3 de dezembro de 2014

10 tipos de vizinhos parvos



Bom dia, já passou a febre do Sócrates? Podemos voltar a assuntos realmente importantes? Vamos a isso então. Vizinhos parvos todos temos, certo? Então vamos lá falar deles.

O que vai de escadas (para não ir connosco no elevador)
Há sempre aquele vizinho, normalmente é um homem, que decide ao olhar para a nossa cara que é agora que vai começar a fazer exercício e a ir de escadas até ao 6º andar, só para não compartilhar connosco o mesmo metro quadrado. Normalmente até prendemos a porta do elevador, ao vê-lo entrar no prédio, ele vai ao correio para queimar tempo, olha para os papeis de publicidade como se fossem a coisa mais interessante do mundo, enquanto se encaminha a passo molengão até à zona dos elevadores. Nós ali estamos, com uma mão a travar a porta e perguntamos "Vai subir?". Ele responde que não e que vai de escadas, feito anti-social. Nós olhamos ao espelho do elevador e pensamos se seremos assim tão feios.

O que não diz bom dia
Há sempre um filho da puta destes. Sempre. Um ou uma, que a falta de educação é transversal a todos os géneros, religiões e clubes de futebol. Pior que não dizer por iniciativa própria, até porque pode ter ficado à espera da nossa e pensado o mesmo de nós, é quando não respondem ao nosso cumprimento. É gente que queria morar numa vivenda mas que só conseguiu empréstimo para o T2 na Amadora. São pessoas com défice de simpatia, como já escrevi anteriormente e que mereciam uma chapada na moleirinha. Eu quando dou de caras com um destes digo-lhes um "BOM DIA" em alto e bom som, de sorriso cínico estampado nos lábios, já que agredir dá prisão. É pena.

O que não segura a porta
Este tipo de vizinho acumula normalmente o cargo com o anterior. Podia agrupá-los numa categoria que seria o vizinho que comprou o apartamento sem marquise nem educação, porque é o que não tem em casa. Eu tinha uma vizinha que fazia sempre esta brincadeira. Está bem que era toda corcunda e tinha uma cara que fazia lembrar um troll que acabou de comer marisco pela primeira vez e foi-se a ver e era alérgico, mas isso não lhe dava o direito de ser antipática. Embora fizesse com que a sua personalidade fosse coerente com a sua aparência. Não foram uma, nem duas, nem três vezes que ela deixava a porta do prédio fechar, vendo claramente que eu vinha atrás. Eu era criança e como tal, pouco podia refilar, mas também sabia que isso podia ser uma vantagem para fazer traquinices. Um dia surgiu a oportunidade perfeita. Eu abro a porta para entrar no prédio e vejo que ela vem uns metros atrás, carregada de sacos em ambas as mãos. Fico a segurar a porta com um sorriso na cara, ela olha para mim e sorri também, mostrando toda a sua dentição sublimemente arcaica, decorando aquele maxilar em formato de urinol. Quando ela está quase a chegar eu fecho-lhe a porta na cara, pelo vidro rasgo um sorriso maroto e vou-me embora. Vi-lhe toda uma mescla de expressões faciais, desde o pensar que eu estava a brincar, até à confusão, indignação, raiva e finalmente à aceitação do que eu lhe tinha feito. Nunca mais me disse bom dia, mas também era daquelas que já nunca dizia.

O que se queixa do barulho
Este é aquele vizinho que se arma em Shrek e bate com o pé no chão, ou vai buscar a vassoura, pela primeira vez na vida, para dar com o cabo no tecto. Por norma, é aquele vizinho cujos filhos bebés choram a noite toda e ninguém refila, mas ao mínimo barulho arma-se em inspector do ruído e desata a refilar com toda a gente. Também é padrão estes vizinhos discutirem alto e gritarem aos filhos para comerem a sopa toda. Faz-lhes confusão o ladrar dos cães, mas dos seus animaizinhos humanos que têm em casa é normal e ninguém se pode queixar. É ir dormir fora e deixar a aparelhagem para começar a tocar a música do Jajão às 3 da manhã no volume máximo.

A cusca
Sim, é a cusca. Raramente é um homem. Normalmente é a do rés-do-chão direito, não me perguntem porquê. É aquela senhora, já com alguns cabelos brancos, que coloca a TV ao lado da janela, para poder ver tudo o que se passa na rua enquanto não perde pitada das Tardes da Júlia. É aquela vizinha que a qualquer movimentação vai à porta ver pelo óculo quem é. É aquela vizinha que diz aos nossos pais "Então estiverem fora o fim-de-semana? Pois bem me pareceu, foi um entra e sai na sua casa. Até pensei que fosse um assalto... não que fosse pelo mau aspecto, mas sabe como é esta juventude". Quando vivia noutra casa fiz uma partida à minha vizinha cusca, que vinha sempre à porta quando alguém me tocava à campainha. Eu devia ter uns 12 anos e achei que era giro simular um assalto a minha casa. Com um amigo, colocámos umas máscaras e batemos à minha porta, eu fiz a voz de ladrão e de puto assustado, numa performance digna de um Óscar. Entrámos porta adentro e começámos a bater nos móveis e eu a gritar "Socorro, parem!". Fechámos a porta e, automaticamente, a vizinha sai de casa e vai a correr à vizinha de baixo que tinha a chave de minha casa. Nós tiramos as máscaras e sentamo-nos ao computador que era logo no hall de entrada, nisto essa minha vizinha abre a porta de minha casa, esbaforida e assustada, vê-nos e pergunta "Está tudo bem?!", nós respondemos com o ar mais santinho do mundo "Sim. Porquê?". "Ah é que a vizinha aqui da frente disse que lhe parecia que estavam a assaltar a casa!", diz ela confusa. "Assaltar? Não... essa vizinha é meio maluca...", respondi eu. Foi parvo? Um bocadinho. Valeu a pena? Imenso.

O que se acha mais amigo que o que é
Se há o vizinho antipático e que não diz bom dia, há depois o oposto, o senhor de meia idade que acha que é nosso amigo do peito. Faz-nos mil e uma perguntas, 100 das quais são sobre o tempo e de como o frio parece que se entranha nos ossos e fica ali a falar connosco à porta do elevador, ou já nós com a chave na porta a querer entrar em casa. Ele acha que todos os assuntos são interessantes e diz "Pois, sabe como é, a porta está outra vez a fechar um bocado mal não está? Tenho que ir falar com o Sr. António, o administrador do condomínio, sabe quem é não sabe? Aquele senhor que tem um Mercedez. Quer dizer, às vezes também anda com o Fiat Uno, que diz que gasta menos na cidade, mas eu cá para mim é para não lhe pedirem tanto dinheiro quando vai às putas". Nós ali, de sorriso parvo na cara, vamos repetindo o famoso "Pois..." vezes sem conta, até ele nos dar ordem de soltura para entrarmos em casa. Este é normalmente o vizinho que faz com que nós sejamos o vizinho que vai de escadas para o evitar no elevador.

Os que fazem sexo em alto e bom som
Nunca tive vizinhos destes. Acho que nunca ouvi nenhum vizinho a fazer sexo, nem um ranger de molas. Bons isolamentos ou más vidas sexuais que há na Buraca. Os meus vizinhos não poderão dizer o mesmo, até porque eu farto-me de gritar em plenos pulmões "Tou todo turbinado!" durante o sexo. Na casa da minha namorada já ouvi uma vez os vizinhos de baixo, que são gays, a praticar o coito, obviamente do anal. É estranho não se ouvir gemidos de mulher, assim parecem só pessoas com cólicas. Ainda assim é melhor ouvir isto que as maratonas de Karaoke que eles fazem semana sim, semana não, a cantar Fafá de Belém às 4 da manhã. Como vingança passa-me pela cabeça várias vezes atirar-lhes beatas da janela para o terraço deles, que é todo arranjadinho, com cadeirinhas e pufezinhos, com florzinhas em degradezinho de corzinhas e ordenadinhas por tamanhinhos. Sorte a deles é que não sou tão mauzinho quanto isso, porque sei que era atingí-los onde mais lhes ia doer.

Os que discutem alto
Na minha zona todos os prédios têm uns vizinhos peixeiros. Discussões de meia noite, por vezes quando já passa da meia noite, de uma gritaria valente capaz de fazer inveja a qualquer ala psiquiátrica de um hospital. A gritaria é por vezes acompanhada de todos os vernáculos conhecidos, alguns até inventados na altura. Tem o ponto positivo de fazer todos os outros vizinhos pensarem que afinal até têm boas relações amorosas. "Lá estão os vizinhos a discutir outra vez... Nós não somos assim, pois não mor?". "Claro que não sua otária de merda". O amor é lindo. Um conselho, quando estiverem a ouvir uma discussão desta magnitude e de repente acabar do nada, chamem a polícia. Esta gente só deixa de discutir de um momento para o outro se algum fica inconsciente.

O construtor
Há sempre aquele vizinho que tem na alma o sonho antigo de ser trolha, pedreiro ou bate chapas, que decide que qualquer hora é boa hora para usar o berbequim para pendurar aquele quadro do menino da lágrima que a avó falecida lhe deixou no testamento. Falhou o casting para fazer parte dos stomp e acha que o som do martelo na parede até serve para marcar o ritmo da respiração e ajudar a adormecer. Cada vez que oiço um vizinho a dar mais de duas marteladas às tantas da noite ou a não me deixar dormir pelo menos até ao meio-dia de Sábado, apetece-me ir lá a cima e martelar dois pregos com o auxílio da cabeça dele, quando lhe enfio uma bucha no recto e lhe aparafuso um prego de rosca grossa.

As acompanhantes de luxo
Bem, talvez estas não sejam tão comuns quanto isso, mas eu já tive duas no prédio. Moravam juntas e dizem as más línguas que eram meninas da vida. Acho indecente rotularem as raparigas só porque saiam e chegavam a horas estranhas, com um motorista num Porsche Cayenne, que podia perfeitamente ser o pai delas. Sim, andavam semi-nuas, mas podia ser por alguma alergia ao tecido. Sim, tinham sotaque de leste e ar de porcas, mas quem não tem? Quando digo que eram de luxo era porque tinham ar de ser caras. Tinham ar de ser tarifa 3, aquela que o taxista põe quando sai de Lisboa e o taxímetro começa a andar mais depressa e nós só pensamos que foi estupidez ter bebido e que devíamos ter trazido o carro. Uma vez fui com elas no elevador, era verão e estavam vestidas como quem ia trabalhar. Nisto, elas carregaram no botão de stop e quiseram fazer sexo ali comigo. Eu como cavalheiro que sou rejeitei, que sabia bem que estavam descontroladas pelo efeito do Axe que eu tinha usado. Mentira, estava era a sair para uma consulta de urologia e era estranho chegar lá com um arco-íris de batom no trombinhas. Mentira, obviamente que elas não me tentaram saltar para cima, mas pensaram... Via-se bem na cara delas que por 100€ eram meninas para isso. Hoje em dia já não moram cá no prédio, mas os outros 9 tipos de vizinhos estão cá todos.

É isto. Esqueci-me de algum tipo? Quantos destes têm no vosso prédio? Se só tiverem 9, é porque o 10º tipo são vocês.




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