Um padre dos Estados Unidos da América, de 72 anos, disse algo como "a pedofilia não mata ninguém e isto mata". Quando ele diz "isto" está a referir-se ao aborto e não a lutas de bebés com espadas ou a touradas com bebés montados em caniches, pois isso é óbvio que mata até porque o caniche não é bicho para aguentar uma trancada de um touro. O bebé tem os ossos muito maleáveis e safa-se desde que não aterre de moleirinha no chão.
Comparar o aborto com pedofilia é a mesma coisa que comparar cortar as unhas com amputar a perna… de outra pessoa e sem o seu consentimento. Comparar aborto com pedofilia é a mesma coisa que comparar um serial killer com um médico que é a favor da eutanásia… pensando bem, deve ser essa a linha de raciocínio do padre. Eu investigaria este padre que aquela cara bolachuda e aqueles óculos já são um sinal e, depois, a falar de pedofilia como se fosse doutorado nela, hum, quem fala assim é quem tem experiência na óptica do utilizador.
"Ao menos a pedofilia não mata ninguém". Só faltou dizer que o que não nos mata torna-nos mais fortes e que é de pequenino que se torce o pepino. No entanto, temos de ser justos, o senhor padre tem razão numa coisa: a pedofilia em si não mata, a não ser que seja muito à bruta e mal feita. O pedófilo normalmente não quer matar a criança até porque de que lhe serve um cadáver de uma criança? Vai fazer sexo com o cadáver? Há limites. Um pedófilo tem valores e toda a gente sabe que gostam delas a dar luta.
A pedofilia só mata se a criança for malcomportada e não souber guardar segredo. A pedofilia pode não matar, mas o que não mata engorda e uma criança gordinha sofre bullying na escola e isso ainda é pior que ser abusado sexualmente.
Os padres são sempre muito parciais nesta questão do aborto porque é normal que sejam contra, já que mais abortos significam menos crianças e as crianças dão imenso jeito aos padres, seja para o coro, a catequese ou para aquela actividade lúdica que 10% dos padres fazem com a pila em crianças, mas que não é bem sexo porque eles fizeram um voto de castidade. É desporto, vá. É hobbie. São "só" 10%. Imaginem se 10% dos professores fossem pedófilos!? Estatisticamente, na escola primária era mais tranquilo, mas mal chegávamos ao 2º ciclo ano era quase certo que íamos levar no cu.
A julgar pelos esforços de grande parte da Igreja Católica, que se empenha mais em fazer campanhas anti-aborto do que em expor e resolver os inúmeros casos de pedofilia que tem enraizados até às mais altas instâncias da sua empresa, Deus aceita melhor a pedofilia do que o aborto. Porquê? Porque o aborto, às vezes, impede que uma criança nasça para ser vítima de pedofilia e isso estraga o plano de Deus que tinha seleccionado minuciosamente, à mão, aquela alminha para ser abusada e agora a alma vem para trás como se fosse um bife muito mal passado e que quando volta ao lume fica sempre mais rijo e menos suculento. Deus fica muito chateado se lhe baralharem a gestão de stock de almas que, parecendo que não, o aborto é uma espécie de devolução e aquilo tem de voltar a ser embalado para o cliente a seguir não perceber que a alma já foi usada. Cada aborto é um nascimento refurbished.
Mesmo para quem é contra o aborto, uma posição que eu até percebo em certa medida, acho que ninguém, a não ser muito radical, acha que são situações comparáveis. Se alguém acha que uma mulher que decide fazer um aborto é pior do que um pedófilo, lamento, mas essa pessoa é uma atrasada mental. O aborto é a interrupção voluntária da gravidez. A pedofilia é a interrupção involuntária da inocência. Dá para ter um aborto espontâneo. Não dá para fazer pedofilia espontânea. Quer dizer, muitos dirão que tiveram um impulso espontâneo e incontrolável e que não têm culpa.
Percebo que há dois tipos de pessoa que queira criminalizar o aborto: os muito religiosos e os pedófilos. Este padre tem cara de ser intersecção dentre os dois grupos.
Para alguém muito religioso, um aborto é a morte de uma vida. Para um pedófilo, um aborto é uma encomenda da Amazon que foi extraviada.
Para os padres, o aborto é pecado até ser uma beata que engravidou deles. Aí ou é aborto ou é filho de pai incógnito que Deus que é avó que cuide, crie e dê pensão de alimentos. A quantidade de filhos de padres não perfilhados e o facto de o Vaticano ter regras secretas para os padres que têm filhos, leva-me a crer que a Igreja é a favor do aborto teórico. É abortista não praticante. Por isso, sempre que virem um padre a conduzir um carro que diz "Bebé a bordo", não é alerta, é Uber Eats.
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