Para desgraça de muitos agoirentos e treinadores de bancada, Portugal sagrou-se campeão europeu de futebol pela primeira vez na história. Sem jogarmos nada, só com empates, com sorte, sem brio, sem suar a camisola, sem táctica, sem ponta de lança, sem nada, fomos campeões. Sem um capitão à altura, sem saber trocar a bola, sem uma defesa coesa, sem nada, fomos campeões. Com o franguício, com um central na reforma e outro brasileiro, com um lateral que nem fala português, com um miúdo que só falha passes, com um que só passa para o lado, com o outro que só quer fintar, com outro que só se queixa, com o Éder, fomos campeões.
Ainda haverá alguns portugueses a sonhar que por alguma questão técnica o jogo seja repetido e nos tirem a taça.
Haverá outros a beliscarem-se na esperança de estarem num pesadelo e de, ao acordarem, verem que felizmente levámos dez a zero na final, como eles tanto almejavam para poderem descarregar as suas frustrações ao exigir que os jogadores façam o que eles nunca fizeram na vida: levar o nome de Portugal ao topo do pódio.
Jogar à bola é ganhar. Da nota artística não reza a história. São pagos para chegar ao fim do jogo e ganhar, é esse o trabalho deles. A mim ninguém me exige que eu resolva um problema informático enquanto faço o pino ou bailado clássico. É para ficar resolvido e pronto. É para ganhar e pronto. Ganhámos, porra! Ou pensam que daqui a uns anos os pais que hoje gritaram golo vão dizer aos filhos «Sim, filho, Portugal já foi campeão europeu uma vez, em 2016, mas não jogou um caralho.». Não, não é isto que fica para a história. O que fica é que fomos campeões, que ganhámos, que erguemos a taça na final contra a equipa que jogava em casa. Contra os franceses que seguiram o exemplo de muitos portugueses: dizer mal da equipa portuguesa. Ainda bem. Agora engulam os sapos, apaguem os posts e os tweets e digam que sempre acreditaram nestes jogadores e no treinador.
Ronaldo lesionou-se e enquanto esses gritavam para que ele deixasse de fazer fita, outros preocupavam-se que que a lesão fosse grave. E foi. E, mesmo sendo, tentou e tentou, sacrificou-se pela equipa e mostrou que merece a braçadeira de capitão. Enquanto uns ligam ao chefe a dizer que não podem ir trabalhar porque estão meio constipados, há outros que coxeiam para liderar uma nação. Não deu, até para Ronaldo. Saiu e muitos pensaram «Até prefiro o Quaresma e assim não estão sempre a passar a bola ao Ronaldo. Não precisamos dele.».
E não precisámos, porque um capitão delega e motiva os que ficam. Grita de fora do campo e faz-se sentir presente. Ele e toda a equipa fizeram com que Éder aguentasse a carga como todos temos aguentado a austeridade, de peito erguido. Encheu o pulmão de ar e acreditou como nunca ninguém acreditou nele. Espero que todas as piadas que se fizeram com ele tenham servido de combustível para aquele remate de raiva fora da área. Chutou... «Golo!!!» foi a palavra que ressonou em milhões de cordas vocais. Golo! Estocada final já sem tempo para reagir. Foi golo! Foi uma bomba de fora da área! Bem que havia rumores de que haveria um atentado no jogo da final! E que maior atentado do que o Éder marcar um golo ao cair do pano e deitar por terra as aspirações dos gauleses? Mamem na baguete e enfardem um croissant com brie, seus arrogantes de merda. Nós temos sardinhas e febras, não precisamos da vossa comida pretensiosa. Não precisamos da vossa torre Eiffel com as nossas cores. A vossa torre não nos merece. Temos os Jerónimos e os Clérigos.
Metam a torre no cu para ficar com as cores do vosso fair-play. #PrayForFrance
Mas isto não é sobre os franceses, sobre os derrotados não reza a história e não se gasta tinta, mesmo que tenham tido nota artística. Les artistes foram para casa com a medalha de prata. Os heróis do mar ficaram com a de ouro. Só faltou o Marcelo dizer «Amanhã ninguém trabalha! Se for preciso declaro feriado e que sa foda! SIIIIIIIIIIIIIIIIIIM, caralho!».
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