Começou uma nova edição do Big Brother. Pior altura de sempre para se concorrer a um reality show. Quando saírem de lá, como é que vão fazer presenças em discotecas e feiras de enchidos se vai estar tudo fechado? Só se for presenças na caixa do supermercado ou assim. Se calhar concorreram porque ouviram falar que podem ganhar imunidade e pensavam que era à COVID e não às nomeações. Bem, mas este Big Brother começa com os concorrentes cada um num apartamento, isolados e a cumprir quarentena, para depois fazerem dois testes à covid antes de entrarem para a casa onde vão estar todos juntos. Sorte a deles que é à covid e não à gonorreia e herpes, caso contrário metade ficaria pelo caminho. Dizem que é por questão de segurança, mas estão a isolá-los durante 14 dias que é para quando entrarem na casa estarem em modo putaria máxima.
Vamos, então, fazer uma review detalhada, a roçar o bullying, dos concorrentes do novo Big Brother.
O Rui é pastor e ou enganou-se no casting ou chumbou no do Quem Quer Casar com um Agricultor. Meter um pastor dentro do Big Brother é mesmo a pedir piadas básicas sobre estar habituado a lidar com vacas, piadas que não irei fazer, obviamente. Foi entregue para adopção pela mãe biológica e quando disse isso a TVI colocou em letras garrafais "Órfão" no ecrã. Devem pensar que isto é o The Voice em que a desgraça das pessoas conta mais do que a voz. Ele diz que quer aparecer na TV para cumprir o sonho de pagar um cruzeiro à mãe. Algo me diz que não gosta muito da mãe adoptiva, a julgar pelas notícias que dão conta que os cruzeiros são os piores sítios para se estar durante uma pandemia. O Rui diz que nunca viajou muito, mas que já foi a Zamora tocar bombos, mas nunca foi ao Algarve. Parece saído de um sketch dos Gato Fedorento.
A Iury, na sua apresentação, sobre a sua personalidade disse o seguinte: "Já participei em muitos concursos de misses". Disse que está a participar no Big Brother para ter mais notoriedade e para que em Portugal se valorizem mais os concursos de beleza e não ser só futebol. Concordo, sinto que é um dos grandes problemas de Portugal, é uma educação e um SNS debilitados e o facto de não haver mais concursos de beleza. Fez a apresentação toda vestida de miss com uma coroa na cabeça, deve ser por ser a rainha do reino da falta de noção. Diz que as coisas às vezes auto-apodrecem. Parece a minha mãe que dizia operações auto-stop o que não deixa de ser verdade, porque a polícia manda parar, mas quem carrega no travão somos nós.
O Diogo tem ar e dicção daqueles gurus do marketing que nos aparecem num vídeo patrocinado no feed do Facebook a dizer que nos vão revelar um segredo que vai revolucionar o nosso negócio. O mais engraçado? É que ele faz mesmo esses vídeos. Diz-se um "beto-chunga" e passo a citar "Tive a sorte de ter estudado em colégios privados" como quem diz que se livrou de lidar com a ralé das escolas públicas. Já eu tive a sorte de estudar em escolas públicas e não ter tido o otário do Diogo como colega.
A Sónia é vendedora ambulante e diz que é muito frontal e diz o que tem a dizer na cara e quem não gosta mete na borda do prato, características ubíquas aos concorrentes de reality shows. Tem um namorado com cabelo de cortinado e para o bem dele espero que seja surdo porque a Sónia tem uma voz esganiçada e muito irritante. A Sónia tem classe e disse coisas como "Vou ter de me depilar em frente às câmaras que não me tou-ma-imaginar aí com a pentelheira toda". Juntem a Sónia e a Bernardina numa unidade de cuidados intensivos e o pessoal em coma induzido levanta-se e vai para casa pelo próprio pé.
O Edmar é gay. Custa a acreditar, mas é verdade, é gay. Vem de Mirandela o que lhe deve ter valido já uma série de comentários sobre alheiras. Como é que eu sei que o Edmar é gay? Porque ele disse logo no início da sua apresentação. Precisava de ter tido? Claro, se não ninguém desconfiava. Não retive mais nada sobre ele, mas é o que dá achar que orientação sexual é traço de personalidade que automaticamente define alguém.
O Daniel deve ter feito como eu e cortou o próprio cabelo em casa. Diz que é hipnoterapeuta, mas sou capaz de apostar que tirou apenas um workshop para isso e não psicologia. Aposto, também, que leu livros de programação neuro linguística e que é daqueles que diz que adora manipular, mas acaba a comprar 10 raspadinhas de seguida porque está com a sensação que o prémio está quase a sair.
A Ana Catharina é brasileira e vegan. Como é que eu sei? A primeira parte sei pelo sotaque, a segunda sei porque ela disse nos primeiros segundos da sua apresentação porque os vegans rebentam se não revelarem isso sempre que estão perante novas pessoas. Diz que já morou em 33 lugares diferentes. Ya… eu também já morei 15 dias em Portimão e 3 semanas numa colónia de férias em Ovar. Diz que já viveu com monges budistas... imagina viveres com monges budistas e acabares no Big Brother em Portugal? Que vida com plot twist do caralho. Diz que vem para o Big Brother divulgar o veganismo. Como se os vegans não tivessem já má fama que chegue.
Sandrina, 21 anos, filha de pai cigano, mas que cedo rejeitou muitos dos costumes mais rígidos da etnia cigana. Esteve noiva aos 12 anos, a sortuda, eu com 12 ainda nem um beijo de língua tinha dado. Acho importante a presença da Sandrina para quebrar estereótipos e ela afirma que quer acabar com o preconceito contra os ciganos, mas não sei até que ponto ir para dentro de uma casa sem pagar renda não pode ser prejudicial. Diz que a sogra, quando descobriu que ela era cigana, a expulsou de casa, mas cá para mim foi porque descobriu que é cabeleireira.
Estava a Sandrina a ganhar pontos depois de fazer um depoimento sobre a sua vida com música triste por trás enquanto o Cláudio Ramos ia fazendo perguntas, quando chega a Soraia e diz "Ah és filha de pai cigano, rejeitada pela família e sogra? I raise you um irmão autista e negro, mesmo a jogar a vida em hardcore shit mode". Nisto aparece a Ana Catharina e diz "Sim, mas eu não como carne." e toda a gente responde em uníssono "Vai para o caralho que ninguém te perguntou nada, ó vegana do capeta!". A Soraia era professora assistente de ensino especial e aposto que essa experiência vai ser útil na casa.
Daniel, bombeiro, militar, que já esteve no Kosovo e na República Centro Africana. Agora vai para onde? Para o Big Brother. Já o imagino com netos a dizer "Ó avô, não queremos ouvir as histórias de guerra do Kosovo, conta antes aquela vez em que pinaste a Soraia com um milhão de pessoas a ver." Diz que é uma pessoa de causas e que salvar vidas é a sua missão e deve ser por isso que em plena pandemia, como bombeiro decide participar num reality show, não vá algum dos concorrentes sentir-se mal. Diz que não gosta de pessoas falsas. Estranho, normalmente toda a gente adora pessoas falsas. "Sentido de humor, bom cu, falsa" são as características essenciais para uma mulher no meu entender.
Hélder, 39 anos, viciado em solário e ginásio e chato como o caralho. Esta última parte são palavras minhas não são dele nem da produção da TVI, mas aposto que bem que tinham metido na VT se pudessem. Tem a mania que é engraçado e fala demasiado. É daquelas pessoas que ninguém gosta, nem os próprios amigos. Como tem cara de saguim decidiu investir no corpo e no cabelo para ao longe parecer que até tem boa figura, mas depois percebemos que é parecido com o David Beckham se ele fosse filho de primos direitos. O Hélder era daqueles que usava (talvez ainda use) pólos com gola levantada. Garanto-vos. Ao menos há lá a professora de crianças deficientes para tratar do Hélder. Já escolhi em quem vou votar para apanhar covid. É assim que funciona este programa, não é?
O Fábio faz apostas desportivas e dá toques na bola. E assim uma pessoa consegue apresentar-se numa pequena frase curta que diz tudo sobre nós, não tivesse o cabelo à Raul Meireles sido suficiente para percebermos. Diz que adormece a ver o Inspector Max porque já sabe as falas de cor. Isto é das coisas mais deprimentes que já ouvi. Até o pessoal da Síria se encolheu. Já imagino:
- Em que estás a pensar amor?
- Estava a pensar naquela cena em que o Max salta de uma varanda e prende um assaltante e o Fernando Luís diz "Boa Max"
O Fábio diz que agora não trabalha porque as apostas desportivas estão todas paradas mas diz "Tenho uns projectos em mente.". Ter projectos, esse clássico de quem não faz nada da vida.
A Noélia perdeu o pai há dias, mas calma que não faleceu vítima de Covid-19, graças a deus. Faleceu ao 4º enfarte, o lambão. Quatro enfartes é o tipo de pessoa que leva o papel higiénico todo para casa e não deixa nada para os outros. Tem dois supermercados e como nesta altura são dos poucos negócios que estão a funcionar e a dar dinheiro, decidiu concorrer ao Big Brother. Faz sentido.
A Jéssica disse das coisas mais honestas que já se disseram num reality show "Nunca tive um pai presente então venho para o Big Brother." Não foi bem por estas palavras, mas foi esta a intenção. Não fosse participar no Big Brother um sinal de inteligência, a Jéssica veio da Suiça para Portugal em plena pandemia. Diz que "Sempre me apaixonei muito fácil" ou por outras palavras "Sempre fui um bocado putinha".
O Pedro começou a falar e eu a pensar "este parece o mais normal" e ele sai-se com "Sou um bocadinho homofóbico". Pah, ou és homofóbico ou não és. Ser um "bocadinho" homofóbico é mesmo coisa de maricas. O Pedro só fala com o Cláudio Ramos porque é por vídeo chamada, caso contrário tinha medo de apanhar o homossexualismo. A cena não é ser homofóbico, é ser burro ao ponto de dizer isso sem ninguém lhe perguntar num vídeo de apresentação de um reality show. Eu acho que ela queria dizer que era um bocadinho homossexual e não que era um bocadinho homofóbico, mas isso já sou eu a levantar suspeitas.
A Angélica vem da Venuzuela e fala espanhol misturado com português que pareço eu bêbedo a pensar que sei hablar castelhano que é um mimo. Sim, clario, por supuestio. Diz que foi o marido que a incentivou a entrar no Big Brother e isso quer dizer que ou tem muita confiança nela, ou anda distraído ou tem uma amante cá fora. Depois de a ouvirmos falar com um débito de 5000 palavras por segundo com voz insuportável, percebemos o porquê de o marido a ter recambiado para o Big Brother em plena quarentena.
Pedro Soá, o Chuck Norris da argumentação que diz que mete pessoas no chão só com argumentos. De repente, depois desta ave rara, até o Hélder ficou a parecer normal. O Pedro Soá é daquele tipo de pessoa que vai ao Shark Tank com um palito a dizer que revolucionou o mundo porque descobriu que também dá para palitar os dentes e não só para comer mini croquetes. Tem uma namorada muito acima do nível dele o que me leva a crer que realmente tem lábia ou, mais provavelmente, dinheiro. O Pedro Soá é daquelas pessoas que se se começam a dar com algum amigo teu, tu deixas de convidar esse teu amigo para o que quer que seja.
Slávia. Sim, Flávia com S. E desta é que vocês não estavam à espera, que a única beta do Big Brother, vinda de Cascais, não fosse loira nem branca. Imagino que algures na produção da TVI alguém pensou "E agora temos uma beta de Cascais que estudou direito na Católica... ah, fds, trocaram as candidaturas, esta deve ser a da Margem Sul". A Slávia, apesar do nome de doença venérea, é claramente a pessoa que sabe falar melhor neste Big Brother e que vem para quebrar o estereótipo de quem nem todas as pessoas como ela são burras. Falo das pessoas que estudaram na Católica, claro.
E é isto. Está completo o ramalhete. Temos betos, betos-chungas, chungas-chungas, pretos, gays, ciganos, labregos, desempregados, empreendedores, tudo. Está aqui um leque diverso e garanto-vos que no meio desta diversidade toda, a mais discriminada vai ser a vegana e, provavelmente, com razão. Já sei o que estão a pensar: ninguém de Rio Tinto? Verdade, é estranho, talvez já tenha acabado a matéria prima.
PS: Se forem daqueles que dizem "Tu vês essa merda? Eu nem tenho televisão!" todos armados em pseudo-intelectuais, podem ver o meu espectáculo de stand-up comedy que está no YouTube. O link é este.
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