25 de junho de 2017

A bonita tradição dos touros de fogo



Portugal sempre foi um país que valorizou as suas tradições. Desde o fado ao cante alentejano, o português é um povo que em toda a sua auto maledicência consegue valorizar as lembranças de um passado glorioso, em forma de tradições. É incrível como é que nós, novas gerações, muitas vezes, nem conhecemos as bonitas tradições do nosso país. Por exemplo, foi apenas há dois anos que tive conhecimento dessa bonita tradição portuguesa de queimar gatos vivos num recipiente de olaria nacional, e foi apenas este fim de semana que descobri a bonita tradição de pegar fogo aos cornos de touros. Sou um ignorante no tocante à cultura portuguesa, bem sei. Aconteceu em Benavente, apesar de ter sido anunciado previamente e proibido logo em seguida. Jornalistas e activistas da causa animal foram ameaçados por alguns populares de Benavente, mostrando que eles afinal são pela igualdade e que tanto agridem touros como pessoas. Ao menos isso, as pessoas também merecem apanhar com bandarilhas! A GNR, ao que parece, viu e não fez nada porque estavam a beber uma mini e não dá jeito tomar conta de ocorrências só com uma mão. Também não sei porque é que é proibida uma tradição tão linda que só torna a tradição da tourada ainda mais luminosa! Espetar ferros tudo bem, incendiar chifres não? Disparate. Se é para se ser burgesso, que se seja em grande! Se eu fosse adepto de tortura animal, colocava estalinhos nos cascos do touro para ele andar aos saltinhos feito cabra montesa, colocava uma motosserra presa à cauda do bicho para ele se cortar todo e os homens valentes que rabejam serem ainda mais corajosos e másculos! Tenho boas ideias, mas sinto que é estar a dar pérolas a porcos, não querendo ofender os porcos.

Sinto que já disse tudo o que tinha a dizer sobre touradas quando escrevi este texto, tanto que nunca mais falei no assunto. No entanto, esta notícia mereceu a minha atenção até porque vivemos num mundo onde não se pode dizer que as pessoas são más, apenas que têm um problema ou que tiveram uma infância difícil. Por isso, estou preocupado com este grupo de pessoas de Benavente, que quero acreditar serem a minoria da terra: esta gente que gosta de ver touros presos a espernear enquanto um grupo de chimpanzés com ténis lhes pegam fogo tem algum tipo de problema mental. Gostar de ver violência contra animais só porque é tradição demonstra que há ali qualquer coisa naqueles cérebros que está queimada. Talvez tenham assistido demasiado perto da última vez e o calor lhes tenha derretido os apoios do cérebro, não sei.

Não sei se foi a mãe deles que fumou e bebeu durante a gravidez ou se o pai desta gente é ao mesmo tempo primo em 2º grau.

Sei que a explicação mais consensual é que a exposição a este tipo de barbárie desde pequenos lhes tenha atrofiado ali a parte do cérebro responsável pela empatia com animais. Talvez seja isso. Cá para mim são só burros e ignorantes: no caso dos homens, com inseguranças penianas; no caso das mulheres, mal fodidas devido à pequenez de carácter e de pila dos seus homens.

O que me choca não é haver gente que gosta disto porque isso vai sempre existir: ainda há gente com nostalgia da escravatura, por exemplo. O que me choca é ser permitido ou, pior, ser proibido e fazer-se na mesma, e ninguém ser responsabilizado. É que a mim também me apetecia quebrar a lei e enfiar uma tocha a arder no cu desta gente e soltá-los na rua feitos pirilampos de Chernobyl, mas já sei que depois a polícia me vem bater à porta a pedir explicações. Por isso, fico-me por lhes chamar filhos da puta.




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