Era uma vez uma princesa, feia que nem um acidente da IC19 entre dois Fiat Uno, mas muito inteligente e interessante. Apaixonou-se por um sapo, beijou-o e ele transformou-se num príncipe, corcunda, coxo e com mais borbulhas que um adolescente que se alimenta à base de chocolate e azeitonas. No entanto, esse príncipe tinha muito sentido de humor e por isso mesmo, a princesa continuou a amá-lo. Ele apaixonou-se também por ela, devido à sua personalidade bonita e tiveram filhos que faziam o Quasimodo parecer o Brad Pitt. Viveram felizes para sempre porque o que conta é o interior. Fim.
Obviamente que esta história não existe na panóplia de contos de fada que se contam às crianças. Nessas, as princesas são sempre lindas e os príncipes charmosos e bonitos. Apaixonam-se uns pelos os outros, sem quase trocarem palavras e se conhecerem. Dois dedos de conversa bastaram para o príncipe percorrer todo o reino em busca da Cinderela. O da Branca de Neve bastou vê-la deitada no caixão para a querer beijar. Os homens que nos hospitais abusam das mulheres em coma vão presos, mas este, como era príncipe, safou-se disso e ela acordou sem sentir nem um bocadinho de repulsa de um gajo que lambuza cadáveres. Sim, existe o caso da Bela e o Monstro mas ainda assim, no fim, ele transforma-se num belo príncipe, porque uma coisa é uma one night stand bêbeda com um gajo que parece um monstro, outra é viver para sempre com ele.
Dizer-se que o conta é o interior é uma mentira e só se diz isso que é para as pessoas que não foram abonadas pela beleza não ficarem tristes. Tal como o "gordura é formosura", "o tamanho não importa" e o "é dos carecas que elas gostam mais". Tudo tretas. Mas tal como o tamanho pode ser disfarçado com técnica e empenho e a careca pode ser tapada com um chapéu, também a falta de beleza pode ser compensada com uma boa personalidade. Há quem diga que os gordos e os feios são mais simpáticos, algo que é completamente mentira, segundo um estudo que tenho vindo a fazer durante a minha vida toda. O que acontece é que reparamos mais quando alguém feio é simpático e pensamos "É mesmo feia mas até é simpática", quando a pessoa é feia e antipática pensamos "Tem uma fronha que até um cego tem nojo!" e será para sempre lembrado como feia e não como antipática. Essa rasteira que o nosso cérebro nos prega é que deu origem a esse mito.
As histórias que nos contam em crianças, não nos ensinam que o que conta é personalidade e o interior das pessoas, mas só quando chegamos a adultos é que nos lembramos disso. Quando somos grandes queixamo-nos das revistas de moda, dos actores e actrizes de TV e cinema e que é injusta a pressão com que todos vivemos em ter uma cara bonita e um corpo com as proporções matemáticas que os gregos já na antiguidade apregoavam como perfeitas. Por um lado ainda bem, se não houvesse a pressão para sermos apelativos fisicamente, a população mundial era ainda mais obesa e havia ainda mais desdentados. Em termos de saúde física é bom haver esse culto do corpo, só uma percentagem mínima vai ao ginásio por questões de saúde, a outra vai para não bolsar cada vez que olha ao espelho e para não ter que fazer sempre sexo de luz apagada, com a desculpa que é porque é mais romântico.
É claro que o exterior conta. Muito. E ainda bem, porque há mais gente gira do que interessante e se assim não fosse, a raça humana estava destinada à extinção
Dizer-se que o conta é o interior é uma mentira e só se diz isso que é para as pessoas que não foram abonadas pela beleza não ficarem tristes. Tal como o "gordura é formosura", "o tamanho não importa" e o "é dos carecas que elas gostam mais". Tudo tretas. Mas tal como o tamanho pode ser disfarçado com técnica e empenho e a careca pode ser tapada com um chapéu, também a falta de beleza pode ser compensada com uma boa personalidade. Há quem diga que os gordos e os feios são mais simpáticos, algo que é completamente mentira, segundo um estudo que tenho vindo a fazer durante a minha vida toda. O que acontece é que reparamos mais quando alguém feio é simpático e pensamos "É mesmo feia mas até é simpática", quando a pessoa é feia e antipática pensamos "Tem uma fronha que até um cego tem nojo!" e será para sempre lembrado como feia e não como antipática. Essa rasteira que o nosso cérebro nos prega é que deu origem a esse mito.
As histórias que nos contam em crianças, não nos ensinam que o que conta é personalidade e o interior das pessoas, mas só quando chegamos a adultos é que nos lembramos disso. Quando somos grandes queixamo-nos das revistas de moda, dos actores e actrizes de TV e cinema e que é injusta a pressão com que todos vivemos em ter uma cara bonita e um corpo com as proporções matemáticas que os gregos já na antiguidade apregoavam como perfeitas. Por um lado ainda bem, se não houvesse a pressão para sermos apelativos fisicamente, a população mundial era ainda mais obesa e havia ainda mais desdentados. Em termos de saúde física é bom haver esse culto do corpo, só uma percentagem mínima vai ao ginásio por questões de saúde, a outra vai para não bolsar cada vez que olha ao espelho e para não ter que fazer sempre sexo de luz apagada, com a desculpa que é porque é mais romântico.
Hoje em dia a oferta é tanta que não damos muito tempo para conhecer a outra pessoa se o exterior não nos agradar. Claro que todos nos podemos apaixonar por alguém a quem não achamos minimamente atraente à primeira vista, mas para isso é preciso dar oportunidade para conhecer a pessoa. Isso não acontece muito e cada vez mais o que conta é o pacote, e não estou a falar apenas do rabo. Antigamente, as pessoas conheciam-se antes de ir ao castigo, agora faz-se uma abordagem inversa, vê-se primeiro a parte de trás do umbigo e só depois, se for bom, se dá oportunidade ao resto. A primeira impressão é a mais importante e só temos uma oportunidade para que cause um bom impacto. Quem vai a um mau 1º encontro, raramente dá segundas oportunidades. Dizem que os homens são mais fúteis nestas situações.
Para nós, uma imagem vale mais que mil palavras, especialmente se essa imagem for a de umas boas mamas
As mil palavras que ela pode dizer, quanto muito estragam o que até podia ter corrido bem. As mulheres gostam de apregoar que não, que o mais importante num homem é o interior, mas na maioria das vezes é o interior da carteira que lhes pague pague bebidas a noite toda até estarem tão bêbedas, que o exterior já parece igualmente bom.
As pessoas ficam mais chocadas se discriminamos com base na beleza do que na inteligência. O que é certo é que discriminar em ambos os casos é muito parecido. A beleza é acima de tudo genética, ou se nasce com boas feições e proporções ou nada feito. Exceptuando o corpo que embora conte e muito a genética, pode sempre ser aperfeiçoado. A cara pode também ser tratada e melhorada, mesmo sem operações plásticas, bastando ter cuidado. Dizem que não há pessoas feias, apenas pessoas pobres e o Cristiano Ronaldo é um bom exemplo disso. A personalidade é também muitas vezes genética e a parte que não é, é condicionada pela educação que temos em casa, na escola e da sociedade e escolhas que vamos fazendo ao longo da vida. Logo, discriminar tanto uma como a outra é julgar alguém por algo que ela não teve muito controlo. Se calhar é pior discriminar uma pessoa por não ser inteligente do que por não ser bonita. É mais fácil aplicar maquilhagem do que aumentar o QI ou a cultura geral.
Moral da história, o que conta não é o interior. Se também conta? Claro que sim. Muito? Só para quem também tem um bom interior, para os outros não. O interior até pode contar mais a longo prazo, a beleza vai-se com o tempo e acabamos todos como carcaças rugosas e descaídas. A paixão e a atracção sexual com o passar dos anos vai desaparecendo e um casal de 70 anos vai passar mais tempo a conversar, do que a esfregar as peles descaídas em noites de amor loucas, em cima do resguardo da cama e a fazer pausas para tomar os medicamentos. Por isso, se é para escolher para a vida é bom que o interior nos agrade. Se for só até amanhã de manhã, a única coisa que é essencial que tenha no interior, é a ausência de doenças sexualmente transmissíveis.
O que realmente interessa é como nós nos vemos. Se gostarmos do que vemos, quer por fora quer por dentro, não precisamos de ninguém que nos faça sentir melhor e isso vai acabar por atrair alguém com os mesmos valores que nós. Um idiota, se também o formos, ou alguém decente, se também for o nosso caso. O que importa realmente é a equação dada pela soma do exterior com o interior, com pesos ponderados que dependem de quem nos vê e, quem pondera esses pesos de forma diferente da nossa, não interessa.
PS: Obrigado ao Gonçalo Nuno, que me enviou mensagem a dizer "Escreve sobre aquela expressão que já me irrita 'o que interessa é o interior'".
O que realmente interessa é como nós nos vemos. Se gostarmos do que vemos, quer por fora quer por dentro, não precisamos de ninguém que nos faça sentir melhor e isso vai acabar por atrair alguém com os mesmos valores que nós. Um idiota, se também o formos, ou alguém decente, se também for o nosso caso. O que importa realmente é a equação dada pela soma do exterior com o interior, com pesos ponderados que dependem de quem nos vê e, quem pondera esses pesos de forma diferente da nossa, não interessa.
O último parágrafo foi patrocinado pelo Gustavo Santos que há dentro de mim, num sentido não sodomita.
PS: Obrigado ao Gonçalo Nuno, que me enviou mensagem a dizer "Escreve sobre aquela expressão que já me irrita 'o que interessa é o interior'".
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