4 de junho de 2017

Mais um atentado terrorista? É normal.



- Parece que houve mais uns atentados terroristas, viste? - perguntaram-me.
- Foi? É normal. - respondi.

A minha resposta, aparentemente, insensível talvez seja a melhor resposta que temos para fazer face ao terrorismo. Vamos por partes: sou de firme opinião que o terrorismo é impossível de derrotar, principalmente este terrorismo de algibeira feito com carrinhas e facas do pão. No tempo da Al-Qaeda, a coisa era bem feita! Aviões contra arranha céus, bombas que sim senhor, mas agora é uma espécie de terrorismo da loja dos trezentos.

Antes, para seres terrorista tinhas de saber pilotar aviões e esconder x-actos no cu. Agora, qualquer badameco sem carta de condução e com uma tesoura da Hello Kitty pode ser terrorista.

Enfim, a nossa sociedade tem vindo a perder critério e exigência. É impossível acabar com este tipo de ataques que temos vindo a assistir, mesmo com a polícia e o exército nas ruas. Claro que se podem evitar alguns, mas colocas detectores de metais nos concertos, eles vão rebentar-se para os centros comerciais. Sugiro à porta da Zara onde se vê muitos homens a segurar a mala das suas mulheres com cara de quem não se importava de morrer ali. Colocas mais segurança nos centros comerciais, eles vão atropelar pessoas para uma rua movimentada. Nem vale a pena, por isso, acho que mais vale poupar o dinheiro investido no policiamento para nos dar uma falsa sensação de segurança e investi-lo na educação, numa aposta mais a longo prazo.

A única vitória que podemos ter contra o terrorismo é uma vitória à Sporting: vitória moral. Não consegues derrotar malucos que acham que sendo mártires vão para o paraíso. O sistema joga contra nós. Não dá para ganhar. Por isso, mais vale ignorar e dizer que não nos conseguem meter medo e reclamar a vitória moral. O estado islâmico reivindica o atentado e nós esfregamos-lhes na cara que somos campeões de ténis de mesa. Isso ou uma espécie de Liga da Verdade do Rui Santos: dez mortos na liga terrorista, mas zero pessoas com medo na liga da verdade. A vitória moral é nossa! Aliás, a opinião firme que tinha no primeiro parágrafo afinal já a mudei. Acho que conseguimos derrotar o terrorismo. Os ataques continuarão a existir, mas com o terrorismo conseguimos acabar. A métrica de sucesso do terrorismo não são as mortes causadas, mas sim o terror espalhado. Não há terror sem notícias sensacionalistas. Esta exacerbação dada pelos media só cria pânico e semeia a discriminação o que serve apenas e só os interesses dos terroristas: por um lado, espalhar terror, por outro, aumentar o ódio para com os muçulmanos e refugiados (como já escrevi neste texto) e, assim, aproveitarem para recrutar mais malucos para a sua causa. Temos de chegar à conclusão que este tipo de ataques vão fazer parte da vida ocidental das maiores capitais. 

Vamos ter de perceber que para além das rendas altas e do ar poluído, umas ocasionais mortes por ataques terroristas vão fazer parte das desvantagens de morar em grandes cidades.

Vão lá perguntar às pessoas que não encontram uma casa com uma renda aceitável para as suas possibilidades se lhes custa dormir à noite por causa do terrorismo. Vão perguntar ao senhor Armindo, internado com um enfisema pulmonar devido à poluição do ar se ele está preocupado em morrer num atentado. Tal como viver no Bairro Alto tem a desvantagem do barulho à noite, viver numa grande cidade neste período tem a desvantagem de ter umas bombas de pregos a explodir de quando em vez. Em Portugal, por ano, há cerca de 5000 pessoas atropeladas das quais 90 morrem. Não é por isso que temos medo de atravessar passadeiras e de andar nos passeios, pois não? Sabemos que acontece, mas não pensamos nisso e conseguirmos viver a nossa vida com normalidade. Com o terrorismo tem de ser igual. Temos de perceber que tal como irá sempre existir uns quantos bêbedos que espetam o carro contra outros, irá haver uns malucos que, mesmo estando sóbrios, o fazem porque o seu amigo imaginário lhes disse. Além de que todas estas notícias sobre terrorismo causam-nos stress, não é? Sabem o que é que mata mais do que o terrorismo? O stress.

O rapaz nesta foto, tirada enquanto fugiam dos ataques, sabe disso e percebe que aquela cerveja personifica o estilo de vida livre que tem de ser preservado. Isso ou é alcoólico e sabia que depois do ataque ia ser impossível encontrar um bar aberto.

O terrorismo tornar-se banal pode ser o melhor para nós, mas, lá está, isto é só a minha opinião e seria parvo esperar que fosse boa e que um gajo da Buraca que escreve umas coisas na internet tivesse a resposta para acabar com o terrorismo (já tinha dado outras formas criativas neste texto). Seja como for, este é o último texto que escrevo sobre este assunto a não ser que haja um atentado como deve ser, à moda antiga, que mate muita gente e dê muitos views e likes.




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