27 de novembro de 2017

Review ao novo vídeo da Ana Malhoa



Como sabem, sou uma espécie de media partner não oficial da Ana Malhoa e sempre que sai um videoclip da nossa musa tropical latina urbana, sinto-me incumbido de fazer uma review. Tem sido assim desde que a Ana Malhoa ficou turbinada e a cada novo vídeo inundam-me a caixa de mensagens de azeite. Não gostando de defraudar quem segue o que escrevo, aqui fica a review da nova música - Ampulheta - e respectivo videoclip da nossa diva. Se ainda não viram o vídeo aqui fica para estarmos todos em pé de igualdade:


O vídeo começa com imagens de drone do que parece ser um deserto. Imagens bonitas que nos fazem pensar que nos enganámos no vídeo, mas que aos 16 segundos, com a entrada do beat de carrinhos de choque com tuberculoso, nos faz descansar e acreditar que estamos a ver o novo vídeo da Ana Malhoa. Vemos uma ampulheta e um fade que revela a musa latina portuguesa! As imagens vão alternando entre o tal deserto que deve ser na Fonte da Telha e uma zona que parece uma pedreira ou uma zona de Lisboa em obras.

Como em qualquer vídeo clipe deste género, a artista tem de apresentar várias indumentárias para que não se note que a música é repetitiva. Ana aparece-nos de várias formas:
  • Enrolada numa toalha dourada, como quem acabou de sair do banho ou foi coberta com uma manta térmica para evitar hipotermia;
  • Uma espécie de vestimenta islâmica em que a parte de cima respeita a lei Sharia com a utilização do niqab, e a parte de baixo é da colecção Outuno/Inverno da casa da mãe Kikas. Não sendo nenhum Cláudio Ramos, penso que este modelito favorece a Ana. Todavia, parece-me perigoso que a nossa bomba latina adopte vestimentas islâmicas. Já a estou a imaginar a passar na segurança dos aeroportos e perguntarem-lhe "Transporta consigo algum material explosivo?" e a Ana dizer "Si, soy yo! Lá bomba latina! Subelo!".
  • Temos ainda o outfit em que Ana tem a cara coberta de brilhantes ou uma espécie de talha dourada como se tivesse acabado de participar num bukkake com extraterrestes.
  • Mais no final do vídeo ainda vemos uma ou outra vestimenta diferente, sempre em tons de dourados porque é a cor mais bimba do mundo e porque fica bem com a areia do deserto. A única coisa que se mantém são os saltos-alto agulha que toda a gente sabe que são o calçado ideal para os desertos. Quando há areias movediças, toda a gente equipa os seus camelos com stilettos.
O vídeo continua e vemos um cavalo. Porquê? Porque um dromedário rebentava com o orçamento e para camelo já basta quem escreveu a letra da música.

Não sei até que ponto sujeitar um cavalo a ouvir Ana Malhoa pode ser considerado maus tratos na conjectura da nova lei, mas parece-me que aquele equino estará a pensar «O meu primo zé é que está bem lá nas touradas que levar uma marrada de um touro ao pé disto é para póneis.».

Ao lado de Ana aparecem três homens suados a dançar. Os bailarinos têm a cara tapada e aposto que foram eles a sugerir «Ó Ana, o que era giro era criar aqui uma metáfora para a igualdade de género e termos os homens também de cara tapada, o que achas?». Na verdade, disseram isso para ninguém os reconhecer como bailarinos da Ana Malhoa que toda a gente sabe que tal profissão orgulha tanto os pais como ser stripper num snack bar da Reboleira.

Nisto, a batida começa a ficar mais intensa - o que anuncia a chegada do refrão - em que a senhora Malhoa diz "Ampulheta!". Agora, vou dizer-vos o que me parece ser dito e vai ser o que vocês vão passar a ouvir sempre que a música tocar. O que eu oiço é: "É punheta!". Ora vão lá ouvir a parte do refrão e digam-me se não é verdade. O que faz sentido, pois acredito que seja o que muita gente faz ao ver os vídeos da Ana Malhoa, recordando os tempos em que ela fazia as delícias da criançada com o Buereré. Isto é que é acompanhar o crescimento do público e há poucos artistas a fazê-lo como a Ana. Em 1994, os seus fãs entoavam "A E I O U" e agora, passados 23 anos, dançam ao som do "É punheta!".

O resto da letra resume-se a três quadras repetidas até à exaustão, mas devo dizer que rimar "manha", com "manhã", "lenha", "senha" e "até que eu me venha" é uma boa sequência de rimas. Um gajo tem de ser justo. No entanto, na parte "Vira-me ao contrário" tenho algumas dúvidas. Virar ao contrário como? De costas? A Ana já está de cara tapada pelo que não será preciso. Um 69 em pé? Há que ser mais específico. Mania das mulheres de darem indicações sem serem exactas e esperarem que os homens lhes leiam os pensamentos.

E pronto, é muito isto. Não tenho mais nada a acrescentar. Sinto que os vídeos e as próprias músicas da Ana estão a melhorar um bocadinho a qualidade e embora isso seja bom para ela, é terrível para mim. De 0 a 5 garrafas de azeite, temo que esta só mereça 3. Ainda assim, positivo para todos. Como sempre, estas reviews não têm intenção de achincalhar a Ana Malhoa, pelo contrário, são uma homenagem. Respeito, genuinamente, o trabalho dela e acho que é uma excelente artista dentro do género. O género é que é uma merda.




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