31 de outubro de 2014

10 ideias geniais/parvas para este Halloween



Prontos para uma noite tipicamente portuguesa de Halloween? As meninas estão prontas para terem desculpa para sair à noite vestidas de enfermeiras e freiras badalhocas? E os meninos, prontos para usarem uma máscara que tape a vossa carantonha feia, na esperança de no final da noite passarem factura? Vamos a isso então! Como sei que é difícil ser original nesta noite, e como não há nada pior do que chegar a uma festa e já lá estar alguém vestido de Castelo Branco com um zombie amestrado, ficam aqui dez sugestões únicas para que sejam as estrelas da noite.

#1
Ir para o Meco de traje académico e com algas a sair dos bolsos. Se cantarem "A mulher gorda, a mim não me convém, eu não quero afogar-me, nas banhas de ninguém!", ganham ainda mais pontos. Ou para os mais ariscos um "É C, é N, é L. É CNL, Clube de Natação da Amadora!"

#2
Ir para a porta de um infantário, de gabardine e mãos nos bolsos, com duas Botas Botildes calçadas. Para os mais novos, a Bota Botilde era a mascote do concurso "1, 2, 3" apresentado pelo Carlos Cruz, esse pedófilo de renome.

#3
Colocar uns óculos e um pullover castanho e com uma guitarra entrar a cantar o "Ó Elvas, ó Elvas! Badajoz à vista" por um ginásio Vivafit a dentro. Podem também, para dar mais credibilidade, correr tudo o que é mulher com uma palmada no rabo, mas a aleijar. Se quiserem dar um toque de originalidade podem trocar a letra por um "Ai levas, ai levas, uma bojarda na vista!".

#4
Colocar uma farda do ISIS e entrar por uma Igreja a gritar "Alá é o que tem a pila maior!" durante o decorrer de uma missa. Depois é subir ao palanque, albarroando o padre, e começar a recitar o poema "Não, eu nunca apoiaria a guerra, porque a guerra não é vencedora. Sou uma máquina sim, lá makina de fiesta". E depois tiram a túnica e por baixo têm uma farda à Ana Malhoa e começam a tocar a música "Tá Turbinada".

#5
Usar uma cabeleira loira e ir para o Ocean Club de Lagos perguntar quanto é que ficou o jogo da Inglaterra vs Costa Rica.

#6
Sair à rua com uma panela de pressão com um nenuco lá dentro, em alusão àquele pai que matou a filha numa panela de água a ferver. Não se esqueçam é da garrafa de vinho e uns alhos cortados com casca que é para temperar.

#7
Pintar o cabelo de grisalho e ir fazer rotundas em contra-mão. Quando a polícia vos parar dizem que a culpa é do vosso primo alemão Alzheimer e da neta espanhola, a Esclerose. Tenham no banco do pendura uma fralda usada para dar credibilidade.

#8
Colocar uma cabeleira, entortar os olhos e andar na rua a gritar que se é a Rita Pereira e se vai lançar o feitiço do ex-namorado. Funciona melhor se lançarem o feitiço quando alguém for a entrar no carro.

#9
Andar desorientado na rua, perguntar a várias pessoas em que ano estamos, como é que se apanha a carreira para Lousada e se sabem do Afonso. Para quem não percebeu, este disfarce chama-se Rui Pedro.

#10
Andar ao pé do Palácio de Belém, de fato e gravata, a alambazarem um bolo rei à boca cheia e a dizer "Portugal não aguenta mais medidas duras. Por falar em medidas duras, estou aqui com uma medida de 12cm dura que nem este bolo rei do Natal passado".

***

Qual o vosso favorito? Se tiverem outras sugestões, já sabem, deixem nos comentários. Bom dia das bruxas a todos!

PS: O texto de ontem foi um bocado lamechas, por isso achei que devia compensar com 10 bojardas para que não seja preciso chamar o Fernando para me expulsar o bicho.
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30 de outubro de 2014

Já estive três vezes perto de morrer



Já estive perto de morrer 3 vezes. A primeira vez foi com 5 anos, demonstrando desde logo que era um miúdo precoce. Fui atropelado à saída da natação. Estava com o meu pai e ele disse-me que eu podia atravessar, eu atravessei e levei com um carro, que vinha da direita, mesmo no lombo. Lembro-me de abrir os olhos e ver a parte de baixo do carro, estava com a cabeça encostada à roda de trás, com o corpo para fora. O carro tinha andado mais um bocadinho e havia mioleira a escorrer pelo alcatrão. O senhor sai do carro, aos berros com o meu pai por me ter deixado atravessar. O meu pai aponta para o sinal que dizia que ele era obrigado a virar à direita e não podia ter ido em frente, como o fez. O senhor ficou branco e começou a pedir desculpa e a querer chamar a ambulância. Eu como sempre fui muito rijo dizia que estava bem, o carro tinha ficado amolgado devido ao meu torso encorpado das cerelacs com consistência de cimento que comia diariamente. Tinha uns arranhões na cara mas nada de mais, mas lá fui ao hospital. Cheguei lá e devem-me ter dado a pulseira verde, porque demorei montes de tempo a ser atendido quando podia ter uma catrefada de hemorragias internas. O meu pai começou a armar peixeirada com uma médica, ao ponto dela ficar com receio de uma agressão e chamar a polícia. Fui atendido que foi um mimo. A violência não resolve nada mas às vezes ajuda. Não tinha nada, puseram-me tintura de iodo nos arranhões da cara e mandaram-me para casa. No dia a seguir contei a todos os meus amigos o que se tinha passado, elevando-me ao estatuto de bestinha por ter amolgado um carro com esta banha que a terra há-de comer.

A segunda vez que estive perto de morrer foi engasgado com presunto. Sim, engasgado com presunto. Tinha cerca de 11 anos e como já disse, era um pequeno alarve a comer e presunto para mim só fazia sentido ser comido à mão cheia. Fatiazinha no pão era para maricas, 100g de presunto numa bolacha de água e sal partida ao meio, para fazer de sandes, é que era à homem. Sucede que mastiguei mal, ficaram dois pedaços de presunto mal mastigado nas pontas de um fio de gordura. Uma parte foi engolida e a outra ficou a travar na garganta, qual tampão de xixa sem conotação sexual. Comecei a sentir que não conseguia respirar, levantei-me e tentei beber água, mas a água não ia para baixo. Tentei puxar, mas com tanta gordura e pânico tudo escorregava, mais uma vez sem conotação sexual. A minha mãe estava em casa e deve ter ouvido o que se assemelhava a um javali a jogar à cabra cega e a ir contra os móveis da cozinha, veio ver o que se passava e passado uns segundos começou a perceber que eu estava quase a falecer. Nisto, tenta ela também tirar-me a comida do gasganete quando eu já lá tinha as mãos também. Resultado, fez com que os meus dedos fossem quase fazer cócegas no esófago e me vomitasse todo, saindo a rolha de presunto que me estava a matar. Não comi presunto durante muitos anos. Quão estúpido era ter morrido desta forma? Já estou a ver na minha lápide estar escrito: 


Aqui jaz Guilherme, criança alegre, brincalhona e que gostava demasiado de presunto. Paz à sua alma e que no céu haja uma charcutaria para que ele seja feliz

A terceira vez foi exactamente na mesma rua da primeira, sendo que nem uma vez por ano lá passo e foi a primeira vez que lá passei de bicicleta. Há coincidências na vida do caraças, que quase nos fazem acreditar em coisas esotéricas. Mas depois pensamos com inteligência e vemos que era parvo acreditar nessas coisas. Foi há cerca de 1 ano, vou eu muito bem de bicicleta, proveniente da Buraca em direcção a Alvalade. Sim eu ando de bicicleta na Buraca, dá mais adrenalina que saltar de paraquedas sem paraquedas. Lá vou eu a passar por Benfica, numa estrada a descer e de repente sinto-me a voar, num semi mortal encarpado à frente e vou aterrar de cabeça no chão. Vou a raspar no alcatrão durante uns metros num pino sem braços. Fico estendido de barriga para cima a tentar perceber o que tinha acontecido, meio azambuado e naquela do "tu queres ver que vou ficar a comer Cerelac por uma palhinha, ainda por cima vai ter que ser sem os grumos que são a melhor parte.". Pessoas reunem-se à minha volta, a ver se eu estou bem mas lá no fundo a desejar que eu estivesse morto, só para poderem contar uma história mais interessante ao jantar com a família. Eu digo que estou bem e vou para me levantar mas não me deixam. Uma senhora diz que é médica e diz que não me posso mexer. Era giro eu estar tetraplégico e ela a dizer-me "Não se mexa, não se pode mexer". Eu lá convenci que estava bem e levantei-me. Estava de capacete integral, não, não é integral como o arroz e o pão, é daqueles que protege a cabeça toda e não só a moleirinha como aqueles que parecem um penico. Só andava com esse capacete quando ia para o meio dos montes em Monsanto, ou para locais mais arriscados, nunca para uma viagem curta e por estrada. No entanto, nesse dia levei e foi o que me salvou de ficar com a cara igual àquela vez que a Sónia Brazão estava a fazer lasanha, como podem verificar aqui na fotografia.

Lá tirei o capacete, depois de muito insistir com a senhora. A adrenalina começou a baixar e as dores a aparecer. Doía-me a cabeça, o ombro, as costas e estava com os braços e pernas todos esfolados. A maior dor foi pensar no sofrimento que ia ser tomar banho com os braços em carne viva, como podem verificar em mais esta fotografia artística. Aquele braço direito e ombro esquerdo pareciam umas posta mirandesa mal passadas.

Mangas à cava era por causa das feridas apenas, não é o meu cenário habitual. Veio ambulância, fizeram-me um curativo e uns testes a ver se eu não estava meio tantan das ideias. Lá resolvi os cálculos integrais e as derivadas compostas, recitei Fernado Pessoa de trás para a frente e fiz sexo com duas transeuntes, mãe e filha. Tudo impecável, não tive que ir ao hospital. Fui para casa e foram uns dias de dores e ardores sempre que tomava banho ou estava deitado na cama a tentar arranjar posição. Ah e é verdade, o que tinha acontecido foi que o meu pai tinha usado a bicicleta e não tinha apertado o pneu, estava só meio encaixado. Na descida, levantei o guiador para passar por cima de um buraco e desencaixou, a roda foi-se embora e o garfo aterrou no alcatrão, proporcionando toda uma catapultagem digna de um filme de acção indiano. Diz quem assistiu, que se fosse filmado era um sucesso 10x maior que o sai da frente ó Guedes. Não fui desta para melhor porque não calhou ainda por cima tendo em consideração que as faixas são apertadas e que no sentido oposto só circulam autocarros.

Moral da história, o meu pai anda há 30 anos a tentar matar-me. Mandou-me atravessar a estrada e sabotou-me a bicicleta. Só preciso de descobrir se foi ele que comprou o presunto, escolhendo propositadamente o que tinha mais gordura. Se for o caso já tenho motivos para ir apresentar queixa à PJ 

Moral da história mais a sério, estar perto da morte lembra-nos que somos finitos. Que pode ser um carro desgovernado, um esquecimento ou um naco de presunto entalado na garganta. Pode ser de repente ou com aviso prévio de uma morte prematura. Pode ser hoje, pode ser amanhã, pode ser daqui a 70 anos a meio de uma orgia. Pode ser durante o sono e sem dor, pode ser numa cama de hospital com meses de sofrimento. O que é certo é que, pelo menos por enquanto, vamos todos ser ceifados. Não interessa pensar nisso mas o que é certo é que temos essa nuvem a pairar-nos que se vai adensando com a idade. Não acredito que haja nada depois da morte e não vivo bem com isso, mas acho que isso me faz tentar aproveitar melhor o tempo que cá estou, a não querer perder tempo com mesquinhices, intrigas e com pessoas que não interessam. Depois de morrermos nada interessa, se fomos felizes ou não, se aproveitamos a vida ou não, tudo isso deixa de interessar. A morte é a mais justa das coisas e só nos resta a nós rir dela, para quando ela chegar estarmos de sorriso nos lábios e lhe fazermos um manguito.
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28 de outubro de 2014

Luana Piovani diz que Portugal explorou o Brasil



Por falar noutra coisa, parece que houve uma actriz brasileira que veio dizer que Portugal andou anos a explorar o Brasil e que agora continua a ser explorado por um partido cujas siglas são PT, como podem ver aqui no tweet em baixo.

Pronto, gerou-se o pandemónio, como não podia deixar de ser, em tempos em que a maioria das pessoas não tem mais nada que fazer a não ser espingardar nas redes sociais e comentar em sites de notícias. Eu acho que uma das maneiras de Portugal andar para a frente é se vierem mais comentários destes a lume. Nós somos meio bipolares e só gostamos de ser portugueses quando alguém vem falar mal de nós. Foi assim com quando o Blatter disse mal do Ronaldo, foi assim quando a Maitê Proença bolsou num monumento nosso e é agora com esta senhora. Por isso, venham mais destas, que aquelas celebridades que vêm a Portugal e dizem que somos um povo muito afável e que a nossa comida e praias são óptimas, não nos ajudam em nada. 

Nós queremos é o Brad Pitt a dizer que a nossa comida tem sal a mais e a Angelina Jolie a dizer que os nossos pretinhos do bairro 6 de Maio não dão vontade de ser adoptados. Só assim é que nos unimos e isto anda para a frente.

Primeiro que tudo, a observação da Luana foi engraçada, pela associação da sigla do partido à abreviatura do nosso belo Portugal. Segundo é verdade, ou já se esqueceram? Sim, Portugal explorou o Brasil durante muitos anos. Escravizou, matou e saqueou bens. Houve muitos sites de notícias que fizeram artigos com título que dizia "Actriz brasileira ofende Portugal". Há uma diferença muito grande entre ofender e dizer a verdade. A verdade nunca pode ofender, agora que dá aquela comichão muito pouco gostosa, isso dá. Com este comentário ela mostra que tem sangue português a correr-lhe naquelas veias, já que demonstra sentido de humor e acima de tudo, mostra aquela característica bem portuguesa que é a culpa do que está mal ser sempre dos outros. O Brasil tem dinheiro e recursos mais que suficientes para dar a volta à genética portuguesa. Que comecem a fazer mais anedotas com o facto dos políticos serem corruptos do que com os portugueses serem preguiçosos e as portuguesas terem bigode. Esse tempo já lá vai, as nossas mulheres agora já não têm buço e nem pelos lá em baixo, graças à depilação brasileira. Ironias do destino. A grande diferença entre a nossa exploração e a que agora sofrem, é que a nossa foi imposta e não havia volta a dar. A de agora, só a aceitam porque dá trabalho fazer revoluções e é mais fácil queixarem-se do passado. Ter sangue português dá nisto.

Como disse, a nossa exploração foi imposta, foi ditada por nós que tínhamos mais poderio bélico. Esse tempo de exploração eram tempos em que matar, violar e saquear era o que definia ser-se um grande povo. Eram tempos em que se cagavam em penicos e ninguém sabia ler nem escrever. Aliar essa falta de educação aos instintos animais dos seres humanos só podia ter dado nisso. Ainda assim, fomos dos menos maus entre os países colonizadores. Vão lá perguntar aos Incas e aos Aztecas o que eles acham sobre a exploração que os espanhóis fizerem. Perguntem aos índios se acham que os britânicos foram meiguinhos quando lhes roubaram a terra, para fundar um país novo com bases na igualdade e para fugirem à repressão do império inglês e poderem continuar a ter escravos. Perguntem-lhes lá a ver se eles, caso não estivessem quase todos extintos, não diziam que tiveram azar em não termos sido nós a lá chegar primeiro. Nós sempre fomos um povo diplomata e nesses tempos já era assim. Enquanto uns matavam tudo o que se mexia, nós transformámos os homens em mão de obra gratuita e as mulheres em fontes de prazer. 

Deus fez o preto e o branco e os portugueses criaram o mulato. Óbvio que esta expressão é parva porque Deus não existe

Não estou a dizer que concordo, é óbvio que não, mas eram os tempos em que se vivia. Éramos os melhores do mundo a chegar a sítios habitados e dizer que eram nossos, que os tínhamos descoberto e que agora, tudo o que tivesse valor ia para o nosso lado ou levava tudo no lombo. O nosso mal foi isso ter deixado de ser aceitável, caso contrário ainda éramos uma potência mundial. Temos orgulho na nossa história sem pensar nas atrocidades que se fizeram para a escrever. Ficaram os monumentos construídos com o suor e sangue dos escravos e com os dinheiros roubados para uma qualquer família em África ou no Brasil, ter que vender a filha de 5 anos para ter o que comer. É a vida. Os Jerónimos são bonitos ou não são? Eu só pelas fotografias panorâmicas que já lá tirei acho que valeu tudo a pena. É óbvio que nos orgulhamos da nossa história e esquecemos isso tudo. Agora querem-nos fazer ter vergonha disso? Vergonha? Porquê? Se eu não tenho vergonha do que o meu avô possa ter andado ou não a fazer numa casa de alterne no Fundão, para que é que vou ter vergonha do que os meus antepassados longínquos fizeram? Temos é que aprender que não se faz e que, como espécie. somos a mais cruel e manhosa que a evolução natural já deu origem. Agora ter vergonha e pedir desculpa? Tomem juízo! O Brasil estaria melhor se tivesse sido colonizado por outro povo que não o português? Talvez. Mas garanto-vos que não tinha samba, nem Carnaval nem caipirinha. E quem se queixa que fomos brutos não estaria cá para se queixar. Foi o curso da história, fez dói dói mas já passou.

Moral da história, o Brasil está como está porque tem uma classe política corrupta e porque o povo não tem educação nenhuma, não luta pelo que é seu e prefere ir para a esplanada beber um chopinho, do que fazer com que as coisas mudem. 
Bem vistas as coisas somos mesmo povos irmãos.

PS: Dizem agora que a conta de twitter da actriz é falsa. Não muda em nada o texto é só mesmo para não vir gente a comentar a dizer isso. Assim têm que pensar mais um bocado no comentário de cocó que vão fazer. Sim, estou de mau humor. Bom dia!
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27 de outubro de 2014

Sandro Miguel, o jihadista português



A semana passada foi notícia o facto de haver alguns portugueses que foram combater ao lado do Estado Islâmico e que agora querem voltar para casa. Que cambada de xoninhas. É por isto que Portugal não vai para a frente, toda a gente deixa as coisas a meio e não faz sacrifícios para lutar pelos seus ideais. Eu não gosto de ser radical nestas coisas, mas eu não os deixava voltar. Quem se junta a uma guerra destas não bate bem das ideias e o bilhete devia ser só de ida. Mudou de ideias? Temos pena. É meter-lhe uma barra de dinamite de 30 cm no rabo e fazê-lo explodir. Não queremos que lhes falte nada no céu. Atenção que isto não é nada contra os Muçulmanos, é contra os fundamentalistas radicais, sejam de que religião forem. 

Matar em nome de Deus, que supostamente significa o amor e a verdade, faz-me tanto sentido como foder em nome da Madre Teresa

Há uns que querem voltar e outros que são convencidos a regressar, como foi o caso de um jihadista britânico, cuja mãe viajou até à  Turquia e convenceu o filho a deixar o Estado Islâmico e a voltar para casa. Vendo esta notícia, a dona Clotilde, mãe de um jihadista português da linha de Sintra decidiu viajar até à Síria para trazer o seu traquinas de volta. Como vos disse, tive acesso à conversa e, a vosso pedido, revelo-a agora aqui na íntegra.

Dona Clotilde, foi de carreira até à Síria, demorou 79 horas, entre 18 autocarros diferentes, e finalmente chegou à sede do Estado Islâmico, onde na recepção mandou chamar o seu Sandro. O resto passou-se assim:

- Mãe?! O que estás aqui a fazer?!
- Sandro, vim-te buscar, já viste que horas são?
- Ó mãe mas eu disse que não ia voltar para casa...
- Que disparate Sandro Miguel, a mesa já está posta. Vamos lá, a andar, a andar...
- Mãe... eu vim para aqui por uma questão de ideais! Vim combater os infiéis ocidentais!
- Mas quais infiéis Sandro Miguel? Infiel é o teu pai que anda com a vaca do 1º esquerdo.
- É outro tipo de infiéis, que não acreditam em Alá.
- Alá? No meu tempo havia era xamon, que não fazia muito mal. Agora Alá? Eu bem te disse que não andavas com boas companhias, Sandro Miguel.
- Alá é o Deus Muçulmano mãe. E quem não acredita nele tem que morrer.
- Todos temos que morrer Sandro Miguel.
- Sim, mas eu tenho que os matar, degolá-los, esventrá-los.
- Então foste tu que me roubaste aquela faca que corta bem que eu tinha na cozinha? Andei eu à procura disso 1 hora para cortar a carne Sandro Miguel. Não sabias pedir?
- Mãe... valores mais altos se levantam. Eu sou um enviado divino, só peço autorização a Alá. Quero matar e morrer, para ir para o céu ter com as minhas 72 virgens.
- 72 quê? Virgens? Pois realmente só se for aqui, que em Mem Martins se houver uma já estás com sorte. Não te basta aquela galdéria com quem andas?
- A Carla não é nenhuma galdéria mãe... É só uma rapariga que gosta de se dar bem com toda a gente.
- A tua prima Jessica também se dá bem com toda a gente desde que lhe paguem. Vá, vamos para casa.
- Mas ó mãe, nunca me deixas fazer nada. Deixa-me só acabar de degolar um jornalista. Vá lá. Vá lá. Vá lá. Por favor...
- Ai Sandro Miguel, Sandro Miguel, sabes que quando me pedes com esses olhinhos eu não consigo resistir.
- Obrigado mãe!
- Mas é só mesmo 5 minutos, depois temos que ir, que o lombo está no forno e se deixo queimar já sabes como é o teu pai. Fico com o olho mais negro que essa bandeira do Estado Islâmico.
- O pai realmente é uma pessoa muito violenta.

Sandro Miguel degolou o jornalista, fez a trouxa e voltou para casa com a dona Clotilde, sua mãe. Depois de muitas horas lá chegaram à estação de Algueirão/Mem Martins e apanharam o 460 para casa.

- Sandro, tens roupa clara para lavar? Que vou agora fazer uma máquina.
- Tenho aqui umas túnicas brancas mãe.
- E estão mesmo sujas? Ou é daquelas que deixaste ao monte, ficaram cheias de vincos e agora metes para lavar?
- Estão mesmo um bocadinho sujas... Toma.
- Bem isto está cheio de nódoas Sandro, não sabias fazer menos chiqueiro?
- É sangue das decapitações, mesmo com cuidado espirricha sempre mãe, não tenho culpa.
- Isso ainda é o menos Sandro Miguel, que o sangue sai bem, agora nódoas de pêssego e mostarda? Não sabias ter mais cuidado? Lá porque a roupa é da Primark é razão para não teres cuidado? Se as nódoas não saírem vai-te sair da mesada meu menino.
- Se Alá quiser, hão-de sair.

- Alá? Isso é melhor que Skip?
- Já te disse quem é Alá, mãe.
- Ah pois foi, é Deus ou lá o que é. Então e as nódas saem se Alá quiser? Quem vai ter que esfregar sou eu, dá lá as cuecas com selo do teu pai a Alá para ele esfregar então... Isto realmente, ninguém me valoriza. Vá vamos é para a mesa que o teu pai está a chegar.

Nisto chega a casa o Sr. António, cumprimenta a mulher e o filho e senta-se à mesa. Dona Clotilde começa a servir, trinchando a carne com as facas que Sandro tinha levado com ele. Uma fatia de lombo para cada um e 3 ou 4 batatas assadas.

- Mas que merda é esta Clotilde?
- O que foi homem?
- Este lombo está mais seco que o deserto da Síria, queres-me dar cabo dos poucos dentes que ainda tenho, é isso que tu queres mulher?!
- Pai, tem calma. Prova primeiro, está seco mas olha que sabe bem este lombo de vaca.
- Lombo de vaca Sandro? Isto é porquinho preto que comprei ali no talho do senhor Manel.
- Porco?!?! Que nojo mãe! Eu não posso comer porco! Renunciei ao porco quando me converti ao Islão!
- Então para a próxima fazes tu o jantar Sandro Miguel, não basta já o teu pai ser o esquisito que é, que às vezes já tenho que fazer dois pratos e agora ainda ia ter que fazer três? Havias de viver em África e passar fome a ver se não comias tudo. Mete lá uns secretos de porco preto do senhor Manel à frente de uma criança daquelas de barriga inchada e cheia de moscas, a ver se elas não se lambem todas. Até lhes sabe a pato. Vá deixa-te de manias e come isso.
- Não me interessa nada disso. Os mandamentos dizem que devo renunciar ao porco e acredita que bem me custa não comer bacon. Mas é um animal impuro e que ronca.
- Ronca? Quem ronca é o teu pai durante a noite toda e não é por isso que não o como.
- Ó mãe... demasiada informação.

Ficou aquele silêncio desconfortável e jantou-se, sem ninguém falar mas atentos à Casa dos Segredos. No final, Sandro foi para o seu quarto ver pornografia muçulmana, em que as actrizes usam uma espécie de burca, que para além da abertura para mostrar os olhos tem também outras duas. O Sr. António deu uma sova de cinto na dona Clotilde e depois fez amor meigo com ela. 

Tudo voltou ao normal nesta família comum de Mem Martins.
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20 de outubro de 2014

Jogos de computador da minha infância



Hoje venho falar-vos de alguns jogos para computador e consolas que marcaram a minha infância. Eu tive computador cedo, por volta dos 6 anos e desde logo percebi que jogar era o melhor que se podia fazer com ele. Bater texto não era a minha cena na altura e não havia internet para ver pornalhada. Nunca troquei ir jogar à bola no ringue por ficar em casa a jogar computador, mas passei horas infindáveis a jogar, até aos meus 15 anos talvez. Depois disso fui acalmando, agora é muito raro conseguir fazê-lo mais de meia hora seguida. Muitos foram os jogos que me marcaram e devo-me estar a esquecer de muitos outros, mas para este post não ficar muito grande, deixo-vos aqui os 10 jogos que mais me deixam nostálgico.

Prince of Persia
Talvez o jogo mais conhecido de sempre. Quem tinha computador jogava este jogo, não havia volta a dar. Era um jogo bem feito, muito à frente do seu tempo, nos gráficos mas especialmente na fluidez dos movimentos. E era mais difícil do que um gajo feio e pobre tentar engatar uma super-modelo. O cabrão do esqueleto do 3º nível era de tornar a criança mais calma num bicho cuspidor de vernáculo. E aquele nível que ficava tudo de pernas para o ar? Xiça penico. Tudo para salvar uma princesa que nem bons pixeis tinha.


Elifoot
Elifoot é a prova que os portugueses podem ser os melhores em qualquer área. Um jogo feito por um português que toda a gente jogava horas por dia. Era um vício. Quem não se lembra de jogar com o Leixões e contratar o Chiquinho Conde? E a excitação que era ser convidado para treinar o Sporting? Era um jogo do catano, cujo interface gráfico parece que foi feito numa trip de LSD estragado. André Elias, o rapaz que fez esta brincadeira, se calhar nunca fez dinheiro com isto, mas tem o nosso eterno agradecimento. Talvez não tenha é o dos nossos pais, que não nos gostavam de ver horas a fio em frente ao computador e a gritar de desespero porque o Zé Carlos do Feirense nos marcou um golo no último segundo.


Street Fighter
Era o pináculo dos jogos de luta. Jogava sempre que podia nos salões de jogo. Só se podia entrar com 16 anos, mas eu como desde muito novo que tenho os contactos que interessam lá conseguia entrar. Num salão de jogos na cidade da Guarda, ia com os meus primos mais velhos e o dono daquilo achava tanta piada um miúdo tão novo dar a volta à máquina que me dava créditos infinitos para eu ficar ali a jogar enquanto os meus primos terminavam o jogo de snooker. Bons tempos. Depois deram-me para o PC, era uma caixa com 8 disquetes lá dentro. Naquele tempo, quando um jogo tinha mais de duas disquetes sabíamos que estávamos perante uma coisa boa. Instalei e não funcionava no meu PC. Dia mais triste desse ano.


Wolfeinstein 3D
Foi o primeiro jogo FPS e fazia-nos sentir dentro daquele labirinto no ambiente da 2ª Guerra Mundial. Era todo um mundo novo ver tudo naquela perspectiva de primeira pessoa. Ensinou-me com 8 anos anos que o Hitler era uma besta e devia ser morto com o máximo de tiros naquele bigode que fazia lembrar o Charlot. Uma vez joguei tantas horas seguidas que vomitei. Acho que isto diz tudo sobre a qualidade do jogo.


Scorched Earth
Não sei até que ponto este jogo era muito conhecido mas sei que foi um dos que passei mais horas a jogar. Sozinho mas principalmente com um primo meu quando passávamos o fim de semana na casa um do outro. Lembro-me de acordar às 7 da manhã ao sábado e domingo para ir jogar. Era até criarmos raízes e nos obrigarem novamente a ir dormir. A guerra tem poucas coisas boas mas a existência deste jogo justifica perfeitamente os milhões de mortes que os conflitos bélicos já causaram na história da humanidade.


Alley Cat
Há bocado falei de interface feito sob influência de LSD estragado, mas este foi feito com LSD e cogumelos mágicos. Bons tempos em que se deixava a natureza seguir o seu curso e selecção natural fazer o seu trabalho. Este jogo deve ter provocado mais ataques epilépticos que que um velho com Parkinson a mexer no sistema de luzes de uma discoteca. Eram vários mini jogos altamente viciantes e pelo que sei não havia fim. Com 4 cores este jogo conseguia fazer magia. Hoje, com milhões delas muitos não conseguem.


Prehistorik
O conceito era simples: andar em frente a acertar com uma moca em tudo o que mexesse. Tudo. Não havia nada que se movimentasse que não fosse para levar com a moca na moleirinha. Dinossauros, aranhas, índios e tantas outras criaturas. Este jogo deve ter sido feito pela Igreja católica, visto que homens e dinossauros a coexistirem é coisa de criacionista. Felizmente eu já tinha a inteligência suficiente para saber que a cronologia histórica deste jogo não era para ser levada a sério. Grande jogo, numa altura em que as sequelas significavam uma melhoria na qualidade.


Golden Axe
Podíamos escolher ser um guerreiro alto e espadaúdo com uma espada, uma mulher semi nua e atlética também com uma espada, ou um anão com chapéu com cornos e um machado. Toda a gente queria ser este último. Era o mais lixado para a pancadaria. Eram níveis e níveis a arrear ferro contra todo o tipo de inimigos. Quando se apanhava os dragões que cuspiam fogo era tudo nosso e quando eles nos fugiam era como perder o nosso melhor amigo. Foram horas a jogar este menino. Chegar ao fim era só para duros.


Dyna Blaster
Passei horas a jogar o Dyna Blaster, sozinho ou com primos meus. O jogo quase não tinha fim e jogar em duelo era diversão garantida. Especialmente quando alguém se encurralava com a própria bomba e podiamos chamar-lhe retardado mental. Passados 5 minutos era a nossa vez de ser achincalhado pelos menos motivos. Era um jogo calmo, que era preciso ter uma paciência de santo, só assim se conseguia vencer os níveis. Era preciso esperar pela hora certa para colocar aquela bomba.


Tomb Raider
Uma gaja boa, de seios volumosos, calções curtos, de duas pistolas em punho a dar cambalhotas a matar dinossauros. Que mais é que um jovem a entrar na puberdade podia querer mais? Foi talvez dos maiores saltos nos video-jogos, depois deste nada mais foi o mesmo. Passou a ser o termo de comparação para todos os outros jogos, tanto a nível gráfico como de liberdade de jogabilidade. Era a perfeição. Lembro-me de pensar que era quase impossível os gráficos melhorarem mais que aquilo, na minha inocência dos 12 anos que ainda não sabia distinguir mamas triangulares das redondinhas.


E é isto. E vossas excelências, que jogos vos marcaram mais a infância? Não me digam que foi a macaca e o jogo da malha, que esses só saíram para PC mais tarde. Boa semana.
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15 de outubro de 2014

A Jessica Athayde é balofa



Eu não queria falar disto, até porque já toda a gente falou ontem e já toda a gente deve ter lido. Por um lado ainda bem, que assim ficam com a certeza que este é o melhor texto sobre o assunto. Sou uma pessoa muito humilde. Para os menos atentos a assuntos fracturantes da nossa sociedade, o que aconteceu foi simples: A Jessica Athayde desfilou no ModaLisboa, de bikini, foram chamar-lhe gorda nos comentários de uma foto, a dizer que ela precisava de comer menos hidratos. Ela foi para o blogue dela dar-lhes resposta e gerou-se o pandemónio das redes sociais.

O que eu tenho a dizer sobre o caso? Primeiro que tudo, acalmem-se lá com as coisas da igualdade e feminismo que os comentários a chamar-lhe gorda não têm nada que ver com discriminação nem objectificação do corpo da mulher. Esses comentários são apenas e só inveja. Mulheres invejosas, ou por serem balofas, que escreveram ofensas enquanto comiam um donut com pepitas de bacon e recheio de banha de porco com aroma a morango, ou de mulheres até bem feitas, mas invejosas por não serem famosas. 


Mulher invejosa é um bicho mais venenoso que uma cascavel radioactiva que usa uma medusa como peruca 

Estou a falar apenas de mulheres porque é óbvio que não foram homens a criticar, principalmente porque os homens que apreciam o físico de mulheres não acompanham o ModaLisboa. Os poucos que o fazem vêem-no com as calças nos tornozelos e, já se sabe, que bater tecla com a mão esquerda não dá jeito para escrever comentários ofensivos.

Posto isto a pergunta que se impõe: a Jessica Athayde é gorda? Depende. Se compararmos com uma criança etíope, ou uma modelo anorética de 30 quilogramas e 1,80 de altura, nesse caso a Jessica pode até já estar no espectro da obesidade mórbida. Mas esse padrão é parvo. Eu não conheço um homem que goste delas magras como a maioria das modelos de passerelle, e não estou a falar da casa de meninas que há para os lados do Campo Pequeno. Mas quem é que quer um molho de ossos que para se ir para a cama parece que se está a jogar ao Mikado? Uma mulher que quando está vento, para além de termos que lhes emprestar o casaco por causa do frio, temos que as agarrar bem para não voarem, quais papagaios coloridos a contrastar no céu azul? Agora veio-me à cabeça a imagem de alguém ter um papagaio que é mesmo uma mulher muito magra e, cujo fio por onde se segura, é o do tampão. Sim, sou nojento eu sei. Portanto, voltando ao termo de comparação, essa magreza extrema, doente mesmo, não me parece ser uma boa bitola de medição de gordura. Olhando para a média das mulheres portuguesas, a Jessica é até bastante magra, ainda mais se nos lembrarmos que parecemos sempre mais gordos nas fotografias e filmagens. Se formos ver o seu índice de massa corporal e massa gorda, estará certamente na média, ou até abaixo dos limites considerados normais. É jeitosa? Não posso responder a essa pergunta sob pena de represálias, o que por si só já diz qual é a resposta que eu hipoteticamente daria a essa pergunta, não fossem essas restrições pessoais. É extremamente jeitosa? Por favor, não entremos em terrenos perigosos, é uma pergunta à qual nem vou ponderar responder.

Chegámos então à conclusão que ela não é gorda. Posto isto tudo, a Jessica esteve bem com resposta que foi dar no blogue? Mais ou menos. Por um lado escreveu bem, meteu uns argumentos giros sobre igualdade e cyberbullying, armou-se em Emma Watson portuguesa e deu uma chapada virtual a muito comentador online. Foi também inteligente na publicidade gratuita que lhe deve ter dado este caso. Não estou a criticar, eu faria o mesmo, é chamarem-me gordo que eu vou aproveitar todas as oportunidades para promover o blogue. Agora, por outro lado podia ter estado quieta. Porquê? Porque dar importância a trolls da internet é parvo, especialmente quando se é uma figura pública como ela. Ela não é gorda e sabe que não é gorda, até se deve achar bastante gostosa, caso contrário não iria desfilar em bikini. Portanto, tudo isto acaba por soar um bocadinho a falso, remetendo uma vez mais para a estratégia de marketing. Por último, e posso estar a ser injusto, não pensei muito no caso, mas aqui vai. 


Alguém que pousa em revistas e desfila semi nua está a contribuir, quer queira, quer não, para a objectificação do corpo da mulher e para que, a maioria dos homens olhe para elas como o Zé Manel aqui do restaurante da praceta olha para os bifes que, segundo ele, são sempre excelentes e softs

Já para não falar no facto de compactuar com a palhaçada que as revistas fazem que é encher as mulheres de photoshop e torná-las bonecas perfeitas, quase que nos fazendo ver defeitos onde nunca iríamos ver. Como diz um amigo meu "Celulite é um buraquinho no meio das nádegas?! Isso para mim é cu e eu sempre adorei".

Parece que estou a criticar e a dizer que ela apenas se aproveitou para se auto promover mas não é bem isso que quero dizer. Quem esteve mal não foi ela, foi quem a foi chamar gorda, não por estarem errados, mas porque chamar gordo a alguém é de quem é parvo e não merecia sequer resposta. Ela ter dado resposta não lhe tirou razão, só a expôs ao facto de ser irónico que a existência da objectificação do corpo da mulher a que ela se opõe, ser o que mais lhe dá trabalho. Não estou a dizer que ela é má actriz, até podia ser uma Meryl Strip, mas convenhamos que se não tivesse uma cara bonita e um corpo torneado, na sociedade fútil que temos, provavelmente não lhe teria sido dada a oportunidade de aparecer na televisão. A meu ver, a resposta tinha sido muito melhor se ela tivesse dito "Sou gorda? Então pergunta lá ao teu namorado se ele não lambuzava toda! Sua badalhoca, nojenta, invejosa e com falta de pila. Beijinho no ombro. Puta.". Isto sim, era uma resposta com classe, que não lhe expunha os telhados de vidro e muito mais eloquente. E em termos de marketing garanto-vos que também seria melhor, eu pelo menos ficava fã dela. Isto é tudo uma pescadinha de rabo na boca para a qual todos contribuímos, mesmo sem concordarmos. É a viding... Os mesmos que andaram a enaltecer a resposta da Jessica, defendendo as mulheres com unhas e dentes e a dar-lhe salvas de palmas pelo seu texto contra a objectificação do corpo feminino, são os mesmos que andaram a ver e pior, partilhar, as fotografias das celebridades nuas. Não digo que não as tenha visto, mas ao menos não sou moralista, sou só parvo. 

Moral da história? Eu sou muito parecido com a Jessica Athayde. Porquê? Porque também gosto de responder aos atrasados mentais que comentam com alarvidades e porque aproveitei o momento para escrever um texto que poderá dar alguns views ao meu blogue. No entanto há uma diferença. Qual? Eu tenho realmente pneu, não me impede de ver as minhas pindurezas, mas bem que já se deve qualificar para um patrocínio da Michelin.

PS: Era giro era tudo isto ser uma estratégia de marketing guerrilha de uma empresa concorrente aos sumos detox aos quais a Jessica faz publicidade. O slogan dessa empresa rival podia ser "Com os nossos sumos não vai engordar, só fica com a barriga da Jessica, se sem preservativo com ele levar".
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13 de outubro de 2014

O que interessa é o interior



Era uma vez uma princesa, feia que nem um acidente da IC19 entre dois Fiat Uno, mas muito inteligente e interessante. Apaixonou-se por um sapo, beijou-o e ele transformou-se num príncipe, corcunda, coxo e com mais borbulhas que um adolescente que se alimenta à base de chocolate e azeitonas. No entanto, esse príncipe tinha muito sentido de humor e por isso mesmo, a princesa continuou a amá-lo. Ele apaixonou-se também por ela, devido à sua personalidade bonita e tiveram filhos que faziam o Quasimodo parecer o Brad Pitt. Viveram felizes para sempre porque o que conta é o interior. Fim.

Obviamente que esta história não existe na panóplia de contos de fada que se contam às crianças. Nessas, as princesas são sempre lindas e os príncipes charmosos e bonitos. Apaixonam-se uns pelos os outros, sem quase trocarem palavras e se conhecerem. Dois dedos de conversa bastaram para o príncipe percorrer todo o reino em busca da Cinderela. O da Branca de Neve bastou vê-la deitada no caixão para a querer beijar. Os homens que nos hospitais abusam das mulheres em coma vão presos, mas este, como era príncipe, safou-se disso e ela acordou sem sentir nem um bocadinho de repulsa de um gajo que lambuza cadáveres. Sim, existe o caso da Bela e o Monstro mas ainda assim, no fim, ele transforma-se num belo príncipe, porque uma coisa é uma one night stand bêbeda com um gajo que parece um monstro, outra é viver para sempre com ele.

É claro que o exterior conta. Muito. E ainda bem, porque há mais gente gira do que interessante e se assim não fosse, a raça humana estava destinada à extinção

Dizer-se que o conta é o interior é uma mentira e só se diz isso que é para as pessoas que não foram abonadas pela beleza não ficarem tristes. Tal como o "gordura é formosura", "o tamanho não importa" e o "é dos carecas que elas gostam mais". Tudo tretas. Mas tal como o tamanho pode ser disfarçado com técnica e empenho e a careca pode ser tapada com um chapéu, também a falta de beleza pode ser compensada com uma boa personalidade. Há quem diga que os gordos e os feios são mais simpáticos, algo que é completamente mentira, segundo um estudo que tenho vindo a fazer durante a minha vida toda. O que acontece é que reparamos mais quando alguém feio é simpático e pensamos "É mesmo feia mas até é simpática", quando a pessoa é feia e antipática pensamos "Tem uma fronha que até um cego tem nojo!" e será para sempre lembrado como feia e não como antipática. Essa rasteira que o nosso cérebro nos prega é que deu origem a esse mito.

As histórias que nos contam em crianças, não nos ensinam que o que conta é personalidade e o interior das pessoas, mas só quando chegamos a adultos é que nos lembramos disso. Quando somos grandes queixamo-nos das revistas de moda, dos actores e actrizes de TV e cinema e que é injusta a pressão com que todos vivemos em ter uma cara bonita e um corpo com as proporções matemáticas que os gregos já na antiguidade apregoavam como perfeitas. Por um lado ainda bem, se não houvesse a pressão para sermos apelativos fisicamente, a população mundial era ainda mais obesa e havia ainda mais desdentados. Em termos de saúde física é bom haver esse culto do corpo, só uma percentagem mínima vai ao ginásio por questões de saúde, a outra vai para não bolsar cada vez que olha ao espelho e para não ter que fazer sempre sexo de luz apagada, com a desculpa que é porque é mais romântico.

Hoje em dia a oferta é tanta que não damos muito tempo para conhecer a outra pessoa se o exterior não nos agradar. Claro que todos nos podemos apaixonar por alguém a quem não achamos minimamente atraente à primeira vista, mas para isso é preciso dar oportunidade para conhecer a pessoa. Isso não acontece muito e cada vez mais o que conta é o pacote, e não estou a falar apenas do rabo. Antigamente, as pessoas conheciam-se antes de ir ao castigo, agora faz-se uma abordagem inversa, vê-se primeiro a parte de trás do umbigo e só depois, se for bom, se dá oportunidade ao resto. A primeira impressão é a mais importante e só temos uma oportunidade para que cause um bom impacto. Quem vai a um mau 1º encontro, raramente dá segundas oportunidades. Dizem que os homens são mais fúteis nestas situações. 

Para nós, uma imagem vale mais que mil palavras, especialmente se essa imagem for a de umas boas mamas

As mil palavras que ela pode dizer, quanto muito estragam o que até podia ter corrido bem. As mulheres gostam de apregoar que não, que o mais importante num homem é o interior, mas na maioria das vezes é o interior da carteira que lhes pague pague bebidas a noite toda até estarem tão bêbedas, que o exterior já parece igualmente bom.

As pessoas ficam mais chocadas se discriminamos com base na beleza do que na inteligência. O que é certo é que discriminar em ambos os casos é muito parecido. A beleza é acima de tudo genética, ou se nasce com boas feições e proporções ou nada feito. Exceptuando o corpo que embora conte e muito a genética, pode sempre ser aperfeiçoado. A cara pode também ser tratada e melhorada, mesmo sem operações plásticas, bastando ter cuidado. Dizem que não há pessoas feias, apenas pessoas pobres e o Cristiano Ronaldo é um bom exemplo disso. A personalidade é também muitas vezes genética e a parte que não é, é condicionada pela educação que temos em casa, na escola e da sociedade e escolhas que vamos fazendo ao longo da vida. Logo, discriminar tanto uma como a outra é julgar alguém por algo que ela não teve muito controlo. Se calhar é pior discriminar uma pessoa por não ser inteligente do que por não ser bonita. É mais fácil aplicar maquilhagem do que aumentar o QI ou a cultura geral.

Moral da história, o que conta não é o interior. Se também conta? Claro que sim. Muito? Só para quem também tem um bom interior, para os outros não. O interior até pode contar mais a longo prazo, a beleza vai-se com o tempo e acabamos todos como carcaças rugosas e descaídas. A paixão e a atracção sexual com o passar dos anos vai desaparecendo e um casal de 70 anos vai passar mais tempo a conversar, do que a esfregar as peles descaídas em noites de amor loucas, em cima do resguardo da cama e a fazer pausas para tomar os medicamentos. Por isso, se é para escolher para a vida é bom que o interior nos agrade. Se for só até amanhã de manhã, a única coisa que é essencial que tenha no interior, é a ausência de doenças sexualmente transmissíveis.

O que realmente interessa é como nós nos vemos. Se gostarmos do que vemos, quer por fora quer por dentro, não precisamos de ninguém que nos faça sentir melhor e isso vai acabar por atrair alguém com os mesmos valores que nós. Um idiota, se também o formos, ou alguém decente, se também for o nosso caso. O que importa realmente é a equação dada pela soma do exterior com o interior, com pesos ponderados que dependem de quem nos vê e, quem pondera esses pesos de forma diferente da nossa, não interessa.

O último parágrafo foi patrocinado pelo Gustavo Santos que há dentro de mim, num sentido não sodomita.

PS: Obrigado ao Gonçalo Nuno, que me enviou mensagem a dizer "Escreve sobre aquela expressão que já me irrita 'o que interessa é o interior'".
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9 de outubro de 2014

Pessoas que não metem piscas são parvas



A sugestão para este texto foi-me enviada por mensagem no Facebook, só para verem como eu vos dou ouvidos e que a fama dos 10.000 likes não me subiu à cabeça. Primeiro que tudo, diz-se meter piscas ou pôr piscas? O correcto devia ser ligar os piscas, embora pareça que muita gente, ou a maioria, os meteu ou pôs, realmente em algum lado onde o pisca não brilha. Antes de ontem demorei uma hora e doze minutos a chegar ao emprego. Sim, foi atravessar a 2ª Circular de uma ponta à outra, mas ainda assim nunca demoro mais que meia hora. Ao chegar quase à saída para o Parque das Nações lá estavam dois carros, encostados de ladecos todos partidos. Claramente alguém que se atravessou de uma faixa para a outra sem ligar o sinal intermitente de mudança de direcção. 


O gajo não pôr pisca é o equivalente a, de repente, passar-se ao sexo anal sem avisar a namorada. É apanhar as pessoas desprevenidas e pode dar merda

Mudar de faixa e sexo anal são coisas não podem ser assim de repente. Temos que fazer sinal, esperar por uma "aberta" ou que a outra pessoa diga "Pode meter agora". É exactamente o mesmo, só com a diferença que no sexo anal só o casal é que fica chateado se a coisa corre mal e na estrada são todos os outros que têm que estar no trânsito porque um anormal decidiu que ia ser o Tomás Taveira da estrada, provocando até choques em cadeia por trás. 

Se há coisa que me tira anos de vida é o trânsito e não é apenas pelo tempo que se perde em filas. Mas é pelos nervos que me causa estar no pára-arranca quando vou para o trabalho e, principalmente quando estou a voltar para casa. Tira-me anos pelos nervos que me causa, pelos palavrões que digo e pelo cabelo que sinto a cair ou a ficar branco de cada vez que vejo alguém a mudar de faixa sem ligar o pisca. Se já ouviram buzinar ou viram sinais de luzes quando estavam a mudar de faixa sem pisca era muito provavelmente eu. Se olharam pelo retrovisor e viram um gajo a espumar pela boca e a fazer uma playback de todo o vernáculo português, era eu de certeza. Mas o que é que custa fazer um simples gesto que consiste em mover 2 ou até 1 dedo para deslocar o manípulo 1 centímetro? Esta gente se é assim tão preguiçosa com os dedos noutras áreas não conseguem satisfazer ninguém. Os homens é porque pensam que os piscas se tratam apenas de ornamentos para tornar o prolongamento do seu pénis, vulgo carro, mais bonito e luminoso, as mulheres pensam que são um berloque nas unhas de gel que só estão lá para enfeitar. Já aqui falei uma vez sobre o facto das mulheres não saberem conduzir, por isso nem vou entrar por aí outra vez. Se não leram, façam favor de ler antes de me chamarem nomes.

E as pessoas que dizem "Bem vens atrás de mim que eu sei o caminho?". E nós vamos, se ele não mete piscas estamos sempre a tentar adivinhar para onde é que ele vai virar, para não termos que puxar no travão de mão numa curva apertada em que ele virou de repente. 

Nas rotundas os piscas são como a Maddie, nem vê-los. Ou quando se os vê são pistas falsas, vão a fazer para a esquerda e saem de repente à direita

O pior disto tudo é que essas pessoas que não usam piscas na estrada são as mesmas que utilizam os quatro piscas quando estacionam em segunda fila, vão almoçar ou tratar da papelada e sabem que podem demorar 1 hora. Mas deixam os 4 piscas e ai de quem buzine e refile com o senhor do Mercedes que lhe bloqueia o carro há meia hora, pois ele responde logo irritadíssimo como se a razão fosse sua amiga de infância "Não vê que tenho os 4 piscas?!". Como se as 4 luzinhas a piscar conferissem à viatura e ao condutor um estatuto de super herói imune a qualquer tipo de coima e até mesmo de culpabilização moral seja por parte de quem for.

Uma vez tinha o carro estacionado ao pé da estação de metro, estou a vir do trabalho e o meu carro está trancado por outro com os quatro piscas. Vejo no vidro desse carro um papel a dizer "Toque no 2º Esquerdo, obrigado". E número do prédio? Fui tocar a um e nada, era engano, fui tocar a outro e lá me atende uma senhora logo a dizer "É do carro não é? Já vou descer". Desce, com a maior das tranquilidades, um sorriso na cara e pede desculpa. Eu engoli o sapo e segui viagem. Dia seguinte exactamente a mesma história. Toco, ela desce, pede desculpa e eu digo "Outra vez minha senhora... tem ali tantos lugares" e ela "Mas aqui dá-me mais jeito, era só um bocadinho". Olha a lata do bicho hein? "Dá-lhe mais jeito?!", pergunto eu indignado "Com tanto lugar ali, para a senhora não andar 50 metros, para não perder 1 minuto da sua vida está-me a fazer perder o meu tempo! Da próxima vez que o carro estiver aqui chamo o reboque não sem antes lhe colocar um belo cocó no escape para que o carro lhe fique a cheirar mal durante 1 semana.". A cara da mulher foi impagável, perdeu logo sorrisinho amarelo, apressou-se para dentro do carro e recuou à bruta e acabou por bater no de trás. Eu ri-me, entrei no meu carro e fui para casa com a certeza que tinha sido um bom dia.
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7 de outubro de 2014

O dia em que agredi uma mulher



Esta história remonta ao ano de 2004, no final de um jogo do Euro em que Portugal bateu a Holanda por 2-0, com um grande golo do Topo Gigio, ou Maniche para os amigos. Já se situaram no tempo? Boa. Agora vamos situar-nos no espaço que era o Auditório Keil do Amaral em Monsanto, esse belo parque outrora conhecido pela prostituição, coisa que o Santana Lopes conseguiu acabar. Tirou as meninas de lá e há quem diga que as levou para sua casa. Bem vamos então à história propriamente dita. Portugal ganhou, como já disse, estava toda a gente em festa, alegre e contente, já que ainda não se fazia sentir a crise, caso contrário já se sabe que ninguém iria ligar ao futebol... Eu estava com a minha namorada da altura e uma amiga em comum. Estávamos já a ir para o parque de estacionamento para vir embora e nisto, no meio da confusão, essa minha amiga esbarra com outra rapariga. Normal numa situação daquelas, não foi culpa de ninguém. Nisto uma das amigas que estava com essa rapariga diz:

- Tão? Nem pedes desculpa à minha sócia e quê? - num tom agressivo polvilhado com uma pronúncia claramente de barraquês.
- ... - disse a minha amiga, rindo-se e virando costas, não dando importância.


Elas vêm as três, uma preta, uma cigana e uma branca, num grupo multicultural demonstrando que o atraso mental é uma doença transversal a todas as raças e etnias

Eu vendo que a coisa estava a escalar de tom, decidi intervir e disse, na minha ingenuidade dos 20 anos, para se acalmarem, que estávamos ali a festejar e que tinha sido um acidente e ninguém tinha culpa. Note-se que foi um toque na mala, não foi um encontrão, um empurrão, nada disso, apenas um toque ao de leve. Ao ouvirem as minhas palavras sábias e ponderadas uma delas diz:

- Nah... tás-te a meter em fight de damas?! Temos ali os nossos homens para te darem-te porrada! - sim ela disse "te darem-te". 

"Fight de damas" é talvez das melhores expressões que já me disseram. Aposto que foi apenas porque confundiram a personagem da dama com a do vagabundo. Faz-me lembrar um jogo de xadrez para computador que as peças andavam à bulha quando se comiam, mas neste caso era jogo de damas, porque claramente o xadrez seria muito complexo para elas. Eu calei-me, olhei à volta, sou parvo mas não sou estúpido e uma facada no lombo não era coisa que me estivesse a apetecer levar. Optei por continuar a andar, sabendo que mais cedo ou mais tarde chegaríamos ao carro. Elas vêm atrás de nós e entre ofensas uma vira-se para minha ex-namorada e diz:

- Dá-me esse cachecol! - sem se faz favor nem nada.
- É meu! - digo eu.
- Ok... prontus. - responde ela concluindo a tentativa de assalto mais falhada de sempre.

Aceleramos o passo, eu tento mais uma vez acalmar as coisas e mais uma vez sou alertado para o facto de elas estarem com homens e que me esbofeteavam se eu tentasse separar aquela medição, não de pilas, mas de estrogénio e progesterona.

- Vamos ali para o meio do mato num mano a mano! - diz uma à minha amiga.
- Não vou para o teu habitat natural... - responde a minha amiga.

Uma resposta épica, se bem que um tanto ou quanto racista, visto que tinha sido a preta que tinha dito isso. No entanto ela não percebeu o racismo inerente a essa resposta... Não por ser preta, mas por ser burra, algo patente na forma em como estava a agir desde o início. Ela e as outras. Nisto a cigana começa a virar as atenções para a minha ex-namorada, a encostar-lhe o peito, coisa que podia ser sexy se fosse outra situação. Ali era só nojento. Dá-lhe um pequeno empurrão à Quaresma e dá-se o clique na minha cabeça. 

O que se passou a seguir parece saído de um filme do qual só tenho flashes

Agarro na cigana pelos braços e grito em plenos pulmões "Pára com essa merda!!!" e qual Hulk enraivecido projecto-a 5 metros (um metro vá) contra umas grades que lá estavam. Daquelas moles, infelizmente. Vejo o pânico na cara dela, de quem pensou que eu nunca iria bater numa mulher e nisto sinto um gajo a agarrar-se à minha cintura numa placagem de quem me queria derrubar. Eu encaixo-lho o pescoço debaixo do meu braço, faço-lhe uma chave de ombro que tinha aprendido nos filmes do Van Damme e começo a olhar à volta a ver onde vinha o resto do bando para me espancar. Era certo que ia levar forte e feio no focinho, mas pelo menos aquele já estava ali a ser estrangulado. Oiço uma voz abafada "Aí o meu braço!" que me faz pensar que género de delinquente seria aquele que se começa a queixar feito mariquinhas. As pessoas à minha volta começam a dizer "Solta-o, que estás a fazer? Solta o rapaz!", ao que eu digo num tom ameaçador toldado pela fúria "Só o largo quando ele parar de se mexer!!!". Diz quem me viu, que tinha os olhos raiados de sangue e que parecia possuído pelo espírito de um qualquer gladiador Mongol, prestes a transformar-se em super guerreiro. Continuo a olhar em volta qual Steven Seagal da Buraca, mas não avisto o resto do gangue. A minha amiga e ex-namorada começam também a dizer para eu soltar o rapaz e na minha cabeça instala-se uma confusão do caraças. Largo-o a medo, afastando-o, ele avança minha direcção meio cambaleante e eu puxo um braço atrás pronto para lhe afiambrar um selo lendário no meio da face. As pessoas à volta não me deixam, agarrando-me no braço enquanto a namorada do rapaz a chorar na minha frente soluça um "Tu és maluco?!?! O que estás a fazer?!?!"

O meu cérebro voltou a funcionar, venho a mim e deixo de ser verde. Então não é que o que tinha acontecido era que o rapaz tinha tropeçado quando eu empurrei a cigana e veio contra mim desequilibrado e teve que me agarrar para não cair? Há pessoal com azar. Ele tinha visto e ouvido a conversa com as três sarrabecas e percebeu o porquê de eu me ter passado e de ter pensado que ele me estava a tentar agredir. Até me pediu desculpa e tudo e, obviamente eu pedi-lhe a ele. Dêmos um abraço musicado pelo ainda choro da namorada dele, que claramente estava a sentir-se culpada por se estar a sentir extremamente atraída pela minha sensualidade saída das cavernas. Se ele fosse um gajo agressivo, ou não tivesse visto o que tinha acontecido antes, tínhamos andado ali à batatada à séria sem razão e sem nenhum de nós no fim saber porquê.

Das três mosquiteiras nem sinal. Sim, mosquiteiras e não mosqueteiras, porque o cocó atrai moscas

Tinham desaparecido sem deixar rasto, a não ser o coração aos pulos que eu ainda tinha. Metemo-nos no carro a passo apressado e já estávamos a arrancar quando as vimos a passar com um grupo de vários gajos, talvez uns oito, no qual estava um ex-colega meu que já tinha estado preso uns anos. Gente impecável, portanto. Não nos viram e nós partimos em direcção ao pôr do sol com uma história gira para contar. Felizmente não foi para contar à polícia, deitado numa cama de hospital.

Moral da história: Sou um gajo pela igualdade, tanto agrido homens como mulheres, ambos em defesa pessoal. Só tenho pena dela ser mulher, porque se fosse homem, em vez de um empurrão tinha levado uma joelhada nos tomates.
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