16 de março de 2018

Moda Lisboa 2018 - Gente com mau gosto



Já passaram alguns dias, mas nunca é tarde para achincalhar pessoas com roupa ridícula e, por isso, comentar alguns dos "melhores" outfits do Moda Lisboa 2018. Não tem tanta piada como comentar os Globos de Ouro porque aí são celebridades e quem gosta de aparecer não se pode queixar, mas como quem vai ao Moda Lisboa vestido de pintassilgo também deve gostar de aparecer, vou dar-lhes a honra de figurarem neste bonito artigo em que, mais uma vez, solto o Cláudio Ramos que há dentro de mim e me armo em blogger de moda, mas em bom.

As fotografias são cortesia da fotógrafa Inês Costa Monteiro, da revista de lifestyle NiT, e podem seguir o trabalho dela no Instagram e no Behance.

Infelizmente, não tenho foto do outfit completo, mas ainda assim chega para perceber que tem daquelas argolas para a sua caturra de estimação andar sempre com ela. Aposto que a caturra tem cores menos berrantes do que o casaco que parece feito de esponja dos enchumaços dos ombros. Sei que esta senhora não vai levar a mal a minha crítica porque tem um coração pintado no cabelo e, por isso, tem obrigação de só demonstrar amor para com todos.

Vais sair à noite, chegas a casa toda bêbeda e tiras o vestido e metes o pijama por cima. Acordas com uma ressaca tremenda, atrasada para o evento, metes uns óculos para disfarçar as olheiras e só tens tempo de vestir por cima o casaco do teu irmão que tem 10 anos. 

Percebo que se vista assim se o objectivo for afastar parceiros com epilepsia e, assim, seleccionar os melhores genes para a sua descendência. Também percebo se estivermos na presença de uma bonita homenagem ao palhaço Batatinha. Se não for nenhum desses casos, lamento. As pessoas têm de perceber que este tipo de casacos só o Goucha é que os consegue usar com dignidade.

Maria José Valério, versão rastafari. Resta saber se aquele verde é pintado ou se é uma bonita homenagem à mãe natureza e não lavou as rastas, deixando que delas brotasse um bonito musgo. Agora, é deixar assim até ao Natal e aproveitar para fazer o presépio.


Deve ser arte, ou assim, não sei. Para quebrar barreiras e mentalidades, possivelmente. Ou, talvez, sejam só três gajos sem noção do ridículo. Nunca saberemos. O senhor do meio tem a palavra blowjob escrita na saia (?) o que me leva a crer que as posições escolhidas para a foto não foram ao acaso.


Esta senhora vai para a Antárctida, da cintura para cima, e para o Equador, da cintura para baixo. Seria um bom momento para recordar um taxista me disse uma vez: «Sabe porque é que as gajas andam de saia e não têm frio? Porque a patareca está sempre quente.». Os taxistas a ensinarem-nos com a sua bonita classe. Ele não usou o termo patareca, obviamente, foi muito mais gráfico e ordinário, mas eu sou um gentleman.


Pronto, pronto. Chegámos aos malucos. A escolha de usar o cabelo para a frente foi inteligente que assim ninguém vê a cara por trás deste outfit ridículo. Uma fusão de mitra da Margem Sul, com o típico fato de treino com meia branca, mas com o twist de usar o roupão da avó. 


Pela pose, ou está para marcar um livre à Cristiano Ronaldo ou tem as calças tão apertadas que se juntar as pernas explode-lhe a sacola dos girinos. Tem as pernas mais finas do que os meus braços e o rosa deve ser para se assemelhar ainda mais a um flamingo. Deve morar sozinho e por isso não tem meias lavadas. Pelo cabelo descolorado, deve ser YouTuber ou bué cool e fashion. Tem um iPhone, claro que tem um iPhone.


O mundo está do avesso: os homens usam calças justas e as mulheres usam destas: largas e subidas a fazer lembrar uma mãe dos anos 80. A bolsa à cintura é mais um toque nostálgico, mas nem nos anos 90 era giro usar bolsa à cintura, não é agora que vai ser. Realço a máquina fotográfica analógica e aposto o meu testículo direito que não tem rolo e é só para o estilo.


Vou partir do princípio que este senhor é daltónico. O preto dá bem com tudo, mas calma lá. Aquele colete com aquela camisola? Tenham juízo. E o cabelo vermelho? Toda a gente sabe que o vermelho e o laranja não se conjugam. Gosto do olhar tímido com as mãos nos bolsos para contrastar com a escolha arrojada das cores, mas que resultou num ar de quem tem cadáveres no sótão.


Look pescador formal. Gabo a pose de quem tem confiança nas suas escolhas. Se repararem bem, conseguem ver que ele tem uma trela ao pescoço e um alfinete de dama na orelha esquerda. Se repararem ainda melhor, percebem que está vestido de forma ridícula só para ser diferente.


Esta fez as bainhas em casa ou inspirou-se nos mitras da Buraca que usam uma meia por cima das calças para realçar aquele andar pausado de quem pisou peças de lego. A boina mostra que é artista e se olharem com muita atenção, percebem que pisou cocó com o pé esquerdo.


Este look faz-me lembrar quando vou a casa da minha mãe buscar roupa para fazer sketches. Agarro num dos óculos dela, penteio o cabelo de forma ridícula e voilá, estou pronto para fazer comédia. Tem aquela calça da moda de quem andou a tentar roubar costeletas de novilho a um leão que remata com um casaco padrão saco-do-lixo e um lencinho ao pescoço, numa bonita homenagem ao Tim dos Xutos e Pontapés, que calculo que foi o que este rapaz levou a vida toda se já ia assim vestido para a escola.

Está feito. Aquando dos Globos de Ouro, fui acusado - por parte de uma ou outra celebridade - de racismo, homofobia e machismo pela minha paródia a alguma das roupas. Sempre celebridades que não foram visadas, por isso vou partir do princípio que foi inveja. As visadas, muitas comentaram com imenso fair-play e não levaram a mal, mostrando que as há inteligentes. Por isso, se alguém tiver reparos desse género, lembrem-se que é a roupa que está em causa e desamparem-me a loja. Um bem haja e, mais uma vez, obrigado à Inês Costa Monteiro por ceder as fotografias e me ajudar sempre com estas palhaçadas.




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