De cada vez que a Ana Malhoa lança um novo vídeo, para mim é como se fosse Natal. Por muito que me custe admitir, ela é uma das minhas musas inspiradoras. Nem precisei de ver o vídeo primeiro para decidir que ia escrever sobre ele, porque era óbvio que seria mais uma mina de ouro. A Ana nunca desilude, e, depois, de Turbinada e Encaixa Baby Encaixa, a fasquia estava elevadíssima! Infelizmente, acho que a qualidade tem vindo a aumentar, o que calculo que não seja um elogio para o que ela pretende. Apesar deste "Futura" ficar uns furos abaixo dos restantes dois que falei, continua a ser um poço de gorduras monoinsaturadas que enche o olho a qualquer amante do bom gosto e da classe. Quem ainda não visionou, aqui fica a pérola que, em seguida, irei esmiuçar, analisando todos as suas camadas como se de um bolo de bolacha, com azeite em vez de café, se tratasse.
O vídeo começa com uma sonoridade a fazer lembrar os jogos de naves do Gameboy onde vemos que este vídeo é cortesia da Paradise Entertainment. Nem vou dizer que isso é nome de produtora de vídeos pornográficos de bukkake de vão de escada, porque seria demasiado óbvio. Já agora, se estão no trabalho ou com pessoas ao lado, não vão pesquisar no Google o que é um bukkake. Deixem essa pesquisa para quando estiverem a bater claras em castelo para fazer uma mousse. O vídeo segue e aparecem imagens de concertos da Ana Malhoa com imenso fumo a sair.
Certamente, alguém que deixou cair uma garrafa de água em palco. Todos sabemos que se meterem água em azeite a ferver sai fumarada.
Pode ler-se nas letras que aparecem que a Ana já vai com mais de trinta anos de música. De notar que deve ter havido um erro tipográfico e que se esqueceram das aspas na palavra música. Considerar que a Dona Malhoa tem trinta anos de carreira na música, é o mesmo que eu dizer que tenho 25 anos de carreira de escrita porque comecei a juntar as letras aos 6 anos. Nisto, aos vinte e poucos segundos, entra a voz da nossa bomba latina a dizer «Muitos tentaram mas sempre falharam. Quiseram matar-me mas sei reinventar-me.». Quem? Quem é que tentou matá-la e falhou? Quem é esta gente que não sabe cumprir uma tarefa tão simples? Apesar de não gostar da música dela, também não acho que seja razão para a matarem. O mute resolve e não é crime. Até porque vimos pelo fenómeno David Bowie, e outros, que depois de mortos é que eles vendem bem e toda a gente gosta deles. E, chamem-me picuinhas, mas prefiro uma Ana Malhoa viva de vez em quando, do que uma Ana Malhoa morta com direito a notícia de abertura de telejornal e posts em catadupa a dizer «RIP Ana Malhoa! Portugal ficará menos tropical e menos urbano sem a sua queen.». Tudo isto acompanhado de um vídeo nostálgico do Buéréré em Reggaeton. Por falar nisso, voltando ao vídeo, aparecem em letras grandes a frase «Movimento Urbano, criando a música urbana do futuro.». Primeiro, acho que a repetição da palavra urbana/o é desnecessário e fico assustado por saber que o futuro do mundo, para além das guerras nucleares e terrorismo, irá ter como banda sonora este tipo de música. Se um bombista suicida incomoda muita gente, um bombista suicida que grita "Come que é pessoal? Está tudo turbinado? Allahu Akbar, baby!» incomoda muito mais.
Depois, finalmente, aparece a nossa musa! A princípio assustei-me pois parecia que estava numa máquina de ressonância magnética e pensei que ainda íamos ter de a ver a rapar o cabelo na praia. Descansei, por isso, ao perceber que aquilo era uma espécie de solário a imitar uma cápsula de hibernação do filme Soldados do Futuro.
Neste caso, em vez do Van Damme temos a nossa Van Dama.
E pronto, entra o beat. O mesmo beat de sempre. Abre-se o solário e o que se vê? Mamaçal. Bom mamaçal, atenção. Ali, empinadinho, como se estivesse de candeias às avessas com a sua amiga gravidade. Estamos já no minuto de vídeo, e ela começa a fazer uma espécie de rap. Reparem que ela se esforça para meter aquela pronuncia de bairro, daquelas mitras que metem acento esdrúxulo no vernáculo de pénis. Exemplo: «Qué que tu quéres, ó cáralho?». A senhora Malhoa coloca-se de pé e podemos desde logo apreciar as suas sandálias de stripper, lindas e cheias de classe, ideais para fazer crossfit. A câmara começa a subir e ali no 1:15 minutos até parece que ela tem um enchumaço nas cuecas. Sempre pensei que o ginásio não trabalhasse esse músculo, mas, realmente, quando uma pessoa se dedica a sério é outra coisa. Percebemos nessa altura, também, que ela está enrolada em celofane. Sempre me disseram que fazer sexo oral a uma mulher sem apanhar bicheza, a solução era utilizar uma folhinha de celofane. Se for por aí, acho até muito bem que ela esteja toda panada em celofane, que é preciso ter cuidado com as doenças que andam para aí, especialmente nas pessoas que vão aos concertos da Ana Malhoa.
E, eis que começa o treino com a nossa bombada tropical a mostrar que está mais turbinada que um Renault GT da Damaia. Vocês viram aqueles abdominais? Aqueles braços? Minha nossa senhora, pela primeira vez invejo alguma coisa da Ana Malhoa! Se ela dedicasse tanto tempo às letras das músicas como dedica ao ginásio, certamente não estaria aqui a falar dela. O vídeo continua, por entre muitas rimas acabadas em "ar", muitos saltos altos de deixar orgulhoso qualquer pai e outras piroseiras, destaco algumas frases:
- «Não foi o silicone que a mim me deu talento, isso a mim apenas e só me deu preenchimento.». Nada a apontar. É uma boa rima, confesso.
- «Soy del raggaeton a mais latina da Europa.». E pronto, a nossa Ana não consegue deixar passar uma música sem meter lá para o meio o seu portuñol. Isto para além de que ser latino cada vez menos é uma qualidade. Basta olhar para os países que estão na merda: Portugal, Espanha, Itália, Grécia, toda a América Latina...
Já perto do fim, ela diz «Para ser a melhor de todos os tempos, necessitas qualidades unidas ao talento. Como a dedicação, foco e disciplina. É aí que dás conta que és invencível.». Gosto da cagança da Ana Malhoa que a leva até a rimar "disciplina" com "invenciva". E, sou só eu que acho que esta frase é uma citação do Cristiano Ronaldo? Ora voltem lá a ler... exacto. Depois disso, a Ana diz que é um ícone e eu concordo. É uma espécie de ícone do Internet Explorer que não é por muita gente utilizar porque tem pouca formação que faz dele um browser de qualidade. A "música" termina com a Miss Malhona a afirmar que é «a primeira desta liga». Qual liga? A liga tropical urbano portuguesa? Sim, a competição deve ser severamente feroz. Eu também venci uma competição de jiu jitsu uma vez porque era o único gajo da minha categoria que se tinha inscrito. Agora que penso nisso, um lutador que entre ao som de Ana Malhoa e que enquanto está encostado ao adversário comece a dançar a bambolear-se todo, é capaz de vencer por desistência.
Quando pensava que já estava a acabar, lembrei-me que os vídeos da Ana Malhoa são como os filmes da Marvel: é preciso sempre ver os créditos todos porque há boas surpresas! Fiquei a saber que há um produtor chamado Jorge Jedi que deve ser um gajo que ainda não percebeu que o tempo dos nicks do mIRC já foram há 20 anos. De certeza que ele é que inventou esta alcunha que é para dizer que é o JJ da Margem Sul. Depois, para manter a coerência com o Jorge Jedi, vemos que o main sponsor é o Dr. Rui Teixeira. Quem é o sujeito? Suponho que seja quem lhe deu enchimento às mamocas e lhe emprestou todo o material de clínica que aparece no vídeo. Ou isso ou Dr. é alcunha como Jedi, o que é bastante possível. Por fim, não posso deixar escapar o facto do vídeo ter o apoio da Nacional Óptica.
No meu entender, o patrocínio ideal seria o da MiniSom porque, claramente, aparelhos auditivos é algo que o público alvo da Ana Malhoa precisa.
Como já escrevi anteriormente nos sobre a Ana Malhoa (aqui e aqui), pode parecer que não gosto dela mas nem é o caso. Parece-me boa pessoa e não posso negar que ela coloca um empenho brutal nos vídeos que faz. A produção deste vídeo, para o que se costuma ver em Portugal, está muito boa. Acho, sinceramente que ela é uma excelente artista dentro do género. O género é que é uma merda. Moral da história: como vídeo de motivação para ir ao ginásio é excelente. Como música para ouvir enquanto se treina, ou em qualquer outra situação, é demasiado mau.
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