28 de junho de 2013

Verão, praia e bochechas


Parece que é verão e as praias começam a ficar cheias. As pessoas são estranhas na praia. As mulheres perdem os problemas de serem vistas em roupa interior. Pelos vistos, o problema não é a quantidade de pele que se mostra, mas sim o material de que é feito o tecido. Tenho uma sugestão:
Metam areia no chão e uma imagem da linha do horizonte no espelho dos provadores das lojas de roupa e tirem as portas e cortinados. Reduziam o número de peças roubadas, os namorados que são arrastados para as lojas iriam de muito mais agrado.
E por falar em roupa interior, o bikini fio dental só devia haver em tamanho S. Ninguém gosta de ver xixa gorda arrepanhada por um elástico. Parece que o Mário Soares vestiu as cuecas na cabeça e deixou as bochechinhas pingonas de fora a apanharem ar.

Existem muitas personagens na praia. O pai de família que usa tanga que é quase coberta pela sua proeminente barriga; as pessoas que foram comprar o best seller de verão para ler o seu primeiro livro do ano na praia; a família que traz a casa às costas, entre tantas outras, mas das que gosto mais são dos posers. "O que são os posers?", perguntam alguns de vós mais alheados sobre estrangeirismos. São aqueles gajos que hibernaram no ginásio durante o inverno e que metem a sua sunga, se busuntam em óleo e estão ali de óculos escuros e braços cruzados (ou mãos nas ancas) a olhar o horizonte. Provavelmente a pensar na infinitude do universo e na condição humana. Ou isso ou estão a olhar pelo canto do olho para as nalgas de umas rapariga qualquer.

Mas estas personagens até dão um colorido às nossas praias, existe apenas uma categoria de pessoas que acho que deveriam estar interditadas de ir a praia (ou pelo menos a algumas): As crianças. As que berram, as que passam a correr ao lado da toalha, as que choram, e as outras todas já agora também deveriam ficar em casa. Se tal não for possível, defendo então a despenalização do afogamento voluntário de terceiros(inhos).

Como adenda deixo apenas um reparo. Nas praias fluviais as pessoas são mais feias. Quando tiverem oportunidade reparem e depois não digam que eu não tinha razão.
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26 de junho de 2013

Anedotas e as mulheres


Um facto da vida é que as mulheres, 99% delas vá, não sabem contar anedotas. Não conheci até hoje uma mulher que consiga contar uma anedota decentemente, ou seja, com o humor que lhe é exigido.
Todas pensam que sabem anedotas mas lá no fundo o cérebro da mulher não as consegue reter. Não por ser um cérebro inferior, apenas por não estar talhado para isso, ficando apenas com resquícios de umas e outras formando assim histórias aleatórias sem nexo.
Quem não ouviu já estas palavras vindas da mãe, namorada ou amiga "sabes aquela anedota?", "aquela que vão duas pessoas... espera acho que eram três.." e daqui já se sabe onde vai parar. Ela própria chega à conclusão que não se lembra da anedota e a história fica a meio deixando o ouvinte pendurado. Por vezes chegam ao fim, mas como já se trocaram todas pelo meio, já nada faz sentido e já perdeu toda a piada que possivelmente até nem tinha.

As mulheres não precisam de ter piada, têm mamas. Os homens, não tendo mamas têm que saber fazer rir, se não nunca vão brincar com maminhas. É uma questão evolucional que será abordada mas não hoje. Está calor e não me apetece.
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25 de junho de 2013

A 2ª infância



Para começar deixem-me reiterar uma coisa: Aquelas pessoas que têm "lares" desumanos onde tratam os velhos forma inexplicável, como já se viu em muitas reportagens, deviam ser mortos. E não é uma hipérbole, acho mesmo que se devia agarrar desde o dono, à auxiliar de limpeza e mete-los em praça pública onde se largariam centenas de velhos e velhas em speeds, mas estes só podiam usar a boca para os matar (sem dentadura, só para durar mais tempo). Um género de Apocalipse Zombie Sénior. Já estou a imaginar velhos de andarilhos a dar grandes passadas, quais chitas em modo de ataque, ou até mesmo alguns que a meio se esqueciam do que iam fazer. Haveria sempre um espectador bêbedo que se punha a espicaçar os velhos e que de quando em vez levaria uma bengalada para gáudio dos restantes.

Mas deixemos esta imagem utópica e poética e concentremo-nos no que interessa. Muito se diz e se escreve sobre esta faixa etária que irá no futuro dominar o mundo. O "pré-conceito" de respeitar as pessoas mais velhas só por serem mais velhas a mim parece-me um bocado despropositado. Eu respeito as pessoas se eles merecerem, não por serem mais velhas que eu ou por estarem a poucos anos do caixão. "Ah porque as pessoas mais velhas são muito sábias". Algumas até o são, mas a maior parte vive na companhia do primo alemão de seu nome Alzheimer que parecendo que não dá cabo da sapiência. E às vezes vive lá em casa a prima espanhola em 2º grau Esclerose que também faz mossa. 

Eu tenho avós e respeito-os, não por serem da minha família nem por serem velhos, mas sim porque merecem, pois foram e são boas pessoas. Agora se o Hitler ainda fosse vivo nos seus 120 anos de sabedoria e vivência será que diziam na sala de espera das urgências "Cede lá o lugar ao senhor que é velhinho e está doente"? Não me parece...

Existem inúmeras atitudes que me irritam (e penso que a toda a gente) nos velhos. ("diz antes idosos ou pessoas de idade que é menos ofensivo" aconselha aqui o anjinho do meu ombro direito... é tão hipócrita este gajo).

Atravessam a estrada onde e como bem lhes apetece sem olhar para lado nenhum, carregando sacos ou mesmo de muletas, com a maior calma do mundo, não dando valor nenhum ao pouco tempo que lhes resta, como se o facto de terem vivido 3/4 de século fosse razão suficiente para ganharem um estatuto de intocáveis na estrada, quase numa ilusão de invencibilidade. Aqui é sempre giro buzinar e ver a sua reacção, que varia desde a velhinha mais querida, que se torna num bicho possuído cuspidor de vernáculo, como se a razão fosse sua amiga de infância, ou então a completa ausência de reacção, talvez por nem estarem para ter trabalho em responder ou pedir desculpa, ou apenas por terem o aparelho auditivo desligado.

Cusquice... Algo presente em todas as mulheres desde a nascença (ou mesmo da concepção) e que, ao contrário de todas as outras "faculdades", vai aumentando ao longo da idade como se de um poder incontrolável se tratasse. Toda a gente conhece a velha sentada a janela, toda a gente tem ou teve uma no prédio. A velha que vai olhar pelo óculo quando algum vizinho abre a porta. A velha ou grupo delas, normalmente sentadas num café, que suspendem a sua conversa e por vezes até a respiração para ouvir o que se diz na mesa do lado. Já vi uma a ficar roxa tal era o interesse na conversa vizinha. Temos também a velha da sala de espera das urgências que se queixa de dores que apelida carinhosamente de pontadas, mas que está mais interessada em ver do que as outras pessoas padecem, do que propriamente em ser tratada e que fica ofendida se as tuas pontadas forem maiores que as dela.

Voltando à estrada. Mais que um perigo a atravessá-las, são um perigo ao volante. E não falo de entrar em sentido contrário na autoestrada, que isso é de velho rijo, puxa pela adrenalina e é uma história para contar aos netos (se se lembrar). Os que me irritam mais são aqueles que estão numa faixa de vão paulatinamente descaindo para outra. Nem preciso de ver o condutor para saber que tem mais de 70 anos. E o mais frustrante é que nem dá para passar por eles e chamar-lhes nomes. Dar dá, mas é falar para o boneco, já que não ouvem bem, muito menos com os vidros fechados. Já viram algum idoso, mas idoso à séria, não é cá 70 e poucos e ainda vivaço, a andar de carro com a janela aberta? Nunca. Sempre fechada, que aquilo já não sente frio nem calor.

A propósito de velhos, há uns tempos, uma senhora de alguma idade (muita vá), desconfiou de mim quando eu estava atrás dela no multibanco. Talvez por não ter a graduação certa nos óculos achou que eu estava muito perto e então tapou os dígitos quando marcou o código (como os putos ranhosos fazem na primária para o colega do lado não copiar). Até aqui tudo bem. O engraçado foi que depois me pediu ajuda para fazer uns pagamentos e umas transacções. Eu ajudei. No fim, tirou o cartão e voltou a por, olhou para trás e voltou a tapar os dígitos. Ora aqui está o que eu chamo uma grande parva e mal agradecida. Só por isso devia-a ter burlado e dito que podia transferir tudo para o meu NIB que é o que se usa para esses pagamentos. Mas não fiz. Não sei o meu NIB de cor.

Concluindo, acho que se devem tratar os velhos como se tratam todas as outras pessoas. Aqui depende de cada um de nós, há quem assuma por defeito que todos somos bons até provar o contrário, há quem assuma que somos todos parvos que assim não se desiludem tanto. Eu cá tendo para a última hipótese.

P.S. Tenho uma história muito gira com velhos. Muito gira mesmo. Mete tentativa de esfaqueamento e cocó. Mas fica para outro dia.
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24 de junho de 2013

Rascunhos


O prato frio, cheio, o copo vazio de uma e outra vez, vezes demais. Curioso como a fome se bloqueia nestes momentos enquanto a sede não, pelo menos aquela que envenena o ser embora parecendo que limpa a alma por momentos. A sala está como sempre, vazia, não que não seja acolhedora e confortável, mas para ele será eternamente despida da vida que outrora a decorava. Os candeeiros de pé alto comprados em Marrocos, o sofá preto, de pele, o tapete persa oferecido que ela nunca gostara, a mesa de jantar mogno e as cadeiras a condizer. Nem a magnífica vista para Lisboa, para o coração da cidade, lhe enchia o seu

A mesa estava posta, era hora de jantar, mesa para dois eternamente, mas apenas um se sentava nela, o seu prato em frente ao dela, o dela virado para a janela como fazia sempre questão, no prato uma pizza congelada que estranhamente não era a sua comida favorita, vezes sem conta lhe ralhava – “olha que isso faz-te mal” – dizia ela em tom de brincadeira mas com olhar preocupado, de consciência avançada para a sua idade, trocando de papel por momentos.

Ambos os copos vazios, um deles com cheiro a álcool ainda, não demoraria a voltar a encher-se como se de uma vontade própria fosse provido, provocando a sensação de fuga, como se com o esvaziar do copo se criasse outro vazio, que impedisse de sentir, de lembrar, de sofrer, de apodrecer por dentro todos os dias. Ajudava-o a dormir, chegava a cama e conseguia não estar horas a mudar de posição e a pensar no que podia ter sido diferente, no que podia ter feito de forma diferente, nos seus olhos a apagarem-se, a alegria que os inundavam a esvair-se em lágrimas deixando-os secos, baços, vazios como ele. Adormecia mas os sonhos eram sempre os mesmos, hoje então seria o de sempre, aquele pesadelo que o atormenta há 10 penosos anos, 10 anos agora, hoje, 10 anos passados o mesmo pesadelo que não acaba, que não acorda. Por vezes pensa o que o impede de acordar desse pesadelo. Nem ele sabe, mas sabe que ela não quereria isso.

Luís, 59 anos, cirurgião cardiovascular, curiosa profissão que o coloca no papel de curar as doenças do coração, quando o dele está morto, bate involuntariamente, bombeia o sangue necessário para sobreviver mas não o mantém vivo. Nesta consoada de Natal ainda menos, o frio lá fora nada é comparado com o frio lá dentro. Faz hoje 10 anos que tudo aconteceu, que tudo mudou para sempre, para um estado final, sem reversão, terminal eterno.

Luís, de estatura média e porte respeitoso, cabelos meios grisalhos bem cuidados, embora não disfarce as entradas que já possui, da idade, da vida que levou, das preocupações constantes e exigências diárias do seu trabalho, dela que já não é. Pesando tudo nem se encontra mal conservado para a idade. Conserva-se em tristeza, talvez por lhe ter morrido uma parte há 10 anos, que de morta que está não envelhece

Termina a refeição, o seu prato vazio nem se chegou a encher, o seu copo e garrafa iguais. O prato em sua frente frio, mais uma vez para o lixo. O que enchia a garrafa inunda-lhe o corpo, começa a sentir a embriaguez, o perfume do álcool no seu cérebro, a visão afunilada que o ajuda a ignorar o que se passa a sua volta e dentro de si. Uma vez mais, limpa e arruma a mesa e tenta recompor-se, por fora pelo menos, por dentro não consegue, nem tenta, está melhor assim, dormente. Luís sabe que pode ser chamado a qualquer hora para o hospital, S. José, nome de santo, perto de sua casa onde exerce a sua profissão com distinção há 30 anos. Nem ele percebe como ainda o consegue, como sempre que é chamado tem a capacidade de se recompor da ebriedade. Nunca aconteceu ser acusado de negligência, embora já lhe tenham morrido pacientes nas mãos de peito aberto. Culpou-se como se culpa de tudo e quis, por momentos, abrir o seu peito também e confessar que havia bebido, que talvez fosse responsável. Mas não foi preciso, os relatórios ilibavam-no sempre, mortes sempre inevitáveis mesmo pelo mais sóbrio dos cirurgiões. Mortes de pessoas que apesar de verem e saberem serem ínfimas as suas probabilidades enquanto fechavam os olhos devido a anestesia, faziam-no com um sorriso, com uma esperança que aqueles 1% fossem eles, mas quase sempre não eram. Esperança… palavra idílica e utópica pensava Luís. Como nele o ditado que afirma que é a ultima a morrer não fazia sentido, nele já tinha morrido há muito e ele não. Pelo menos não legalmente. Luís não sabia bem o que o confortava mais, se é que se pode falar em conforto, naquele conforto que obtemos quando por momentos nos esquecemos que estamos desconfortáveis. É isso talvez. A morte de um paciente, de uma vida, os olhos dos familiares e amigos a adivinhar o que ele vai dizer quando aparece ao fundo no corredor para lhes dar noticias da operação. Sabem sempre logo, não acreditam ainda mas sabem. Nem depois de ele dizer aquelas palavras que ele já ouviu também, acreditam. Demora tempo a aceitar a morte de um ente querido, demora o tempo que for preciso, o tempo que a nossa mente necessita para substituir a ultima memória viva da pessoa, alegre quase sempre, por uma lápide mental, um jazigo cerebral. Só quando isso acontece acreditamos que é de facto verdade, que não há volta a dar, que não existe nenhum mecanismo de mudar o que é real. Antes, há mais de 10 anos atrás, esta era a parte que lhe custava mais, ver o sofrimento na cara destas pessoas, muito mais do que o peito aberto com o coração parado, mil vezes mais, a dor profunda de quem ama e perdeu. Os abraços entre os que cá ficaram, as lágrimas acumuladas nos ombros, as palavras de conforto que ele não podia dar. Eles ainda diziam por vezes “obrigado por ter tentado tudo o que era possível". Que generosidade de alma dizer isso, não o culpar mesmo sem culpa, não fazer dele o responsável, tal como quem acredita em Deus nunca o faz responsável pelo que de mal acontece. Milagre é bondade de Deus, tragédia é Deus a escrever direito por linhas tortas, na sua eterna sabedoria e bondade. Luís detestava a ideia de Deus, não lhe fazia o mínimo sentido, nem podia, quem abria, cortava, rasgava, partia, cosia, curava, eram as suas mãos e os seus utensílios. Deus não era para ali chamado, se o fosse ele não precisava de trabalhar. Isto tudo era antes. Agora, a angústia, dor e sofrimento destas pessoas quase que maqueavelicamente o consolam, um conforto mórbido no sofrimento dos outros que o fazem esquecer o seu por momentos.

(há-de continuar...)
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21 de junho de 2013

Está na hora!


Tirem 5 minutos e leiam o texto/poema. Não sei se está alguma coisa de jeito. Para mim está, mas isso também os pais de crianças feias dizem que elas são a "coisa mai linda" deste mundo.
Por isso é que preciso que leiam e me dêem as vossas opiniões!


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20 de junho de 2013

Pontos de vista


Os diferentes pontos de vista numa manifestação. Foi escrito a propósito da manifestação de 15 de Setembro do ano passado. Mas tenho a sensação que poderá ser reutilizado este ano.

--O reformado--
Assisti a uma revolução bonita há mais de 35 anos. Um revolução que prometia mundos e fundos. Onde não houve sangue. Já tinha havido antes que chegasse. Sangue de quem não merecia que se lhe tirasse nem uma gota talvez. Mas foram-nos roubando as promessas de Abril e aqui chegámos. Aqui em frente da assembleia mostro a minha indignação pelo que me têm roubado e me querem roubar. Pelos anos todos que trabalhei para este país enquanto sucessivos governos foram fazendo o que sempre soubemos fazer melhor, esbanjar no que não interessa e culpar os pequeninos. Já nem tenho forças para atirar uma pedra como aqueles malucos ali a frente. Nem acho que a violência resolva nada, mas às vezes ajuda. Há que lutar como nos deixarem, se não nos ouvem que nos sintam na pele. E aquelas bestas ali fardadas a enfardar em quem passa ou sem passar aparecem-lhes pela frente. Deviam estar do nosso lado como antes foi.

--Eleitor comum--
Enganou-me bem este Passos Coelho. Já o Sócrates me tinha enganado. Parecem tão boas pessoas antes de irem para o poleiro depois vai-se a ver são todos iguais. Na próxima não me apanham eles, vou votar PS outra vez ver se isto muda que este Passos Coelho só nos quer roubar. Até já começo a gostar mais do Seguro.

--Polícia pai de família--
“Parem com essa merda caralho! Ó Antunes protege-me aqui com o escudo”. Cabrões a tentarem foder-me com pedras da calçada. Mas não os censuro, infelizmente faço parte do que os deixa revoltados. Queria estar daquele lado. Para a próxima estou ali caralho, não me apanham aqui de escudo e capacete. Estes filhos da puta que protejo também me estão a roubar e o meu papel é apanhar quem rouba inocentes. Mas e as contas para pagar? E os filhos para sustentar? Não sei fazer mais nada. Devia ter estudado mais. Se calhar estava desempregado mas estava ali a lutar. E daqui a bocado já sei que vamos ter que ir lá. Vou ter que distribuir bastonadas a torto e a direito. Que merda de profissão às vezes. Já sei que vou acertar num ou outro, numa ou outra, numa criança se calhar, que não tem nada a ver com isto. Mas tem que ser, se vamos é para partir tudo, se não não nos respeitam e partem-nos a nós.

--Anarquista--
Isto hoje é que vai ser, tenho desculpa para partir tudo, mandar uns calhaus na bófia, incendiar isto e aquilo. Isto só vai lá assim é a partir tudo. Porque aquele gajo do ministro da economia “Como é que se chama o gajo ó Cajó? Não sabes? Foda-se nem eu.” Mas sei que nos anda a roubar. A mim não me roubam nada que ganho por fora, mas um dia nunca se sabe. Vamos é partir isto tudo que hoje temos desculpa. 

--Jovem--
Fizeram os meus pais sacrifícios para me pagar os estudos. Estudei 17 anos e agora ninguém me dá emprego. Tirei um curso superior e querem-me pagar 600€ por 10 horas de trabalho por dia sem perspectivas de carreira. Puxaram-me o tapete. Enganaram-me bem com a merda do futuro. Ninguém tem mão nisto. É preciso sangue novo, é preciso povo a gerir o povo não é esta classe de governantes que nunca fez nada na vida a não ser ser político. Se isto é ser político realmente basta uma equivalência porque não é preciso saber grande coisa. Estou farto. Não consigo sair de casa dos meus pais. A minha mãe ficou sem emprego, o meu pai já reformado estão-lhe a ir ao bolso. Que filhos da puta. E aquelas bestas ali em vez de estarem do nosso lado estão a proteger aqueles cobardes. Vou preso, que vá. Mas vou mandar-lhes uma pedra no focinho porque só está ali quem quer. 

--Governante--
Olha para este povinho a atirar pedras e a fazer greve em vez de estarem a trabalhar como eu estou. Se tivessem estudado como eu e feito amigos como eu fiz podiam ter uma boa vida. Só se queixam e não fazem nada. Há que fazer sacrifícios. Nos andamos aqui a gerir isto, a trabalhar no duro e estes que não fazem nada nem querem ajudar. Cambada de povo ingrato. Bem vou mas é preparar o discurso, que não tarda vem entrevistar-me e convém é dizer que ainda não vi imagens nem vi nada para dar uma de ocupado de não dar importância a estes filhos da puta que não querem fazer nada.

--Os outros polícias--
Uga Uga. Olha-me esta ruiva boazona a abraçar-me. Isto de ser polícia é que é bom!

Há muitos pontos de vista, mas devia haver um em comum, é que somos quase todos pessoas e estamos uns contra os outros.
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19 de junho de 2013

Ó mães, um miúdo na escola diz que vocês são lésbicas!


Com o tema da co-adopção lembrou-se tudo de repente que ainda existem gays e lésbicas.
Lembrou-se tudo que eles já podem casar "Queriam casar e agora querem adoptar? Não tarda querem os nossos direitos todos!", como se os direitos fossem ou de uns ou de outros, não se pudessem partilhar.

Como em muitos assuntos, o casamento homossexual passa-me ao lado. E passa-me ao lado porquê? Porque não me interessa quem casa ou deixa de casar, com quem o faz ou onde o faz. É-me indiferente. Querem casar? Casem. Não tenho nada a ver com isso, nada de nada.
Mas atenção, acho é que não deveria ser possível um casal homossexual divorciar-se. Tanto alarido para se casarem e agora querem divorciar-se? Era o que faltava! Casadinhos aí até que a morte vos separe! Que jurar amor eterno em falso é pecado, e sabendo-se já que Deus não gosta de homossexuais, estar a coleccionar pecados não me parece boa ideia!
Eu por mim as pessoas até se podiam casar com animais, objectos inanimados, seres imaginários, ou unicórnios que defecam arco-íris, o que fosse, o que tenho eu a ver com isso? O que temos nós a ver com isso? Afecta-nos ZERO! Deixem as pessoas ser felizes e façam pela vossa vida, que para andarem com mesquinhices é porque não anda muito bem.

Mas devo dizer que não percebo um homem que goste de homens. No entanto entendo muito bem uma mulher que gosta de mulheres (excepto aquelas camionistas). Mas também não entendo como se gosta de peixe espada cozido e não se gosta de bacon frito. Está no mesmo patamar. E quantas vezes me aborreço por alguém não gostar de bacon? Zero. Mais bacon para mim.

A adopção de crianças por casais do mesmo sexo é um assunto diferente. Primeiro: porque não tem nada a ver com os direitos dos homossexuais. Tem apenas e só a ver com os direitos das crianças. Quem disser que quer adoptar porque é um direito que tem, já está a descer na minha consideração. Seja Homo, Hetero ou Bi ou sagitário. Sim porque a orientação sexual, a meu ver, é tão relevante como o signo do Zodíaco, no que respeita a rotular uma pessoa: Não é relevante.
Segundo: Não há segundo, a única questão é mesmo a anterior.

Há quem diga que não está provado que uma criança cresça equilibradamente num lar homossexual. Há quem diga que estará certamente melhor do que numa instituição.
Eu cá, acho há muito tempo que ter um filho, seja de que forma for, não deve ser um direito adquirido, deveria haver testes psicológicos rigorosos para se trazer uma criança ao mundo.
"Desculpem, lamento informar mas os senhores não se qualificam para procriar, teremos que os esterilizar durante 2013. Janeiro de 2014 voltem cá para reavaliar."
"Mas porquê?"
"Derivado do facto de serem mesmo más pessoas, tratarem mal o vosso semelhante, de não terem o mínimo de sentido de responsabilidade, e como tal, o mundo não precisa de mais uma criança mal educada que se tornará num adulto igual a vós, ou seja, que mais valia não existir"
Muito radical? Talvez...

Voltemos aos direitos das crianças. Não me preocupa se o casal homossexual ama menos a criança ou tem menos capacidade para cuidar de uma. Tenho a certeza que irá amá-la de igual forma e que se dedicará tanto ou mais como um casal hetero. A questão não é essa. A única coisa que me preocupa é o que a criança vai sofrer na escola, com as outras crianças todas a fazer pouco dela, (parece que se chama bullying agora) por ter dois pais ou duas mães. Mas aí o problema não é do casal homossexual que adoptou, é de todos os outros pais heteros que não souberam educar correctamente os seus filhos.
Mas certamente há um ponto positivo, que é o facto da co-adopção libertar a criança de uma das perguntas mais ingratas que se pode fazer a um petiz "Gostas mais do pai ou da mãe?"
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17 de junho de 2013

O professor e o médico



Nunca vi ninguém, num discurso, após vencer qualquer tipo de prémio ou distinção, agradecer aos professores que teve, ou a algum em particular. Porquê? Ouve-se muita gente dizer que a educação é a base de tudo, mas no entanto, idolatra-se um médico e não um professor. Porquê? Porque um médico salva vidas?  

Um médico pode salvar da morte mas um professor pode salvar de uma vida de ignorância. 

O que é mais importante? Será por vermos no médico uma imagem quase de Deus e já se sabe que com Deus não se brinca nem se questiona? É certo que há professores maus. Péssimos! Há muitos professores que não sabem lidar com pessoas, mas há também maus médicos. Há péssimos médicos! Há médicos que só o são pelo estatuto e dinheiro. Porque tinham boas notas e os pais queriam um médico na família. No entanto não se toma a parte pelo todo como é feito em tantas outras profissões, como por exemplo nos professores.

Tive excelentes professores mas também tive outros que nem esse título deveriam ter. Tive professores que ensinaram mas que sobretudo educaram. Tive professores que se preocuparam e que agiram. Tive professores que me repreenderam mas que sobretudo me valorizaram. Professores que me fizeram sentir que não era apenas mais um, que era especial. A mim e a todos. 

Em alguns países (Finlândia por exemplo), os professores são o topo da hierarquia das profissões mais valorizadas. Faz sentido já que todos nós vamos lidar com eles, muitos e bons anos, os melhores anos da nossa vida. Enquanto com os médicos, se tudo correr bem é vê-los o menos possível. Até porque o mais provável e que quanto melhores forem os teus professores melhores serão as hipóteses de puderes pagar a um bom médico no futuro. Ah e é óbvio que sem professores não haveria médicos, enquanto que sem médicos continuaríamos a ter bons professores. Morriam era mais cedo.

Em tempos se calhar tiveram muitas regalias, muitas férias, ordenado à hora maior que a maioria. Se calhar sim. Mas era merecido para quem levava a profissão a sério. É triste ver que as pessoas por vezes estão mais interessadas em que os outros fiquem com menos direitos, para ficarmos todos equiparados, ao invés de subir os direitos de quem tem menos e ficarmos assim em igualdade.

Não só a hierarquia está trocada, como dentro do ramo do ensino isso acontece. Não percebo porque se valoriza um professor universitário de forma que não se vê um professor primário ser. Valorizo tão mais um professor que tem a responsabilidade de ajudar a moldar uma personalidade durante 4 anos, todos os dias, do que um professor Universitário que só entra nas nossas vidas 6 meses a ensinar para uma plateia e não para indivíduos  Muito menor a responsabilidade. Também os há excelentes, mas é mais fácil disfarçar quando são maus.

Por isso faz-me muita confusão ver tanta gente contra os professores. É certo que todos estamos fartos de ver o senhor de bigodinho a falar na TV, mas ao menos é de louvar que sejam uma classe unida e que luta. Não dá em nada já se viu, mas lutam. Com sol e chuva, enquanto outros ficam a queixar-se na esplanada com uma mini na mão. Mas puseram-nos uns contra os outros. Conseguiram colocar-nos a todos nós que temos razões de queixa a reclamar uns contra os outros. É impossível protestar, sendo por greves ou por outras formas, sem entrarmos no quintal uns dos outros. Mas ninguém quer ver as suas flores esmagadas por um bem maior.

Um dia, quando nos sobrarem maus professores, que não se preocupam, que não repreendem nem valorizam, que não ensinam, só debitam. Se esse dia chegar seremos todos mais pobres. Até podemos ser todos médicos, mas seremos mais pobres.
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15 de junho de 2013

Para ser palhaço tem que se trabalhar


Ofender, ainda que ao de leve (tipo festinha com força), o Presidente da República pode dar direito a tau tau e castigo. Sabiam? Se calhar desde o comentário do Miguel Sousa Tavares e agora de um senhor que teve que pagar 1300€, poucos de nós estavam ao corrente disso.

Eu acho a lei ridícula mas se existe é para ser cumprida. Mas se é para ser cumprida é em todos os casos, e não só em alguns para meter medo e fazer deles exemplo. É como bloquear um Renault 19 com 20 anos e deixar o Mercedes novinho que está ao lado, igualmente mal estacionado, sem uma multa sequer.

Mas compreendo a multa de 1300€, já que me parece-me realmente ofensivo mandar um idoso trabalhar. É não ter respeito pelos mais velhos, que trabalharam a vida toda e que ainda por cima vivem com uma reforma com a qual se vêem Gregos (ou Tugas) para pagar as despesas.
Mas agora num tom mais sério, "Vai trabalhar" parece-me, não uma ofensa mas uma preocupação com o estado do país e até da saúde do nosso presidente. Quantas vezes já se ouviram idosos a dizer que "parar é morrer" ou que "trabalhei toda a vida e por isso é que tenho esta saúde de ferro"?

Relativamente ao comentário do Miguel Sousa Tavares, discordo, já que existem bastantes diferenças.
Um palhaço só tem piada enquanto é de dia. Encontrar um palhaço num beco depois do sol se pôr é tudo menos cómico! Com o Cavaco é parecido, a diferença é que mesmo de dia ninguém quer dar de caras com ele.

E agora pergunto, e se se ofender o candidato e não o presidente? Do género, pela altura das eleições: "Este candidato Cavaco é um grande palhaço! O presidente Cavaco não! Esse é impecável! Mas como candidato... BUHHHHH" Com um bom advogado um gajo safa-se de certeza. Deixo para alguém experimentar.

Se o Cavaco tivesse sentido de humor, no próximo comunicado ao país aparecia vestido de palhaço e dizia "Portuguesas e portugueses, estou aqui a trabalhar como se não houvesse amanhã, que até já tenho calo nos dedos de apertar esta flor que esguicha."

Era gajo para ficar a gostar um bocadinho dele.
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14 de junho de 2013

A arte de mal tratar



Estive a ver um programa que me impressionou. Era um programa sobre tortura animal, onde homens e mulheres se exibiam sangrando feras inocentes. O mais estranho é que naquele país é uma tradição antiga que continua a atrair muitos espectadores ao recinto onde tais actos de brutalidade se executam. Bilhetes pagos a peso de ouro mas sem peso na consciência.
O país era o nosso, e a tradição parece que se chama Tourada. Tudo isto num canal de nome saído de uma capa de filme pornográfico, Festa Brava.A julgar pela quantidade de palhaços nas bancadas pode-se considerar um circo, e eu a pensar que circos com animais já não eram permitidos.

Isto a propósito da notícia que ficou viral esta semana em que várias imagens de cães a atirarem-se a um toiro, que foram explicadas da seguinte forma por parte do agente do toureiro "amante de animais" (só se for os da raça dele, digo eu): "Os cães estão a ladrar para assustar a vaca. Não estão a morder porque se trata de gado manso que se assusta com o ladrar dos cães" - explicou o inteligente.
Já o imagino a ser apanhado pela mãe a ver porno e dizer "Não mãe, ele foi mordido ali por uma aranha, aquilo inchou e ela está a chupar-lhe o veneno como se não houvesse amanhã, repara como já está meio roxo da gangrena e não tarda sai pus!" E a mãe, que para ter dado à luz um animal destes, também não deve primar pela inteligência, lá acredita na explicação.

A tourada é um assunto já tão debatido que me choca ainda não ser proibido.
É sinal que depois de debatermos e debatermos uma coisa que é clara como a água, continuamos na mesma. E isso diz muito da nossa sociedade.
Já o Gandhi dizia "A grandeza de uma nação e do seu progresso moral pode ser julgada pela forma como trata os animais".

"Mas tu não comes carne?" é o argumento mais comum entre os aficionados da tauromaquia. Ao que eu respondo que sim mas que não pago 50€ para ir ao matadouro regozijar-me com a morte do bicho e antes disso andar a fazê-lo sofrer.

"Ah se não a fosse a tourada o toiro bravo podia já estar extinto" é outro argumento bem esperto. Mais valia estar extinto! 99% das espécies que já existiram até hoje estão extintas... e não fomos nós que as matámos todas, pois não? Então pronto, é deixar a natureza correr o seu rumo, já que impedir extinções para fazer sofrer os animais para gáudio de uma plateia chique, não me parece muito boa política.

Estou-me a cagar se é tradição, estou-me a cagar se dá postos de trabalho e estou ainda mais a cagar-me se a maioria gosta ou deixa de gostar. Se mantivéssemos todas as tradições só por respeito por elas, ainda queimávamos bruxas, fazíamos apedrejamentos na praça pública, entre outras que agora são consideradas bárbaras, e que a meu ver eram muito mais giras de se ver!

"Ai temos que ter respeito por quem gosta da tourada e não sei quê!" Então com todo o meu respeito, ide todos à merda, com respeito, mas ide se faz favor.
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1 de junho de 2013

O Puto vs A Doutora


Já toda a gente viu este vídeo do "puto" Martim a fazer um knockout técnico à Dra "não sei das quantas" não já? Pronto então vamos ao que interessa.
A Dra tem razão no que disse mas não era ao Martim que o devia dizer, muito menos da forma como foi e interrompendo o discurso dele. Vê-se que é culta e informada mas que é sobretudo parva.

O rapaz foi interrompido, por uma Dra que o quis enxovalhar enquanto ele estava a falar do seu espírito de iniciativa. Na minha opinião ele respondeu como devia, não quer dizer que ele ache que os trabalhadores que ganham o ordenado mínimo têm que se conformar, quer apenas dizer que a Dra devia ter estado calada e guardar o comentário para outra altura e dirigido a outra pessoa.

Ele podia ter respondido "Então e andas vestida ó minha porca? De onde vem essa roupa que tens no corpo e o iphone que tens na mala? E a comida que tens no frigorífico? Desde o agricultor ao rapaz de reposição de stocks ninguém ganha muito mais que o ordenado mínimo. És uma hipócrita e cheiras mal!" Podia ter respondido isto, mas não respondeu infelizmente. Tinha sido muito mais giro.
Balelas, isto está tudo na merda e a culpa é de todos. E se é de todos então não é de ninguém, já dizia o José Mário Branco. Estamos todos metidos no esquema. Cada um faz por si, uns safam-se melhor que os outros e outros ainda conseguem ajudar alguém pelo caminho.
O Martim pelo menos não é mais uma ovelha que segue o caminho dos demais. E só isso é de louvar. Se fosse a traficar droga ou na prostituição era de louvar na mesma o espírito de iniciativa. Não quer dizer que aprovasse, mas era de louvar na mesma.

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