Não gosto da palavra "feministas radicais", até porque são duas palavras. Ser feminista é bom e nunca é demais lutar-se por isso. "Feminazi" também é um termo que não me atrai por ser uma comparação descabida e poder ofender os nazis. Por isso, à falta de melhor expressão, chamemos-lhes apenas "Pessoas parvas que lutam pelo que é certo, mas de forma errada". Sou da opinião que existe um machismo latente na sociedade, mas que prejudica tanto homens como mulheres e a prova disso são as mais conhecidas histórias para crianças. Decidi, por isso, reescrever alguns contos mais conhecidos adaptados à realidade do chamado feminismo pós moderno que envergonha as verdadeiras e verdadeiros feministas. Espero que gostem.
Branca de Neve
Era uma vez uma rainha muito bela segundos os padrões machistas das revistas femininas. Para além disso, era malvada como todas as mulheres que não trabalham e vivem dos rendimentos do marido ou do pai. Como não tinha carreira era fútil. Prova disso era que todos os dias perguntava ao seu espelho mágico se havia alguma mulher mais bonita do que ela. Certo dia, o espelho disse que sim: a Branca de Neve! A Branca de Neve era uma mulher com um metro e sessenta e 120 kg de formosura porque o espelho sabia que todos os corpos são igualmente bonitos. Com tanta inveja, apanágio das mulheres que não estão satisfeitas profissionalmente, mandou um criado matar a pobre da Branca de Neve. Quando ele a encontrou, a Branca de Neve gritou bem alto «Socorro! Estou a atacada por um homem branco heterossexual!» e veio logo um grupo de mulheres gritar aos ouvidos dele até ele se ir embora. A Branca de Neve continuou o seu caminho até chegar a uma casa e, como era uma mulher confiante, decidiu invadir propriedade privada. A casa pertencia a sete anões que trabalhavam numa mina que disseram que ela poderia ficar a viver com eles desde que arrumasse a casa enquanto eles fossem trabalhar. A Branca de Neve começou aos gritos a dizer que estava a ser micro agredida e oprimida! Os anões sugeriram que ela podia ir trabalhar para a mina com eles e a Branca de Neve começou a gritar, mais uma vez, dizendo que não ia aceitar ordens de homens brancos heterossexuais sobre o que fazer com a sua carreira. Como era independente, acabou por ficar em casa, mas não arrumava nada porque não era criada de ninguém. Quando a rainha soube que a Branca de Neve ainda estava viva, disfarçou-se de velha e foi bater à porta da casa dos sete anões. Deu-lhe uma maçã envenenada e a Branca de Neve comeu porque confiou nela por ser mulher, caso contrário tinha logo desconfiado que a maçã estava banhada em droga da violação. Comeu a maça e caiu para o lado. No funeral, passou um príncipe que a viu deitada e decidiu beijá-la. Nesse momento, a Branca de Neve acordou e começou aos gritos a dizer que estava a ser violada e a soprar num apito que tinha sempre com ela. A polícia chegou e o príncipe foi preso. A Branca de Neve viveu solteira e feliz para sempre porque não precisava de um homem.
Cinderela
Cinderela era filha de uma comerciante rica, porém quando a sua mãe morreu, o padrasto malvado e os seus dois filhos fizeram da Cinderela o que estavam habituados a fazer de todas as mulheres: ser a sua criada. Um dia houve um baile, mas a Cinderela não pode ir pois estava oprimida a limpar a casa. De repente, apareceu a sua fada madrinha que trouxe uma equipa de limpezas para arrumar tudo. Perguntou-lhe se queria que lhe fizesse aparecer um bonito vestido e uns sapatos de cristal, mas a Cinderela disse que ia de calça de ganga e nua da cintura para cima porque era preciso libertar os mamilos femininos da ditadura patriarcal! A fada perguntou se ao menos queria que lhe desse um bocadinho de cor e a Cinderela disse para lhe dar uns tons de azul nos pelos do sovaco, pois não se depilava como forma de protesto à ditadura das revistas de moda e do culto do corpo feminino depilado. «Se os homens podem eu também posso!», gritou. Lá foi ao baile e o príncipe ficou logo maluco por ver uma mulher em topless na festa. Chegou-se a ela e perguntou se queria dançar e a Cinderela disse «Os meus olhos estão aqui em cima, seu porco.». O príncipe pediu desculpa, dizendo que tinha sido um reflexo incontrolável porque a maioria das mulheres não ostentavam o peito desnudo em festas, mas a Cinderela não foi na cantiga e cuspiu-lhe na cara. «És um porco misógino e se não consegues controlar os teus impulsos de homem, então o melhor é auto castrares-te!», gritou. Quando deram as doze badaladas, os pelos do sovaco da Cinderela voltaram a ficar pretos e ela foi para casa. O príncipe nunca mais a procurou porque os homens têm medo de mulheres independentes e só ligam à aparência. A Cinderela também não estava interessada porque era lésbica e acabou por casar com a fada madrinha.
Capuchinho Vermelho
Era uma vez uma menina chamada Capuchinho Vermelho. Certo dia, o pai do Capuchinho fez uns bolos porque era ele que ficava em casa enquanto a mãe trabalhava e sustentava a família toda. Deu esses bolos ao Capuchinho para que ela fosse levar à avó. Disse-lhe para ter cuidado e que não fosse pelo atalho porque havia perigos. Como a Capuchinho era uma menina independente e que não acatava ordens do patriarcado, decidiu ir pelo atalho na mesma e de minissaia. Pelo caminho apareceu o Lobo Mau que lhe disse «Olá». O Capuchinho começou a gritar e a dizer que estava a ser micro violada e que ela podia andar de minissaia à vontade sem ter de ouvir impropérios por parte de homens que não sabem controlar-se «Uma pessoa já não pode ir levar bolos à avó sem ser incomodada e ouvir piropos nojentos? Vergonha!», gritou o Capuchinho. O Lobo Mau fugiu em direcção à casa da avó do Capuchinho e comeu-a porque era um macho e, como tal, sem critério. Disfarçou-se de avó e quando a Capuchinho chegou a casa viu o Lobo deitado na cama a fazer-se passar pela senhora. Como as mulheres são mais inteligentes do que os homens, o Capuchinho percebeu logo que não era a avó e deitou spray pimenta nos olhos do lobo. Um caçador, ouvindo os gritos, apareceu de espingarda na mão e a Capuchinho deu-lhe também com spray pimenta porque desconfiou logo que ele a fosse violar. De seguida tirou a espingarda ao caçador e matou toda a gente em legítima defesa. No fim, comeu os bolos todos porque não se importava de ser gorda já que todos os corpos são igualmente sensuais.
Carochinha
Era uma vez uma linda carochinha, que encontrou mil euros enquanto montava um móvel do IKEA sozinha. Com o dinheiro, em vez de fazer como outras mulheres que comprariam brincos e colares, foi antes investir na formação tirando uma pós-graduação de Estudos Feministas. Depois, pôs-se à janela a enviar CVs e a perguntar: «quem quer dar trabalho à Carochinha?». Passou um Burro e disse «Eu dou, mas pago-te menos pelo que pagaria a um homem com as mesmas qualificações!». A Carochinha disse que não queria e continuou a perguntar. Passou um cão e disse «Eu dou, mas só se não engravidares nos próximos 10 anos!». A Carochinha recusou e continuou a perguntar. Passou um bode e disse «Eu dou, mas só tenho um estágio remunerado para começar.» A Carochinha disse que não e continuou a perguntar. Até que passou o João Ratão que disse «Eu dou, tenho de preencher quotas e tenho uma vaga num cargo de gestão para o qual tens pouca experiência.». A Carochinha e o João Ratão assinaram um contrato de trabalho e foram felizes durante muito tempo até que a empresa começou a falir devido à falta de diversidade nos cargos de gestão e porque o gestor era um homem branco e heterossexual.
FIM
Como comecei por dizer, ser feminista é bom e eu sou feminista, tal como a maioria dos homens e mulheres com dois pingos de inteligência. Num tom mais sério, acho mesmo que a versão original destas histórias são realmente discriminatórias e que podem incutir ideais de género prejudiciais às crianças. Nas histórias, as mulheres nunca trabalham e o único objectivo é casar com um homem rico - tipo mulher de jogador de futebol - e os homens para se safarem têm de ser ricos, bonitos e fortes para defender a sua dama lutando com dragões. É demasiada pressão para ambos os sexos. Fazia mais sentido reformular estas histórias do que alterar o nome do Cartão do Cidadão, mas para isso é preciso criar e isso dá mais trabalho. Mas pronto, isto digo eu que sou um homem branco heterossexual e do lado do patriarcado opressor. Se acharem que vale a pena, posso fazer uma segunda parte com as histórias da Bela Adormecida, A Bela e o Monstro e As três porquitas.