29 de setembro de 2015

Fazer amor no rabo e abstinência



Bom dia, sem demoras vamos a mais uma sessão de terapia conjunta javarda no consultório do "Doutor G explica como se faz". Javarda nas com classe. Sempre com classe.



Olá Dr.G. Sou uma rapariga bonita e tenho uma relação estável há já uns anos. A dúvida que me trás aqui é a seguinte: sexo anal. Já experimentei 1x, com o meu atual namorado, e não correu bem, nada bem... No entanto, já passou algum tempo e eu tenho curiosidade em experimentar outra vez. Curiosidade por um lado, e por outro, porque acho que é uma coisa que os homens adoram. Já mandei algumas indiretas sobre o assunto, e, às vezes em momentos mais íntimos, já sugeri isso. Mas ele não avança... O que é que isto significa? Já tivemos num circulo de amigos em que isso foi o tema de conversa e toda a gente lá dizia que isso era nojento e quem fazia isso eram as "p*tas". Que me aconselha? Acha que devo tirar este pensamento da cabeça e que afinal os homens não gostam assim tanto, ou devo insistir na ideia? Como?    
Ana, 24, Lisboa

Doutor G: Cara Ana, fico a pensar no que terá acontecido da primeira vez que experimentaram sexo anal. Já vi que deu merda, resta saber se literalmente. Se o teu namorado não avança, pode ser uma de três razões:
  1. É um xoninhas;
  2. Ficou traumatizado devido ao que aconteceu da primeira vez e eu estou a partir do princípio que foi o pior que pode acontecer numa situação dessas sem ser ruptura do intestino e morte;
  3. Ele viu que tu não gostas e não quer ser egoísta e pensa que só estás a ceder para prazer dele.
Sim, a maioria dos homens gosta de sexo anal (muitos deles de forma passiva) mas é mais por uma questão de posse e controlo do que pelo prazer físico em si. Todos os homens têm dentro de si um Pedro Álvares Cabrão que adora descobrir novos caminhos e pedaços de terra para lá espetar a bandeira e dizer «Eu estive aqui!». Deve haver os que preferem anal do que o resto, mas calculo que sejam uma minoria. No entanto, se queres voltar a experimentar e a aprender como tirar também prazer nisso, é insistir. Ele não precisa de avançar, podes ser tudo a fazer de apontadora e tratar do assunto. Ele vai gostar. Quanto aos teus amigos, são só parvos. Elas são pudicas e eles uns xoninhas. Uma coisa é não gostarem, outra é dizerem que só as putas é que fazem. Lá por terem visto as mães a trabalhar não é razão para tomar a parte pelo todo.


Ola Dr. G! Eu sou uma pessoa que liga muito à aparência mas no entanto eu tenho um probleminha (enorme) que me rebaixa a autostima que é ter as mamas caídas. Só que as minhas mamas não são tipo aqueles balões que se enchem e depois murcham, nada disso, eu tenho um peito enorme (tamanho44) e eu sou uma tarada, penso muito em sexo e assim... Só que com este problema eu não tenho coragem de fazer sexo com ninguém e ainda por cima tenho imensos gajos a bater o coro e eu com vontade e depois lembro-me disto... Ajuda-me. Devo esquecer as mamas visto que os gajos só querem espetar a espada ou devo manter-me quietinha e entretanto engatar um cirurgião plástico e quem sabe ele solucionar os meus problemas? Já agora, já que estas a par do defeito do produto, se estiveres interessado olha que eu dava-te um jeitinho..   
Ana, 24, Lisboa

Doutor G: Cara Ana, as mamas grandes têm esse problema. Quando o Newton descobriu a gravidade foi sobretudo para calcular o nível de descaimento de seios e não pela treta que ele depois inventou dos planetas e tal. Temos de viver com o que temos, para muitos homens isso não é problema, querem é seios épicos e afogarem-se neles. Se eles te querem saltar para cima, acredita que não é por tirares os soutien e as luas cheias ficarem pingonas que eles se vão vestir e ir para casa mais cedo. Deitada de costas isso nem se nota muito, se colocares os braços de lado a impedir que os ovos estrelados transbordem para a cama. Se tiveres problemas de coluna, aí sim, vai ao médico e tira dois ou três bifes de cada uma e dá a alguma rapariga que esteja necessitada de chicha ao nível das glândulas mamárias. Só nesse caso é que aconselho, se não te trouxer problemas mais vale aprenderes a ultrapassar isso do que ires à talhante com diploma. Acredita que o recobro é bem chato e ficam cicatrizes, quiçá, mais prejudiciais para a autoestima. Já pensaste em tatuar «Mamonas Assassinas» no peito? É só uma ideia, era capaz de ser giro. Quando a dares-me um jeitinho, já aqui disse e volto a afirmar que o código deontológico não me permite receber jeitinhos de pacientes e além disso estou em dieta e não posso comer maminha pois é carne muito gorda, quanto mais mamona.


Caríssimo e prezado Doutor G, neste momento sou rapaz solteiro. Até sou um gajo bem parecido e já tive alguns relacionamentos, mas ultimamente não tem corrido bem. Ou tenho um olho bom demais para as mais difíceis ou não tenho jeito para a coisa (karma stuff). Vou à caça mas a coisa não corre muito bem. Com a minha idade deveria de andar aí a lavrar que nem um maluco, aproveitar a pujança dos 20. O que estará a falhar na "parada nupcial"? Por falta de orientação não é. Derreto-me completamente por um pedaço de mexilhão.
Anónimo, 21, Porto

Doutor G: Caro Anónimo, suspeito que o único problema é a falta de jeito. Por exemplo, dizeres ao ouvido de uma rapariga «Derreto-me por um pedaço de mexilhão», é coisa para afugentar. A não ser que a rapariga trabalhe na praça e tenha uma banca de mexilhão. Embora seja uma abordagem à Quim Barreiros, nesse caso talvez dê resultado. Na pior das hipóteses vens de lá com um quilo de mexilhão para o jantar. Repara, quando dizes que tens pontaria para as mais difíceis, o que tu queres realmente dizer é que tens pontaria para as que não estão interessadas em ti. Quando souberes admitir isso e vires que o problema não está no facto delas serem difíceis, coisa que dizes para te tentares sentir melhor e desresponsabilizar, talvez comeces a ter mais sucesso. O engate é como investimento de risco. Tens de investir em dez, sabendo à partida que na melhor das hipóteses só uma startup vai compensar e fazer-te esquecer os nove falhanços. Não te posso dar muitas mais dicas, o charme não se ensina. Estou-me a valorizar bué hoje.


Olá Dr G estou com um enorme problema de coração.. apaixonei-me e quero seguir em frente após um ano e não estou a conseguir. Conheci o rapaz há cerca de um ano começamos como amigos e a  falar todos os dias sobre e havia muito á vontade e marcamos logo mais saidas para nos conhecermos melhor, nessa altura era muito compreensivo, querido e tentamos então  ter algo mais sério. Haviam algumas demonstrações de carinho em público, eramos amigos mas o comportamento era como namorados. Na altura haviam algumas "brincadeiras" e como sou aventureira era um relacionamento apimentado, mas não houve sexo nesses primeiros meses.  Eu começei a vê- lo cada vez menos, e tive atitudes parvas por ter medo de o perder e ele que admite e afastamo-nos por completo. Só o voltei a ver  após  alguns meses depois apenas para esclarecer porquê de nos termos afastado e justificou que estava chateado comigo e que apos ter partilhado algo que ele me tinha contado que perdeu toda a confiança em mim e que nessa altura o sentimento qu tinha por mim tinha desaparecido  mas que também não agiu da melhor forma e, concluimos que eu gostava ainda muito dele e ele não sentia o mesmo e o melhor era ir cada um a sua vida. A amizade manteve-se e fomos falando diariamente e como natural a tesão entre os dois nunca tinha desaparecido e acabamos por nos tornar numa amizade colorida, somos livre de conhecer outras pessoas e afins.. o problema é que se gosto, não me interessa conhecer outra pessoas, já ele presumo que seja diferente. Como sabe que sou sensivel, diz não estar comigo para me magoar e quando vir que este tipo de relacionamento me está afectar que paramos de estar juntos. E não sei até que ponto está afectar-me, já não me conta nada sobre ele, como fazia antigamente e deixa em mim muitas dúvidas. Estamos juntos quando ele pode, mas realça que está comigo não para me comer, mas que curte de estar comigo. Contudo sou eu que tenho de mandar mensagem e sou eu que tenho de propor quando dá para nos vermos, ele diz que no ver dele, não tem mal ser eu a meter conversa e a propor estarmos juntos.. mas não sei se estou disposta a estar sempre a ser eu interessada em falar e estar com ele.. e apesar de sermos só amigos arco-íris e o meu sentimento ter mudado um pouco, gosto e como sei que não vai dar em nada mais concreto e sério queria pelo menos passar a frente e não sei como o fazer, porque tem o factor da amizade e de eu não conseguir desligar completamente dele. Depois desta experiência eu já pouco confiava nas pessoas e agora quero conhecer novas pessoas mas tenho medo de me voltar a magoar e a sofrer desta forma, que em muita parte foi culpa minha. Espero que me possa ajudar?    
Alice, 25, Leiria

Doutor G: Cara Alice, tanto texto para dizer o seguinte «Ando a comer um gajo e estou a gostar dele, mas sei que ele nunca vai gostar de mim e então quero esquecê-lo.». Basicamente, foi isto. Primeiro do que tudo, deixa-me dizer-te que é um bocado parvo dizeres que isto afectou a tua confiança nas pessoas, já que ele, pelo que me parece, sempre foi honesto e directo contigo ao dizer-te que nunca iria apaixonar-se por ti. Segundo, tu é que aceitaste uma amizade colorida com alguém que sabias sentir algo e que não eras correspondida. Foste palerma. Nada de grave, todos somos palermas na vida. Se queres esquecê-lo, tens de cortar o relacionamento pela raiz. Não há cá mensagens, cafezinhos, tampouco toca-e-foge no colo do útero. Nada.


Saudações caro Dr. G. Já faz alguns meses que iniciei uma relação com um Árabe. Somos sex friends e nada mais. Ambos sabemos que mais tarde ou mais cedo vai acabar pois eu não tenho intenções de por a anilha e nem ele (seja la o que for que eles façam como símbolo do casamento). O problema começa quando ele me pede para dormir com ele no fim de chafurdar no quarto. Quando ele me conta tudo e mais alguma coisa da vida dele e me liga espontaneamente durante o dia e que quer passar férias comigo. Quando ele me diz que embora o tipo de relação que temos, ele me vai sempre ligar mesmo que esteja casado (atento que a religião dele diz que a esposa se deve submeter ao marido pelo que ele supostamente não ira precisar dos meus serviços no seu mangalho circuncidado (que não querendo parecer uma javarda e que sei que sou e adoro, estou cada vez mais viciada no seu mastro). Dito isto concluo que a minha dúvida se estanca num paradoxo. Como nenhum dos dois tem intenções de casar (pelo menos num futuro próximo digamos 5 anos) e o facto de termos uma cumplicidade na cama e fora dela de fazer inveja a muitos casais que se dizem felizes, para mim ele é perfeito. Ou seja, eu não quero nada sério e ele também não mas como estamos tão bem nesta situação do não serio eu só o quero a ele mas não quero ao mesmo tempo porque quero aproveitar o melhor da vida. Não sei se hei-de acabar tudo ou continuar ate que me canse dele e esta ilusão não passe mesmo disso.  Espero que tenha entendido o meu dilema e que não lhe dê muitas dores de cabeça a decifrar. 
Carlota, 25, Porto

Doutor G: Cara Carlota, deixa-me dizer-te que esse rapaz Árabe vai ter muitos problemas com Alá, já que está a cometer o pecado de comer porca. Peço desculpa, tinha de fazer esta piada se não ia ficar a sentir um aperto no peito. Porca no sentido de javarda, coisa que tu admites que és e parabéns por isso. Repara, dizes que estão bem assim, que têm tudo em pratos limpos e que se dão bem na cama e fora dela... Qual é o problema? Se gostam de estar um com o outro aproveitem caraças. Se alguém se fartar, sendo que dizes não haver sentimentos mais fortes envolvidos, também ninguém se vai magoar. Cá para mim estás com medo de te apaixonares e teres de substituir os teus vestidos curtos por burkas. Ao menos a lingerie não precisas de mandar fora.


Boa tarde Doutor G, a minha dúvida é a seguinte: após uma relação em que o sexo era espetacular, estive mais dum ano em abstinência. Recentemente conheci um rapaz com quem tive relações mas sucede que ele não me satisfez nem um bocadinho. Será que perdi a sensibilidade ou o jeito para a coisa?
Ana, 21, Coimbra

Doutor G: Cara Ana, fazer sexo é como andar de bicicleta: se ficares muito tempo sem andar, não perdes o jeito mas ficas com a zona das virilhas um bocado mais assada e dorida. Provavelmente, ele é que não sabia o que andava a fazer ou tu estavas com problemas de confiança e não conseguiste relaxar e desfrutar do momento. Seja como for, a tua sensibilidade devia estar em alta. Isso não ganha crosta! É voltar a tentar com outros. Experimenta sozinha só para teres a certeza de que não faleceste da cintura para baixo. Se isso funcionar tudo, é procurar alguém mais capaz que, dadas as queixas que recebo, não deve ser fácil. Os homens são uns egoístas.


Caro Doutor G, estou emocionalmente frágil. Eis o que aconteceu...Hà uma temporada atrás saí de um relacionamento, pelo que algo inesperado acontece. Eu estava muito em baixo, teria sido a primeira vez que tinha sentido algo tão verdadeiro por alguém. Mas quando eu finalmente estava ''into" ele decide abandonar o barco..É então que numa tarde, após sair das aulas recebo uma chamada de um número desconhecido. Seria portanto, o filho de uma amiga da minha mãe que me convidou para jantar. Logo a seguir, liga-me a minha mãe para "confirmar" se eu tinha recebido a chamada de "alguém". Questionei-a logo sobre o "arranjinho", mas a minha mãe só lhe tinha dado o meu número. Foi tudo ideia dele. E eu só o tinha visto uma vez no restaurante em que a mãe dele trabalha... Após alguns episódeos juntos, descobrimos que tinhamos amigos em comum outras coisas também. A páginas tantas já estavamos nos amassos. Acontecia 1 vez em 4 vezes que estavamos juntos. Eu tinha medo de me envolver demais. Entretanto o melhor amigo dele declarou-se a mim e eu como boa amiga que sou,  expliquei-lhe que não escolhemos de quem gostamos mas que seria amiga dele apesar de tudo. Pelo que eu comecei a acompanhar imenço com o rapazito e desabafava imenço com ele. Pelo que a partir de uma certa noite o "tal da chamada " deixou de dar sinais de vida. Isto prolongou-se por mais de um mês. Sei que eles tiveram "uma conversa". E foi a partir daí que ele se afastou. E eu não sabia como lidar com a situação, sou orgulho em peso. Mas comecei a ver os dias passar e ele não me ligava mais. Eu sei que o amigo lhe contou algo que eu desabafei com ele talvez seja essa a raiz do problema. Mas..acho que gosto dele. Porém deixei bem claro que gosto de ser discreta e que gosto das coisas com calma a seu tempo. Quero que me conheça primeiro para não abandonar o barco logo a seguir. Recentemente "calcei as botas", não bastou ter ficado melancólica e chorona senão ainda ter mandado msg's para o dito cujo. Fico a aguardar resposta  atenciosamente. 
Alexandra, 16, Évora

Doutor G: Cara Alexandra, já reparaste que as dúvidas que as mulheres enviam são sempre muito maiores e mais confusas? Isso explica muita coisa... Ora bem, vamos então ao que interessa: o rapaz da chamada afastou-se porque o amigo teve uma conversa com ele onde confessou estar apaixonado por ti. Isso e se calhar inventou umas mentiras para que ele tivesse algum nojo de te tocar novamente. Digo isto porque o código masculino é por ordem de chegada e, por isso, o segundo rapaz deveria dar prioridade ao primeiro. Sendo que houve uma inversão no código, ou ele lhe devia algum favor, ou algo estranho aconteceu. Podem também ter chegado a um acordo de cavalheiros «Gostamos os dois dela e ainda nos vamos chatear por isso. Mais vale nenhum de nós ficar com ela. Bros before hoes.» Não te estou a chamar nomes, estou só a dizer como os rapazes falam. Se queres saber o que se passa, não fiques à espera que te ligue, tenta falar com ele e perceber o que se passou. É melhor ligares do que enviares mensagens, é que se eu recebesse uma mensagem com a palavra «imenço» lá escrita, era razão para perder o interesse. Eu sei que sou picuinhas, mas ele também pode ser. Se ele não quiser falar contigo nem mostrar interesse, caga nele que é sinal de que não te merece. 


Olá, o meu nome é Carlos e tenho uma dúvida. Sinto-me atraído por homens, mas nunca me envolvi com nenhum. É cem por cento certeza de que sou gay, ou tenho de me envolver com um homem para descobrir se gosto ou não, e assim saber se sou gay ou não? Agradecia que me respondessem pois é bastante importante para mim. 
Carlos, 22, Braga 

Doutor G: Caro Carlos, és gay. 100% de certeza que queres ir à loja do Mestre André comprar um pífaro de carne. No limite podes ser bissexual, vá, mas que vais gostar de fazer luta greco-romana todo nu com outro homem, disso não tenho dúvidas. Nada contra, força nisso, sê feliz e dá graças a Deus de não teres nascido há 50 anos atrás ou na Rússia ou Arábia Saudita. Pensando melhor, não dês graças a Deus, já se sabe que ele não gosta muito de gays e, por isso, mais vale não dares nas vistas.



Espero que tenham gostado. Acho que estou a ficar mais bruto com a idade. Por falar nisso, esta é a trigésima consulta do Doutor G. Obrigado a todos os que têm participado. Como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 

(tentem utilizar no máximo 1000 caracteres, não façam como a Alice que se mandou para os 3000)


Partilhem e façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.

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28 de setembro de 2015

Mitos urbanos portugueses desmistificados



Mitos urbanos, quem nunca ouviu falar deles? Todos nós já soubemos de vários e os ajudámos a propagar, seja no boca à boca, ou através daquelas correntes de email palermas. Hoje, vou ajudar-vos a distinguir a realidade da ficção e desmistificar os principais mitos urbanos de Portugal. Isto foi fruto de uma investigação intensa que passou por ler outros artigos que já os tinham desmistificado antes. Sou muito bom a investigar.

Reinaldo rebentou com uma Doce
Este é um dos mitos mais conhecidos deste nosso paraíso à beira mar plantado. Quem nunca ouviu falar, e tomou como certo, que no princípio dos anos 80 o ex-futebolista do Benfica, Reinaldo, fez uma entrada por trás a pés juntos na Laura Diogo que ela teve de sair de maca directa para o hospital para suturar a brincadeira? Pois é, infelizmente, parece que esta história é completamente falsa! Nunca foi provada e não existem registos no Hospital de Santa Maria onde se leia «Loira docinha dá entrada toda arrebentadinha». Já não bastava à Laura Diogo ser considerada a menos talentosa do grupo, onde a acusavam de ir a palco de microfone desligado, como ainda iria ficar com a fama e sem o proveito de levar com a perche gloriosa no rabo. Este boato teve consequências visíveis já que as vendas dos discos das Doce desceram a pique e Reinaldo mudou-se para o Boavista e nunca mais foi o mesmo. Portugal a dar um ar de sua graça no que toca a toques de racismo e falso puritanismo. Fica assim desmistificado este mito e retoma a liderança isolada o único arrebenta-bilhas lusitano: Sr. Arquitecto.

Urina de rato nas latas
O ano era o de 1998 e andava eu no 8º ano quando este mito surgiu em força, mostrando que a Internet, ainda muito jovem, também servia para espalhar treta. Muita gente passou a ter medo de beber de latas de refrigerantes, depois do boato sobre o falecimento de uma mulher que havia bebido de uma lata que tinha um xixizinho de rato. Eu próprio, meio hipocondríaco desde novo, deixei de beber durante uns tempos. O meu irmão ainda hoje só bebe Coca-Cola se houver de garrafa. Ao que parece, essa mulher nunca existiu e a bactéria da urina de rato, embora perigosa, nunca sobreviveria sem estar em meio aquoso e morreria ao entrar em contacto com os nossos sucos gástricos. O açúcar dos refrigerantes continua, portanto, a ser a única coisa que devemos temer.

Lojas chinesas e o tráfico de órgãos
A bela e boa xenofobia portuguesa a dar origem a um mito lendário. Decorria o ano de 2005 quando um email começou a circular dando conta para os perigos de entrar em lojas chinesas, dizendo que um rapaz teria sido raptado para tráfico de órgãos. A polícia desmentiu e o caso chegou mesmo a ser investigado pois difundir boatos xenófobos é crime. Com tanta população na China e com uma alimentação mais saudável, acham mesmo que eles iam arriscar roubar rins e iscas de fígado português? Tenham juízo. O único perigo de entrar numa loja de chineses é mesmo o de sairmos de lá com artigos que só vão funcionar uma vez.

Não há óbitos de chineses em Portugal
Continuando ainda na xenofobia contra os chineses, não contentes em tentar estragar-lhes o negócio das bugigangas, surgiu o mito de que não havia mortos chineses registados em Portugal e que, por isso, só poderiam estar no porco agri-doce. Aquela carne é um bocado estranha, é um facto, mas dai a ser chicha de chinês idoso é parvoíce, até porque assim sendo seria mais rija. Estes dados já foram investigados e dão conta de que o número de óbitos de olhos em bico é o normal para o tamanho da comunidade que reside em Portugal. Outro elemento que pode ter influenciado esta teoria é facto dos chineses, quando já estão velhos e acabados, gostarem de voltar ao seu país de origem para serem lá enterrados. Por isso, já sabem, quando a carne vos parecer estranha não pensem que é a nádega esquerda do Mister Miyagi. É provavelmente gatinho.

Carlos Paião foi enterrado vivo
Um dos mitos mais conhecidos e dado como verdadeiro por quase toda a gente. Diz a lenda que exumaram o corpo de Carlos Paião e que os ossos dele estavam numa posição estranha e que o caixão estava arranhado e com pedaços de unhas lá cravados. Não se sabe bem como surgiu este mito urbano mas o que é certo é que é treta. «Como é que sabes ó Guilherme?!», perguntam alguns de vós muito indignados. Porque a namorada dele disse que o corpo foi autopsiado antes de ser enterrado, por isso se ele ainda tinha alguma coisa a estrebuchar tê-lo-ia feito na marquesa quando lhe enfiaram um bisturi no bucho. Diz que o acidente que ele sofreu foi tão brutal que teria sido impossível alguém sobreviver e que lhe tiveram de colocar carradas de pó de arroz para ir bonito ter com o criador.

Seringas com SIDA no cinema
«Tem cuidado ao sentares-te no cinema! Diz que andam a deixar seringas com SIDA!», chegou-me a dizer a minha mãe depois da propagação geral desta lenda. Dizia-se que eram vários os casos de pessoas que se sentavam e picavam os glúteos quais Belas Adormecidas e encontravam uma seringa com um papel onde se lia: «Tens SIDA. Bem vindo ao mundo real.». Diz que é mentira e que nunca foi reportado nenhum casos desses e, mesmo que não fosse treta, é sabido que o vírus da SIDA sobrevive dois ou três minutos numa seringa infectada. Por isso, quem apanhou SIDA no cinema foi só mesmo quem praticou o coito desprotegido com alguém infectado, numa daquelas sessões vazias de matiné de um filme francês.

Político ataca no Parque Eduardo VII
Um dos mitos mais difíceis de desmontar e que ainda hoje permance um mistério. Se é certo que nunca se provou, este é daqueles que também não se consegue mostrar que não é verdade. Reza a lenda que um político influente se passeava no Parque Eduardo VII e que por lá tinha o apelido Catherine Deneuve. Na altura do escândalo Casa Pia, isso foi mesmo referido pelos media franceses aquando de uma lista de possíveis implicados no caso de pedofilia. Parece-me pouco provável que um político arriscasse andar nessa vida sabendo que poderia ser fotografado ou filmado. Se é para ser puta, fica na Assembleia da República que vai dar quase ao mesmo. Ah, espera, eles são os chulos.

Arrastão em Carcavelos
O quê? O arrastão de Carcavelos é um mito urbano? Não é possível! É sim senhor. Parece que o tão famoso e famigerado arrastão não passou de uma conversa de telefone estragado, para o qual contribuíram a polícia e os media. Quem investigou o caso garante o seguinte: houve desacatos entre dois ou três rapazes com o dono de um bar e o gajo do bar ligou para a polícia e exagerou. A polícia veio armada de caçadeiras e entrou pelo areal pronta para aviar fruta em pretos, como eles tanto gostam. Nisto, as pessoas que estavam na praia assustaram-se e começaram a correr com os seus pertences, juntamente com o pessoal mais moreno que corria da polícia porque já sabia que mesmo não tendo nada a ver com a situação, ia levar bastonada no lombo. Toda a gente sabe que a polícia tem alguma dificuldade em distinguir os pretos uns dos outros. Este cenário de caos é o que se vê nas fotografias e que foi veiculado pelos media que, como todos sabemos, gostam pouco de sangue. Apenas houve uma queixa de roubo na polícia, o que diz bem sobre a dimensão deste arrastão. Arrastões a sério é no Brasil e nos lares de idosos.

Morte, violação ou boca de palhaço?
Há relativamente pouco tempo surgiu a notícia que dava conta de um surto de psicopatia nas ruas da noite Lisboeta. Um grupo de rapazes abordava raparigas incautas e fazias-lhes essa pergunta. Elas, ao pensar que era uma brincadeira, escolhiam a terceira opção, até porque seria sempre a menos má. Nisto, os patifes rasgavam-lhes os cantos da boca até às orelhas, com o auxílio de uma faca, fazendo delas jokers à força. O mito alastrou até às ilhas e as autoridades contactadas dizem que nunca houve nenhum caso destes. Claramente um mito lançado por xoninhas adeptos do Batman e que queriam que as raparigas escolhessem violação, ao saber que a terceira hipótese as ias fazer gastar o dobro em bâton e maquilhagem.

Ratos gigantes em Mafra
Um dos mitos mais antigos de Portugal dá conta da existência de ratos gigantes que inundam os túneis subterrâneos do convento de Mafra. Ratos esses que seriam alimentados com cadáveres de cães, gatos e vacas, dados por militares que assim tentam impedir que estes monstros roedores invadam a cidade. Parece um cenário saído de um livro de "Uma Aventura" mas há muito boa gente a acreditar que é verdade. O mito tem origem na morte de um militar que caiu nos esgotos e foi encontrado com sangue e ratos à volta. «Meu general, o agente Casimiro tropeçou e deu com os queixos no chão e faleceu!», tem muito menos encanto do que «Meu general, o Casimiro estava a fazer a ronda e foi atacado por ratos gigantes do tamanho de póneis! Arrancaram-lhe os tomates com uma dentada!». E foi assim, porque os homens gostam de exagerar na sua masculinidade, que surgiu o mito.

Bónus: Ricky Martin e a manteiga de amendoim.
Para terminar, deixo-vos com um mito internacional. A famosa história da rapariga que não sabia que estava a ser filmada e que tinha o Ricky Martin escondido no armário quando chegou a casa. Segundo a lenda, fazia tudo parte de uma surpresa para o programa espanhol "Sorpresa, sorpresa", dando logo a entender que os espanhóis têm mais criatividade para lançar boatos do que para nomes de programas. A rapariga teria chegado a casa, tirado a roupa e espalhado manteiga de amendoim na patareca sem ser para fins de hidratação, mas sim para o seu cão lamber. Isto tudo em directo só se tendo conseguindo mandar a emissão abaixo quando o mal já estava feito. A rapariga ter-se-ia suicidado algum tempo depois, dada a vergonha de ter usado manteiga de amendoim quando toda a gente sabe que os cães preferem paté de pato. Este mito tomou proporções épicas, alastrando-se para todo o mundo, inclusivamente Portugal onde é dado como verdadeiro por muitos. Não é, lamento informar-vos. O canal de TV até se ofereceu para dar uma recompensa de cinco mil euros a quem tivesse uma cópia da gravação e, claro, ninguém se chegou à frente. Não há registos de nada e foi tudo treta. A única parte verdadeira é que nessa altura o Ricky Martin estava efectivamente ainda dentro de um armário.

E pronto, é isto. Espero que tenham ficado esclarecidos e espero não ter destruído muito o vosso imaginário infantil. Na era da Internet os mitos propagam-se à velocidade da luz e são ainda mais difíceis de desvendar, mas boatos sempre existiram e com eles quem garanta que são verdadeiros, como por exemplo:
  • Adão e Eva existiram mesmo;
  • Maria era virgem;
  • Jesus andou sobre a água;
  • Jesus curou um cego com truques de magia;
  • Jesus ressuscitou e ascendeu aos céus.
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27 de setembro de 2015

Praxes: sim ou não?



Se quiserem ser praxados, sim! Se não quiserem ser praxados, não! 


É isto. Obrigado e boa continuação.


Estavam à espera de uma opinião mais bem fundamentada? Já escrevi sobre isso aqui. 



Se um dia me apetecer volto a falar do assunto. Hoje não, que é dia do Senhor e ele é o perito em boas praxes.
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24 de setembro de 2015

10 professores que eu tive na escola



Em tempo da criançada regressar às aulas, parece-me pertinente falar-vos de alguns professores caricatos que eu tive. Lembro-me de estar sempre ansioso para perceber quem iam ser as novas caras que me iam tentar ensinar coisas. Havia sempre aquela alegria quando víamos que algum professor do qual tínhamos gostado era o mesmo do ano anterior e havia também medo e angústia ao reencontrar muitos outros. Vou excluir desta lista os professores que tive no Instituto Superior Técnico, onde a quantidade de aves raras exige que tenham um texto só para eles.

O ATROPELADO
O atropelado foi meu professor de história no quinto ano. Era director de turma e lembro-me de ir com a minha mãe à aula de apresentação e ver que ela ficou bastante apreensiva. O professor tinha tido um acidente há uns tempos e tinha ficado todo coxo dos dois lados. A juntar a isso tinha ficado com um problema de fala e era mesmo complicado perceber o que ele dizia por entre um balbuciar cheio de cuspo e a espuma no canto da boca que algumas pessoas fazem. Quando ele ia a uma discoteca era sempre festa da espuma. Lembro-me também do olhar de medo da minha mãe quando perguntou a uma rapariga que lá estava, que aparentava ter vinte anos e 100kg: «Também veio acompanhar o filho?». Ao que ela responde «Não, não. Eu sou aluna.». Bem, voltando ao professor, lembro-me que a grande maioria dos alunos gozava com ele e as salas de aula pareciam o faroeste sem haver qualquer tipo de respeito. Eu era dos poucos que o ficava a ouvir e ele dava a aula para mim e mais quatro ou cinco. Haters gonna hate, faço o meu trabalho para quem gosta, era a política dele. Uma vez, brotou uma discussão com ele e uma aluna, em que ela começou a querer dar-lhe porrada. Ele furioso mandou-a para a rua, com as veias do pescoço salientes e a espumar ainda mais do que o habitual. Ela saiu e antes de fechar a porta gritou «Atropelado da merda!». E assim se ganha uma alcunha. O atropelado foi dos melhores professores que eu já tive. Tornava as aulas de história em documentários fantásticos e prendia a atenção de quem estava interessado em aprender. Claro que também prendia a atenção porque era preciso concentração para perceber as palavras todas que ele dizia.

A ROBÓTICA
Foi minha professora de matemática na preparatória e caracterizava-se por utilizar sempre bata e ter uma voz que parecia a máquina do Stephen Hawking. Tinha tido um problema nas cordas vocais mas isso pouco interessa a crianças de 11 e 12 anos (e 20, no caso da outra colega). Era muito complicado manter a compostura nas primeiras aulas, em que parecia que estávamos a ser ensinados por um robô altamente sofisticado vindo do futuro. Ela toda tinha movimentos mecanizados e era toda direita e hirta, mesmo à professora do antigamente. Um problema que este robô tinha era o facto de projectar perdigotos do tamanho de bolas de ping pong. Lembro-me dela sair da sala e de irmos ao quadro ver de perto o que parecia ser um bonito grafiti de saliva. Esta senhora era o Pollock do cuspo. O momento alto era quando ela ia ao nosso lugar, nos ajudava com algum cálculo na máquina e víamos o ecrã a ficar todo salpicado. Já sei no que estão a pensar: «Ó Guilherme, mas os teus professores cuspiam-se e babavam-se todos?». Todos não, mas calma que o melhor ainda está para vir.

A ESTAGIÁRIA
A estagiária não se babava mas fazia babar todos os alunos imberbes e adolescentes das aulas de português do 7º ano. Era uma rapariga nova, de cabelos encaracolados e que fazia as delícias das alterações hormonais dos rapazes daquela turma. Nem era tanto o ser gira, porque do que me lembro era só melhor que as outras, era o facto de ser simpática e ver-se que estava ali por gosto. Queria ser um de nós e muitos de nós queriam que ela fosse ainda mais íntima. Lembro-me de um dia que ela levou uma saia curta e se sentou em cima da mesa e conseguimos vislumbrar-lhe as cuecas. Os tempos eram outros e obviamente que era uma cueca de gola alta e a depilação das virilhas por fazer, mas ainda assim foi um marco pubescente naquele ano. Ela pouco depois chamou um rapaz ao quadro e ele, de calças de fato de treino, via-se que estava nitidamente incomodado. Não, não havia educação física nesse dia. Nas escolas da Damaia o fato de treino é a farda obrigatória.


A INCOMPETENTE
Há sempre uma professora de merda. Aquelas professoras (ou professores) que mancham a profissão que devia ser das mais nobres. Aquela professora que se está a cagar para a missão que tem e acha que ensinar é debitar matéria. Infelizmente, tive muitos assim mas esta fazia esses outros parecerem excelentes. Dava aulas de Desenvolvimento Social e Pessoa, a famosa disciplina de D.P.S. que se tornou obrigatória no meu 8º ano, para quem não queria ter Educação Religiosa e Moral e cantar músicas do senhor e passar Neoblanc pelo cérebro. Mas mais valia ter tido, porque esta disciplina nova dada por esta professora é pior do que isso. Já na sua meia-idade, toda ela tinha um ar de arrogantezinha de merda. Ela nunca nos deu uma aula, dizia para lermos textos do livro e colocava-se num canto a ler revistas de Jet Set. Uma vez, vimos o filme Filadélfia para depois tirarmos conclusões morais mas durante aula não se conseguiu ver tudo e ficaram-nos a falar vinte minutos. Vimos na aula seguinte como ela havia dito? Disse-nos para vermos em casa? Não. Cagou na parte final do filme e nas questões morais. Também me lembro de ela me ter assinalado um erro numa composição por eu ter escrito "Há muito tempo", dizendo ela que neste caso era sem «H». Eu refilei e expliquei-lhe o porquê mas ela manteve que eu estava errado. Na aula seguinte levei-lhe uma cópia de um livro onde explicava o porquê dessa regra. Ela ficou furiosa e respondeu «Pronto, dá das duas maneiras então.». Tivemos a nossa vitória quando ela, certo dia, ao refilar com um aluno na fila da frente, saltou-lhe a dentadura para a carteira dele! Juro! Ela, atrapalhada, esticou o braço e enfiou-a na boca, qual língua de camaleão gosmenta. Ruminou qual cabra a tentar ajeitar a placa e deu por terminada a aula. Ninguém se riu. Ninguém disse nada. O choque era maior do que a vontade de rir. Podia ser motivo de pena mas dado o historial dela, foi Deus a fazer justiça pelas próprias mãos. Por ela ser anormal e por Ele estar lixado de nós não estarmos na aula de Religião.


O ATLETA
O famoso professor de educação física que faz as meninas descobrirem que afinal também são tão badalhocas quanto os homens. Ele chegava com o seu fato de treino justo ao rabo, óculos escuros e penteado da moda. Elas suspiravam e perguntavam-lhe se a aula ia ser de voleibol. Nunca era. Naquela escola quem mandava eram os alunos e ali só podia ser futebol. Elas diziam que estavam mal dispostas ou que estavam com alguma lesão, isto para não terem de jogar e poderem ficar ao lado do professor a observar-lhe as curvas. Nunca diziam que lhes doíam os joelhos, porque não queriam estar a queimar possibilidades. Ás vezes, quando alguma se magoava a jogar, havia logo uma simulação à João Moutinho, no chão a rebolar e a queixarem-se das dores, para que o professor viesse, a correr qual Mitch Buchannon da Linha de Sintra, para as salvar. Por vezes, com sorte, havia uma pequena sessão de massagens nas pernas e nos tornozelos e as outras chamavam "porca" à contemplada. Inevitavelmente, este professor andava a comer uma colega de profissão, com a qual se fechava no seu gabinete para «Fazer o plano de aulas», que toda a gente sabe que é metáfora para «Escavacar a marquesa».


A SALOIA
Há sempre uma professora que veio de uma aldeia no interior de Portugal. Raramente essa professora é a de Introdução às Tecnologias de Informação, mas no meu caso era. Para fazer pandã com a sua pronúncia cerrada das beiras, chamava-se Lucinda e vestia vestidos com padrões dos panos de cozinha. Tinha ar de tudo menos de professora de informática e embora não percebesse muito da coisa, era simpática e esforçava-se e ganhou a simpatia de todos. Lembro de uma frase emblemática que ela disse no primeiro dia de aulas: «Quem me dera que a minha cabeça fosse uma disquete! Assim metia lá os vossos nomes todos para me lembrar e no ano seguinte formatava a disquete!» e riu-se desalmadamente a abafar o nosso silêncio e revirar de olhos.


A DITADORA
Este é um dos tipos bastante comum. Eu tive várias destas e há duas que me lembro perfeitamente, ambas no secundário. Eram professoras sobre as quais nos tinham avisado de outros anos «Reza para não apanhares a Salazar e a Mussolini, que elas metem rapazes e raparigas a chorar no quadro.». Eram aquele tipo de professoras sobre as quais se contavam histórias de terror nos acampamentos de escuteiros, e com razão. Primeiro dia de aulas, três pessoas a chorar no quadro. Era uma espécie de praxe e de terror psicológico que se a CIA soubesse as contratava para torturar prisioneiros. Isto foi no meu 12º ano, quando eu já estava a deixar de ser xoninhas e a sair da casca. Lembro-me de uma vez ter dito uma piada qualquer a um colega e ele se virar para a professora e dizer «A professora ouviu o que o Guilherme disse?» ao que ela respondeu de modo sobranceiro «Não, mas o Guilherme só diz disparates.». Eu retorqui com um «O sentimento é recíproco.» e a professora enraivecida disse «Bem, vamos lá ver os limites entre aluno e professor. Eu, parvo como já era, disse «Os limites é a professora que os estabelece e além disso calculo que estivesse a brincar tal como eu.». Ela insiste e diz «Pois, mas eu não estava a brincar.» e eu finalizei com «Ai não? Pronto, então eu também não.». Houve tensão e eu fui elevado ao estatuto de herói. Ela adorava-me e eu sabia que aquilo era tudo fogo de vista. E eu também gostava dela e sabia que ela era uma excelente professora, tanto que cheguei ao IST e fiz as cadeiras de física sem nunca ir a uma aula e a estudar meia dúzia de horas na véspera do exame.


O QUE SE DESCONFIA QUE É PEDÓFILO
Tive um professor que não vou dizer o nome nem o ano, que era uma mistura entre o Vale e Azevedo e o Carlos Cruz. Ali um misto de pedófilo burlão. Burlão porque ele não sabia dar aulas e não percebia um cu da matéria. A formação dele era outra mas lá conseguiu convencer alguém a dar-lhe turmas daquela disciplina. Pedófilo pode ser um exagero, mas corria o rumor que ele tinha sido expulso de outra escola por se ter trancado numa arrecadação com um algumas raparigas, desligado a luz e lhes ter tocado nos seios com a desculpa que estava à procura de ferramentas. O que se calhar era mesmo verdade mas noutro sentido. Lembro-me de uma vez um colega deixar cair um preservativo no chão, de propósito para se armar para as raparigas, e o professor ver e dizer com um ar safado «No fim da aula quero falar consigo a sós...». Houve risota geral na sala e ouviu-se lá de trás um aluno a dizer «Prepara o cu». Acabou a aula ali.


O COOL
A versão masculina da estagiária, o gajo novo que acha que é um da malta. Foi meu professor de geologia, não me lembro o ano, e também deixava as raparigas com problemas de humidade na zona pélvica. Não por ser giro, mas porque era novo e professor e as mulheres adoram clichés românticos. Ele usava expressões como "fixe", "bué" e "hoje podem sair mais cedo" e tudo isso nos fazia gostar dele. Ele tinha uma orientadora de estágio com ar de vilã de telenovelas portuguesas dos anos 90 e ninguém gostava dela, porque quando ela ia às aulas e ficava lá sentada a avaliá-lo, ele ficava muito mais nervoso e menos cool. Um dia, ele estava a mostrar slides (daqueles naquelas máquinas à antiga, não era cá mariquices de PowerPoints) e aparece uma imagem de uma montanha. Alguém perguntou onde era aquilo e ele respondeu que não sabia. Nesse momento, a Cruella, que nunca abria a boca, grunhiu com arrogância lá de trás «Ó Pedro, não sabe? Por amor de Deus, já viu o símbolo que está ali?», pensando ela que a folha de plátano que estava no canto do slide fosse algo a identificar o país, neste caso o Canadá. O ar ficou pesado, num silêncio de impasse e ele disse «Aquilo é símbolo da editora dos slides e do livro... Plátano Editora». Bazinga madafaca!!! Houve esgar geral na turma, seguido de euforia com pessoal aos saltos ao género das entourages das batalhas de rap, com pessoal a gritar «Aiuia, aiuia!» e «Mete gelo que passa!». O professor mandou-nos sentar e calar, mas com um sorriso que não conseguiu disfarçar. Ela nunca mais falou.


A FILÓSOFA
A filósofa era mesmo professora de filosofia. Tinha uma voz peculiar a fazer lembrar o Freezer do Dragon Ball, o que aliás lhe deu a alcunha pela qual toda a gente a conhecia. Ela era chanfrada da cabeça, isso era mais do que óbvio. A catch phrase dela era «Tu és um ser. Um cão é um ser. Uma pedra é um ser. Uma caneta é um ser. Tudo é um ser.». Tinha já uns cinquenta anos, ou mais, e claramente fumava ganzas ou tinha caído em pequena no caldeirão dos THCs, qual Obélix do Gueto. No entanto, era uma professora excelente e via-se que tinha um gosto tremendo em dar aquelas aulas e tentar ensinar a pensar aqueles alunos, na sua maioria, burra que nem uma récua de jumentos. Deu-me 20 num teste, o único que ela dizia ter dado na carreira toda de professora. Fiquei preocupado, pois era sinal que eu tinha tanta pancada na cabeça quanto ela. Uma vez levou death metal para ouvirmos na aula, para nos explicar que até no aparente caos havia uma melodia ordenada. Nunca me vou esquecer daquela figura a abanar a cabeça Cannibal Corpse. Agora que penso nisso, era boa alcunha para ela.


E foi isto. Muito mais havia para contar mas depois este texto ficava mais secante do que as aulas de alguns professores. Eu depois escrevo sobre os que tive na faculdade e aviso-vos já que não é um cenário bonito de se ver. Para quem estiver com tentação de comentar algo do género «Estás a denegrir a imagem dos professores! Porque é que não falas dos que eram bons?», eu respondo: porque isto é para ter piada e dizer que existem bons professores e que tem de ser respeitados não faz rir ninguém, só o Nuno Crato.
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22 de setembro de 2015

Portugal tem arrumadores licenciados



Há pouco tempo, aquando das manifestações dos taxistas contra o UBER, pensei que mais cedo ou mais tarde haveria um protesto dos arrumadores de carros contra aqueles novos automóveis que estacionam sozinhos. Não disse nada porque não gosto de dar ideias parvas. No entanto, já estava a imaginar todos os arrumadores numa marcha lenta, porque correr com a ressaca é tramado, envergando cartazes com frases emblemáticas: «Destroce! Diga não ao estacionamento precoce!»; «Se estacionares automaticamente, vou-te riscar o carro tranquilamente!; ou até um «Se não queres dar moedinha, dá-me um cigarrinho para eu fazer a minha.».

Claro que depois pensei que seria uma manifestação parva já que os estacionamentos automáticos nunca serão concorrência aos arrumadores. Primeiro porque os homens, tal como não pedem indicações para não se sentirem menos machos, nunca vão usar esse sistema em público. Já as mulheres, vão continuar a não saber mexer nos comandos do carro para ele estacionar sozinho e por isso, vão continuar a precisar da ajuda de um arrumador, que chegue lá quando o carro já está desligado e as conforte com um «Tá bom!».

Quando vi este vídeo lembrei-me logo desse assunto. Carros que encolhem e ajudam ao estacionamento? É uma falta de respeito para com a nossa altíssima mão de obra qualificada em termos de auxiliares de parqueamento automóvel. 


Sim, porque com os Governos que temos tido, é muito provável que haja por aí arrumadores licenciados e, quiçá, mestrados. 


Bem estou aqui a engonhar e, se fiz um post a estas horas é por alguma razão especial. Será que foi porque a SMART me pagou milhões de euros para partilhar o vídeo deles? É possível. Preferia um carrito com o logo do blogue estampado no capô e com a frase «A vida c'um sócio escolheu» nas laterais. Se alguém do departamento de marketing lá do sítio me estiver a ouvir que pense nisso com carinho. Mas não, estou a escrever este texto porque este vídeo me fez lembrar ainda outra coisa, que aconteceu a semana passada: foi o dia em que a minha namorada conduziu pela primeira vez depois de ter tirado a carta. Não vou confirmar nem desmentir se lhe teria dado jeito que todos os carros encolhessem como no vídeo... não estou autorizado a isso. Não vou estar aqui a especular sobre o facto dela ser uma estacionadora exímia ou não, porque posso sofrer represálias. Por isso, preciso que se juntem a mim num apelo. Peço-vos que deixem nos comentários a seguinte frase:

"Namorada do Guilherme, por favor autoriza-o a escrever sobre esse dia em que ele achou que andar de avião até era seguro. Isto sem que fiques chateada e o prives de sexo durante um mês. Vá lá."

Conto com a vossa ajuda para a convencer a isso. Partilhem e comentem, que pode ser que ela mude de ideias. Algo me diz que vou sofrer as represálias mesmo sem o proveito da escrita. #dormirnosofa
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Amizades coloridas? Sim ou não?



É dia de mais uma consulta "Doutor G explica como se faz", o único consultório sexual e sentimental que vale a pena ler. Vamos lá então ajavardar com classe.



Caro Doutor G, sou o Anónimo que lhe escreveu há umas semanas atrás (estudante de informática) com o tal problema de falta de fé no sexo feminino. Decidi escrever novamente, não só para responder à sua mensagem que me ajudou a encontrar esperança onde não havia nenhuma, como também a dar uma boa gargalhada mas também para poder relatar a melhoria que houve na minha vida e um problema que surgiu com ela. Vamos ao que interessa! Após aceitar a "Quest" em busca da elfa da minha vida, parti numa aventura com a minha espada nivel 20 e encontrei algo ligeiramente diferente daquilo que esperava. Deparei-me com uma elfa sem bigode e ainda por cima séria e directa que não faz joguinhos estúpidos, e por estranho que pareça nem é de informática, muito menos criada com os lobos. E a coisa até meio que andou para a frente. Mas, começamos numa de friends with benefits. Jogávamos um com outro e acabávamos os jogos debaixo dos lençóis, e a coisa até tem funcionado bem assim e ambos estamos felizes com a relação. Até que começaram as confusões. Para começar, o irmão dela é um grande amigo meu e sente-se incomodado com a relação em si. Em segundo lugar, não existe qualquer paixão entre nós. Aliás, ela própria diz estar apaixonada por outro rapaz, mas que o está a tentar esquecer para seguir em frente, sinto-me meio usado, mas até gosto disso. O problema é que inevitavelmente um de nós possivelmente vai acabar por ficar apaixonado eventualmente e sair fortemente magoado desta relação. Em terceiro lugar e para piorar ainda a situação, ambos vivemos a grande distância um do outro, apesar de nos conseguirmos ver quase semanalmente. Tem algum concelho para enfrentar esta situação?
Anónimo, 20, Algures

Doutor G: Caro Anónimo, infelizmente não tenho nenhum concelho, já que nunca me candidatei à presidência de uma Câmara Municipal. Agora conselhos, tenho muitos. Primeiro, irmãs dos melhores amigos são homens a não ser que ele dê autorização. Ou ela seja mesmo, mesmo, mesmo boa que até o irmão compreende e diz «Percebo perfeitamente, eu até preferia ser adoptado». Segundo, claro que não te importas de ser usado, és homem. Nunca ouvi nenhum a dizer «Nem acreditas no que ela me fez! Usou-me como um objecto sexual! Sinto-me sujo!». Se esta frase for dita por um homem, é dita com um sorriso na cara e a parte do «sinto-me sujo» é só porque ainda não teve tempo de tomar banho. Obviamente, que para me estares a enviar esta mensagem, é porque tu te estás a apaixonar por ela. Verdade? Eu sou a Maria Helena da Buraca mas menos aldrabão. O meu conselho é para aproveitares a vida. Gostas de estar com ela e o sexo é bom? Então é bolas para a frente. O que vier aí virá e até lá, vêm-se vocês.


Boas Dr. G. Desde que o meu ultimo relacionamento terminou, tenho manifestado uma certa curiosidade pelo mesmo sexo. Visto que sou nova nisto, diga me onde encontrar meninas e como abordá-las para tal efeito.    
Ana, 19, Lisboa

Doutor G: Cara Ana, se eu soubesse de um local que é uma mina de ouro de raparigas sedentas de sexo, achas que estaria em casa escrever esta rubrica? Deve haver bares e discotecas dedicadas a raparigas que querem lamber carpetes mas não faço ideia onde são, caso contrário já lá teria ido com uma peruca levá-las ao engano. Sugiro que visites fóruns da especialidade ou que utilizes alternativas tecnológicas como o Tinder e afins. Podes sempre optar por ser mais corajosa e abordá-las cara à cara na noite. Atenção que quando vires uma olhar para ti de alto a baixo e a morder o lábio, provavelmente está a cobiçar a tua mala e não a tua bolsinha marsupial entre as virilhas. Boas frases de engate para lésbicas:

  • Olha, não tenho preservativos mas sou gaja para arriscar engravidar só para te comer toda;
  • Sempre ajudei a minha avó na cozinha. Era eu que batia as claras em castelo... com a língua.
  • Gostas da Dina?
Depois diz como correu. Só acredito que tenha resultado com o devido envio de provas multimédia.


Dr. G, escrevo lhe para lhe dizer que os seus conselhos ajudaram-me bastante. Ganhei um belo par de tomates e virei-me para uma rapariga que eu ambicionava ter um belo caso há bastante tempo, mas como ela estava sempre a sair magoada das relações porque os gajos comiam- na e "xau e adeus". Eu com ela tenho intenções diferentes das que tenho com as outras, somos amigos acima de tudo e não me vejo a ter nada sério com ela. Bom o que queria dizer é que acordei um dia e disse para mim: "tens de tomar alguma medida, a tua ex deixou-te de vez, agora estás livre", juntando esta motivação aos seu conselhos, propus lhe uma amizade pedagógica, está a entender? Aprender coisas novas um com o outro, o que fazer em determinadas situações, como fazer etc. Basicamente é uma amizade colorida, só que lhe dei um nome novo para ver se pega a moda e o pessoal começa a propor amizades pedagógicas a todas as raparigas que ambicionam ensinar algumas coisitas e aprender com elas! É uma forma de ganhar experiência e ela não é nada de deitar fora!!! Contudo, ela tem medo de se apaixonar... como posso evitar isso? Eu sei que não mando nos sentimentos de outrem, mas ser demasiado directo e dizer que não há cá misturas de sentimentos (e eu já fui muito directo minha abordagem nada descarada) pode deitar tudo a perder não? Para já vou levá-la no fim de semana a jantar fora e espero que ela aceite a minha magnifica proposta para frequentar a minha escola de verão.  
Anónimo, 23, Viseu

Doutor G: Caro Anónimo, primeiro do que tudo, os meus parabéns pela expressão «amizade pedagógica». Parece-me realmente um termo excelente e que espero que pegue por esse mundo fora. Agora, se queres uma amizade colorida sem que ela se apaixone, tudo depende do tipo de pessoa que és. Eu nunca consegui ter nenhuma porque elas se apaixonam logo depois da primeira luta pelada. É a minha cruz, ser demasiado bom. Deixo-te algumas técnicas para que tentes evitar ao máximo que os sentimentos que ela nutre por ti passem da luxúria para a paixão:
  • Depois do sexo dizeres-lhe «Olha, vai-me fazer uma alheira com ovo e batata frita se faz favor.», isto enquanto puxas de um cigarro e limpas a enguia trapalhona aos cortinados. Se ela se apaixonar por ti assim, é muito mau sinal;
  • Dizeres-lhe para se apressarem a fazer sexo porque ainda queres acabar a tempo de ver as tardes da Júlia;
  • Dizeres que numa mulher valorizas mais a jeito para tirar as nódoas das cuecas do que a mestria no sexo oral.
Podes sempre optar pela técnica mais antiga de sempre que é dar-lhe um forrobodó mal amanhado e apenas preocupado com o teu prazer. Ela vai perder o interesse em ti como relacionamento amoroso, mas o mais provável é que não queira mais festa rija no leito. A vida é feita de escolhas.


Boa tarde Doctor, o ano passado conheci um sujeito italiano que desde cedo tentou tudo quanto podia a ver se conseguia, mas eu não lhe achava grande piada, portanto ficou em águas de bacalhau e com um rejected na testa. Agora, mais ou menos um ano depois, comecei-lhe a encontrar um certo charme e temos falado bastante. A questão é que ele, nas conversas, oscila entre o cordial/simpático/fixe, para raivoso/seco/a falar da sua ex que teve depois de eu lhe dar com os pés sem eu ter perguntado nada. A minha dúvida é: será que o jovem está a jogar o revenge game, ou terá ultrapassado a rejeição anterior e está disposto a esquecer tudo em nome de um bom samba pelado? É que falamos em encontrarmo-nos e tenho medo de ''acordar'' degolada na banheira do hotel. O que deverei fazer? Desistir da italian story ou tentar domesticar a fera à força bruta da chapada?
Anónima, 21, Porto

Doutor G: Cara Anónima, é bem feito. Deste barra no sócio, depois estiveste um anito, em que calculo que não tenhas andado satisfeita, e agora já queres dançar a siciliana com as partes baixas ao léu. Isso de deixar as pessoas nos bancos de suplentes depois causa problemas de balneários e eles fazem birra para renovar o contrato. Os jogadores italianos são conhecidos pelo seu mau feitio. No entanto, como ele é homem, certamente deixará o orgulho de lado para rebolar no campo pelado de chicha. Se queres mesmo, força nisso. O perigo de acabares degolada está sempre presente, seja com este ou outro. As mulheres que são mortas por homens, a grande maioria é pelo marido que conhecem há anos. Como engenheiro do sexo, gosto muito de me guiar pelas probabilidades e parece-me que não correrás risco. Pelo sim, pelo não, deixa o telemóvel à mão e dá as coordenadas de gps a uma amiga.


Boa tarde Dr. G, no passado mês conheci um moço de terras norte-americanas, alto, esbelto, com um corpo produzido por deuses gregos, inteligente e amável, enfim, tudo o que uma pessoa como eu poderia desejar. Na semana passada viajamos até ao vale dos lençóis e iniciámos uma guerra greco-romana que me concebeu vários orgasmos e uma dor de pernas no dia seguinte que quase me impossibilitava os movimentos. O que acontece é que, no início desta presente semana retomámos a javardice mas desta vez - talvez por ter ganho confiança comigo - o moço lembrou-se de começar a declamar nomes “ofensivos” da javardice, como prostituta e isso tudo. Calculo que lhe dê prazer mas a mim faz-me um pouco de confusão e põe-me algo desconfortável, retirando a vontade de praticar o ato da ginástica acrobática debaixo dos lençóis. Ajude-me Dr. G, o que devo fazer?  
Margarida, 19, Lisboa

Doutor G: Cara Margarida, o que deves fazer? Já lhe disseste que não gostas? É que provavelmente basta isso: dizer-lhe. Sendo que ele é "amaricano", deduzo que sejam nomes em inglês: slut, whore e coisas fofas desse género. Ou ele, como qualquer estrangeiro, já aprendeu os palavrões portugueses e chama-te "puta" com sotaque de britânico reformado no Algarve? É que se for isso, realmente percebe-se que possa quebrar a clima do momento. De qualquer das formas, no sexo vale tudo, tens de entrar no momento e dizeres-lhe «Yes, I'm uma slut do caraças. Yes, I like it à bruta por trás like a bitch. Yes, I'm a prostitute e no fim até arrotas 500€. Cum'on madafaca». O gajo vai adorar e tu pode ser que ganhes qualquer coisita no fim. Os americanos estão habituados a dar gorjeta, é aproveitar. Faz é como os táxistas, dá umas voltas e engonha um bocado para o gajo largar mais nota.


Fofinho Doutor G , tenho uma amiga bissexual que se apaixonou por mim, e eu, como já não sabia o que fazer por ela estar tão triste, resolvi apresenta-la ao meu melhor amigo, que por acaso é muito parecido com ela em tudo. Uma coisa leva à outra e passado um bocado lá acabaram no forrobodó um com o outro debaixo do meu nariz. Agora namoram a sério, e, apesar de ficar muito feliz por eles estarem apaixonados, sinto-me ciumenta. Não sei o que se passa comigo, porque já não consigo falar com nenhum deles sem sentir que me estou a intrometer nalguma coisa ou que tudo o que eu lhe digo ele vai dizer a ela e vice versa. E ainda por cima eu tenho namorado!! Que, por acaso, se farta de rir de mim por causa disto tudo. Bem, dá-me aí uma mãozinha se puderes.
Sofia, 21, Sintra

Doutor G: Cara Sofia, a teu namorado ri-se mas é do nervoso de saber que tens uma amiga bissexual atraída por ti e que ele não conseguiu juntar-vos às duas na mesma cama para efectuar o famoso triângulo das bermudas nos tornozelos. Ele pode dizer que não, mas é porque os homens mentem muito. O teu sentimento é perfeitamente normal, és mulher e toda a mulher sente ciúmes por aquilo que não tem mesmo que fosse algo que não queria ter se pudesse. Gajas. Também tens ciúmes em relação ao teu melhor amigo, provavelmente, por já não te ligar tanto como antigamente. Juntem-se os quatro e bebam uns shots, pode ser que resolvam os vossos problemas e a vossa amizade fique fortalecida. Isso ou nunca mais vão olhar para a cara uns dos outros da manhã seguinte em diante. Epá, se são mesmo amigos conversem caraças. Os amigos a sério conversam sobre as merdas e resolvem-nas. Se não tens à-vontade para falar com eles sobre este assunto, então é porque também não é uma amizade que fosse durar muito.


Caro Dr. G,  tenho 28 anos e já vivi muita coisa, maluquices, namoros, javardices, copos e férias com a malta, cheias daquelas histórias para lembrar mais tarde mas das quais mal me lembro de metade tal o nível de ebriedade presente. Mas há 3 anos atrás conheci uma rapariga e namorámos no primeiro ano e meio e desde então que tem sido acabar e voltar a estar juntos constantemente. Primeiro ela andava um bocado presa ao ex-namorado e mais recentemente tenho sido eu que quero estar sozinho. O problema é que quando estou com ela (e gosto muito de estar com ela) sinto falta das maluquices de ser solteiro e de me ir esbardalhar para noite e ir conhecer miúdas. Mas nos períodos em que estamos afastados e que estou sem ela sinto falta dela e só de a imaginar a dançar pelada com outro dá-me voltas ao estômago. Bem sei que é injusto para ela, que isto não é quando um gajo quer e lhe apetece, mas é assim que me sinto e não o consigo evitar. Parece que quando estou com ela só quero estar sozinho e quando estou sozinho quero-a de volta e penso que é provavelmente a miúda da minha vida e eventualmente posso perdê-la de vez e arrepender-me para sempre. Achas que sou só um otário que não sabe o que quer e devo deixar a miúda em paz antes que a magoe mais? Ou é só uma fase que eventualmente irá passar?
Leonel, 28, Braga

Doutor G: Caro Leonel, as pessoas no geral só estão bem onde não estão, já dizia o grande António Variações, que para além de cortar cabelos com mestria, era um letrista e artista fantástico. Era o nosso Freddy Mercury, especialmente nas causas da morte. Bom, adiante. Estás a chegar à crise dos trinta em que pensas que por um lado já está na altura de assentar, mas por outro faz-te ainda confusão comprometeres-te com um pipi para o resto da tua vida. Agora, se me dizes que sentes sempre isso, que quando estás com ela só queres estar sozinho, então isso é capaz de não ter grande futuro. Quando estão no sexo também te imaginas sozinho a tocar um solo de oboé? É que se for esse o caso então o melhor mesmo é terminarem tudo. Tens de fazer um retiro espiritual e perceber o que realmente queres. Tenho um dilema filosófico para ti. Vais perdido por uma estrada e encontras uma bifurcação: 

  1. Numa placa diz «50% de probabilidade de uma vida feliz e estável com a Miquelina (ou seja lá qual for o nome da tua "namorada").
  2. Na outra diz «50% de probabilidade de sexo com a Adriana Lima mas os restantes 50% são referentes à probabilidade de seres violado analmente pelo Wilson, um rapaz moçambicano cuja alcunha é "O Tripé".»
Tem apenas atenção que se fores pela placa 1 e depois destroçares o coração da Miquelina, ela poderá contratar o Wilson para te dar uma lição. A vida é assim, 50% de probabilidade de sermos felizes e 50% de sermos encavados pelo destino. Ajudei imenso, não foi? De nada.


Queridíssimo Dr. G, namoro há um ano e tal (não quero ser como as mães chatas que dizem: "este é o meu filho, ele tem 5348 dias!") e apesar da nossa relação ser óptima, quando chegamos à parte de lhe sambar no colo, o homem consegue estragar tudo. Não me interprete mal, ele tem uns dedos mágicos e sabe dar à língua melhor que aquelas vizinha que sabem tudo sobre todos (see what i did there).. mas quando chega à penetração, e depois de colocar o preservativo, na hora de trocar de posição o meu macho perde a erecção. quais poderão ser as causas? Há soluções para o problema?
A, 19, Lisboa

Doutor G: Cara A, acho que já respondi a uma dúvida muito parecida com a tua mas de um rapaz. Na volta era o teu namorado. De qualquer forma, mantenho o que lhe disse a ele: é nervosismo. Há muitos homens que durante os preliminares estão ali firmes e hirtos e, quando vão a esconder a avestruz na toca, de tanta nervoseira deixam que o sangue vá para outro sítio que não para a osga safadona. Ele, provavelmente, tem receio que o menino bolse antes do tempo e esse medo faz com a pulsação acelere e faça com que o sangue saia das extremidades para afluir para o centro de massa. Investiguem umas técnicas de respiração que existem para retardar o ruminanço do bode e ele que faça uns exercícios para melhorar a musculatura do baixo ventre para que consiga puxar sangue para lá de forma deliberada. De resto, se o problema for mesmo nervosismo, um ou dois copos de álcool podem ajudar, mas cuidado, é preciso encontrar o ponto perfeito, caso contrário não se mete de pé. Em ambos os sentidos.



Já repararam em como as dúvidas que chegam, na sua maioria, já conjugam correctamente o verbo haver? Ainda dizem que o Doutor G não ensina nada de jeito. Obrigado a todos e, como sempre, continuem a enviar as vossas questões para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.

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21 de setembro de 2015

Como fazer um bom CV: erros mais comuns



Desta vez estou aqui para fazer serviço público. Não sou nenhum perito em recursos humanos, mas já me chegaram às mãos alguns currículos que percebi automaticamente o porquê dos seus donos ou donas estarem desempregados. Por isso e porque esta é a altura em que muita gente está à procura de trabalho pela primeira vez, vou dar-vos algumas dicas com base em erros reais que já vi e outros que me contaram. A realidade supera a ficção. 
Há gente que só à chapada. 

Foto
Dizem que a primeira impressão é a que mais conta, por isso, nunca, mas nunca mandem um currículo com uma foto de óculos escuros! Só é aceitável se estiverem a concorrer para uma empresa que vende óculos escuros ou se forem cegos. Caso sejam cegos, avisem para os recrutadores não ficarem com a ideia errada. Metam mesmo debaixo da foto como legenda «Sou cego, não sou bimbo». Se for uma foto de óculos escuros à noite então ainda pior. Dentro de uma discoteca? Exponencialmente pior! Por falar em discotecas, já vi um currículo com uma foto tirada na noite, onde claramente o rapaz cortou os amigos ao lado mas ainda se via uma mão com uma cerveja sobre o ombro dele. Isto é preguiça e de quem não está muito importado em continuar a ter o tempo todo livre para ir para os copos. Tirem uma foto com o telemóvel, nos dias de hoje não há desculpa. Não tirem no espelho do WC, mas acho que isso não é preciso avisar. Por falar em amigos, conheço quem já tenha recebido um CV, onde na fotografia estavam três pessoas. A pessoa escreveu no email: «Eu sou a do meio.» Nem foi chamada à entrevista, obviamente. Também conheço quem tenha recebido currículos com uma foto de uma rapariga com uma cabeleira azul de Carnaval. Era para trabalhar num banco. Se querem ser excêntricos e causar boa impressão pela originalidade da foto, mandem fotos pelados. Mesmo que os vossos atributos não sejam passíveis de contratação automática, pelo menos ficam na memória de quem os recebeu. Em último caso não coloquem fotografia. Se forem feios não coloquem mesmo, a sério. Infelizmente, dizem as estatísticas que é mais provável um empregador contratar alguém atraente do que alguém que parece a carcaça de um gato atropelado, abandonada no meio do mato à mercê das intempéries. Por isso, na dúvida, se forem muito feios, não metam nada. Mesmo que a vossa mãe vos diga que são lindos, vocês sabem lá no fundo que Deus Nosso Senhor da beleza passou à frente a vossa senha.

Erros ortográficos
Não. Não. E não. Passem um corrector e dêem a um amigo que tenha tirado positiva a português. Ver num CV «Espriência adecuirida num prujecto á des anus» é sentença de morte e nem para coveiro vos contratam. Leiam e releiam o que escreveram e mesmo que o corrector não indique erros, façam uma revisão. Provavelmente quem vos vai contratar também não vai detectar os erros, que há por aí muita gente de recursos humanos que não sabe conjugar o verbo haver, mas, pelo sim, pelo não, mais vale serem profiçionais. Sim, foi de propósito.

Aldrabar
Todos nós já aldrabámos um bocadinho o nosso currículo, mas até para mentir é preciso ser-se bom. Já vi um CV em que o rapaz informático que dizia já ter trabalhado num bar à noite. Bastava ver a foto para perceber que isso era mentira a não ser que fosse num bar do Second Life. As mentiras mais comuns são as datas dos trabalhos anteriores e os títulos profissionais. Já vi um que passou de estagiário para manager em apenas três meses. Das duas uma: ou é aldrabão; ou tinha uma grande cunha. Já vi também o CV de uma rapariga com dez anos de experiência que tinha estado em mais de dez trabalhos diferentes e que começava sempre no dia seguinte a ter terminado o anterior. Fui verificar e muitos desses dias eram Sábados e Domingos. Até no 25 de Abril ela começou a trabalhar. Claramente tentou aldrabar as datas todas para esconder os períodos que tinha estado desempregada, como se isso fosse motivo de vergonha. Vergonha é tentar mentir e nem nisso ser bom.

Bíblia
Currículos com vinte páginas só dão jeito para imprimir e forrar o tampo da sanita quando falta papel. Nenhum recrutador vai ler isso tudo, vai ler a primeira página e o resto na diagonal. Se ficar com boa impressão chama-vos para uma entrevista. Simples. Para quê darem-se ao trabalho de especificar todos os detalhes interessantes da vossa vida, todos os projectos que fizeram e todas as tecnologias que sabem. Nos dias de hoje, ter conhecimentos informáticos na óptica do utilizador nas ferramentas Word e Excel não acrescenta nada. Só falta dizerem que sabem partilhar fotos do Instagram para o Facebook e que têm uma média de cem likes nas fotografias safadas que colocam. Menos é mais, quanto menos razões lhes derem para não vos chamarem melhor.

Títulos word art
Nunca usem isto. Nunca. Isto só se usava nos trabalhos de Ciências da Natureza do 8º ano antes do ano dois mil. Se querem dar um toque de design ao vosso CV, procurem templates para isso e exemplos na Internet. A não ser que sejam designers e se consigam safar, não inventem porque normalmente dá merda. Eu já vi o CV de um designer (!!!) que decidiu utilizar todos os tipos de letra e cores disponíveis na sua paleta. O site dele, onde expunha os seus trabalhos, era ainda mais medonho. Se fosse irónico estava genial mas, infelizmente, não era. O Nel Monteiro seria o único a contratá-lo. Já vi algo deste género:
Este tipo de efeitos no CV só é aceitável se se estiverem a candidatar a um salão de nails, que faz unhas de gel com brilhantes e foleiradas dessas. Em caso de homem, só é aceitável para o equivalente das designers de unhas de gel que são as oficinas de tunning.

Média de 10.2
Se a vossa média não impressiona ninguém, mais vale omiti-la. Ter uma média fraca só vai jogar contra as vossas intenções. Ninguém a ler um CV pensa «Média de 10.2, sim senhor, ao menos é honesto». Não metam nada e deixem para a entrevista. A partir do momento que são chamados a uma entrevista a média deixa de contar e passa apenas a contar a vossa atitude. Qualquer bom recrutador prefere uma pessoa de média baixa com uma postura impecável e resposta pronta e inteligente, do que alguém com nota alta que se percebe logo que é um palerma e que conseguiu as notas porque era marrão e não inteligente. A não ser que tenha épicos seios. Nesse caso tudo muda. Agarrem nas disciplinas que tiveram melhoras notas e metam lá como "Principais competências". Tiveram um 18 uma vez porque fizeram um felácio ao professor? Óptimo, é altura de puxar esse trunfo.

Gosto de ler
E? O que é que interessam os vossos gostos pessoais e banais? Toda a gente gosta de ler (ou pelo menos diz que sim). Toda a gente já fez um desporto e toda a gente gosta de cinema e fotografia. Não acrescenta nada ao vosso currículo a não ser páginas. Se tiverem gostos excêntricos é diferente: «Coleccionador de asas de moscas mortas», «Gosto de usar lingerie feminina por lavar» e «Viciada em sexo desde os 16 anos», já são hobbies que podem interessar ou pelo menos marcar a diferença.

Cartas de recomendação
Conheço um caso de um amigo que recebeu um CV acompanhado de uma carta de recomendação de cinco páginas. Era de um importante CEO de outra empresa? De alguma celebridade influente na nossa sociedade? De uma ONG para quem ele tinha feito voluntariado de forma soberba? Não, nada disso, era da mãe. Era uma carta de recomendação da mãe!!! Há gente que só à chapada. Mais uma vez, podia ser como piada e seria genial, mas não, era mesmo a sério. Na carta a mãe descrevia vários detalhes da vida do filho e como ele era muito organizado e fazia a cama antes de sair de casa. O filho tinha 26 anos, se bem me lembro e, claramente, era um xoninhas.

Email safado
Está na altura de mudarem o vosso email hotmail que criaram nos tempos do mIRC. Receber um CV todo bonito e bem construído com o remetente "vanessinha69", "lobitadoida" e "elninosensual21cm" dá cabo da vossa reputação. Pode parecer mentira, mas conheço quem já tenha recebido um email, com a candidatura para uma empresa de telecomunicações, do seguinte endereço: bocalouk4... Verdade. Claro que foi chamada para uma entrevista mas pelos motivos errados.


Contactos errados
Pois, há quem envie o CV em formato PDF sem ver que os contactos estão errados. Não são poucas as vezes em que isto acontece e que um recrutador até quer chamar a pessoa em questão para uma entrevista, mas quando liga para o número, dá não atribuído. O que acontece nesta situação? O empregador vai procurar para saber o vosso email correcto? Vai pesquisar-vos no Linkedin e no Facebook para vos pedir amizade e vos mandar uma mensagem privada? Não. Vai mandar o vosso CV para o lixo e vai passar ao próximo. Tenham cuidado nisto e se for para meter algum número errado ao menos coloquem um daqueles safados de valor acrescentado.


Se seguirem todos os meus conselhos e evitarem todos estes erros, provavelmente, nunca vos chamarão para uma entrevista na mesma. Portugal está pela hora da morte em termos de empregabilidade mas não custa tentar. Há que ser criativo e tentar sobressair da esmagadora maioria Europass. Um dia, enviei CVs com o seguinte assunto no email: «Se vocês quiserem, já somos dois a querer». Fui chamado para várias entrevistas, mas também pode ter sido por ter enviado uma foto todo peladão.
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