31 de outubro de 2016

Modas parvas da sociedade e das redes sociais



As figuras que um gajo faz para vos tentar divertir. Vejam o novo episódio do Falta de Chá, onde são abordadas algumas modas parvas e outros flagelos da nossa sociedade. Espero que gostem e que partilhem.


Que tal? Gostaram? Qual foi o vosso sketch favorito?
  1. Invisuais
  2. Facebook Conjunto
  3. Reunião de anónimos
  4. Pisca
  5. Vida inteligente na terra
Falta de Chá já conta com mais de 100 mil visualizações. Obrigado e, se gostaram, partilhem!

Todas as segundas-feiras estreia um novo episódio.

Cliquem aqui para ver, ou rever, os episódios anteriores.


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30 de outubro de 2016

O melhor blog de Portugal



Sempre quis escrever um texto com este título para efeitos de SEO: optimização para motores de busca, para que quando alguém pesquisasse no Google "Melhor blog de Portugal", aparecesse o meu nos primeiros lugares. Nunca tive uma razão válida para o fazer, até agora.

Este menino limpou dois prémios na passada gala dos Blogs do Ano promovida pela Media Capital: o da categoria de entretenimento e o prémio global de melhor blog.

Podem ver aqui as baboseiras que disse na gala quando fui chamado a receber os prémios.

O primeiro foi votado pelo público e, por isso, só tenho de vos agradecer por terem votado. O segundo foi atribuído pelo júri. Os prémios valem o que valem, mas ser distinguido como o melhor blog de Portugal por um júri com tantas pessoas que admiro, obviamente que sabe bem. Sendo um blogue recente, também me dá um prazer especial saber que tanta gente o lê e que tanta gente, para além de o ler, tem o acto altruísta de ir votar em mim sem pedir nada em troca. Tantas vezes se usam as redes sociais para dizer mal e deitar abaixo, que é muito bom saber que tantos de vós se deram ao trabalho de fazer uns cliques e perder uns minutos para votar sem ganharem nada com isso e apenas porque achavam que eu merecia.

Obrigado aos meus pais por estarem sempre presentes e me apoiarem, mesmo a minha mãe que tem medo que alguém me apanhe na rua e me faça a folha. Obrigado à minha namorada pelo sentido de humor que tem e por me deixar denegrir-lhe a imagem em vários textos. Aos amigos, irmão, ao meu chefe que me muitas vezes me deixa sair mais cedo, e a todos os que têm contribuído para que tudo seja possível.

Quando comecei a escrever no blogue, há uns três anos, nunca pensei que fosse ter a visibilidade que tem. Sempre o fiz por gosto e nunca para ser reconhecido. Escrever palermices e ouvir o vosso feedback e saber que vos entretive e fiz rir é uma sensação do caraças. Nunca o fiz para ganhar dinheiro, até porque continuo a trabalhar a tempo inteiro na minha área de formação e é isso que me paga as contas. Sempre gostei de humor, mas nunca me imaginei a fazê-lo. Por ser tímido, por não me reconhecer assim tanto talento para isso, e por tantos outros factores. Lembro-me de uma das situações que me fez querer começar a tentar criar o riso na cara das outras pessoas: há uns 4 anos, talvez, segunda-feira de manhã, estava parado no trânsito na 2ªCircular, a cuspir vernáculo mentalmente e a odiar o mundo. Entretanto, começou a Mixórdia de Temáticas, do Ricardo Araújo Pereira, e olhei à volta e vi toda a gente que estava encafuada nos seus carros, em ambos os sentidos, a soltar gargalhadas sozinhos, mas todos ao mesmo tempo. Foi aí que eu pensei «Filho da mãe. Este gajo consegue fazer as pessoas esquecerem-se que estão há uma hora para fazer meia dúzia de quilómetros, a uma segunda-feira de manhã, para irem para um trabalho que, muito provavelmente, odeiam.» Receber, agora, várias mensagens de pessoas que me dizem que os meus textos os fazem rir de manhã antes de ir para o trabalho, ou ao final do dia quando chegam a casa cansados, enche-me de sentimentos difíceis de explicar. Um deles é cagança, o outro acho que é "só" alegria por alegrar os outros.

Queria agradecer, também, a todos os que me foram ofendendo e deitando abaixo ao longo destes anos. «Não tens piada!», «Não sabes escrever!», «Só dizes merda!» e tantos outros comentários de quem, apesar de legitimamente não gostar, decidiu perder tempo da sua vida a deitar abaixo. A esses queria esfregar-lhes os prémios na cara, com a parte afiada, e dizer «E agora? Quem é o maior?». Vi muitos comentários nas notícias sobre os prémios a dizer «Ganham sempre os mesmos, está tudo feito! Só para quem tem cunhas!». São pessoas que, claramente, para além do pouco e mau sexo que praticam, não sabem ver as coisas. Um gajo da Buraca não tem cunhas na Media Capital ou em qualquer lado que seja. Ganhei. Ganhei porque vocês votaram e ganhei porque o júri assim o quis. Estava a contar com ele? Não. Foi merecido? Gosto que pensar que sim.

Um dos males deste país pode, realmente, ser a cultura das cunhas, mas a inveja é ainda pior. Fodam-se p'raí.

Esqueçamos os haters e os coninhas: obrigado a todos vós, mais uma vez. Cá estarei para continuar a escrever e a fazer outros projectos. Para além do livro que editei no ano passado, vai sair outro durante o mês de Novembro, dedicado ao Doutor G, com 50% de conteúdo inédito. Acabei de lançar uma série de sketches em parceria com o Ricardo Cardoso, e mais coisas estão para vir. Sei que não vão gostar de tudo e isso só mostra que têm critério e expectativas altas em relação àquilo que faço. A única coisa que une todos esses projectos é o prazer que me dão fazer e a vontade de vos fazer rir. O vosso feedback, apoio e partilhas são essenciais para que consiga continuar a fazer coisas novas e com qualidade nesta bonita democracia que é a Internet. Sem cunhas. Sem pais ricos. Sem auto-censura. Sem merdas.

Obrigado.

PS: Amanhã sai o 3º episódio do Falta de Chá e, ao contrário do que é normal, vai sair logo por volta das 12h, porque é noite de Halloween e já se sabe que depois de jantar vai estar tudo com os copos e tentar engatar enfermeiras cadáveres e vampiros de tronco à mostra.
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26 de outubro de 2016

Coisas que aprendi a morar com a minha namorada



Faz agora um ano desde que fui viver com a minha namorada. Sabes que morar junto não é assim uma coisa tão espectacular e feliz porque nunca falam disso nas comédias românticas. No entanto, é uma aprendizagem constante e aqui ficam algumas coisas que tenho aprendido.

Desde que o meu cão morreu que sempre quis ter outro e, desde que moro com a minha namorada, sinto que adoptei um galgo afegão arraçado de cão de água, tal é o tempo que ela demora no banho e a quantidade de cabelos deixados pela casa.

Sou obrigado a tomar banhos de imersão no poliban, já que o ralo está sempre entupido como se tivesse sido acabado de esfolar um gato persa na banheira.

Como é que ela não fica careca? Como é que a casa de banho está sempre alcatifada com cabelos e ela nem tem uma entrada? O chão do meu WC parece o de um cabeleireiro à porta do IPO. Ela deve ter o couro cabeludo arraçado de boca de tubarão em que por cada cabelo perdido está uma fileira de novos, prontos a entrar em acção. Nos meus tempos de solteiro, encontrar cabelos de mulher nos boxers e nas virilhas era sinal de uma noite bem passada. Hoje, é só sinal que saí do banho, pisei o chão do wc e, quando me vesti, trouxe um tufo de cabelo agarrado aos pés que ficaram presos nos boxers.

Tomar banho é todo um desafio. Entro para o chuveiro e dou por mim a tentar não pisar os trezentos e vinte frascos de champô para cabelos lisos, champô para cabelos encaracolados, champô para cabelos ondulados, condicionador, gel de banho, máscara para o cabelo, gel esfoliante, óleo hidratante para duche, gel de banho íntimo, creme depilatório, água micelar, entre muitos outros. Mas que merda é esta? Quem é que precisa disto tudo? Quem é que no final de um dia de trabalho cheira tanto a bedum e acumula tanto sarro que precisa desta panóplia de produtos de limpeza? Parece que vivo com um mineiro. 

Morar junto é partilhar as coisas boas e as más. É partilhar os momentos felizes e a vida, mas também é partilhar as contas e, sejamos sinceros, um gajo fica a perder. Seja em merdinhas para a casa que nós nunca compraríamos, seja no condicionador de marca cara que vai no meio do pão e dos cereais, etc. Perco muito dinheiro por mês nos doces que compramos. Sim, dividimos o custo, mas basta distrair-me por uns momentos e ela já enfardou uma tablete de chocolate sozinha. Ela tem um problema com os doces: gosta muito deles e não engorda por mais que os coma. Ontem, comprou uma caixinha com dez chocolates. Deu-me um. Quando fui buscar outro já não havia. «Então, comi dois a vir do Pingo Doce…» explica ela como um drogado explica que acabou a heroína porque o almoço foi feijoada e é preciso um digestivo.

Desde que vivo com a minha namorada que percebo a razão de alguns realizadores fazerem curtas metragens. Não é por questões de orçamento, mas sim para as namoradas conseguirem ver o filme completo. A minha tem o dom de adormecer quando ainda estamos no genérico e, pior, no dia seguinte quer que lhe conte a história porque diz «Oh, eu até estava a gostar.» Mas a gostar de quê? Do tipo de letra utilizado na introdução? Da música de entrada? Pior é quando são elas a escolher um filme que só elas querem ver e depois adormecem e ficamos nós, ali, a ver o «Diário da Nossa Paixão» enquanto elas abrilhantam a banda sonora romântica com o seu ressonar. Aliás, escolher um filme para ver é sempre uma luta que desafia todos os limites da relação:

- Vamos ver um filme? - pergunto.
- Sim, vamos. - responde ela.
- O que te apetece ver?
- Tanto me faz, escolhe tu.
- Terror?
- Não, terror não me tem apetecido.
- Drama?
- Não, depois fico deprimida.
- Comédia?
- Ainda ontem vimos um.
- Então escolhe tu...
- Já te disse que tanto me faz.

Nós, homens, somos parvos. Porque é que perguntamos? Ela vai adormecer! É escolhermos o que quisermos.

Aprendi, também, que Einstein estava certo e que o tempo é, efectivamente, relativo. Por exemplo: o tempo de um jogo de futebol por semana é maior do que o tempo de três telenovelas por dia; as três horas que uma mulher se demora a arranjar é menor do que aqueles cinco minutos que ela ficou à espera uma vez para irmos fazer aquela coisa para a qual ela nos arrastou. Outra coisa que também é relativa é o desperdício: uma luz acesa da cozinha sai muito mais caro do que duas horas de água, gás e luz a tomar banho. No que depender da minha namorada, não haverá água potável daqui a dez anos no planeta e vamos todos estar a gozar um Verão de doze meses.

Viver com a namorada implica uma mudança de rotinas. Até os próprios laços familiares e de amizade sofrem alterações, já que passamos a estar menos tempo com algumas pessoas. Antes de morar com ela, tinha uma relação muito mais próxima com o meu pénis. Era gajo para lhe ligar várias vezes por semana para darmos dois ou cinco dedos de conversa. Hoje, nunca temos tempo a sós e nota-se que as afinidades já se perderam um pouco. Sim, estamos os três juntos muitas vezes, mas é diferente, às vezes precisamos de estar só com os amigos e ter conversas de homens.

Outra coisa que aprendi é que, afinal, um casal sem filhos precisa no mínimo de um T2. Porquê? Porque é preciso uma divisão para a mulher ter a sua roupa capaz de encher duas lojas da Zara. Vou descrever-vos o que se passa aqui em casa: temos uma divisão só para a roupa, não porque somos finos e temos um walk-in closet, mas porque o quarto é demasiado pequeno para ter um armário grande, quanto mais vários armários grandes amontoados para haver espaço para todos os outfits da minha amada. Há um armário só para aquela roupa que ela comprou e, no máximo, usou uma vez. Há outro armário para aquela roupa velha, ou seja, com dois ou três anos, mas que ainda pode voltar a ficar na moda. Depois, há outro armário para a roupa mais actual e várias gavetas e prateleiras com bugigangas que reluzem. Há, também, um armário para os sapatos com dez prateleiras em que apenas uma é minha. Por fim, há o meu armário, o mais pequeno de todos. Esse armário, de vez em quando, sofre manobras de ocupação por parte do inimigo e dou por ela a tentar reclamar uma pequena prateleira para alguma das suas roupas.

Aos poucos, pendura uns casacos nos meus cabides e já sei que vou dar por mim a ter de arrumar a minha roupa nas malas de viagem na arrecadação.

Outra coisa que aprendi é que, no tocante a decoração, o melhor é dizer sempre que sim. Sempre. Não vale a pena dizer que os cortinados que ela quer são caros, nem que não precisamos de mais um candeeiro. É dizer sim a tudo e quando ela disser, «Mas eu quero que a casa também fique ao teu gosto.», só temos de abraçá-la e sorrir. Sim, porque se eu morasse sozinho tinha vasos com flores e almofadas no sofá a condizer com o tapete. Sim, claro que sim. Não é que eu não goste da decoração, gosto, mas se morasse sozinho não havia cá papel de parede com risquinhas, obviamente. Se quiserem saber mais sobre esta luta podem ler o texto em que escrevi sobre os tormentos de ir ao IKEA com a namorada.

Desde que vim morar com ela que noto um padrão: ela não é uma pessoa agradável de manhã. Para a minha namorada, o sono é uma espécie de limão amargo que lhe espremem nos olhos enquanto lhe dizem que tem dois anos de vida. A sorte dela é que a conheci num jantar, já que se a tivesse conhecido num pequeno-almoço as coisas teriam sido diferentes. Só para verem o mau humor desta menina, ela trocou de sítio onde ia tomar café todas as manhãs porque, e passo a citar, «O empregado irritava-me… era demasiado simpático.». Já aprendi: de manhã não pode haver perguntas. Nem à noite se ela estiver com sono. Nem quando está com fome. Nem quando não come doces há duas horas. Não quero que fiquem com a ideia errada dela! Naqueles 10% do tempo em que não está de mau humor, ela é muito fixe.

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24 de outubro de 2016

THE WALKING TUGA - Zombies portugueses



O que aconteceria se o Walking Dead fosse inspirado na realidade portuguesa? E o que é, afinal, humor inteligente? Tudo isto e muito mais, no segundo episódio de Falta de Chá. Seis minutinhos com seis sketches que podem ver no vídeo em baixo.


Que tal? Gostaram? Qual foi o vosso sketch favorito?
  1. Polícia racista
  2. The Walking Tuga
  3. Arrumador
  4. Ligue já
  5. Stand Up Comedy
  6. Dates do Tinder
Se gostaram, partilhem com os vossos amigos. A vossa ajuda é essencial para continuarmos a fazer projectos com esta qualidade.

Todas as segundas-feiras, às 21:30h, estreia um novo episódio.

Cliquem aqui para ver, ou rever, o primeiro espisódio.


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18 de outubro de 2016

10 situações em que os pais envergonham os filhos



Quem disser que nunca se sentiu envergonhado em alguma situação causada pelos seus pais, das duas uma: está a mentir ou cresceu num orfanato. Aqui ficam dez situações comuns nas quais os filhos se querem esconder num buraco sem fundo.


«Não comes mais nada?»
Todas as mães têm um espírito de alimentadora de porcos. Acham que toda a gente gosta de repetir cinquenta vezes e que quem não repete só o pode estar a fazer por cerimónia. Esta qualidade de incentivadora enfardadeira vai apurando com a idade e, quando chegam a avós, é algo que lhes é impossível controlar. A minha mãe obriga as pessoas a comer. A minha mãe trata os meus convidados em casa como patos criados para produzir foie gras, ao enfiares-lhes um tubo pela goela abaixo. No outro dia, durante as gravações de uns sketches, levou sandes para a equipa de filmagens. Eles rejeitaram porque tinham acabado de comer. Ela insistiu. Eles voltaram a recusar. Não contente, voltou a insistir. Eles voltaram a dizer que não lhes apetecia mesmo. Depois de eu refilar com ela a dizer que era um paradoxo ela achar que eles estavam a rejeitar por cerimónia e que ao insistir tanto eles iam acabar por comer sem vontade e, aí sim, por cerimónia. A minha mãe voltou a insistir e foi, às minhas escondidas, dar-lhes as sandes para que levassem para casa. A minha mãe é o Pablo Escobar das sandes de carne assada. Até vão fazer uma série sobre ela chamada NACOS. A frase de assinatura vai ser «A Dona Belmira se le respeta. Jamón o queso?»


«O meu filho teve tudo cincos!»
Todos os pais são gabarolas em relação aos filhos. Seja porque o Rafael Alexandre já se sabe sentar sozinho aos dois anos, ou porque a Patrícia Soraia já sabe tirar selfies com duck face aos seis meses. Os meus pais tinham a mania de puxar o assunto das minhas notas em todas as conversas com os amigos. «Diz que amanhã vai estar frio. Dão cinco graus para Lisboa. Por falar em cinco, o Guilherme teve tudo cincos, este período.» ou «Bem, ali na IC19 estava um acidente brutal com um Renault 5… por falar em cinco, o Guilherme teve tudo cincos… até a educação física.». Os meus pais tinham muito esta mania até eu entrar para a faculdade. Curiosamente, depois de eu começar a deixar cadeiras para trás no Técnico, as minhas notas deixaram de ser um tema recorrente nos jantares com os amigos. É assim, os pais só querem saber de nós até deixarmos de ser um motivo para eles se gabarem dos próprios genes.


Trocar nome das namoradas.
A minha mãe troca o meu nome com o do meu pai e irmão, por isso, não é de estranhar que chame todo o tipo de nomes à minha namorada. Uma senhora que para me chamar tem de dizer sempre de seguida «Rui Pedro, Zé, Guilherme.» claro que vai chamar a minha namorada de todos os nomes de raparigas que eu levei lá a casa durante a vida e de outras que nunca conheceu, mas que leu nas cartas que cuscava na minha gaveta da secretária. A minha namorada não se importa muito porque se chama Otília, e qualquer coisinha é melhor do que isso. O pior, nestes casos, é que as namoradas não ficam chateadas com a sogra, e somos nós a levar por tabela como se fossemos responsáveis pelo Alzheimer momentâneo das nossas progenitoras. Uma conversa que já muitos homens ouviram:

- A tua mãe chamou-me Carla… tens alguma coisa a dizer?
- Era a minha ex-namorada.
- Qual delas? Aquela feiosa?
- Pergunta com rasteira… feiosas, ao pé de ti, são todas, meu amor.
- E trocou-me o nome porquê?
- Oh, ela troca o nome a toda a gente. No outro dia chamou o nome do meu ao cão.
- Desculpas... Não me digas que ainda a trazes cá a casa?
- Eu? Não falo com ela há 10 anos! Acho que ela emigrou para o Canadá.
- Andas muito bem informado sobre a tua ex-namoradinha.
- Vi no Facebook.
- És amigo dela no Facebook?!?!?!??!?!
- Não, mas vi numa partilha qualquer de um amigo em comum.
- Pois, pois, só sei que a tua mãe parece lembrar-se bem dela. Se calhar gostava mais dela do que de mim.
- Não sejas parva, Carla. Ups…


«Dá cá um beijinho.»
Quão ingratos são os filhos quando chegam a uma certa idade e ficam envergonhados quando os pais se despedem com um beijo, à porta da escola? Acontece com muitos filhos do sexo masculino. Estamos naquela idade palerma da afirmação e achamos que dar um beijinho à mãe, ou pior, ao pai, é sinal que ainda somos crianças, quando queremos ser homens adultos mesmo com o buço ridículo que ninguém nos diz para tirar, a não ser quando já é demasiado evidente que, não tarda, vêm duas andorinhas lá nidificar. Pior do que o beijinho à porta da escola era quando ouvíamos a seguinte frase, que em privado já era má, mas que em público exponenciava a vergonha: «Tens uma coisa na cara. Deixa que a mãe tira.» e já sabíamos que vinha aí dedo lambido para nos limpar a bochecha. Nojentos. Os pais são nojentos.


«Leva o casaquinho»
Quem nunca viu, em pleno verão, um puto de seis anos vestido como se fosse caçar focas na Antártida? Quem nunca viu um puto no primeiro dia de aulas com um fato de treino cor de salmão, camisa verde por baixo, e botas ortopédicas? Bem, se calhar fui só eu neste último caso. Falam da fome em África, mas ninguém refere o flagelo dos milhares de crianças, por esse mundo espalhadas, que têm de andar com um casaco e um guarda-chuva durante um dia de sol, no recreio, só porque os pais não confiam no pessoal da meteorologia nem na capacidade imunitária do seu DNA.


«O meu filho conhece-te»
Há mães peritas na arte antiga da vergonha alheia. A minha mãe, há uns anos, foi falar com uma rapariga em Lagos que vendia cachorros porque eu tinha comentado, a título de curiosidade, que já a tinha visto com um conhecido meu na noite, em Lisboa. A minha mãe, só porque sim e porque não tem muita noção, decidiu interagir:

- O meu filho diz que já a viu na Damaia.
- ... como? - diz ela completamente vermelha.
- Na Damaia, o meu filho diz que a viu lá.
- Não, eu nunca fui à Damaia... - diz ela como quem foi apanhada a roubar.

A minha mãe, para além de ser totó, confundiu Lisboa com Damaia e, pela cara da rapariga, tinha efectivamente ido à Damaia, mas para ir para o banco de trás do automóvel do meu conhecido. Daí o pânico de eu a ter visto na Damaia: ou aquela senhora inconveniente era a mãe de um fuck buddy dela, o que seria estranho, ou era a mãe de um voyer da Damaia que ronda os carros embaciados à noite.


«Eles estão a fazer amor…»
Quem nunca se viu na situação embaraçosa de, enquanto petiz, estar com os pais a ver um filme inocente na televisão e, de repente, duas das personagens começarem a alambazarem-se todas como gente grande enquanto começa a tocar uma musicazinha de fundo? Ali, dois a três minutinhos bem constrangedores. Aposto que os putos de hoje sacam do telemóvel para disfarçar, mas naquele tempo não havia disso. Era focar a TV como se nada fosse, suster a respiração e esperar que não houvesse mamas ao léu. Nem olhávamos para os nossos pais, mas discerníamos, pela nossa visão periférica, que eles nos iam observando para ver a reacção e nós ali, capazes de ganhar a Feira Internacional de Homens Estátua. Por vezes, esta altura era a escolhida pelos pais para ter a tão famosa conversa sobre sexo. «Sabes, filho, quando duas pessoas gostam muito, muito uma da outra, fazem amor e é assim que nascem os bebés.», o que nos deixava muito confusos: primeiro, por não percebermos como é que o Van Damme gostava assim tanto daquela fulana que tinha acabado de conhecer; segundo, por pensarmos que um filho era o que ele menos precisava de ter antes de ir para o torneio de artes marciais em Hong Kong.


Comentários do Facebook
Um flagelo do mundo moderno são as mães e pais que têm Facebook. Desde partilhar fotografias de quando éramos bebés, no banho, claro, naquele dia em que faltou o gás lá em casa e a água estava fria, até partilhar citações em português do brasil ao género «Super-mãe é aquela que sai vestindo capa e tem por baixo um avental sujo de bolçado de neném.», são vários os momentos em que nos sentimos constrangidos e envergonhados.

Um aparte: o meu pai, há uns tempos, chamou-me da sala com um tom de voz de que tinha acontecido alguma coisa importante. Cheguei e perguntei-lhe o que se passava e ele pergunta-me com ar desconfiado: «Aqui de lado neste site está a dizer que eu sou o visitante um milhão e que ganhei um prémio. Isto é verdade?». Abracei-o, com ternura, e disse-lhe «Não. E os anúncios para aumentar o pénis também são treta.»


Engordar o filho
Sim senhores, as crianças são cruéis, o bullying é chato e não se deve gozar com os gordinhos, e essas coisas todas. É tudo verdade, mas estamos a esquecer-nos dos verdadeiros responsáveis por uma criança ser gozada por ser gorda: os pais que a alimentaram desde pequena para ganhar a medalha de ouro na Festa do Leitão na Bairrada. Se não querem envergonhar os vossos filhos, nem que outros os envergonhem, deixem de criar pequenos javalis que têm falta de material porque têm a mochila cheia de pudins.


Reclamar nos locais públicos
A minha mãe é uma espécie de cinturão negro na arte de refilar em locais públicos. É na banca dos ciganos da feira de Benfica, é nos cafés, é em todo o lado. Não é que ela não tenha sempre razão e essas pessoas não mereçam ser chamadas à atenção devido à sua falta de capacidade para atender ao público, mas a minha mãe tem qualquer coisa que desperta o pior nas empregadas de balcão. A minha mãe não faz peixeirada, mas tem um dom natural para a criar. Só para verem a falta de noção da minha mãe, então não é que foi pedir um «café sem princípio» numa tasca de esquina na Guarda? Claro que foi motivo de discussão depois da empregada achar que ia para ali gente fica da cidade com pedidos fisicamente impossíveis de concretizar.


E é isto. Podem deixar nos comentários outras situações embaraçosas que os vos pais vos tenham feito passar.

PS: Para quem ainda não viu, pode clicar aqui para ver o primeiro episódio da série de sketches Falta de Chá. Para a próxima segunda-feira há novo episódio.

PS2: Não se esqueçam que hoje é o último dia para votar nos Blogues do Ano. Cliquem aqui para votar. Se já votaram uma vez, podem votar novamente! Ajudem a minha mãe que, coitada, anda a votar há um mês, todos os dias, em todos os computadores lá de casa.
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17 de outubro de 2016

Humoristas em fuga da polícia



Finalmente, estreia a série de sketches de humor que andei a gravar com o Ricardo Cardoso. Aqui fica o primeiro episódio que espero que gostem. São 7 minutos com 6 sketches.



Que tal? Gostaram? Digam qual foi o vosso sketch favorito:
  1. A fuga
  2. Betos queixinhas
  3. Geografia Nacional
  4. Literalmente
  5. RAP de engate
  6. Dates do Tinder
Obrigado a todos os que tornaram este projecto possível, em especial à produtora «Até Que Enfim», que apostou neste projecto sem pedir nada em troca a não ser o nosso empenho. Um obrigado, também, à Maria João Rosa por aceitar abrir a série e manchar a sua reputação de jornalista credível.

Espero, e peço-vos, que partilhem tanto como partilharam o texto com o vídeo da Maria Leal para mostrar que em portugal não é so a mediocridade que fica viral. Obrigado.

Todas as segundas-feiras, às 21:30h, estreia um novo episódio. Marquem na agenda, subscrevam o canal do Ricardo, ativem as notificações da minha página de Facebook, tatuem na mão um lembrete, mas não percam e, mais uma vez, partilhem. Obrigado a todos os que me têm acompanhado nesta jornada de tentar fazer rir.
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11 de outubro de 2016

Taxistas Vs Skynet: a bandeirada final



As imagens de ontem deixaram-me a pensar que se os taxistas fazem aquilo aos carros da UBER com gente lá dentro, imaginem quando vierem os carros que conduzem sozinhos! Os taxistas vão ser o último reduto da humanidade contra a Skynet.

2042: Prólogo
Estamos em 2042 e o mundo mudou. Os humanos já não são o pináculo da inteligência e são as máquinas que ditam as regras. As máquinas são controladas pela Skynet, uma inteligência artificial criada pela empresa UBER, que se tornou consciente e tomou conta do mundo e, sobretudo, do negócio de transportes de passageiros com os seus carros que conduzem sozinhos e que não cheiram a sem-abrigo que tomou banho num cinzeiro. Os humanos tentam sobreviver como podem no subsolo, obrigados a uma vida de subserviência às máquinas que são donas de tudo. No entanto, há um último reduto de esperança da humanidade que não se deixa subjugar: os taxistas portugueses. Os taxistas portugueses não aceitam que a Skynet tome conta do que já foi deles e lhes encha as ruas de carros que se conduzem sozinhos de forma ordeira e sem acidentes. 

2016: como tudo começou
Tudo começou em 2016, ano em que a UBER se começou a massificar em Portugal e foi aprovada para operar de forma legal neste pequeno retângulo à beira mar plantado onde o progresso teima em não chegar. Os taxistas portugueses desde cedo perceberam a ameaça, e a agenda escondida da UBER para controlar a humanidade, e formaram milícias armadas que perseguiam e agrediam os motoristas que lhes queriam fazer concorrência. A estratégia era simples: retomar o controlo do monopólio a todo o custo para impedir o fim da humanidade como a conhecemos. Foram confrontos, greves, e muita gente de palito na boca em forma de protesto. Infelizmente, a UBER venceu e conseguiu o apoio do resto da população que não teve a inteligência para ver para além das promessas de um serviço melhor, mais cómodo, e mais barato.

2042: Cajó Connor
A rebelião taxista é comandada pelo líder da resistência humana, elevado ao estatuto de herói, Cajó Connor. Chegara o dia D, em que os soltados de praça iriam tentar deitar abaixo a Skynet. Reunidos numa zona segura da cidade, Cajó faz um discurso inspirador às suas tropas. Da mesa do fundo de uma tasca e enquanto ia sorvendo golos de uma mini e coçando os tomates, disse as palavras mais inspiradoras que aqueles taxistas ouviram até então: «Vamos lá, caralho! Vamos mostrar a esses maricas da UBER e da Skynet quem é que manda nesta merda! Somos chauffeurs de praça ou somos ratos, foda-se?». A multidão aplaude Cajó de pé. Alguns sentados, porque eram três da tarde e o vinho do almoço já trazia alguma dormência àqueles corpos cansados de tantas lutas e reivindicações. As palavras do fogareiro Connor teve o efeito de um elixir e os taxistas ficaram mais motivados do que nunca para a batalha final. Munidos de maços de Ventil, anéis de ouro e uma unha ressequida do dedo mindinho que crescera até ser considerada arma branca, saíram a correr para a batalha final ao som da rádio Amália.

2015: O contínuo espaço-tempo
A Skynet envia uma máquina altamente avançada que se parece com um humano: o Taxirminator. Envia-o para matar Cajó Connor ainda jovem para que ele não cresça para ser o líder da revolução humana. O plano era simples: o Taxirminator chegaria a uma praça de táxis e entraria no táxi de Cajó onde pediria um serviço para depois o matar. No entanto, a inteligência artificial subestimou a esperteza saloia dos taxistas e, ao chegar ao Parque das Nações, não conseguiu que Cajó Connor o levasse até ao aeroporto. Confuso, e sem saber se Cajó desconfiaria de algo, tentou novamente. Nada. Cajó Connor disse-lhe que não faria o serviço e foi aí que a Skynet detetou o padrão e percebeu que Cajó não dava boleia a pretos. O Taxirminator tinha assumido a cor de pele escura para se assemelhar aos ídolos de Cajó Connor: Mantorras e Eusébio. 

2017: Skynet Contra-Ataca
Frustradas as tentativas de matar o jovem Cajó Connor com o primeiro Taxirminator, a Skynet percebeu que para ganhar a confiança do taxista teria de enviar um modelo que se parecesse com outro ídolo de Cajó: Professor António de Oliveira Salazar. Não obstante, e para garantir o sucesso da missão, a Skynet decidiu enviar um modelo mais avançado, o T1000: feito de metal líquido e armado com o que os taxistas mais temem: conhecimento das tarifas que devem ser aplicadas. O T1000 teletransportou-se até ao aeroporto e esperou por Cajó Connor na praça. Entrou e disse-lhe que era para Sintra, numa rua isolada onde a máquina poderia matá-lo sem deixar testemunhas. Pediu-lhe para guardar uma mala na bagageira, para que o esperto Cajó não desconfiasse e, quando entrou no carro, reparou que o taxímetro já cobrava 20 euros e estava em tarifa 3. O T1000 confrontou-o com o facto, mas o Cajó esquivou-se dizendo «Ó amigo, eu não o ensino a fazer o seu trabalho, pois não?» O T1000 ficou sem argumentos, já que o seu algoritmo de processamento de língua natural não estava preparado para a chico-espertice tuga. Começou a viagem e, entre buzinadelas e caralhadas, o taxista lá se foi dirigindo até à morada de destino. No entanto, com o atalho demorado que levou Cajó a ir dar a volta a uma rotunda a Santarém porque «Este caminho é melhor para fugir ao trânsito que a IC19 está complicada.», após hora e meia e com mais de 200€ marcados no taxímetro, os planos da Skynet foram, novamente, por agua abaixo: com tanto tempo demorado o T1000 ficou sem bateria.

2042: O confronto final
Voltamos ao ano de 2042 e ao dia do confronto final. Os taxistas formam uma marcha lenta com os seus Mercedes de 1980 e gritando palavras de ordem como «Só queremos direitos iguais e também as regalias!» e «No tempo de Salazar nem os smartphones eram permitidos!». Chegam ao quartel general da Skynet e acampam à porta. Depois de umas horas em negociações inúteis, decidem, então, fazer algo arriscado. Cajó, perto de um cabo de alta tensão, comanda para que todos os taxistas formem um cordão humano. Pede-lhes que se unam numa corrente, lado a lado, encostando os bigodes uns aos outros, para que a cerveja ainda ressequida sirva como potenciadora da condução de corrente elétrica. Todos assumem os seus postos e no fim da fila está o Arnaldo, um ex-condutor da UBER que foi reprogramado pelos taxistas à base da chapada na nuca. Arnaldo coloca a mão no servidor da Skynet e Cajó completa o circuito. A Skynet explode com a sobrecarga, mas os taxistas sobrevivem devido aos crucifixos de borracha que tinham ao pescoço, pousados sobre uma fofa camada de pilosidades peitorais.

É o fim da Skynet. Obrigado taxistas. Obrigado Cajó Connor.
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7 de outubro de 2016

Maria Leal, pouca ginga e muita vergonha alheia



Pois é, tinha de falar nisto. Custa-me, sinceramente, até porque é uma espécie de traição à minha musa Ana Malhoa, à qual costumo fazer este tipo de reviews altamente profissionais a todos os seus vídeos. Quem nunca leu pode vê-las aqui: Turbinada, Encaixa, Futura, Dame un besito. No entanto, tantas foram as mensagens que me enviaram que acabei por ceder à pressão e, com muito sacrifício pessoal, ver e rever o vídeo da Maria Leal a cantar para vos brindar com uma excelsa crítica. Quem nunca viu, pode ver e ouvir pela vossa conta e risco.


Vamos por partes: quem é a Maria Leal e porque é que ela tem tempo de antena na televisão quando há bons artistas que não têm? Ora aí está uma boa pergunta. A Maria Leal é ex-namorada de um ex-concorrente da Casa dos Segredos, Tiago Ginga. Isso explica um bocadinho a quantidade de azeite de má qualidade que brota a cada segundo do vídeo, como se a Maria tivesse uma oliveira acomodada entre as nádegas, algo que também explicaria a sua forma caricata de dançar, mas já lá vamos. 

0:06 – Começa a música e desde logo reparamos que todos os instrumentos utilizados pela "banda" são wireless. Temos um tocador de órgão, um DJ que fez um workshop durante o tempo em que esperava pela sua senha no Centro de Emprego, e uma bailarina. É logo aqui que percebemos que a Maria é uma artista inovadora pois, contrariamente à maioria dos cantores pimba, apenas tem uma bailarina e não duas, como lhes é apanágio. Pensei logo, «Bem, esta Maria deve dançar que se farta e nem precisa de uma segunda bailarina para nos distrair da sua voz que calculo ser má.». Como me enganei…

0:14 – A música começa com uma batida já batida, e com uma espécie de dialecto satânico, como que se toda a atuação fosse obra do próprio Belzebu, o que explicaria muito do que vem a seguir, embora nem uma possessão demoníaca fosse desculpa para tamanha blasfémia musical.

0:24 – De repente, entra o beat e vemos a dona Maria de frente. Toda ela é expressão de cólicas intestinais. Toda ela é apendicite aguda e guinadas no baixo ventre. Maria, mascarada de prostituta toxicodependente da estrada da Reboleira, tenta dançar, mas não lhe sai mais nada a não ser uma dança de acasalamento de suricatas inebriadas de absinto e laxante. O seu olhar disperso, qual criança que perdeu a mãe de vista no supermercado, é das coisas mais constrangedoras que já vi. Não percebemos que está para começar um ataque epilético, se está a tentar sacudir uma mosca da cara, ou apenas se tem a noção rítmica de um baterista com Parkinson.

0:38 – Quando pensamos que o melhor já passou, numa espécie de ejaculação precoce em que o clímax vem logo no início, eis que a Maria começa a cantar. Cantar talvez seja um verbo demasiado rebuscado para o que ela faz, confesso, mas nesta altura já ninguém acreditava que ela tivesse boa voz. «Dialectos de ternura» é o nome da música e são as primeiras palavras que a Maria balbucia, mas não pensem que isto é uma cover mal-amanhada da música homónima dos Da Weasel! Antes fosse! As únicas coisas semelhantes são mesmo o nome da música e o aspecto da Maria que se assemelha, efectivamente, a uma doninha. Aliás, ela é igual ao Sid, a preguiça da Idade do Gelo, como podem verificar na imagem do início. É igual!

0:55 – «Ohhh, ohhh, ohhh, ohhh. Hoje Maria Leal, aqui só para ti.» Chupem letristas portugueses! Chupa Carlos Tê! Chupa Pedro Abrunhosa! Chupa Carlos Paião! 

1:12 – «Pensamento proibido, entrar no teu olhar.». O problema não é tanto o olhar, Maria. O problema é a audição! Tive duas otites há pouco tempo e olha que me doíam menos os tímpanos. Aliás, foi com saudade que recordei essa semana em que tinha os ouvidos todos entupidos. Entras no nosso olhar como uma daquelas pestanas que não saem e um gajo coça e coça e depois dela sair continuamos a sentir uma impressão desconfortável.  

1:25 – «Estrada proibida, Entroncamento sem fim.». Não sei se é uma homenagem à cidade do Entroncamento ou se a um cruzamento. Se for a segunda, é, talvez, a primeira vez que tal palavra é utilizada na letra de uma música, romântica ou não. Percebe-se, rapidamente, que esta letra tem o dedinho de um instrutor de código da estrada e de um taxista. Estava à espera de um verso assim «O teu coração está em sentido contrário e vou ter de te autuar.» ou ainda um «Os teus olhos brilham qual colete reflector. Sinaliza a mudança de faixa, se faz favor.». Seja como for, a Maria está, de facto, ao nível dos fenómenos do Entroncamento. Preferia, honestamente, levar com uma abóbora gigante no nalguedo do que ter de ouvir a Maria a cantar durante mais de trinta minutos.  

1:36  Maria começa a soltar-se e avança, em passo de pirata com síndrome vertiginoso, e encara Manuel Luís Goucha e, depois, Cristina Ferreira. Um surdo que veja esta parte vai pensar que ela está a ameaçá-los, tal é a forma desengonçada com que tenta interagir, apontando-lhes o dedo enquanto arregala os olhos de forma que deixaria Charles Manson com complexos de inferioridade. 

2:38 – Depois de um minuto de mais do mesmo a cara de Maria deixa transparecer que começa a bater a segunda vaga de LSD, ou então que o Prozac começa a deixar de fazer efeito. Avança de forma descoordenada, e de olhar de quem já teve três traumatismos cranianos e foi deixada cair de cara no chão da janela de um carro em andamento quando era bebé. Senta-se no colo do Goucha. Goucha disfarça que está a achar piada.

3:10 – Maria, que já nos deu tanto durante estes três minutos, dá-nos ainda mais ao presentear-nos com uma dança indígena capaz de fazer chover no Sahara. A cara dela diz tudo: as cólicas que tinha no início voltaram. 

3:16 – Acabou. Finalmente. Manuel e Cristiana riem-se descontroladamente como quem nunca vivenciou tanta vergonha alheia e olhem que se há alguém na TV portuguesa que já viu de tudo, são eles os dois. Segue-se a conversa de circunstância onde a Maria nos deixa a saber que começou a cantar desde sempre. Atenção que Maria não canta desde sempre, nem começou a cantar desde cedo! Maria «começou a cantar desde sempre», o que é um conceito que nos poderia levar por caminhos altamente filosóficos e a discutir física quântica.

3:53 – «Desde que fui à Quinta, um produtor pegou em mim… e realizei um sonho.» diz. O que eu ouvi foi «Um produtor de azeite lá da quinta pegou em mim, espremeu-me e saiu isto.» Maria afinal não começou a cantar desde sempre, Maria começou a cantar desde 1919.

4:46 – Não sabia que a Rute Marlene tinha morrido. Reparem na forma como ela olha para cima ao agradecer à Rute, como se faz quando alguém morreu e nós partimos do princípio que essa pessoa foi para o céu. No fim agradece também ao Nuno Barroso como quem não gosta assim muito dele. 

Acabou e a única coisa que consigo sentir é pena. Pena de não haver videoclip. Espero que tenham gostado. Quanto a mim, despeço-me com tremores nas mãos e vou ali num instante tomar um banho, esfregar-me com pedra pomes e enfiar duas agulhas de crochet em brasa nos ouvidos.
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3 de outubro de 2016

Fazer amor com a boca, desenhos e fluxogramas



Sei que foram semanas e semanas de espera, sem a vossa dose de javardeira com classe, mas finalmente o Doutor G está de volta para mais uma consulta "Doutor G explica como se faz".


Boa tarde, a minha mulher só quer fazer amor de luz apagada. Qual é o significado?
Anónimo, 42, Braga

Doutor G: Caro Anónimo, assim é que eu gosto: dúvidas curtas e directas ao assunto. Ora bem, podem ser vários os significados para tal exigência da tua mulher. Aqui fica um pequeno fluxograma que ilustra as principais hipóteses de acordo com um estudo altamente científico feito na Internet.

Caro Doutor G, tenho 19 anos e já ando a praticar esta divindade dos deuses, que muita gente chama de sexo, há quase 2. Já tive um namorado e depois dele tive alguns parceiros, mas apenas casos de uma noite. No início do ano comecei a envolver-me com um amigo meu e durante esse tempo não estive com mais ninguém (apesar dele sim) mas ficou estabelecido que não íamos ter nada sério. Passados 2/3 meses comecei a perceber que não era só isso que queria, fiz uma mini cena de ciúmes com uma gaja que apareceu no meio e resolvi acabar com os benefícios da nossa amizade. Depois disso ele começou a ver-me com outro rapaz e a situação dos ciúmes foi ao contrário. A relação com o outro rapaz durou pouco tempo e nunca deixei de falar com o meu tal amigo. Já voltámos aos exercício mas apercebi-me que ainda gosto dele. Nunca me senti tão à vontade com ninguém, tanto como amigo, como na cama. Quando estamos os dois juntos parece que não existe mais ninguém, estejamos a ver um filme agarradinhos ou a ter o sexo mais selvagem. Ele já disse que sente uma grande atração por mim e não há só sexo entre nós, mas não consegue resistir a outras gajas. Ajude-me Dr. G, continuo a ter o melhor sexo do mundo continuando a sofrer porque quero algo mais ou desapego-me de vez e talvez perca um grande amigo?    
Ana Pereira, 19, Viseu

Doutor G: Cara Ana, com 19 anos ainda estás longe de ter experienciado o melhor sexo do mundo. As únicas mulheres que o tiveram em tão tenra idade foram as minhas ex-namoradas da altura. Dito isto, não tens de ficar agarrada a alguém com medo de não encontrares outro que te dê uma excelsa saraivada de chicha. Lamento ter de ser eu a dizer-te isto, mas ele não gosta assim tanto de ti. Sim, pode ter um sentimentozito para além da real fodenga, mas se é ele próprio a dizer que não resiste a outras, acho que tens aí a tua resposta. É preciso fazer-te um desenho? Pronto, aqui fica o que ele diz versus o que ela realmente pensa:

A parte que falas sobre perder um grande amigo, vai acontecer de qualquer forma. Amigos que enveredam em caminhos genitais, nunca ficam amigos quando a festa acaba. Quem fica a mamar, desta vez no dedo, acaba por afastar-se.


Olá doutor G, numa noite de verão fui sair com 2 amigas e 1 amigo de longa data. Fomos para uma discoteca, eu já tinha bebido demais e para o bem de todos decidimos voltar para o nosso acampamento. No acampamento deitei-me no saco de cama e apaguei completamente, naquela tenda ficamos os  4 que tinham saído naquela noite, era uma tenda muito grande e espaçosa. Durante a noite, acordei e senti que tinha acabado a ser apalpada e que alguém tinha posto as mãos onde não devia.. De manhã acordei e aquelas imagens vieram-me à cabeça, queria acreditar que tinha sido um sonho, pensei assim até reparar que estava com a saia puxada para cima, com as cuecas puxadas para o lado e o saco de cama com o fecho meio aberto, olhei para o meu lado e o meu "amigo" tinha ficado ao meu lado. Não tive nenhuma reacção, fiquei apática até voltarmos para casa. Tenho a certeza absoluta que não foi um sonho, antes fosse... Ainda não contei a ninguém nem sei se o faça. Agora não sei como reagir quando estiver frente a frente com ele.
Anónima, 22, Lisboa

Doutor G: Cara Anónima, são poucas as vezes em que fico chocado com as dúvidas que me enviam. Posso até dizer que estou revoltado! Como é que é possível alguém, em pleno século XXI, ter o desleixo de violar alguém durante o sono e nem se dar ao trabalho de deixar tudo como encontrou? Arumar é o mínimo que se pede! Pelo menos puxar a saia para baixo e voltar a colocar a cueca no sítio para o pipi não se constipar! Enfim, já não se fazem cavalheiros como antigamente. Tens de fazer uma coisa: confrontar o gajo e perceber o que aconteceu, e perguntar aos restantes elementos da tenda se viram, ou ouviram, alguma coisa. Das duas uma: ou estavam ambos com os copos e toma lá que é de borla, com o consentimento catalisado pelo álcool, ou não; ou foste abusada durante o sono sem o teu consentimento. Se foi o primeiro caso, para a próxima bebe menos. Se foi o segundo, vai à polícia e contrata alguém para entrar em casa enquanto ele dorme e lhe enfiar um ninho de vespas africanas no rabo enquanto ele dorme. Estou a falar a sério, tens de perceber se esse teu amigo de longa data é um violador de belas adormecidas ou não. Isto é assunto sério, não é assunto para o Doutor G. 


Caro Doutor G , namoro com uma moça há cerca de 3 anos e o problema que tenho é que ela nunca me consegue satisfazer oralmente , já tentamos de várias posições , várias formas , sem língua com língua , e simplesmente não dá. É o meu fetiche. Já tive outras mulheres que me deram prazer e conseguiram o fazer bem. Eu gosto muito desta moça mas isto dá uma "comichão" que prontos , irrita-me. Já me experimentei ausentar me da masturbação , 3 meses. E mesmo assim , nada. E assim de tomates cheios , com vaginal , foi num instante. Estou a ficar sem ideias. Ajude me Doutor.
Anónimo, 27, Lisboa

Doutor G: Caro Anónimo, estou a ver que temos aqui um romântico e um sujeito cheio de classe. Por norma, um felácio é como pizza. Nunca é mau, mesmo que mal feito, exceptuando os casos onde trilham as peles e a cabeça do zé pinguço com os dentes. Repara como eu rapidamente me consigo adaptar aos pacientes e chegar facilmente ao seu nível de classe. Chama-se empatia. Bem, como deves calcular, não posso ensinar a tua namorada a fazer sexo oral. O principal no acto de fazer amor com a boca, é fazer-se com gosto, já que quando estão lá por obrigação uma pessoa percebe logo e mais vale ir Narcos. Se ela tem gosto em fazer, então já é meio caminho andado para se tornar numa artista. Sugiro-te que lhe mostres uns tutoriais online, pornográficos ou não, e que lhe digas como gostas que te succionem o ciclope anão. Lava-te por baixo e apara as ervas daninhas do bonsai, que talvez seja por isso que ela faz sacrifício e não se aplica. Usa lubrificante com sabor, chocolate, chantili, ou molho de leitão, para estimular a produção de saliva. Se nada resultar, podes sempre panar o pénis com peta zetas e quando ela lá for com a boca, ao menos já sentes alguma coisa.


Caro Doutor G, conheci há uns meses um boy, aqui na Margem Sul, por quem me apaixonei desde o primeiro momento em que o vi. Numa festa de faculdade, regada a álcool como é óbvio. Ficámos amigos. Saímos umas vezes, sempre com muita seriedade! Até ao dia em que ele me dá um kiss e fico assim meia nas nuvens. Mais umas festas na faculdade e ele, coitadinho, teve de ficar em minha casa, que pena! Acontece que, após estes episódios, o dito boy só quer encontrar-se comigo em minha casa e a altas horas da noite. O Doutor G sabe bem o que ele quer e eu também! Por favor, ajude-me: estou apanhada por ele mas não quero ser usada! Já tentei ao máximo afastar-me dele para o esquecer mas o destino encarrega-se de o meter à frente várias vezes por semana. Que faço Doutor?? Ajude-me! 
Madalena, 22, Margem Sul 

Doutor G: Cara Madalena, vou contar-te uma pequena história: tinha o Doutor G 18 anos quando uma rapariga o aborda no autocarro depois de intensos olhares. Pergunta-me o nome, diz-me que tenho os olhos bonitos, e pede-me o número. Dei. Mais tarde, liga-me a convidar para ir sair à noite e eu disse que não podia porque tinha exame nacional de matemática no dia seguinte. Nisto, ela pergunta-me “Tens dama?”, e todo o interesse que poderia haver por ela se desvaneceu. Aconteceu o mesmo ao ler a tua dúvida quando dizes “Conheci há uns meses um boy aqui na Margem Sul”. Senti uma facada nostálgica nas costas. O mais estranho é teres conjugado bem o verbo haver, o que me leva a ponderar que a tua dúvida seja falsa. Ninguém que diz “boy” e é da Margem Sul, sabe conjugar o verbo haver correctamente. Ninguém. Só se for rapper, que normalmente até escrevem bem. Só por isso, vou esquecer o que li e responder à tua dúvida: se ele só quer sexo e tu queres algo mais, tens duas hipóteses: dizes-lhe ou afastas-te. Ambas as coisas estão ao teu alcance. Uma, basta formares palavras de forma escrita ou verbal. A outra, basta dizeres-lhe que não, e não dares a desculpa do destino, porque da última vez que vi, o destino não tinha roofies.


Caro Doutor G, gosto de um rapariga que já conheço à algum tempo, que em princípio não tenciona ter uma relação comigo. O que devo fazer? Contar que gosto dela a ver se desenrola alguma coisa ou cagar nisto tudo, deixar de choramingar e partir para outra? 
Anónimo, 19, Perdido no mundo

Doutor G: Caro Anónimo, deixo aqui um pequeno fluxograma para ajudar na tua tomada de decisão.
Agora só tens de perceber se preferes ficar para sempre a pensar no que podia ter sido, ou se queres arriscar uma choradeira xoninhas no banho. Já agora, se tiveres de partir para outra e tiveres um telemóvel Android, podes clicar aqui e experimentar esta aplicação espectacular que é muito melhor do que o Tinder e que foi feita com a ajuda do Doutor G.


Boa tarde  Doutor G. A questão é que quero um relacionamento sério, quero apaixonar-me perdidamente, mas só “escolho” tótos. Onde estão os homens? Decididos, carinhosos, com iniciativa? Tive um relacionamento de cinco anos, que já terminou há dois. Desde aí, só me envolvi com cromos. Por vezes, fico balançada com esse meu ex namorado, mas sinto que já não o amo mais, não da mesma forma. Contudo, tenho saudades daquilo que éramos.  Além do sexo ser ótimo, éramos o pilar um do outro, conhecíamo-nos de cor e esperávamos passar o resto da vida juntos. Ele continua apaixonado, já tentou várias vezes reaproximar-se. Mas eu já não sinto o mesmo e não tenho o direito de magoá-lo. Ainda assim, queria encontrar alguém decente. Alguém que não tenha medo de apaixonar-se. Alguém que queira mais do que meia dúzia de noites agradáveis. Procuro alguém que queira perder-se e completar-se, seja capaz de tirar-me o fôlego e fazer-me rir. Onde encontro alguém assim? E o que devo fazer? Talvez a minha abordagem também não seja a mais correta. Eu sou gira, mas talvez demasiado tímida e sentimental.
Carochinha, 25, Lisboa 

Doutor G: Cara Carochinha, se queres um homem capaz de te tirar o fôlego só tens de pedir que te apertem o pescoço enquanto praticam a zona de descanso da apanhada: o coito. Viste como se transforma uma dúvida lamechas e cheia de chagas freitices numa resposta javarda? Chama-se “dom”. De nada. Vou dizer-te o que digo sempre: se só te calham totós, é porque não sabes escolher ou tens uma personalidade que os atrai. Uma coisa é irmos comprar alhos e vem um ou dois meio chochos. Aí é azar ou apenas uma questão de probabilidades. Agora, quando trazes meio quilo de dentes de alho e estão todos amassados e carcomidos de bicheza, nesse caso a culpa é tua que não os soubeste escolher ou não te deste ao trabalho. Lamento, mas não consigo responder à tua pergunta sobre onde encontrar alguém assim. Acho que o amor que procuras, a pessoa que te fará deixar de ponderar contentares-te com o ex que já não amas como outrora, o homem que será capaz de te levar ao céu e ver as estrelas numa noite nublada e de lua nova, a pessoa que fará com que todo o caos do universo faça, de repente, sentido, esse homem pode estar em qualquer lado e, como tal, vai ser complicado dares de caras com ele. É ficares com o menos mau. Viste o dom outra vez?



Obrigado a todos e, se tudo correr bem, até para a semana! Continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com e não se esqueçam que já podem comprar neste link uma tshirt com a frase de assinatura do Doutor G.

PS: Não se esqueçam de votar, mais de uma vez, nos blogs do ano neste link.

PS2: Como sabem, ou não, trabalho num estúdio de startups onde desenvolvemos aplicações mobile. E se eu vos disser que lançámos uma aplicaçao que vai destronar o Tinder, com a vantagem de não ser uma aplicação puramente de dating, mas sim um jogo baseado no famoso "Fuck, Marry, Kill"? Impecável, não é? Têm coragem de jogar esta espécie de roleta e testar o vosso ego? Neste momento só está disponível para Android (download aqui) e era giro instalarem e dizerem o que acham. Se tiverem match comigo, podem ofender-me ou fazer-me cafunés virtuais.
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