24 de junho de 2014

Sem bullying éramos todos xoninhas



Ora bem, este foi o tema mais votado no Facebook para ser escrito aqui neste belo e singelo blogue. Como não gosto de faltar ao prometido, aqui fica o que se afigura ser um post bastante parvo.

Primeiro que tudo faz-me comichão a utilização dos estrangeirismos quando palavras tão portuguesas poderiam descrever bem o assunto. No meu tempo não havia bullying, havia porrada, normalmente no intervalo. Havia putos estúpidos, maiores ou que atacavam em bandos, que achincalhavam e melindravam putos mais pequenos que não se sabiam defender. Havia o ocasional calduço que deixava impressões digitais no pescoço e as paralíticas nos ombros e nas coxas. Isto era o bullying do meu tempo, a que a maioria das pessoas não ligava muito, porque fazia parte do crescimento normal de uma criança.

No meu tempo os campos eram de gravilha e vidros, os parques infantis de areia com cocó de cão e seringas e os escorregas e baloiços tinham ferrugem e pregos soltos prontos a espalhar o tétano. Hoje em dia é tudo almofadado, acolchoado e desinfectado. Mas que merda é esta? Andamos a mexer com a selecção natural feitos parvos e vamos acabar por estragar a evolução da nossa espécie. Se um puto ranhoso decide que se deve mandar de cima do escorrega, num mortal encarpado à retaguarda, quando nem o pino sabe fazer, e se esbardalha com os dentes no chão ou enfia um prego ferrugento no escroto, quem somos nós para impedir? É deixá-lo ir.

No meu tempo os pais davam chapadas nos filhos quando eles se portavam mal e os professores davam reguadas quando merecidas. Hoje em dia uma mãe bate num puto e tem os Serviços Sociais à porta e uma professora fala alto com um miúdo e tem os pais a quererem explicações à base do punho cerrado. Eu levei muita porradinha, a minha mãe chegou-me a atirar um rissol congelado, em género de estrela ninja, que se me tinha acertado era coisa para abrir lenho no sobrolho. Só me fez bem, não que merecesse, mas ensinou-me movimentos semelhantes ao do Neo no Matrix, que na minha zona dão jeito.

Eu era um xoninhas até os meus 15 anos. Mas era um xoninhas grande e bruto que fazia com que os bullies fossem procurar alvos mais fáceis. No 1º dia de aulas da primária a minha mãe vestiu-me de fato de treino salmão (cor-de-rosa vá) e botas ortopédicas. Tinha tudo para ser o bobo da corte da Escola Nº1 da Buraca, onde o salmão se destacava ao longe no recreio por entre as cores maioritariamente mais escuras do resto da criançada. Aqui fica uma foto para comprovar.

(esta foto comprova também o facto de eu já ter sido muito fofo.
Não, não tenho ascendência asiática, especialmente da cintura para baixo)

E já que aqui estamos vou aproveitar para me gabar mais um pouco. Na 3ª classe puseram um puto franzino, timorense e refugiado na minha turma. Não foi preciso muito tempo até 2 ou 3 palermas começarem a meter-se com ele e a querer treinar os movimentos do último filme do Van Damme no lombo do rapaz. Não foi preciso grande coisa para acabar com isto, foi só convidá-lo para jogar à bola com o meu grupo e enturmá-lo. Acabaram-se os abusos porque ele deixou de estar sozinho e de ser um alvo fácil. Basta coisas destas para se acabar com o bullying. O bullying só existe porque as pessoas assobiam para o lado quando vêem alguém a sofrer. Numa escola haverá o quê, 1 bully para 100 putos normais? Parece-me óbvio que se quem não é arruaceiro vir algum puto a ser melindrado, podiam juntar-se e ir lá esbofetear a peste até lhe sair sangue dos ouvidos. Mas não, pensam "ainda bem que não é comigo" e fingem que não vêem. Atrasados mentais vão sempre existir, cabe aos outros fazer frente e defender os mais fracos. Esse puto timorense ficou dos meus melhores amigos até ao dia que morreu vítima de um gangue rival do meu. Mentira, ainda não estava em gangue nenhum com 10 anos. Foi cada um para seu lado depois da 4ª classe.

Quantas vezes já ouvimos grandes CEO, músicos, etc dizer que sofreram bullying na escola? Muitas! Pois eu tenho para mim, e agora para vocês, que se não fossem uns atrasados mentais terem azucrinado esses gajos provavelmente não seriam o que são hoje. Sem bullies não há nerds que montam empresas milionárias nem artistas que põem cá para fora todas as suas emoções e se tornam ídolos que papam gajas a torto e a direito só para se vingarem do que sofreram quando eram putos. Se se diz que quem é bully e popular (sim porque normalmente isto anda de mãos dadas) nunca é ninguém na vida, e que o cromo, xoninhas é que vai ter sucesso, então para quê mexer num sistema que está a funcionar? Na volta camufla-se o bully com regras e acaba o gajo por ser o adulto com sucesso que vai mandar em empresas e quando se vir com poder solta o bully que esteve dentro dele acorrentado.

As crianças são más, sempre foram, talvez sejam piores agora, não sei. Mas sei que uma educação demasiado protectora vai dar cabo desta sociedade toda. Não é à toa que anda por ai o SWAG... com uma boa dose de bullying essa gente andava na linha. Com bullying criam-se putos mais desenrascados, que se sabem defender, que vão saber mandar um patrão abusivo dar uma curva, que vão saber o que querem para as vidas deles. Faz parte do ser criança, faz parte do crescimento, tirem isso tudo e vamos ter uns adultos xoninhas que não sabem o que fazer à mínima adversidade. É verdade que com o bullying também vamos ter alguns que ficam traumatizados e com problemas para a vida toda, mas é um sacrifício necessário. Não tentem acabar com o bullying como se fosse terrorismo, tentem antes fazer com que quem vê outros a ser maltratado diga "Alto e pára o baile meu gandim! Deixa o miúdo que nós somos para cima de 10 xoninhas prontos a ir-te ao focinho!". Matam-se 2 coelhos de uma só vez.

Pronto era isto. Obrigado e bom dia.

P.S. - Em relação ao cyberbullying, como agora dizem, tenho uma solução simples para as vítimas "Desliga a internet foda-se!!!".




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