8 de setembro de 2014

A minha mãe atirou-me com um rissol congelado



Uma vez, era eu puto, não sei precisar a idade, estava a minha mãe a repreender-me por alguma coisa (provavelmente sem razão, porque eu era uma jóia de moço), nisto, eu começo a fazer pirraça, como era costume e estou ao fundo do corredor a dizer umas parvoíces quaisquer. A minha mãe vem lançada da cozinha, com aquele olhar de fúria que só os pais têm e diz-me para ir já para o meu quarto. Eu, na rebeldia da minha infância disse que não ia e a minha mãe, não contendo a irritação, manda-me com um rissol congelado que tinha na mão. O rissol percorreu todo o comprimento do corredor, eu desvio-me e foi bater na parede, falhando-me por alguns centímetros. 

Foi uma espécie de estrela ninja sopeira à qual me desviei com movimentos semelhantes aos do Neo, muito antes de existir o Matrix

Viver na Buraca deu-me essas habilidades. Felizmente a minha mãe não decidiu atirar antes a faca que tinha na outra mão! O rissol provavelmente não me teria magoado, não por eu ser rijo mas por ele já estar em fase de descongelamento e por isso mesmo um pouco mole. Eu fui para o meu quarto e aprendi a lição. Uns parênteses para dizer que no meu tempo ir para o meu quarto de castigo era realmente um castigo. O computador estava na sala e o que eu gostava mesmo era de ir para a a rua esfolar os joelhos. Hoje em dia o castigo que faz mais sentido é mandar os putos saírem do quarto e irem para a rua brincar. 

Hoje em dia, se um pai ou mãe dá uma palmada a um filho, quando ele está a gritar e esfregar-se no chão de um supermercado porque não lhe compram um brinquedo, toda a gente olha para eles como se fossem uma espécie de Manuel Maria Carrilho. No meu tempo era aceitável dar uma boa bofetada nas nalgas, nas mãos ou até mesmo na cara. Podia ser na privacidade do lar ou num parque infantil cheio de criançada. Até servia de exemplo e via-se os outros progenitores a viraram-se para as crias e a dizer "Vês, se não te portas bem é aquilo que te acontece". Uma vez vi uma mãe a espetar uma chapada à padrasto na filha, de 5 anos talvez, sem razão aparente e a gritar bem alto "Voltas a fazer isso levas mais sua filha da puta". Garanto-vos que aquela miúda hoje em dia não deve ter SWAG nenhum. Também não deve ter autoestima, é um facto.

Voltando ao tema do rissol, consta que uma bisavó minha fazia pior. Era do lado do meu pai, pelo que não se pode tirar uma conclusão genética. Tinha provavelmente o sonho frustrado de ter sido lançadora do disco nos jogos olímpicos e então, quando os filhos estavam a faltar ao respeito, lançava as tampas dos tachos numa espécie de frisbee metálico. Conta a lenda que partiu 3 canas do nariz. Hoje em dia, tudo feito em fibras maricas e películas aderentes, o resultado já não seria o mesmo. A técnica usada pela minha bisavó será provavelmente exagerada, mas hoje em dia os pais são mais moles que a pila do José Castelo Branco bêbedo a tentar praticar o coito com a Adriana Lima. Exemplo disso é a quantidade de putos e put... miúdas estúpidas que se vêem à porta das escolas. Uma boa chapada bem dada tirava-lhes logo a mania, o SWAG e ainda com o bónus de lhes fazer saltar aqueles bonés ridículos que usam na moleirinha, contradizendo a expressão "a cabeça não serve só para usar chapéu". As deles é 99% para o que servem.

Não digo que esta geração que agora está nos seus 16 anos seja a pior de sempre. Também havia muito cérebro de cocó no meu tempo. Os de hoje são é mais espalhafatosos e têm internet para disseminar a sua imbecilidade. Também se consumiam drogas cedo mas estes são viciados em likes e seguidores do facebook. E tal como nas escolas, em que os populares são por normais as abéculas, também na internet isso acontece, só que a internet tem espaço para mais populares do que o recreio. É esperar que não sejam esses que vão governar este país quando eu tiver 60 ou 70 anos. Essa merda é que me preocupa, que eu gostava de ter uma velhice descansada.

No meu tempo havia uma professora na escola primária que tinha uma régua de madeira, que até tinha nome: Dona Xiba. A Dona Xiba endireitou muitas costas e curou calos das mãos a muita pequenada. A minha professora era mais meiga mas também puxava da régua de vez em quando. Eu só levei com ela uma vez e não foi merecida, obviamente. A professora ausentou-se durante 2 minutos, dá-se o reboliço habitual numa sala de aula da escola nº1 da Buraca, há um gajo que se arma em atrasado mental, eu agarro nele bem alto e já no movimento descendente de um épico body slam, entra a professora e só vê o miúdo a esbardalhar-se no chão e a começar a chorar. Lá levei a reguada, sem força nenhuma, que a professora gostava muito de mim, mas acima de tudo porque sabia que o outro puto era um idiota. Eu sentei-me a chorar, sem dor na mão mas com o ego ferido. Não fiquei traumatizado. Hoje em dia são os pais que batem nos professores só porque ralharam com os seus mais que tudo. Ninguém pode criticar os petizes, mesmo que aos 10 anos já se perceba que só vão ser alguém na vida se entrarem na Casa dos Segredos.

Os burros passaram a ter défice de aprendizagem e défice de atenção. Eu acho é que a sociedade passou a ter défice de educação

Com pais presentes, que educam, formam e lhes dão um calduço nas ventas quando eles merecem havia menos desta palhaçada de gente que se vê por aí a meter fotos do rabo no Facebook, ou a ir aos meets armados em gangsters. Bater num filho, quando necessário, é como arrancar um dente do siso. Pode custar, mas é necessário para que não cresça todo torto e principalmente para não estragar os outros à sua volta.

PS: Se gostaram podem também ler este texto dentro do género - Sem bullying éramos todos xoninhas 

PS2: Outro texto é este sobre o ATL onde eu andei em que havia maus tratos e era gerido por gente que se drogava.




Gostaste? Odiaste? Deixa o teu comentário: