28 de novembro de 2018

Artigo 13: A Internet vai acabar?



Está tudo em alvoroço com o famoso Artigo 13º que servirá para regular a Internet, tendo como objectivo proteger os direitos de autor na União Europeia e proteger a criatividade. Há quem diga que a Internet como a conhecemos hoje irá acabar, mas também dizem muito isso porque sabem que o alarmismo gera views e clicks. Primeiro, diz-se "Artigo Treze" ou "Artigo Décimo Terceiro"? Esta merda é que me está a fazer confusão pois há que saber dizer as coisas para as podermos criticar. 

Já quem diz "Artigo TreUze" devia ser banido da Internet para sempre.

Devemos estar preocupados? Médio. Devemos estar atentos? Sim. Sempre que alguém tenta meter ordem na Internet é quando a Internet se remodela e avança. Se nunca ninguém conseguiu parar os sites de torrents ilegais, ninguém vai impedir que se partilhem memes só porque o preto do marsapo grande reivindicou os direitos da imagem. Se os gigantes da Internet quiserem muito que ela continue "livre", ela continuará livre e não vão ser leis que o irão impedir. Isso ou as pessoas aprendem todas a usar proxys e VPNs.

Preocupa-me mais as plataformas removerem conteúdo e bloquearem utilizadores porque alguém achou alguma coisa ofensiva, do que este tipo de leis que, provavelmente, não terão grandes efeitos na prática. Toda a gente que está preocupada com a liberdade sempre ficou calada quando a Internet não foi livre para humoristas que foram e são bloqueados e censurados.

No entanto, se a Internet como a conhecemos estiver prestes a terminar, aqui ficam algumas mudanças significativas na vida das pessoas e na sociedade no geral:
  • Enviar dic pics e nudes terá de ser através dos correios. Aconselho utilizarem uma polaroid para não terem de revelar as fotografias das vossas miudezas numa loja, pois ainda podem aparecer naquelas fotos da montra, muita foleiras, ao lado de uma senhora com permanente ou da foto do casamento do Sandro e da Fabiana.
  • Vais deixar de passar vergonha quando abres um vídeo que te enviaram no WhatsApp, aparentemente seguro, e metes o som no máximo e começa uma mulher a gemer bem alto e toda a gente no trabalho olha para ti como se estivesses a fazer uma pausa para ver porno.
  • Vais deixar de ter aquele problema de abrir a galeria de imagens do telemóvel e estar cheia de fotos de gajas nuas e vídeos pornográficos que aquele teu amigo envia todos os dias para o grupo que criou e ao qual deu o nome de "Javardeira".
  • Os catálogos da La Redoute voltarão a ter utilidade.
  • Como o YouTube vai acabar, as televisões ficam sem poder usar conteúdo da Internet, sejam vídeos ou imagens, para ilustrar notícias, sem perguntarem aos autores se autorizam e sem nunca darem créditos, limitando-se a colocar "Imagens YouTube".
  • As pessoas que usam sempre aqueles comentários do "Mete mais tabaco nisso" ou uma imagem do Carlos Cruz a dizer "Troca-me isso por miúdos" serão bloqueadas por falta de originalidade.
  • Músicas do Tony serão bloqueadas do YouTube porque, finalmente, o plágio pode deixar de ser uma Carreira.
Como vêem, nem tudo é mau. Ninguém sabe muito bem as consequências da implementação do Artigo 13º, mas parece-me que a montanha irá parir um rato como aconteceu com o bug do ano 2000; de qualquer forma, não nos iludamos: ninguém está preocupado com a liberdade da Internet nem em proteger os criadores de conteúdo. Ambos os lados da trincheira estão apenas preocupados com o bolso e com os lucros para as suas empresas, sejam labels de música, seja o próprio YouTube e outras redes sociais.

Preferia que não houvesse regulamentação legislada, muito menos feita por pessoas que ainda usam o Internet Explorer e que nem sabem muito bem como funciona a world wide web (Se quiserem saber mais sobre o assunto, aqui fica uma explicação mais detalhada). Acho que a lei do fair use que temos agora e o bom senso são suficientes para regulamentar algo que queremos livre. O fair use diz que se pode utilizar material protegido por direitos de autor, desde que para fins educativos, informativos, paródias, entre outros. Vejo textos meus reproduzidos na íntegra em vários blogues e sites e só fico arreliado quando não têm fonte e insinuam que o texto é do dono desse site. Vou lá refilar, metem a fonte e ficamos todos amigos e nem me preocupo com o dinheiro que fizeram em publicidade à pala da minha criatividade. Se fosse muito dinheiro ficava, vá.




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