29 de janeiro de 2015

Fui ameaçado de morte por um Charlie



Isto aconteceu na passada sexta-feira e estive estes dias a ponderar se publicava ou não esta conversa de Facebook, onde fui insultado, ameaçado de porrada e inclusivamente de morte, via espancamento na praça pública. Ponderei e decidi partilhar, principalmente porque dá para rir e é para isso que este blogue existe. Ao que parece um senhor, não adianta revelar o nome, não gostou de uma piada que era algo deste género: "Há muitas pessoas tristes por não poder ir ao concerto da Violetta, mas ninguém tão triste como o Carlos Cruz". Nem era muito forte, visto que nem faz piada com a pedofilia em si, mas com um gajo julgado e condenado por tais actos. Minutos depois de lançar a piada no Facebook, seguiu-se esta conversa que agora partilho convosco, para verem os riscos que eu corro por vossa causa, minhas coisas fofas.


E foi isto. Ao que parece o senhor bloqueou a página e as últimas não foram recebidas. É pena. Não confirmo nem desminto se fiz ou não bluff, a linha é ténue entre ser um indivíduo perigoso ou ser só parvo, isso agora cada um acredita no que quer.
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27 de janeiro de 2015

Orgias, masturbação e sandes de presunto



Aqui estão algumas das dúvidas enviadas esta semana, devidamente respondidas na rubrica semanal "O Doutor G explica como se faz". Vamos a isto. 


Quando estava a fazer o amor com o meu namorado meti-lhe um dedo no cu, tendo ele gritado nesse preciso momento: mais fundo Ramón. Devo estar preocupada?
Marinela, 22, Parede

Doutor G: Cara Marinela, não penso que haja qualquer tipo de motivo para haver preocupação. Foi um grito de prazer ou de dor? Aí é que está o cerne da questão, se foi de prazer não há nada a temer, cada um se excita com o que quer. Se foi de dor é não voltares a fazer. De qualquer forma, acho que o mais óbvio é ele lhe estar a dar a fome e gritar "Jamon", que foneticamente é semelhante a Ramón, mas que no fundo o que ele estava a pedir era uma sandes de presunto. 


Ajude-me Doutor G, um dia destes estava a fazer amor com a minha namorada quando ela me enfiou um dedo no cu. Quando o senti, lembrei-me de um colega de faculdade que estava cá em Erasmus e gritei: mais fundo Ramón. O que faço agora? Acho que ela anda desconfiada que sou gay, mas não sou, gosto muito de pipis.
Alberto, 25, Parede 

Doutor G: Caro Alberto, diz-lhe que estavas a pedir uma sandes de presunto e a coisa resolve-se. Acredito que gostes muito de pipis, mas provavelmente também gostavas de experimentar moelas.


Se há coisa que aprecio, é uma valente bazucada no béfe duma donzela! Ora, perante tal cenário, um pensamento recorrente, se me apresenta. Está um gajo a lançar cargas de ariete na rebimba da gaja e pensa: "Será que hoje é dia de sorte, a gaja está na dieta da Depuralina, só bebeu 2 copos de purgante e fez um clister antes de sair de casa? - o que resulta numa saída à lá Troika, ou seja, limpa! - Ou então, a gaja é uma lambona, almoçou mão de vaca com grão, jantou chispalhada com molho de mostarda e quando eu desenterrar o nabo, este vem com toping? Ocorreu-me que se, imediatamente a rechear-lhe o casqueiro com fondue, lhe aplicar uma cachaporrada à trolha, no cachaço, a tipa contrai-se toda (com a dor e com a surpresa).O anel fica tão apertado com a contracção que, é o momento ideal para saltar fora, limpo e enxuto. 
Dúvida: A aplicação de tal técnica, pode ser considerada violência doméstica ou apenas, limpeza a seco? Obrigado.
Adamastor, 40, Alfornelos 

Doutor G: Primeiro que tudo os meus parabéns pela tua escrita eloquente, nada a dever ao grande filósofo do chavasco que era o "Diário do meu pipi". A técnica que falas era exactamente a que eu iria sugerir ao começar a ler o teu email. Acho que disseste tudo. Nunca será violência doméstica, mas pelo sim pelo não, em vez de lhe dares no cachaço, dá-lhe uma na nádega direita com tamanha força que até as tuas impressões digitais ficam lá marcadas. Se ela se queixar em tribunal a defesa é mais fácil, advogando que foi puramente uma agressão no calor do momento.


Sempre que o meu namorado ejacula na minha boca eu vomito-lhe a barriga. Gostava de superar este nojo.
Ana, 25, Porto

Doutor G: Cara Ana, porquê na barriga? Ao menos põe-te de joelhos e vomita para o chão. Gargareja com caracóis que vais-te habituando à consistência e diz ao teu namorado para beber muito sumo de ananás para te adoçar a boca. De nada. 


Olá Doutor. Queria ver se me conseguia tirar esta dúvida que tenho. A minha mulher está grávida já de 2 meses, e tem andado um bocado em baixo ultimamente. Há uns meses atrás ela perguntou-me se eu queria faz um ménage com ela, mas como achei que isso não era normal vindo dela, pensei que fosse uma armadilha e disse-lhe que só ela era importante para mim. Agora, passado este tempo, veio com esta conversa outra vez, mas desta vez perguntei-lhe de que maneira ela queria fazer. Ela disse que queria apenas experimentar uma vez na vida e que não se importava de que forma era. Com a cara que ela fez, eu decidi aceitar e perguntei-lhe se conhecia alguém do sexo feminino que estivesse interessada. Ela no dia seguinte já tinha tudo pronto, a rapariga que ela escolheu também era jeitozinha. No final de finalizar o acto do coito com as duas meninas, deitei-me e pensei um bocado sobre o que tinha acontecido e daqui vem a minha dúvida doutor. Enquanto efectuava o acto, a minha mulher estava grávida, será que no meio disto tudo, em vez de estar a participar num ménage, estaria antes numa Four-Way, ou teríamos de estar todos em acção para que fosse uma Four-Way?
Carlos Jorge, 37, Braga 

Doutor G: Caro Carlos, só é considerado Four-way se o bebé der algum pontapé durante o acto, caso contrário não participou. Acho que é um facto mais que sabido e que vem em qualquer livro de sexologia que se preze. Tantos anos para fazer uma ménage e vão escolher a altura em que a mulher está grávida? Bem sei que a gravidez dá desejos estranhos, mas quando assim é, dá-lhe antes almôndegas com chocolate, esparguete com chantilly ou batatas fritas com maça, que a vontade passa-lhe.


Doutor G, a minha dúvida pouco tem a ver com sexo. Ando com um homem casado há 2 anos, ele promete que vai deixar a mulher mas que é preciso tempo para se preparar, principalmente por causa dos filhos. Gostava de acreditar que esse dia vai chegar, já que eu gosto mesmo dele. O que aconselha?
Rafaela, 33, Lousã

Doutor G: Ele nunca vai deixar a mulher. Agora faz o que quiseres com esta informação. 


Já passei dos 40 anos e só tive uma mulher, em termos de sexo. Era virgem até aos 26 anos e agora tenho uma enorme vontade de conhecer outras vaginas e até há uma colega de trabalho está maluca para ir para a cama comigo. O problema é que já não sei como conquistar uma mulher e pior, nem me lembro como se tem sexo. Preciso ajuda.
Xico, 45 anos, Funchal 

Doutor G: Primeiro que tudo acho estranho que alguma mulher esteja maluca em ir contigo para a cama, quando utilizes expressões como "conhecer outras vaginas". Segundo, se ela já quer, então a parte da conquista já não precisas de ajuda. Terceiro, na parte do sexo não te posso ajudar, o sexo só se aprende fazendo, não se ensaia. É como o Stand Up Comedy, por muito que o faças sozinho em frente ao espelho, só quando o fazes ao vivo e vês o público a "gozar" o momento, é que sabes se és bom ou não. No entanto, aconselho o visionamento de alguma filmografia da especialidade, como: "20 mil línguas sob Marina", "7 ânus no Tibet", "Peter Pau" ou ainda o clássico "Zero zero mete"


Há uns tempos, numa tarde domingueira no verão estava eu à sombra nas traseiras da capoeira da minha bisavó a curtir a paisagem da minha terra natal e a descafandrar (termo regional para esgalhar) com todo vigor o meu mergulhas. Nisso aparece a minha prima e depara-se com meu o ritual estival de masturbâncias, ou seja a encerar a trave. Começa a chamar-me nomes, rotular-me de punheteiro, sarapitoleiro e não sei que mais. Ora eis o cerne da questão. Eu não sou nada disso como dá para entender. Isto são muitos anos de treino de palmatória e eu ando para patentear a minha orientação sexual. Inicialmente, na minha pré-adolescência, considerava-me monosexual, ou seja mono-dextrosexual, devido a prática e a técnica de uma só mão (direita neste caso). Mais para a frente mono-sextrosexual (esquerda neste caso). Mas atenção, sempre com protecção nos pulsos para nunca sofrer do contagiante pulso partido, como meio mundo que anda para aí. Com o avantajado crescimento do mergulhas, a técnica progrediu para, com duas mãos e daí, uma nova classificação taxonómica brotou para o mundo. Duosexual. Nota, não confundir com bissexual, que isso já há aos montes.
Como não subscrevo com a redutora classificação que são abreviados os homossexuais (de paneileiros ou de bichas), gostava imenso ser o pioneiro com classificação patenteada nestas artes manuais.
Por isso gostava que me ajudasse a definir a minha orientação sexual. Sabe srº doutor, é que não gosto nada ser como o catavento. Ora é isto ou ora é aquilo conforme as vaidades e sabores das modas decorrentes.
Ismael, 27, Évora

Doutor G: Caro Ismael, estou de tal forma desiludido contigo que nem consigo responder à tua pertinente pergunta. A única coisa que me ficou na memória foi o facto de não teres aproveitado para comer a prima. És o que se chama em sexologia, um coninhas.

E é isto. Para que esta rubrica tenha continuação, já sabem, é continuar a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com para a próxima segunda-feira. 


Até lá, façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.
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21 de janeiro de 2015

As urgências estão pela hora da morte



Então anda a morrer gente nas urgências assim à bruta? Há quem diga que é por causa do frio e da vaga de gripes característica desta altura do ano, há quem diga que é devido à falta de assistência e de meios, característica desta vaga austera de cortes no Sistema Nacional de Saúde. Eu cá acho muito bem, especialmente porque têm sido, na maioria, velhos. Acho uma excelente política deste Governo, para que nos consigamos livrar dessa praga que é um fardo para a sociedade, que são todos os idosos. Especialmente os doentes e que andam a mamar comparticipações dos 50 medicamentos que têm que tomar por dia. O que os velhos gostam de fármacos, os lambões. Eu até acho que é uma medida que traz no bico uma clemência generosa para com todos os idosos, já que o Governo, depois de lhes ter cortado a reforma e muita da qualidade de vida para a qual andaram a trabalhar durante anos, faz com que agora morram nas urgências, à espera do médico que os seus impostos ajudam a pagar. 

Para quê viver com uma reforma miserável? Mais vale morrer. 

Nas urgências então ainda melhor, porque sempre que um velho cai para o lado, num último espasmo e suspiro, é menos um que morre em casa, sozinho e sem que ninguém dê por ele. Parecendo que não, é muito mais humano assim, mesmo o funeral fica mais bonito, já que o corpo não está decomposto. Quer dizer, decomposto está sempre, 90 anos fazem mossa. Acho que mais uma vez tudo não passam de queixas e exageros do povo ingrato, que não reconhece os esforços dos governantes para melhorar a vida, ou a morte neste caso, de todos os cidadãos. Sim, porque não é só para os velhos que esta medida é boa, é-o para todos nós que precisemos de ir ao hospital. Todos sabemos que o SNS não funciona bem devido à quantidade de velhos que entopem as urgências para falarem a um qualquer médico sobre as dores lombares que têm, as quais apelidam carinhosamente de pontadas. Toda a gente sabe que a culpa de termos que estar à espera 10 horas no Amadora-Sintra é por causa das 100 velhas à nossa frente que a qualquer sinal de doença correm para lá, recusando-se a morrer e a deixar a sociedade mais leve e funcional. Aliás, para melhorar o sistema ainda mais, sugiro que as pessoas já reformadas tenham sempre a pulseira com menos prioridade. Sempre. Então se forem velhas e gordas nem deviam ser atendidas. Igualmente para as grávidas, que não precisamos de mais gente a mamar do estado. As pulseiras prioritárias deviam sempre ser dadas aos bebés e crianças a chorar, mas só para não as termos que aturar na sala de espera, cheias de muco a escorrer do nariz para a boca.

Eu felizmente nunca fui muitas vezes ao hospital (já aqui falei de uma delas), mas da última vez que fui, foi uma aventura de se lhe tirar o chapéu. Pronto, eu conto. Certo dia, por volta das 20h, a minha namorada começou a sentir umas dores no lado esquerdo do abdómen. Foi de estranhar, até porque nesse dia eu não lhe tinha dado nenhuma joelhada no baixo-ventre. As dores começaram a subir de intensidade, até que se tornaram quase insuportáveis. Eu liguei para o 112, pela primeira vez na minha vida.

Atenderam-me, fizeram-me umas perguntas do género de quando se liga para a assistência da MEO. Só faltou perguntar se já tinha desligado e voltado a ligar a minha namorada. 

A ambulância chegou em 20 minutos, já ela estava relativamente melhor. Levaram-na e eu fui atrás de carro. Chegamos lá e como ela feita parva parou de se queixar tanto, só lhe deram a pulseira laranja. Esperámos umas 2 horas, fez uns exames e como as dores tinham passado mandaram-na para casa. Passado 1 hora as dores voltaram, com mais força ainda. Desta vez levei-a eu de carro, até porque da outra vez o gajo da ambulância fez-se a ela e pediu-lhe o número. Sim, o gajo do INEM pediu o número a uma doente que transportava na ambulância. Bem sei que ela fica sexy a gemer, mas normalmente não é das dores. Nem do frio. Chegámos lá, com ela a contorcer-se com as dores cada vez mais agudas que sentia e na triagem a mesma enfermeira que lá estava anteriormente dá-lhe a pulseira verde. A minha namorada já nem se mantinha em pé, teve que se deitar numa maca e estava quase a desmaiar. Eu armo barraca com a enfermeira, chamo-lhe incompetente, ao que ela responde "Incompetente é você!". Pareceu-me um insulto estúpido, até porque ela nunca me viu a trabalhar e eu estava a vê-la a ela a fazer o seu trabalho. Mal. A barraca que eu tinha armado já estava prestes a vir abaixo, um dos seguranças chama-me à parte e diz-me "Essa enfermeira é uma vaca do c#&alho. Só sabe ser antipática. Eu abro ali a porta e você entra com a maca lá para dentro". E foi isso que se fez, eu a empurrar uma maca, a entrar pelos corredores do Amadora-Sintra a pedir socorro, "Ai ai, meu Deus, acudam-me, que se me vai falecer a dama". Aparece uma médica, encosta a maca a um canto e não lhe faz nada. Eram cerca de 23h. Esperámos, esperámos e nada. Atenderam-na, mandaram-na fazer uns exames mas entretanto a médica que a tinha atendido foi-se embora. Veio outra, sem historial do paciente. Voltou a fazer as mesmas perguntas, às quais ela ia respondendo entre urros de dor. Eu que não sou médico, aquilo parecia-me uma apendicite, pronta a passar para peritonite e se não fosse operada podia morrer ali. Acabou por não ser nada disso, mas como disse eu não sou médico e pelos vistos ainda bem. Vieram os resultados dos exames e disseram que estava tudo bem, apesar dela continuar com muitas dores, a mariquinhas. Deviam ser gases ou algo do género. Eu olho para os exames e vejo que os leucócitos estavam um pouco altos, sinal de infecção. Pergunto ao médico, que já era outro novamente, se aquilo não era um valor alto. Ele diz "Pois realmente, está um pouco acima do que devia..." e nisto vira-se para a minha namorada, deitada na maca e (juro que isto é verdade) pergunta-lhe: 

"Você quer ser operada? Se calhar é melhor não, não é?"

Nisto vai-se embora com um sorriso no rosto que contrastava com a minha cara de parvo, que pelo facto de já serem umas 6h da manhã era mais de apatia que de raiva. Esperámos mais tempo, horas. Somos chamados novamente para outro gabinete com outra médica, com menos de 30 anos. Sentamo-nos à frente dela e antes que ela nos diga alguma coisa toca-lhe o telemóvel. A médica, muito profissional, atende, não fosse ser algo urgente. Pela conversa sobre roupa e do quanto o namorado da amiga não a merecia, não me pareceu que fosse sobre trabalho. Esteve ali a falar uns 5 minutos e nós a olhar e em mim a acumular-se uma raiva, que não fosse ela mulher ter-lhe-ia dado uma chapada à padrasto. Não consegui manter a calma e insurjo-me e digo:

- Mas você acha bem estar aqui a falar ao telemóvel sobre assuntos pessoais, à frente de pacientes que estão aqui há 12 horas à espera! - sim, já era cerca de meio dia. - Mas você é parva? É médica? É médica é o c#&alho! Você foi uma marrona que tirou o curso só porque sim, para dar estatuto, porque preocupar-se com as pessoas é mentira. Isso não é ser médico!
- Bem, vamos ter calma e ver então o que é que a princezinha tem... - diz ela naquele tom cínico que as mulheres fazem quando estão a falar com outra mais gira que elas.
- Princesa é o c#&alho que a f%da! Eu sou rainha! - diz a minha namorada enquanto lhe espeta um bisturi na jugular e a médica falece. Pronto, esta última parte é mentira. Infelizmente.

Entretanto, o médico chefe que lá estava (a ler o jornal), ouviu o que se tinha passado, convidou a médica a ir apanhar ar e atendeu-nos ele. Mais uma ronda com as mesmas perguntas, porque não tinha havido entre 5 ou mais médicos, nenhuma passagem de conhecimento e dos dados do paciente. Até iam fazer exames repetidos, não fosse eu a dizer que já tinham feito. Nada foi conclusivo e nunca se soube o que ela tinha, mas até hoje nunca voltou a ter as dores. Aliás, ninguém me tira da cabeça que ela da segunda vez só disse que lhe doía para ver se vinha o gajo do INEM buscá-la novamente.

E é esta a minha história. Agora digam-me lá se quem diz que as urgências do Sistema Nacional de Saúde não funcionam bem, não é gente que só se sabe queixar sem razão?

PS: Viram que para não ferir as susceptibilidades dos não Charlies até coloquei asteriscos nas palavras ofensivas, como caralho e foda? Estou a ficar muito mais bem educado.
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20 de janeiro de 2015

10 tipos de mulheres nos Saldos



Chegou aquela altura em que batalhões de mulheres se juntam à porta de lojas nos centros comerciais, prontas para a guerra, quais soldados largados nas praias da Normandia. Dentes cerrados, com um terço da Parfois ao pescoço, rezam à Pipoca Mais Doce para que consigam alcançar aquele par de sapatos e mala da Zara a 50% de desconto. Vão com um brilho nos olhos que só elas e os bombistas suicidas têm, por saber que apesar do sofrimento, o paraíso com 72 vestidos virgens as esperam. Eu, como bom observador do mundo feminino que sou, identifiquei 10 tipos de mulheres que andam às compras. Haverá mais certamente, já que o mundo das mulheres é, como todos sabemos, extremamente complexo, mas ficam aqui os que a meu ver são os principais.

A que vai emagrecer
Este tipo de mulheres é aquele que compra roupa XS mesmo que a etiquetas das calças que leva vestidas para ir às compras digam XL. Como é início de ano ela diz que vai emagrecer e que comprar roupa com números abaixo é um incentivo. No entanto, quando chega a casa e experimenta as calças da Salsa slim fit, e verifica ao espelho os 2kg de xixa ao pendurão na cintura das calças, quais orelhas do dumbo, acaba por ficar deprimida e ir ao McDonalds para se alegrar.

A Kamikaze
As Kamikazes vão aos Saldos no primeiro dia. Provam que as mulheres não são o sexo fraco, mostram-se com mais resistência que um atleta olímpico do heptatlo, capazes de andar, algumas com saltos altos, durante 8 horas, despir e vestir roupa, carregar sacos, sem comer nem se hidratarem, mas mesmo assim capazes de despenderem energia a empurrar outras que estejam a tentar alcançar a mesma roupa que elas. A Primark, especialmente a do Colombo, torna-se na trincheira mais importante a conquistar, no último reduto que precisa de ser desbravado, custe o que custar. Não interessa se são precisas 5 horas na fila, discussões e olhares azedos para 150 outras mulheres em busca daquele último par de meias de vidro a 2€ com desconto de 80%. 

A veterana
Este tipo de mulheres conhece bem o campo de batalha dos Saldos. Vão preparadas, de calças de fato de treino e ténis, cabelo apanhado e unhas cortadas sem verniz. Sabem que vai ser preciso lutar e esgravatar por aquele top que lhes faz falta, que podem ter que correr, saltar obstáculos e, quem sabe, lutar até à morte com as infiéis, nesta Jihad dos preços baixos.

A incauta
Este tipo contrasta com a precavida e não consegue abdicar de toda a sua armadura de beleza para ir às compras. Têm que ir de saltos, vestidos justos e unhas de gel acabadas de fazer, incautas ao perigo que se avizinha. Chegam a casa com 5 dessas unhas partidas, 3 extensões ao pendurão, os dois tornozelos torcidos, o que acaba por até ajudar a não coxear, mas ainda assim com um sorriso desdentado de orelha a orelha por terem conseguido gastar só 300€ em 30 peças de roupa, que vão guardar ainda não sabem onde.

A Merkl
A Merkl é aquele tipo de mulher que vai aos saldos, mas que olha para toda aquela azáfama e pessoas com diversos sacos nas mãos e desabafa "Ainda dizem que há crise...". Tudo isto enquanto ajeita as suas pulseiras da Pandora para segurar nos sacos da Guess e Lion of Porsches.

A do contra
Este tipo de mulheres é aquele que vai sempre aos saldos mas acaba por comprar roupa da nova estação que não está em promoção. Não vai com esse intuito mas enamora-se sempre por aquele casado de 150€ e, apesar de experimentar os outros todos em promoção, aquele não lhe sai da cabeça. Todos os anos é assim mas ela fica sempre surpreendida por não conseguir comprar nada de jeito em saldos.

A Dux
A Dux é aquela que manda outras para o perigo comprar roupa por ela. "Vais ao Colombo hoje? Por acaso não vais à Mango? Ficava-te a dever um favor se lá me fosses comprar este top", diz ela enquanto entrega a referência que já viu no site. A Dux procura pelos kamikazes nas atualizações de estado no Facebook, mal vê um interessante agarra no telemóvel e diz "Olá miga!!! Tudo bem? Que estás a fazer? Na Primark? Grande coincidência... Compra-me aí um fato de treino cor-de-rosa, tamanho S, pode ser? Fico-te a dever um grande favor miga!". A Dux é assim, manda os outros levar com as ondas de multidões enquanto fica em casa no bem bom.

As BFFs
Este tipo são as mulheres que vão fazer compras aos pares. Sim não é só para ir ao WC que isso acontece. Tipicamente são amigas que usam um tamanho diferente de roupa, que é para não haver tanta discussão. Ainda assim, quando ficam as duas de olho no mesmo casaco de pelo da Bershka, os seus olhares soltam faíscas e tentam dissuadir-se mutuamente de o comprar. "Acho que a Cristiana, a vaca da namorada do João, tem um igual... se calhar é melhor não...", diz uma delas, que invariavelmente volta lá sozinha no dia seguinte para o comprar.

O casal
A maioria dos homens não consegue evitar ser arrastado para esta barbárie. São coagidos a acompanhar a sua namorada, qual enfermeira na 2ª Guerra Mundial na frente de combate para dar apoio, na maioria das vezes apenas emocional, visto que já não há nada a fazer que salve e lhes renda o corpo da perdição. Há os que só acompanham, mas há casos bem mais trágicos, de namorados que passam a ser denominados por "O cabides". Andam ali, com cabides presos nas orelhas a dizer que tudo lhe fica bem e que nada a faz ficar gorda. Às vezes perdem-se no meio de uma loja e ficam ali, qual espantalho de roupa a olhar em redor, pensando que conseguem reconhecer a namorada ao longe por entre todo o batalhão de mulheres bélicas. Quando a encontra pede desculpa, mas ela refilam com ele na mesma e dá-lhe mais 37 peças de roupa para ele segurar.

A ninfomaníaca
A ninfomaníaca é um tipo de mulher que não consegue recusar uma peça de roupa. Não consegue dizer que não a um desconto e a uma promoção. Sempre que está a experimentar uma peça e vem uma empregada que diz "Também temos nesta cor, se preferir", a ninfomaníaca acaba por comprar as duas. Normalmente estão em negação, e saem de casa a dizer que só vão comprar um top, umas botas e uma mala, mas acabam por chegar a casa com 30 sacos, mas sempre a dizer "Oh, não havia nada de jeito".


E pronto, é isto. Estes tipos têm no entanto uma linha pensamento que os une, uma dislexia que se apodera das mulheres nesta altura e que as faz confundir os significados dos verbos "precisar" e "querer".
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19 de janeiro de 2015

Traições, alergias, dominadoras e sabor a latex



Aqui estão algumas das dúvidas enviadas esta semana, devidamente respondidas na rubrica semanal "O Doutor G explica como se faz". Vamos a isto. 


Doutor G, estou grávida de 5 meses não sei se o filho é do meu marido ou do meu amante. O grande problema é que o meu amante é preto. Não sei se conte já ao meu marido ou se jogue na lotaria e espere que a criança não saia mulata. O que aconselha?
Carla, 29, Rinchoa

Doutor G: Cara Carla, a solução para o teu caso é extremamente fácil. Coloca umas colunas ao pé da tua barriga a tocar Anselmo Ralph, se o bebé começar a dançar com bastante ritmo, é sinal que tens que ter uma conversa complicada com o teu marido. 


Boas, fiz sexo oral à minha namorada e ela veio-se, e eu bebi aquilo, soube-me a aguardente, por isso não me importei. Isso foi na sexta feira à noite, no sábado de manhã, quando acordei, deu-me uma caganeira que me rompia o cu e até hoje, não tem parado. Será que foi por causa daquilo?
José, 28, Almada 

Doutor G: Primeiro que tudo, deixa-me dizer que conseguiste ganhar o prémio de comentário mais nojento, em apenas 4 linhas. Parabéns. De resto, acho que foi alguma coisa estragada que comeste e não os fluídos da tua namorada, que são 90% constituídos por água. Vai ao médico.


Tenho um dilema existencial que me atormenta e anda a tirar-me horas de sono (devido essencialmente a mensagens indesejadas). Passo a explicar. Um rapaz, amigo de amigos do meu círculo, parece ter-se interessado pela minha pessoa, e mostrou ser bastante persistente. Continua a mandar-me mensagens e apesar de eu, eventualmente, deixar de lhe responder, continua a fazer-se vivo passado alguns dias. Ora, eu sou uma pessoa simpática e gosto do rapaz como amigo, até porque saímos muitas vezes juntos com o pessoal, pelo que não quero ser rude (até porque isso poderia gerar um ambiente estranho). Mas também não quero dar-lhe falsas esperanças e continuar a contornar a situação com respostas vagas. O que me aconselha, doutor? Espero ansiosamente uma resposta.
Gisella Almeida, 23, Lisboa

Doutor G: Cara Gisella, a frontalidade é sempre o melhor caminho. Convida-o para ir a tua casa e diz que não está ninguém em casa. Quando ele lá chegar e realmente não estiver lá ninguém para lhe abrir a porta ele vai perceber a metáfora entre a porta de tua casa e tudo o resto que nunca se abrirá para ele. Provavelmente uma parte de ti gosta da atenção que ele te dá e por isso o mantens no banco de suplentes, não vá um dia alguém ser expulso e precisares que ele vá a jogo. Podes sempre começar a revelar-lhe detalhes da tua vida íntima, dizendo que andas com diarreia e pelos encravados nas virilhas, que ele perderá o interesse na hora.


Em termos de namoro pode-se dizer que sou ainda virgem, mas há algum tempo comecei uma amizade colorida com uma rapariga e quando a beijo fico cheio de borbulhas a volta dos lábios, no pescoço e nas mãos. Uma situação horrorosa. Serei alérgico ao sexo feminino?
Marco, 22, Cacém

Doutor G: Caro Marco, poderá dar-se o caso de seres alérgico à última comida que ela comeu e aquando do ósculo com língua, saboreares quiça, os restos de amendoins que ela tem entre os dentes, ou outro alimento qualquer que te esteja a provocar tal reacção. Também pode ser dos nervos, mas pensa assim, antes borbulhas nas zonas que descreveste do que na sacola dos girinos. Experimenta com outra e logo verás se o problema é teu ou dela. Caso ela fique chateada diz que foi o Doutor G que prescreveu essa receita.


É normal querer ter um homem em casa vestido só com um avental?
E de vez em quando lhe apetecer experimentar o sexo oposto?
E querer fazer colecção de brinquedos eróticos?
E gostar mais da rubrica "Fetish" do "tubo vermelho"?
Luna Izabella, 22, Badajoz

Doutor G: Cara Luna, tudo o que descreveste é normal, excepto a última que eu não sei o que é. A primeira trata-se de uma forma de expressares a tua emancipação feminina, dizendo "Usa tu o avental e vai-me fazer uma sandes... de salsicha". As outras, se tens vontade de experimentar e fazer colecção de brinquedos eróticos, tens o meu apoio. Por questões de investigação científica, fotografa a experiência e depois envia fotos, para uma opinião mais detalhada.


Doutor, ajude-me com esta aflição que tenho desde que desflorei uma menina perto da minha idade. Quando a conheci, comecei a notar que ela não era como as outras e na hora H, ela mostrou-se ser uma pessoa completamente. No início, ela mostrava ser uma pessoa envergonhada, mas assim que iniciámos ela  controlou a 100% o meu pénis. Desde aí ela é que tem decidido quando e onde efectuávamos o coito e a maneira como esse seria feito. Já passou 1 ano desde que se deu esta transformação nela, tenho notado que até o meu próprio pénis já não está o mesmo e temo que na próxima vez haja uma coisa a entrar em sítios que nenhum homem deseja que entrassem. O que devo fazer?
Júlio Miguel, 23, Torres Novas

Doutor G: Deixa de ser maricas Júlio! Dá-lhe com força e mostra quem manda.


No outro dia, mal o meu namorado chegou a casa eu quis fazer-lhe sexo oral. Tirei-lhe as calças e quando meti lá a boca aquilo soube-me a latex! Será que ele me anda a trair?
Kátia, 25, Massamá

Doutor G: Sim, anda. Pensa pelo lado positivo que é o facto de ao menos não te andar a pegar doenças. Era pior se soubesse a cocó.


Olá, há uns dias falei com a minha namorada para fazermos um menage, iria trazer uma amiga. Ela não aceitou muito bem e diz que também queria trazer um amigo, e em vez de um menage, fazíamos um foursome. Eu não gostei la muito da ideia, ver um gajo a papar a minha namorada? Não não, o que devo fazer Doctor G?
Roberto, 26, Leiria

Doutor G: Desde que ele não tenha um membro maior que o teu, não deve haver problema. Se tiver, para além de te sentires melindrado, pode ela nunca mais se satisfazer com o teu pénis de esparguete. No entanto, se a qualidade da amiga que vais levar for elevada, pode compensar o trauma.


Olá, o meu nome é Zé Tolas e moro em Verga de Baixo, não sei bem onde fica, nunca fui à escola. O meu médico diz que tenho de usar uns pervativos ou lá como se diz, para a minha Gertrudes não ter mais moços. Fui à farmácia mas aquilo é caro, posso usar a tripa das chouriças?
Alfredo, 58, Guarda

Doutor G: Caro Alfredo, desde que não se importe com o cheiro e sabor a alheira, não há problema nenhum. Não se esqueça é de retirar aquela parte metálica que prende a tripa no fim, que é coisa para aleijar a sua Gertrudes por dentro.


Doutor G, tenho 20 anos e comecei a trabalhar há pouco tempo numa casa de restauração onde sou o único elemento do sexo masculino ao lado de 6 raparigas. Acho piada a uma rapariga, ela é linda, tem aquele sorriso de olhos encantador mas ao mesmo tempo não é a tal rapariga de "é demais para a tua camioneta". Sempre que saio de manha para o trabalho vou a pensar nela e o quanto gostava de ter uma relação mais próxima com ela, no entanto, a particularidade da casa onde eu trabalho é que estamos todos há pouco tempo, nem sequer 2 semanas, desde logo, ainda nos estamos todos a conhecer. A minha situação é que desde algum tempo para cá, devido a uma relação, a minha confiança não é muita, sinto-me mais tímido e com dificuldade para avançar na eventualidade de ela me rejeitar, julgar-me e tornar o ambiente no trabalho pesado e embaraçoso para os meus lados. Eu sou apenas um tipo bem disposto, nunca estou rabugento no trabalho, tenho um aspecto normal mas não sou nenhum modelo de campanhas de outdoors para prestigiadas marcas de perfumes. Gostava de ser mais do que um colega de trabalho, queria mesmo que esta miúda entrasse na minha vida, como é que faço para conseguir? 
Daniel, 20, Porto

Doutor G: Primeiro que tudo, o Doutor G não sabe qual é o significado de uma rapariga ser "demasiada areia" para a sua camioneta, mas adiante. Andar com alguém no local de trabalho por norma dá porcaria. Ou há rejeição de alguém e fica mau ambiente, ou se envolvem e depois andam todos os dias a ver-se e acaba por saturar a relação. Há casos de excepção, onde vão dando umas escapadelas ao WC para aliviar o stress do trabalho e ninguém se chateia. Mas se queres, tens que ler os sinais. Organiza um jantar com o pessoal todo para a conheceres e estarem juntos fora do local de trabalho. Ou seja, vais tu e mais 6 mulheres, alguma coisa se há-de arranjar. Olha-lhe para os lábios enquanto falas com ela, toca-lhe (não num sentido sexual) enquanto conversam, para lhe mostrares que queres uma relação mais próxima. Convida-a para sair, ver um filme ou para ir lá a casa "ver a tua colecção de matutolas". Se ela rejeitar é porque não está interessada mas não vai ficar estranho, porque para todos os feitos foi um convite inocente. Iniciativa e confiança é que é preciso (à falta de dinheiro).


E é isto. Para que esta rubrica tenha continuação, já sabem, é continuar a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com para a próxima segunda-feira. 

Até lá, façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.
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15 de janeiro de 2015

O dia que um polícia me apontou uma caçadeira



Certo dia, há uns 8 ou 9 anos talvez, estava eu com dois amigos parados dentro do carro a conversar. Já era noite, depois de jantar, tínhamos ido tomar café à Damaia e depois ficámos um pouco à conversa dentro do carro, que estava numa zona que era meio descampada ainda, porque estavam a construir uma urbanização nova. Lá estávamos, a falar já não sei de quê, mas como qualquer rapaz de 20 e poucos anos, devia ser de política internacional, história de Portugal e de gajas. Se calhar era só de gajas, confesso que não me lembro, mas é possível. Nisto, um carro da polícia pára ao nosso lado, eu baixo o vidro e digo um "Boa noite" simpático e delicado. Do outro lado oiço o que se assemelhava a um grunhido, digno de um javali a jogar à cabra cega. Eu meto a cabeça e fora e pergunto "Diga?" e então oiço as palavras mágicas.

"Tudo fora do carro já!!!"

Nós olhámos uns para os outros por momentos, meio embasbacados com aquela abordagem fofinha da parte dos senhores agentes. Algo muito estranho, dada a fama meiga e simpática que todos eles têm. Como bons cidadãos, obedecemos e saímos prontamente do veículo. Os polícias fazem o mesmo que nós, mas de forma apressada, com caçadeiras nas mãos que prontamente nos apontaram à cabeça, a dois metros de distância. Neste momento só não soltei um cocózinho porque o meu ânus se contraiu mais que uma cara de um bebé a provar limão pela primeira vez. Olhámos uns para os outros novamente, de ar estupefacto, a tentar perceber qual a razão que nos poderia causar a morte, caso um dos polícias tivesse um ataque de nervosismo ou com um espasmo de uma cólica decidisse apertar o gatilho.

- O que se passa? - perguntei eu, o mais calmamente possível.
- O que é que estão aqui a fazer? - pergunta um dos polícias sem nunca baixar a arma.
- Estamos a conversar... - diz um dos meus amigos.
- E porque é que estão aqui? - continua o polícia no seu tom brusco.
- Não é um local público como outro qualquer? - pergunto eu inocentemente.

Nesta altura um dos meus amigos diz algo ao outro e ao fazê-lo inclina-se um pouco para lhe falar mais perto do ouvido. Um dos polícias chega-se à frente e volta a apontar a caçadeira, desta vez a 1 metro de distância, brandindo-a como uma espada enquanto grita em plenos pulmões "Afastem-se já! Mostrem a vossa identificação!". Mais uma vez, houve possibilidade de aguaceiros e uma pinguinha nas cuecas, não fosse estarmos desidratados dos suores frios. Nenhum deles tinha identificação consigo o que começou a gerar ainda mais alguma tensão. Eu como estava de carro tinha tudo comigo e meti a mão ao bolso, em câmara lenta, não fossem eles confundir a minha carteira preta com velcro da Billabong com uma arma futurista. Dei-lhes o BI e os documentos da viatura, só para verem que o excepcional Renault 19 a cair de podre era realmente minha propriedade. Do meu pai, vá, que o polícia ao ver os documentos perguntou:

- Quem é o senhor José Duarte?
- A minha mãe diz que é o meu pai... - eu já na altura tinha a mania que era engraçado.
- Bom... deixemo-nos de piadas se faz favor. Vocês têm em vossa posse algo que vos comprometa?
- Não. - dizemos todos a uma só voz.
- De certeza?
- Sim, de certeza.
- E se eu vos revistar a vocês e ao carro?
- Força, não temos nada. - digo eu confiante da nossa inocência.

Eles não nos revistaram, mas andaram com uma lanterna a tentar perceber pelas janelas se havia algo ilícito lá dentro, mas só viram papéis e bilhetes da EMEL. Não revistaram o carro que para isso é preciso mandato e não quiseram, devido a um erro técnico, arriscar perder a oportunidade de prender três criminosos procurados internacionalmente.

- Bom, não têm mesmo nada? Umas ganzinhas, nada? Se tiverem não há problema nenhum, que a gente fuma isso noutro dia. - diz um dos polícias já descontraído.
- ...! - dissemos nós, achando estranho o facto do polícia empregar o verbo fumar na primeira pessoa do plural.
- Nós andamos aqui é à procura de quem esteja a vender. Vocês não sabem que esta zona é perigosa? - continua ele num tom paternal.
- Nós moramos aqui perto, tínhamos acabado de sair ali do café, também não íamos ficar muito tempo.
- Pois é que ainda vos aparece aqui um preto e vos dá um tiro de caçadeira pelo vidro para vos roubar o carro, que estes carros são bons para mandar contra as montras das ourivesarias.

Como nunca se acusa um polícia de estar a ser racista, nós sorrimos e dissemos um "Pois..." em uníssono. Nesta altura já as caçadeiras estavam guardadas e já tudo parecia uma reunião de amigos de longa data. Lá nos deram mais alguns conselhos, entre os quais de irmos para casa.

Deram-nos um aperto de mão e pediram desculpa de terem entrado assim tão à bruta, mas um pedido de desculpas à Tomás Taveira, que se via que era irónico. 

Nós voltámos para dentro do carro e quando o deles desapareceu no horizonte desatámos a rir descontroladamente. Rimos até nos faltar o ar e termos as faces cheias de lágrimas. Foi da descarga de nervos, mas principalmente pela moca de ganza que tínhamos. Sim, 15 minutos antes da polícia chegar nós tínhamos fumado o último bocado de erva! Desta forma não se pode considerar que tenhamos mentido aos senhores agentes quando afirmámos que não tínhamos nada. Só mesmo no sangue. Os polícias devem ter olhado para os nossos olhos vermelhos e raiados e a saber claramente que nós lhes estávamos a esconder alguma coisa. Vocês não sabem o que é ter auto-controlo, até estarem em frente à polícia, com armas apontadas e a sentir a moca a chegar de fininho, enquanto têm que dizer no tom mais sério às autoridades que está tudo em conformidade com a lei. Fomos autênticos monges budistas em termos de paz interior.

No fim, já a irmos para casa, um dos meus amigos sugeriu que a melhor forma de evitar todo este aparato, caso voltasse a acontecer um dia em que tivéssemos mesmo algo ilícito connosco, seria e passo a citar "começarmos todos a mamar-nos da boca", que a polícia passava e pensava "Ah, é paneleiros, deixa-os estar". Esse meu amigo ou é um génio criminoso da dissimulação ou tem algo para nos contar que nunca disse.

PS: Eu já deixei de fumar estupefacientes há muito tempo, já aqui escrevi sobre isso. Agora sou um gajo sério e só me embebedo.
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13 de janeiro de 2015

Coisas de que já ninguém se lembra



Hoje trago-vos um texto nostálgico. Vou falar-vos de coisas que já ninguém se lembra que existiram e ainda bem que assim é, já que retratam um pouco da ignorância que pauta a história da evolução da nossa sociedade.

Dots
Apanhei-vos já assim de surpresa não foi? Os mais novos não saberão o que foi a febre dos Dots. Durou pouco é verdade, mas o suficiente para ter sido de mais. Então não é que convenceram a grande maioria das pessoas que ao colocarem um pedaço de cartão no canto do televisor, este iria absorver algum tipo de energia e o Dot ficava com a informação de que canal tinha sido visto durante aquele tempo? Depois metia-se o dot algures numa tômbola e havia sorteios. Não bastava os naperons em cima da televisão, algo que hoje em dia com os plasmas é impossível, ainda tínhamos que gramar com o Dot. 

Oração da Bunda
Lembram-se no Fiel ou Infiel? Sim, esse programa erudito que utilizava os piores actores do mundo a fazer de casais que iam testar a sua fidelidade. Contratavam meia dúzia de strippers de categoria C para se mandarem para cima dos maridos das outras e filmavam tudo. Era tudo feito, toda a gente sabia, mas tinha audiências bem altas. Pois bem, como se isto não fosse mau o suficiente, ainda havia um rubrica no programa chamada "Oração da Bunda", em que João Kléber, esse comunicador exímio, fazia o "freeze" no televisor quando se deparava com um plano de um par de glúteos em fio dental, ajoelhava-se e começava a fazer a oração da bunda. Ao pé deste programa, a Casa dos Segredos é cultura.

Hora da Gi
Quem diz que Portugal nunca esteve tão mal como agora tem memória curta. Houve tempos em que a Gisela Serrano teve um Talk Show, numa espécie de sucedânio da Fátima Lopes. Era um talk show onde iam lá aquelas pessoas, que se denominam em termos técnicos, bilús da cabecinha. Tudo o que era velha com problemas e vontade de falar ia lá. Tudo o que tinha doenças raras, prostitutas toxicodependentes, anões transformistas, tudo isto tinha tempo de antena para contar as suas histórias. Parecendo que não isto até tinha tudo para correr bem e ser um programa giro, o problema é que a Gisela, para além daqueles dentes de pitbull que meteu o focinho na picadora de gelo, dava 3 calinadas no português a cada 5 palavras. Não estou a exagerar, acreditem. Há vídeos algures na internet. De chorar a rir, não fosse o facto de ser vergonhoso terem posto uma pessoa que não sabe falar sem erros a apresentar um programa de TV.

Esquadrão G
O início do milénio foi propenso a programas de encher de vergonha alheia todos os espectadores. Surgiram os reality shows, dos quais destaco o Bar da TV, que passava na SIC. Não se lembram, pois não? Sorte a vossa. De entre esses programas surgiu o Esquadrão G, em que um grupo de 5 bichonas fazia uma mudança de visual a homens desleixados. Quando digo bichonas nem me estou a referir à orientação sexual deles, mas sim ao exagero de tiques e trejeitos de teatro de revista que tinham. Hoje em dia seria um programa homofóbico e ofensivo para a comunidade gay, mas naquela altura acharam que era giro. E era, mas pelas piores razões.

É o bicho
Admitam, vocês também achavam que a música do Bicho do Iran Costa era muita boa. Achavam inclusivamente que o video clip tinha uns efeitos espetaculares, dignos dos melhores filmes de hollywood. Mas para além disso, admitam que ficavam a ver o TOP+ ao Sábado, sabendo que o Iran Costa estava no 1º lugar, pela 30ª semana consecutiva, para ver o vídeo clip e fazerem a coreografia em frente à TV, com um sorriso maroto na parte do "Vou-te devorar...". Bons tempos.

Strip da Linda Reis
Houve uma altura em que todos os programas de televisão tinham convidados que pareciam saídos do Júlio de Matos. O professor Alexandrino, o José Castelo Branco e a maior personagem de todas, a Linda Reis. Pomba gira, para os amigos mais íntimos. A Linda incohporava personagens tão diversas como a Princesa Diana ou o médico Sousa Martins, numa performance de possessão digna de um filme pornográfico. A parte da representação, pelo menos. Certo dia, no Herman SIC, sendo que já se sentia parte da casa, resolveu fazer um strip e deixar à mostra aquelas pelas soltas a abanar, qual shar-pei no meio de um tornado. Nunca a bolinha vermelha no canto do ecrã fez tanto sentido.

Febre dos Yo-Yos
A prova que o mundo está diferente é que hoje em dia já ninguém brinca no recreio das escolas como antigamente. Ninguém brinca com o pião, com os diablos e muito menos com os yo-yos, cuja febre atacou a criançada ali por volta dos meus 13/14 anos. Toda a gente tinha um, da coca-cola ou da sprite. O pessoal que tinha da Fanta era ainda mais de desconfiar. Estão a imaginar um puto no recreio a brincar com o yo-yo hoje em dia? Ia sofrer bullying até mais não.

Pager
Houve um tempo em que não havia telemóveis, não sei se se lembram. Alguns provavelmente não. Um tempo em que havia telefone de casa, cartas e cabines de rua. Nessa era, surgiu um pedaço de tecnologia que nos fez a todos sentir espiões 007. O pager! Essa incrível engenhoca que nos permitia receber mensagens escritas no nosso bolso. Uma pessoa ligava para o pager, deixava a mensagem por voz e alguém do outro lado a dactilografava e enviara para o receptor, fazendo-lhe vibrar o cinto, que era normalmente onde se andava com o pager preso. Eu nunca tive nenhum, sendo que servia maioritariamente para as mães avisarem os filhos para voltarem para casa, já que o jantar estava pronto. Na minha zona não havia esse problema, ninguém ficava na rua depois do sol se pôr. "Ah e tal, mas no verão anoitece depois de jantar", pensam vocês. Estejam calados e não me estraguem a piada.


Spray que fazia crescer cabelo
Este mítico produto passava nos primórdios das tele-vendas. Era um spray, que sendo borrifado numa ou outra careca, fazia crescer, ou melhor dizendo, aparecer cabelo instantaneamente e como que por magia. Já naquela altura era rídiculo e isso já diz muito. Era óbvio que aquilo era tinta. Gostava de saber quantos carecas foram enganados com este spray. É curioso é que ninguém processe esta gente por publicidade enganosa, ainda hoje em dia é assim com tantos produtos de tele-vendas, já para não falar das astrólogas.

Alcina Lameiras
Por falar em cartomantes, bem antes da Maya ser conhecida, houve uma senhora que andou nas bocas do mundo, tudo por uma frase que dizia num dos seus anúncios de tarot telefónico. "Olá boa noite, eu sou a Alcina Lameiras (...) não negue à partida uma ciência que desconhece", tornou-se numa catch phrase digna de uma sitcom de renome. O que é feito dela? Alguém sabe? Alguém diga à Conceição Lino para a levar aos perdidos e achados. Nem uma fotografia ou vídeo encontrei dela na Internet, a senhora tem realmente poderes sobrenaturais.

Royco Cup a Soup
Para não serem só desgraças, quero terminar com uma nota positiva, da boa publicidade que se fazia. O Nuno Melo, esse senhor com ar de quem já matou três cães e duas avós à machadada, protagonizou um dos melhores anúncios de que tenho memória. Um anúncio que o Gustavo Santos não aprovaria, por fazer humor com Alentejanos. "Fica-se logo pronto, para a loucura do dia à dia", foi dos melhores chavões de sempre da publicidade portuguesa, capaz de envergonhar qualquer anúncio da MEO.


E é isto. Lembravam-se de tudo ou tiveram que fazer um esforço? As minhas mais sinceras desculpas por vos fazer relembrar algumas destas coisas. Se quiserdes mais textos nostálgicos tomai: Coisas da minha infância e ainda Desenhos animados da minha infância
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12 de janeiro de 2015

Consultório do Doutor G #1



Tal como prometido, hoje começa a rubrica "O Doutor G explica como se faz", onde são respondidas as questões existenciais, sentimentais e sexuais que os leitores enviaram durante a semana. 

O espaço que se segue, é da inteira responsabilidade do Doutor G


Tenho uma amiga, vamos chamar-lhe Olívia, que palita os dentes com a pila do namorado. Parece-me pouco higiénico, meter a pila na boca...ainda assim, é normal ser tão fina?
Little Miss Weird, 25, Buraca

Doutor G: Palitar os dentes, seja como for, é uma actividade que não aprovo, no entanto temos que respeitar os fetiches alheios. Relativamente ao calibre do dito pénis, tudo depende, se a tua amiga tiver os dentes como o Nuno Guerreiro, não se pode considerar assim tão fina.


Tenho namorada, mas conheci outra e ela apaixonou-se por mim e comecei a namorar com ela, mas não é tudo, ando a papar uma terceira... Sou um autêntico garanhão, tenho que admitir, mas quero a sua ajuda Doctor G, não sei o que fazer. Ajude-me! Namoro com duas e ando a comer outra!
José C., 35, Portimão

Doutor G: Caro José, sugiro-te inscreveres-te na Casa dos Segredos, dessa forma todos te vão enaltecer por seres um homem à antiga, vais ter ainda mais mulheres atrás de ti e ainda vai fazer uns trocos com presenças em discotecas. Se tal não for possível, lembra-te que mais vale um par delas na não do que três a voar, por isso fica-te pela que tem melhor par. Atenta que eu disse melhor e não maior.


Gosto de um rapaz, que está a 300 km. Ele não sabe, nem imagina as saudades que tenho dele. Como é possível dizer a alguém que está tão longe, que falamos diariamente por telefone e que vemos de vez em quando que afinal o sentimento de amizade é talvez maior?
Luna Izabella, 22, Badajoz

Doutor G: Cara Luna, a distância é realmente um factor impeditivo de muitas relações, mas se queres que ele perceba que sentes algo mais que apenas amizade, tens que tomar a iniciativa. Os homens gostam de mulheres que o fazem e no teu caso aconselho um gesto romântico, como enviares-lhe para o telemóvel uma foto do teu coração. Sem soutien. Depois é esperar e ver o que ele diz.


Olá, quero fazer anal com a minha namorada, mas ela diz que só aceita com uma condição, depois de termos feito, ela quer enfiar-me um dildo "pelo cu acima" propriamente. Não sei o que fazer, estou com o pé atrás, mas eu quero mesmo fazer anal. Ajude-me Doctor G.
João, 21, Damaia

Doutor G: Caro João, compreendo que estejas de pé atrás, mas se queres fazer anal parece que vais ter que ter outra coisa atrás. O Doutor G é pela igualdade, pelo que se a tua namorada só aceita nessas condições, esse dildo terá que ser um molde fidedigno do teu pénis. Há kits para fazer moldes do pénis que se compram em algumas sex-shops e parece-me a forma mais justa na tua situação. Se tens um trombinhas pequenino, estás com sorte, se tens um badalo hercúleo, pelo qual sempre te gabaste, estás fodido. Literalmente.


Eu queria organizar uma noite romântica para o meu namorado, mas não sei que música usar. Achas que aquela que é assim: na na na hmmmm tss tss, vai estragar o clima? Já agora achas estranho ele estar sempre a pedir para me vestir de bombeiro?
Rita, 24, Braga

Doutor G: Olá Rita, desde que não seja uma música da família Carreira ou da Ana Malhoa, qualquer uma é possível para efectuar a prática do coito em segurança e essa parece-me uma boa escolha. As fantasias são por vezes estranhas, mas se ele não quiser que encarnes demasiado a personagem e lhe dês com uma mangueira no nalguedo, eu não me preocuparia para já.


Boa noite Sôr Dotor Gê. A minha questão relaciona-se com o facto de haver estudos que afirmam que o sexo oral provoca mais cancer na garganta, do que a bebida e o cigarro juntos. 
Is Mad, 27, Brasil

Doutor G: Caro leitor do outro lado do Atlântico, devo dizer que a sua questão é pertinente e pelo que sei é um estudo fidedigno. O número de casos de cancro na garganta tem aumentado exponencialmente devido a sexo oral desprotegido, tanto em homens como mulheres. O Doutor G aconselha a compra de preservativos com sabor e do uso de papel de celofane para o cunnilingus. O meu avô dizia que bastava lavar com água ardente de medronho e que estava como novo. Cabe-te a ti escolher a opção que achares mais viável.


Bom dia Dr. G, gostaria de saber se é possível engravidar do meu namorado apenas por andar de mão dada com ele?
Joana, 16, Paços de Ferreira

Doutor G: Cara leitora, é praticamente impossível, a não ser que ele tenha acabado de tocar uma zumbinha e se tenha esquecido de lavar as mãos e depois tu, já depois de terem andado de mão dada, tenhas coçado a zona das vergonhas por dentro. Ainda assim, os espermatozóides morrem em menos de 1 minuto depois da ejaculação.


Boas Dr G, tenho um colega meu que acabou uma relação e se sente muito em baixo, apesar de ele não o admitir e dizer que é alto machão eu que sou um dos seus melhores amigos tenho a certeza absoluta que o mais próximo que o rapaz teve de um orgasmo à conta de uma mulher, foi a bater uma à conta das fotos das mamas da nossa velha amiga Pamela e de uma ou outra bovina da casa dos segredos que mostrou aquilo que não devia! Grande dr G como o posso ajudar a resolver estes dois problemas!
João Moura, 20, São Pedro da Raimonda

Doutor G: É bom ver pessoas preocupadas com os seus amigos João. A melhor forma de ultrapassar o término de uma relação é com rebound sex. Para isso tens que o levar a sair à noite, caso ele seja mais feio que a parte de trás de um Renault Twingo, sugiro que seja uma discoteca com pouca luz. Não o leves a meninas profissionais do sexo, que nesta fase ele corre o risco de se apaixonar por uma e depois é um gastar de dinheiro que só vai dar numa depressão maior. Puxa por ele com uma conversa à Daniel Oliveira, e quando ele já estiver com os copos pergunta-lhe o que dizem os olhos dele. Diz-lhe exactamente o que me disseste a mim até ele quebrar e começar a chorar no teu ombro. Depois disso desenmerda-te.


Se praticar o amor anal sem avisar antes posso ser processado pela jovem?
António, 65, Santa Comba Dão

Doutor G: Obviamente que sim e com razão. Fazer sexo anal sem avisar, é como mudar de faixa de rodagem sem colocar piscas. É apanhar as pessoas desprevenidas e pode dar merda.


Ultimamente tenho um problema durante o acto sexual. Há tempos, enquanto cumpria a minha função tentando que a minha cara metade atingisse o orgasmo, tentei retardar o meu próprio orgasmo recordando as opiniões acéfalas do Gustavo Santos acerca do atentado de Paris. Quase que abusava ao ponto de ficar com um tesão a meio-gás, mas a distracção lá cumpriu a sua função. O problema é que agora, de cada vez que estou prestes a atingir o orgasmo, lembro-me daquela cara de gajo do street-racing que ele tem, e fico mais flácido que as peles do pescoço da Lili Caneças. É ainda pior do que aquela vez em que a minha mulher teve a ideia de "ser criativa" e me meteu um dedo no cu! O que devo fazer para afastar este trauma da minha vida sexual?
Alfredo, 35, Macinhata do Vouga

Doutor G: Caro Alfredo, realmente é um problema muito grave que descreves. Ter o Gustavo Santos no pensamento, seja em que situação for é algo gravíssimo, para o qual aconselho tratamento psiquiátrico especializado. A única saída no teu caso, embora que arriscada, é praticares a masturbação a ver um filme pornográfico e mesmo na altura que estás no ponto sem retorno a atingir o orgasmo, olhares para uma foto do Gustavo. Desta forma irás criar uma reacção pavloviana, em que associarás o orgasmo ao Gustavo e se tudo correr bem não irás ficar com erecção de meia casa aquando da prática do coito com a tua cara metade. É um tratamento radical e de choque, com potenciais efeitos secundários e que fica da tua inteira responsabilidade experimentar. Boa sorte.


Quando estou num daqueles momentos quentes com a minha adorada companheira nunca consigo "ver Deus" se não estiver imaginado a minha professora de educação física, uma mulher corpulenta (120 quilos) e com uma voz mais masculina que o Tom Cruise interpretando "Missão Impossível". Que devo eu fazer então para ejacular sem recorrer ao tão repugnante método ulteriormente apresentado?
Tiago, 25, Bragança

Doutor G: Cada um se excita da maneira que mais gosta. Se essa forma te faz atingir o orgasmo é o que interessa. Se fosse com a Odete Santos dir-te-ia que precisavas de acompanhamento psiquiátrico, sendo assim não me parece muito grave.


Caro Doutor G, escrevo-lhe porque mesmo sem o conhecer, já sinto por si uma enorme estima. Estima essa que tenho perdido pelo meu amante. (Bem, estima e não só... adiante!) Estamos juntos há cerca de um mês, e eu gostava mesmo que esta relação desse certo! Estou empenhada e disposta a tudo, mas temos um grande problema que não sei como resolver sozinha; peço-lhe ajuda! Quase não temos tido sexo: entenda-se que só temos tido sexo normal, como gente recentemente casada tem, assim sem sal, e isso para mim quase não conta! Afinal, para quê ser amante se não é para adicionar algum piri-piri? Então, tive uma ideia! Escrever uma sex-bucket-list e desafia-lo a pôr check em tudo! O que acha? Podia-me ajudar a incluir os verdadeiros desejos de um homem? Agradecida!
Snussy, 28, Porto

Doutor G: Os gostos variam de homem para homem, mas deixo aqui algumas sugestões para a tua bucket-list: Acordá-lo com uma felatio de antologia; Filmar o acto sexual, com POV incluído; Efectuar sexo oral numa sala de cinema; Ires para um hotel e ligares-lhe para ele ir lá ter, fazendo de canalizador que vai resolver um problema no chuveiro; Sexo a 3, ou 4, ou 5, com homens ou mulheres, depende do gosto de cada um. De nada.


Tenho 31 anos e não sou virgem, mas é quase como se fosse, já que só dormi com uma gaja na minha vida. E já lá vão uns 5 anos. Depois disto acho que me tornei um punheteiro profissional já que todos os dias bato uma. Ali reside a minha dúvida o Dr. G; será que minha obsessão de tornar-me um punheteiro profissional afasta-me do sexo oposto? Sei que isto é normal no nosso género sr. Dr G., mas parte de mim diz que se tentasse ver menos porno e pedir “boleia para o céu” e procurasse ir aos bares, discos e coisas afins, poderia ter um sucesso relativo até quem sabe: uma noite boa. Por outra parte penso no dinheiro que iria gastar em bebida, tabaco, táxi, telemóvel e pah.... O pior é conseguir o estado equilibrado de álcool no sangue para poder falar confiante e não parecer bêbedo desesperado... quando penso nisto, parte  de mim apela ao prazer mediato da auto-satisfação, já que parece ser a solução mais económica nestes tempos de crise. Por outra parte até tenho tentado na nossa era digital procurar soluções online ao problema e só aparecem “gostosas” que procuram duma noite a troca de valores aos quais não rescindo por falta de capital e por o princípio de “ sou homem suficiente de arranjar uma mulher por outros meios”. Conclusão Dr. G. acha que sou um punheteiro que afasta mulheres ou simplesmente um homem forreta com pouca sorte?
Ricardo, 31, Alfragide

Doutor G: Caro Ricardo, o teu caso é mais comum do que o que poderás pensar. O teu problema não é a masturbação em excesso ou a visualização de pornografia, sendo que eu acho que todos devemos ter pelo menos um orgasmo diariamente, seja de que forma for. Havia menos acidentes e guerra dessa forma. O teu problema é apenas a falta de confiança e não de dinheiro, refugias-te na masturbação como escape e não pelo dinheiro que dizes que irias gastar, isso é apenas uma forma do teu cérebro racionalizar a insegurança. A insegurança para abordar as mulheres é comum a todos os homens, já que sabemos que são elas que escolhem e que nos cabe a nós tomar a iniciativa na maioria dos casos. Só há uma forma de contornar isso que é habituares-te à rejeição. Tens que estar ciente que ao abordares mulheres na noite a percentagem de "Nãos" vai ser muito maior do que o sexo no WC da discoteca, ou mesmo da troca de números de telemóvel. Isto mesmo que sejas um gajo parecido com o Brad Pitt. A confiança é tudo no engate. Ou quase tudo vá, o dinheiro também ajuda. Tens que sair à noite com a mentalidade de "Basta 1 sim para valer a pena", mesmo que antecedido de 99 nãos. Quando estiveres no bem bom não te vais estar a lembrar de todas as negas anteriores. Se não houver nenhum sim, é voltar a tentar no dia seguinte. Com o passar do tempo a rejeição passa a ser normal e a taxa de sucesso muito maior devido à tua confiança. Se quiseres maximizar a tua taxa de sucesso atira-te sempre à mais feia do grupo, que para além de ser potencialmente mais fácil, é aquela que normalmente leva o carro e escusas de pagar dinheiro no táxi. Cabe a ti vencer esse medo e tentar várias abordagens. Tenta não ser labrego, algo que é muito difícil. Vai olhando e sorrindo e observando quem te retribui. Depois ataca, mas com classe, nada de "Então vens aqui muitas vezes?" e essas frases pirosas. Ainda assim, o melhor mesmo é conhecer mulheres fora da noite, que nessa altura elas estão com as defesas todas, tal é a quantidade de atrasados mentais que passam a noite a meter-se com elas. Se as abordares noutros locais e contextos, a taxa de sucesso será muito maior.
Outras opções são as online como falaste, Tinder, OkCupid, Match, etc. Experimenta que conheço muito boa gente que não só emitiu factura, como tem relacionamentos sérios e estáveis com pessoas que conheceram lá. Um último conselho, quando estiveres em casa a fazer solos de oboé, faz com que não seja muito rápido, se não depois quando chegares à hora H vais durar 5 segundos. Pesquisa no google técnicas para evitar isso. Abraço e dá-lhes com força.

E é isto, espero que tenham gostado da primeira sessão do consultório do Doutor G. Ele sabe da coisa ou não sabe? Eu acho que sim. Para que esta rubrica tenha continuação, já sabem, é continuar a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com para a 2ª sessão, na próxima segunda-feira. Até lá, façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.
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