6 de abril de 2023

Maria Leal - review à nova "música"



Não ia fazer isto, ia poupar-me a mim e a vocês, mas recebi tantas mensagens que cedi. Sou um fraco. Aqui fica o vídeo, para quem ainda não viu, e em seguida a review detalhada que já é habitual. De nada.



O vídeo começa com um acting incrível, Maria e alguém muito seu amigo (ou muito bem pago para participar nisto), conversam no banco de trás de um Rolls Royce. Uma espécie de sketch de comédia genial em que o rapaz até quebra a quarta parede ao olhar fixamente para a câmara, sem nenhuma razão aparente, qual Edward Norton da Rinchoa. Maria dirige-se ao motorista, numa pastiche dos anúncios do Ferrero Rocher, mas em que o Ambrósio tem um boné, porque esgotou-se todo o orçamento de produção no carro. Ela refere-se a ele como Dom Quixote, o que fará dela Sancho Pança e, a julgar por algumas imagens mais à frente, até faz algum sentido. Nisto, começa a composição sonora e, aviso desde já, que se forem epilépticos, não vejam ou metam um resguardo no teclado para não estragar.

Maria, a nossa suricata epiléptica, aparece a gemer em cima do capô a mostrar o decote e, de repente, vislumbramos um plano apertado do que se assemelha a uns glúteos de fio dental, mas que pode ser um sovaco, não dá para perceber bem. Percebemos que a senhora Leal tem o logotipo dos Rolling Stones tatuado na nádega direita, numa homenagem a Mick Jagger, tanto a tatuagem como as nádegas - que desconfio serem parecidas com as dele aos 79 anos. Estou a gozar, a tatuagem ela nem deve saber o que é, deve ter visto num catálogo e pensado “Uma língua na peida? Classe! Quero!”. 

Aos 0:43 segundos Maria faz uma cara capaz de assustar um padre que já fez exorcismos, enquanto emite sons das suas cordas vocais que se assemelham a um ritual de acasalamento de araras, ou a um atropelamento de uma gata no cio. Nisto, começa a “cantar”. “Eu vim aqui só p’ra te ver perder a cabeça”, diz. Antes fosse, era sinal que estávamos prestes a ser guilhotinados e não tínhamos de ver nem ouvir esta obra-filha-de-primos-direitos. “E quando o grave bater não quero ver moleza”, continua, enquanto vemos mais um plano do seu rabo pão de chapata. Acho difícil não haver moleza, sinto, até, que tenho de ir de seguida ver a compilação de melhores rabos do Instagram como manobra de ressuscitação peniana. Temo que não haja salvação. Os barulhos, que alguns dizem ser música, continuam e vemos que as mamas da Maria estão tão grandes que qualquer dia tapam-lhe a cara. Sonhar não custa.

Ao ver o que aconteceu aos 0:55 fiquei com uma cara de bebé a provar limão pela primeira vez. Cliquei na pausa e acendi as luzes do quarto para não me sentir tão sozinho. Não percebo o que se passa ali, se é papo de pipi cinquentenário ou se é um abscesso. Fiquei uns minutos a olhar para a imagem parada no meu monitor, a perguntar “Porquê, Maria, porquê?”. Há quem faça sauna e banhos gelados para colocar o corpo em stress e criar proteínas de choque térmico que são benéficas para a saúde, eu decidi criar o máximo de desconforto ao meu corpo ao olhar fixamente para as bochechas de vagina da Maria Leal. Aguentei 4 minutos e 13 segundos, altura em que desisti e fui passar a cara por água e dar um abraço à minha cadela. Bebi um shot de tequila e voltei ao vídeo como um soldado que volta para a guerra.

Aos 1:04, o gambá descolorado presenteia-nos com uns movimentos sensuais que vão deixar a Anitta com inveja e a reconsiderar toda a sua dança da música Envolver. Não sei o que é aquilo, parece um potro quando nasce a tentar dar os primeiros passos, mas também parece alguém com gases a tentar que eles, finalmente, vejam a luz do dia. “Bate com força vem, Como tu sabes bem”, numa bonita referência ao discurso de incentivo de Ronaldo a João Moutinho no Europeu de 2016, ou um elogio à violência doméstica, nunca saberemos. Não estou a dizer que a violência doméstica é boa, mas vamos todos concordar que se fossem casados com a Maria Leal e ela se metesse a cantar lá por casa, era uma atenuante que qualquer juiz, mesmo não sendo o Neto de Moura, teria em consideração.

Aos 1:14, Maria "O grave já bate, o kick já bate, o ritmo bate". Tudo bate, menos, infelizmente, a cabeça da Maria numa esquina afiada. “O teu coração bate", continua, recitando o poema. É, o meu coração bate, infelizmente. Aos 1:21 o beat fica mais mexido e começa uma espécie de dança da chuva, feita por um indígena com Parkinson. Estou aqui a dizer mal, mas até admiro quem consegue dançar tão mal. Das duas uma, ou é tudo no gozo e tiro-lhe o chapéu por isso, ou ela acha mesmo que está a dançar bem e acho incrível essa falta de noção. É uma mistura de dança de funk com ritual exorcista e fisioterapia do lar de terceira idade. Ela agita-se toda como um vampiro quando leva com água benta no focinho. Seguem-se imagens aleatórias enquanto a Maria geme um “Vai, vai, vai, vai, vai, vai”. Devia ter seguido o conselho dela e ido embora. Há uma parte que parece que vamos assistir a um parto, mas, felizmente, Maria já está numa idade em que não reproduz, a não ser que lhe saia um alien do bucho, algo que não podemos descartar. 

Nisto, um dos “actores” do vídeo aparece de crucifixo ao peito (lá está, a tentar espantar o vampiro) e baba-se como a minha cadela quando vê um gato bebé. Acho que é suposto ser baba, pode ter só bolçado na própria boca, o que é perfeitamente compreensível naquela situação. “Já ‘tou maluca, maluca, maluca”, diz ela. Sim, já tínhamos percebido há uns anos, embora malucos sejamos nós que damos visualizações e não ela que continua a ganhar dinheiro connosco. "Viajo à lua e volto", continua. Para quê voltar, Maria? É tão bonita a vista da lua, a viagem de volta tem muitas curvas e está de noite, é perigoso, deixa-te estar aí na face oculta da lua que estás bem.

Aos 1:56 conseguimos ver bem o outfit completo de Maria. Um misto de cabeleireira da Margem Sul, com texana, noiva e prostituta. Já vi piores na gala da TVI. Noutra parte tem um casaco com uma braçadeira que diz “Sorry”. Bem sei que na Bíblia podemos ler “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados.” - Atos 3:19 - mas quando foi escrita a Bíblia a Maria Leal ainda não existia, caso contrário haveria um versículo dedicado a ela em que estaria em CAPS LOCK que nem sempre pedir perdão confere salvação. É por esta altura que voltamos a vislumbrar as bordas do pipi da Maria e, se formos atentos e minuciosos, até conseguimos identificar a localização do ânus. Posso ter contraído gonorreia nos olhos a acrescentar ao cancro dos ouvidos que já tinha de ver vídeos passados. Neste nota-se  uma evolução na produção do vídeo, temos mais luzes e artifícios. Foi pena o fogo que têm no cenário não ter consumido todo o oxigênio da sala sem eles darem conta, enquanto adormeciam para um sono eterno, se bem que desconfio que a Maria seja um organismo anaeróbico como as bactérias.

Segue-se um minuto de batida, sons, flashes, imagens do que parece um corpo acidentado a contorcer-se, numa espécie de freak show que se fosse feito num daqueles teatros elitistas seria uma obra-prima com hipsters a aplaudir de pé a metáfora da crítica existencialista à realidade de consumo imediato e efemeridade da fama e da vida. A Maria é uma instalação artística, mas feita por um canalizador. Nisto, entra uma senhora, do nada, e agride o moço, numa normalização da violência contra os homens. Eu pensei que viria um plot twist, em que essa senhora começa a mamar da boca da Maria e afinal elas eram um casal. Temi pela minha vida o que aí vinha, mas não foi nada disso que aconteceu. Maria, com um ar preocupado, vai lá e dá uma chapada no gajo, mesmo estando a roçar-se nele, 5 segundos antes. Ele lá a terá assediado ou assim. Nos EUA tivemos o Metoo, em Portugal temos o MeuCu. De relembrar que, no início do vídeo, ele estava no carro com ela a conversar como se fossem amigos de longa data, portanto tudo faz ainda menos sentido.

Ví o vídeo várias vezes e só à quinta visualização é que reparei que a Maria está com o péssimo playback de sempre, porque nas primeiras vezes só estava focado na verruga ou um pelo encravado nas virilhas. À última visualização, quando o vídeo terminou, a reprodução automática do Youtube passou para a música "Indústria do Nada", do Valete. Na mouche. Bem, depois de um sacrifício enorme como este, já sabem como me podem agradecer: partilhar isto e comprar bilhetes para as últimas datas do meu espectáculo de stand-up comedy. Todas as informações neste link. Não vou projetar vídeos da Maria Leal, por isso não tenham medo de ir jantar e depois ver o espectáculo. Obrigado a todos e vou ali agora esfregar os olhos com tabasco e pedra pomes e chorar em posição fetal no banho.

PS: Este texto está cheio de body shaming? Está. Mas ao contrário da Maria Botelho Moniz, a Marial Leal tem um bocadinho de culpa e mete-se a jeito.






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