10 de fevereiro de 2020

Óscares 2020 - Os piores looks da passadeira vermelha



Mais uma cerimónia dos Óscares em que eu fiquei acordado até às 3h da manhã e desisti, vendo assim a entrega de todos os prémios que não interessam e deixando para o dia seguinte os que realmente fazem a pena. A cerimónia dos Óscares é como sexo demorado, mas mal feito, se tudo correr bem só vale a pena pela parte final.

Sobre os prémios em si não vou escrever que isso não interessa para nada, acho que a maioria das estatuetas ficaram bem entregues, tivemos daqueles bonitos discursos de milionários a falar de igualdade e a tocar nas campainhas todas para sinalizar a virtude. O que está a bater é falar de mulheres realizadoras? Vamos falar disso. Ah, é alterações climáticas? Deixa só ir ali reescrever o meu discurso num instante.

Bem, como os Óscares são muito parecidos aos Globos de Ouro da SIC, tanto que em Hollywood até se referem a eles como "Os Globos de Ouro da SIC à americana", decidi fazer o que faço sempre e comentar aquilo que é a minha especialidade: as roupas. Toda a gente sabe que passei ao lado de uma grande carreira de comentador de passadeira vermelha, tudo culpa dos meus pais que me deram objectivos na vida. Não querendo ser um nacionalista, mas isto com estrangeiros não tem a mesma piada já que duvido que algum deles vá ficar ofendido e ameaçar-me de processo, mas nunca se sabe, por isso vou esmerar-me na mesma. Segue a análise aos looks mais estranhos dos Óscares 2020.


O Spike Lee veio vestido à pica da CP de Hogwarts. Ele diz que é uma homenagem ao Kobe Bryant e não vou comentar se não ainda aparece aí o filho do Bolsonaro outra vez a falar mal de mim e tenho de aturar ofensas em português do Brasil. Reparem na calça curta e de quem parece que se vai descalçar e apanhar lamejinhas a qualquer momento. Depois, desconfio sempre de homens adultos com pulseiras. Sempre. São sempre homens que vêm com conversas de que querem abrir um bar em Albufeira porque estão na crise da meia-idade.


Ela bem tentou que ninguém reparasse na sua cara esticada, mostrando perna inteira e meia mama, mas falhou. Parece que fizeram um transplante de cara em que lhe meteram um focinho de gato esfinge, mas afinal era dois números abaixo e tiveram de o esticar bem para conseguir prender às orelhas. Se a Kim Kardashian é a Paris Hilton dos trezentos, a Blac Chyna é a Kim Kardashian do chinês.


Este vestido só dá jeito para a after party quando ela começar a beber da garrafa e o que vai entornando escorre e faz cascata ali na cintura e dá para cinco pessoas se ajoelharem e beberem também, numa bonita mensagem de reciclagem e reutilização.


Esta senhora pode vestir-se como quiser que eu deixo, mas aparecer vestida de filha de Eduardo Beauté nos Globos de Ouro de 2017 é um bocado falta de imaginação.


Quando só podes trazer um acompanhante, mas queres trazer a família inteira e a única forma de eles entrarem é irem escondidos dentro do teu vestido. Pensavam que eu ia dizer que ela comeu a família? Tenham juízo, todos os corpos são lindos e ser obeso mórbido é tão saudável como ter um peso dito normal. É como fumar, todos os pulmões são bonitos.


Esta pensou que era a Comic-Con. Agora pensem que, antes de sair de casa, esta menina olhou-se uma última vez ao espelho e pensou "É mesmo isto, não mexe mais".


Não sei se isto é um protesto a favor da igualdade, o que sei é que me faz lembrar vagina. Vagina ou pila de cavalo marinho. Faz lembrar um choco, também, ou o coronavírus visto ao microscópio. As possibilidades são muitas, mas a certeza é só uma: ridículo.


Numa altura em que se fala de inclusão e diversidade, devo dizer que sou a favor de quotas se as quotas forem 100% de Margot Robbie, em qualquer lado. Parlamento? 100% Margot. Empresa de mudanças? 100% Margot a carregar-me os móveis. Até num call center pode ser Margot, embora seja desperdício. "Estás a objectificar a mulher, Guilherme, ela é mais do que uma cara bonita.". Talvez, não a conheço pessoalmente, mas considero até que não objectificar a Margot é ofensivo para ela e para os pais que a fizeram tão perfeitinha.


Esta pensou "O senhor dos Parasitas ainda ganha e deixam de reparar em mim por causa das quotas de sul-coreanos" então toma lá um vestido com dois cus de ganso morto nos ombros. Esta senhora talvez tenha mais jeito para ser cirurgiã na vida real do que para se vestir.


Veio vestido à professor de educação física do colégio privado. Tem pinta de otário. Tem aquela cara de palerma que diz "Tu sabes quem é o meu pai?" e depois leva duas bofas e roubam-lhe o Bollycao. Se olharmos bem, assim vestido também passa uma vibe de guarda de Auschwitz.


A imitar a Inês Castel-Branco na última gala dos Globos de Ouro. Esta gente de Hollywood não pode ver nada por Portugal que é logo a imitar. O que vocês não sabem é que isto representa com exactidão a primeira aparição de Fátima em que os três pastorinhos, mocados depois de comer uma azeda estragada, viram e disseram "Vestida com um manto de brilhantes da cabeça aos pés, Nossa Senhora era preta e lésbica". A Igreja é que abafou a última parte porque já se sabe o que a casa do Senhor gasta.


Uma bonita homenagem aos primórdios da televisão, vindo vestida de monitor CRT com naperon em cima. Levou o Óscar de melhor actriz secundária, ou como se diz agora para não ferir susceptibilidades, "Melhor actriz num papel de apoio". Os figurantes agora devem chamar-se "Decoração humana para engenharia de cenários".


Esta senhora é igual à actriz portuguesa Ana Bustorff. Igual. Decidiu vir vestida à apóstolo de Jesus gay. Uma túnica com brilhantes para pregar aos senhores todos! A ideia foi essa ou ficar vestida pronta para os jogos sem fronteiras, já que virando o vestido ao contrário fica pronta para aquela prova das corridas com saco de batatas.


Aqui não dá para ver bem, mas o decote é bastante projectado para a frente, criando ali quase um babete saliente. À noite, o namorado dela escusa de comer antes de ir para a cama que pode alambazar-se com os restos dos croquetes e migalhas que ela foi acumulando no decote ao longo da noite. Nomeada para dois Óscares, não ganhou nenhum. Invejosas.


Qualquer outra pessoa vestida assim e era ridículo, mas como é a Billie Eilish tudo bem porque ela é única e irreverente neste mundo de coisas formatadas. Spoiler alert: a Billie toda ela é um produto formatado para agradar a uma geração. Atenção que eu até gosto da música dela, mas unhas de gel daquele tamanho é deitar gasolina e pegar fogo. É sempre unha de quem não trabalha muito nem faz nada em casa. Quem trabalha ou lava a loiça não pode ter unhas destas, por isso que não venha com tretas de que faz tudo sozinha ela e o irmão. Sim sim. Ah e o pijama polar? Ainda se fosse da Primark, agora assim é: Tipo, I don't give a fuck, mas é Chanel. lol, whatever.


"Eu gostava de ir vestida de vilão da Disney, mas com um fato de mãe solteira com dois filhos que lhe escrevem na roupa merdas sem sentido nenhum". Não diga mais nada, minha cara. E, assim, nasceu o Joker de Massamá que à noite espalha o terror na linha de Sintra e durante o dia trabalha no Papagaio Sem penas.


Isto é muito simples: cada um se veste como quer e se o Billy Porter quer ir mascarado de assessor de Joacine Katar Moreira, não tenho problemas nenhuns. Ele diz que é activismo, mas a verdade é que é necessidade de aparecer e ser falado. É o que é. Nada de mal nisso, todos os que vão à passadeira vermelha querem aparecer e ser falados. É uma questão é de admitir e ser honesto. De resto, fica-lhe bem, eu não usaria, mas só porque o dourado não fica bem com o meu tom de pele.


Nada a dizer, Natalie também pode quase tudo. De realçar que ali na capa ou lá o que é aquilo, ter bordado os nomes das realizadoras que não foram nomeadas para o Óscar. Nunca pensei que houvesse tão poucas realizadoras ou então só bordou as amigas. Um bom protesto pela igualdade e bem pensado, porque se calha ela bordar os nomes das mulheres que sofrem mutilação genital ou que não têm acesso à educação e que sofrem uma discriminação real em todo o mundo, tinha de ter uma capa muito maior e depois ainda tropeçava na hipocrisia. Se quer ser coerente é melhor mudar o nome para Natalie PortWoman. 


E foi isto. Antes que venha alguém dizer que esta publicação contém machismo ou objectificação de mulheres, deixem-me dizer-vos que a culpa é dos homens que usam quase todos os mesmo fato, iguais e sem arriscar. Depois, eu pesquisei "Worst dressed men oscars 2020" no Google e nada, mas se pesquisar mulheres há toda uma panóplia de publicações o que mostra como estes eventos, passadeiras vermelhas e a própria indústria são inerentemente machistas, metendo pressão nas mulheres para se vestirem bem. A culpa não é minha, nem dos homens, a culpa é de todos e todas que se sujeitam a isso e que consomem isso. Quem vê os Óscares sem ter visto nenhum filme e só para comentar os vestidos da passadeira vermelha, não tem qualquer moral para criticar seja o que for. É como ver uma super-modelo a falar dos padrões de beleza irrealista que tentam impor às mulheres. Quando és o problema, não tentes mandar bitaites sobre a solução.




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