses para que cheguem a mais pessoas. É justo. Agora, no conteúdo original que faço e que são 99% das minhas publicações? As pessoas não vêm ao Facebook para ver e consumir publicações de marcas. Ninguém está numa rede social para ver o que a Staples ou a Danone publicaram, mas estão para ver o que eu e muitos criadores de conteúdos fazem diariamente. Sei que sou uma gota no oceano, mas sei que são as páginas como a minha que trazem pessoas ao Facebook. Se as pessoas quisessem ver o que a família anda a fazer iam mais vezes aos jantares de aniversário da tia-avó.

Bem sei que fui mal-habituado e que nos deste uma plataforma nunca antes vista onde gajos como eu, sem cunhas nem jeito para o networking no meio “artístico”, podiam mostrar o seu trabalho a milhares de pessoas sem pagar nada. Bem sei que sim e é só por aí que te estou grato. Espero que quando vires os utilizadores a ir embora, como muitos já estão a ir, especialmente os mais novos, percebas o tiro no pé que estás a dar e voltes a dar às pessoas o conteúdo que elas disseram que queriam receber, embora perceba que em parte a culpa é delas que metem like em todas as páginas sem critério. Percebo que queiras fazer dinheiro e tens toda a legitimidade para isso, mas não trates quem cria conteúdo da mesma forma que tratas uma empresa que só quer vender serviços ou produtos. Tiras-me o público que eu angariei e ainda tens a lata de me enviar mensagens a dizer «Sabias que por mais 40€ podes alcançar até 7 mil pessoas?». Olha, por acaso não sabia e acho um roubo do caralho, se queres que te diga muito honestamente. Não sou rico, nem os meus pais são, por isso não vou poder pagar-te o que me pedes para chegar ao MEU público. Repara, há plataformas que pagam pelo conteúdo, já tu, ganhas dinheiro comigo com aqueles anúncios que metes ali de lado enquanto as pessoas me estão a ler. É na boa, era uma relação quid pro quo: tu davas-me espaço e público, eu dava-te tempo de antena para os teus anúncios e vivíamos bem com isso. Era justo. Agora, começo a achar que não.

Nem fiquei ressentido contigo quando me bloqueaste duas vezes sem qualquer razão e sem me deixares contestar a decisão. Uma conversa com a minha namorada que tinha a palavra violação foi o suficiente para me meteres de castigo 24h. Depois, voltaste a fazê-lo quando publiquei um comentário onde me ofendiam e chamavam nomes e ao qual respondi sem uma única caralhada. Censurei a fotografia e nome da pessoa, mas mesmo assim decidiste que era bullying. Percebo, realmente a minha resposta foi de uma categoria que destruiu o coninhas e, por isso, talvez fosse mesmo caso de bullying. Não fiquei magoado nem me queixei, pois percebo que tens um algoritmo de reports e precisas de manter a casa limpa e, às vezes, levam por tabela os que não fizeram nada de errado a não ser dizer umas verdades ou ofender gente sensível a tudo menos a causas importantes. Percebo, é na boa, faz parte. Compreendo que os teus indianos não saibam distinguir ironia em português.
Vou continuar por cá, até porque o meu conteúdo dificilmente se adapta às outras redes. Só os vídeos, que faço pouco, no YouTube, talvez. Eu escrevo, textos longos, por isso o Twitter será sempre uma plataforma secundária para mim e o Instagram é para comédia fastfood que não é a minha. Não digo fastfood no sentido negativo, atenção, há conteúdos fastfood muito bons por lá, mas simplesmente não é o meu estilo. De qualquer das formas, vou começar a andar mais também pelo Twitter (@noutracoisa), Instagram (@guilhermercd) e no YouTube (PorFalarNoutraCoisa). Se calhar começo a publicar por email ou por grupo de WhatsApp, não sei, ou faço um canal no mIRC onde vou partilhando as minhas coisas. Cá me irei safar, não precisas de te preocupar comigo, mas sinto que quem está a começar a criar conteúdo vai ter uma tarefa difícil e acabará por desistir ainda antes de saber se tem jeito ou não, e é pena porque há por aí tanta gente com talento e vontade para criar, seja em que área for.

Resta-me esperar que o público se lembre de mim quando não lhes apareço no feed durante uns tempos e venham aqui ou ao blogue ver se publiquei alguma coisa nova ou que activem as notificações ali em cima do botão Gostar e Seguir. Resta-me esperar que essas pessoas partilhem quando gostam, caso contrário a página poderá começar a morrer. Repara, por mim é na boa, Facebook, da mesma forma que me despedi para fazer isto, também volto a trabalhar na minha área de formação, sem qualquer problema. Gostava é que isso acontecesse quando o público se fartasse de mim, ou eu perdesse o gosto em fazer isto, e não porque tu não lhes mostras o que ando a fazer, mesmo depois de terem mostrado interesse nas minhas publicações e interagido com elas centenas de vezes.

Sem ressentimentos.
Guilherme Duarte a.k.a. O gajo de barba do Por Falar Noutra Coisa.
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