É dia de mais uma consulta "Doutor G explica como se faz". Vamos lá começar isto à bruta, sem saliva nem nada.
Olá Doutor G. Ando aqui a tentar decifrar a linguagem de um homem (eu sei que existem muitas mulheres que pensam da mesma forma que eu!). Aqui vai a explicação: Tenho um melhor amigo que está na minha vida há 11 anos. Tínhamos 13/14 anos namoramos (namoros de miúdos, que acabou sem nenhum de nós se lembrar da razão). O problema é que sempre passámos férias juntos, sempre fomos muito próximos, sempre com indirectas sexuais ( que eu sempre achei ser na brincadeira) mas nunca existiu contacto sexual. Mas há pouco tempo (já com meia garrafa de Jack Daniels) acabámos por nos envolver de forma sexual. Admito que amei e que depois dessa vez começamos a fazer isso cada vez que estamos juntos. Nunca fomos capazes de nos envolver sem estar com um pouco de álcool. Fizemos um acordo de que era sexo sem compromisso e principalmente sem estragar a nossa amizade. Passado alguns meses encontrei um rapaz que me enchia todas as medidas. Que eu queria imenso dar uma voltinha. E dei. O meu melhor amigo (claro que o informei antes de saltar para fora do nosso barco) não achou muita piada. Quando acabei de dar a volta com esse rapaz voltei a enrolar me com o meu melhor amigo. Mas ele nunca mais voltou a ser o mesmo. Ficou mais distante, está dias, semanas sem me dizer nada. E eu não consigo perceber a intenção dele para mim. E muito menos consigo perceber porque só conseguimos estar juntos quando existe álcool à mistura. O Doutor pode me ajudar?
IC, 24, Porto
Doutor G: Cara IC, realmente o João Daniel é um gajo tramado, sempre a incentivar as pessoas a tirarem a roupa e praticarem a antiga arte tribal do recheio do perú bêbado. Claro que ele não gostou, ele é homem e tem sentimento de posse sobre todas as suas conquistas. Na cabeça dele, ao quereres dar uma voltinha com outro é porque ele não dava conta do recado. Sentiu a sua masculinidade ferida. Pode ter sido apenas isso ou porque ele tinha outros sentimentos e queria algo mais sério. Só Deus saberá, mas Deus é um gajo que não conta nada a ninguém. É uma porteira invejosa. Se voltaram a velejar o barco com velas de lençóis mas ele parece estar mais distante, é porque não se quererá envolver para depois te ver a cair nos braços de outro. Daí só se degustarem quando estão temperados em vinha de alhos, altura em que o cérebro dele desliga e o sangue aflui todo para a zona das virilhas. Os homens já não pensam muito, bêbados e com pipi à frente ficam acéfalos da parte de cima. O melhor que tens a fazer é perguntar-lhe: "Ouve lá, ó meu, tu queres sacudir-me as peles ou queres dar-me mimos na alma?". Seja o que for, e porque calculo que tu não sintas mais por ele, caso contrário não terias saltado do barco para aterrar de boca no colo de outro, a vossa amizade nunca mais será a mesma. With great sex, comes great responsibility, já dizia o tio avô do Homem-Aranha. Já agora, espero que o teu nome não seja IC em alusão à IC19, onde há uma pára-arranca constante e onde ninguém entra com vontade.Caro Dr.G, sempre fui um comedor nato e embora tenha que o negar perante a minha namorada, eu orgulho me muito de ter espetado a minha bandeira em metade da população feminina desta minha linda cidade, qual Neil Armstrong na lua. Isto foi feito entre os meus 15 e os meus 18 anos e acabou há cerca de 6\7 meses quando conheci a minha atual namorada. Ela é podre de boa, inteligente (se bem que o QI perante tais atributos passa para quinto plano, não é). É uma javarda na cama, na cama e no resto da casa porque com ela já estriei as divisões todas, grita como um Javali, e atinge uns 5 orgasmos por sessão. Não podia ter arranjado melhor. Então porque raio estás aqui, homem? pergunta você. Muito simples, ela pode foder como uma Deusa Grega (sem a crise), mas na hora do afeto.... Ela não diz que me ama sem que eu o diga primeiro, e quando não me responde "eu também", responde me com um "amo-te" tao seco que seria uma excelente solução para o problema das cheias de Lisboa. Não diz que me ama, só contou de nós a uns 10 amigos, e o que me dá mais comichão na moleirinha é que ela com os seus ex não era assim.
então eu desenvolvi teorias:
-ou só me quer comer
-ou me anda a trair
-ou é só estupida da cabeça e tem uma disfunção qualquer que a torna bipolar
Digo que se só me quiser comer, por mim é na boa, poupa me trabalho, afinal é mais fácil gerir comida que namoro, e acredite que eu gosto mesmo da rapariga; Se me andar a meter os cornos não me vou atirar da janela, até porque ela me deu um par de cornos e não de asas; Então o que mais me atrapalha é mesmo a hipótese de ela ter um problema de bipolaridade ou de mau feitio ou de falta de afeto por algum trauma antigo. Já lho perguntei e ela só me disse que não era nada, que não sabia porque era assim comigo, eu como forma de agradecimento por tal resposta espetei a minha bandeira na lua dela. Diga me Dr, o que acha que se passa ali naquela cabeça?
Anónimo, 20, Guarda
Olá Dr.G, estou-lhe a escrever porque tenho gostado do que tenho lido. Estou a ter um "caso" com um rapaz da minha idade, ele é estrangeiro mas quer ficar por cá. O que eu quero saber é se ele está a ficar interessado em mim, ainda não temos seis meses juntos, damo-nos bem e de vez em quando faço-lhe algumas surpresas que eu sei que ele gosta porque se nota bem pela sua reação. O meu "problema" aqui é se ele está a gostar de mim como eu estou a gostar dele. Vou passar a explicar para que seja mais fácil. Ele é uma pessoa um pouco diferente de mim, enquanto eu sou muito genuína e mostro o que estou a sentir na hora e tento sempre fazer coisas engraçadas e saudáveis para a nossa relação, ele é mais de se habituar às situações e não é tão iterativo, às vezes sinto que eu é que faço tudo No entanto ele dá-me justificações se por acaso algum dia eu queira combinar alguma coisa e ele não possa, está sempre preocupado comigo se eu for viajar e pergunta-me sempre como estou e assim. Às vezes vamos ao cinema, jantar juntos entre outras coisas e estamos bem na nossa relação. No inicio veio-me com uma conversa que não sabia bem o que eu era para ele se isto ia ir para a frente ou não, que com as outras raparigas ele soube sempre se tinha futuro ou não mas que comigo não conseguia saber nada disso e que não sabia se estava preparado para ser namorado de alguém, no entanto já passaram dois meses depois dessa conversa e continuamos muito bem, damo-nos super bem e tudo mas quando é para fazer alguma coisa ou para decidir alguma coisa sou sempre eu que tomo a iniciativa. Será que é dele ou será que não está interessado em mim? Ou será que eu é que estou habituada a outro tipo de homem e me faz confusão ele ser tão calmo? Não me posso esquecer que os amigos dele sabem que eu existo e até me apoiam para o incentivar numa relação, mas eu também não gosto de pressionar as pessoas e nem costumo falar nessas coisas, apenas deixo as coisas irem andando, mas fiquei um pouco de pé atrás com aquela conversa e tenho medo de estar a começar a apaixonar-me por uma pessoa e essa pessoa não sentir o mesmo por mim. Já os meus amigos sabem que ele existe mas só por alto não sabem que andamos a ter encontros com jantares e a ir ao cinema e coisas do gênero, apenas sabem que ele existe nalgumas noites, Não que eu não queira contar mas sou um pouco reservada nessas coisas e só gosto de falar quando as coisas estão mais serias mas como eu não tenho a certeza dos sentimentos dele ainda não disse nada, embora me pareça que as coisas estão cada vez melhor, mas não me quero iludir. Depois deste testamento o que acha disto tudo, para além de que eu falo muito.
Anónima, 24, Covilhã
Caro Dr. G, já se viu no meio de um triângulo amoroso? É o que me está a acontecer... Mas o problema foi que eu o criei! Há coisa de um ano e meio comecei a namorar com um rapaz, mas a nossa relação era um bocado tóxica, discutíamos por tudo e por nada e depois fazíamos as pazes com sexo... Terminou e eu segui em frente! Envolvi-me com um rapaz mais velho que eu e agora tenho uma relação muito estável, demasiado até o que me aborrece! No meio disto tudo, reencontrei o meu ex e dei-lhe uns beijinhos só para ver se sabia ao mesmo.. E agora não sei o que fazer porque sinto saudades do ex! Um é putanheiro o outro é santo, eu sou parva! Qual escolho?
Anónima, 18, Coimbra
Caríssimo Dr. G, muito boa tarde, venho por este meio recorrer aos seus préstimos de orientação pessoal (e sexual) e conselhos jabardos sem rodeios. Sou um rapaz de 25 anos, filho único, proveniente de uma boa família (bastante conhecida na zona onde vivo, muito católica e com alguma liquidez financeira) que tem como melhor amigo um rapaz da mesma faixa etária, gay.
Ao fim de algumas (3) relações héteros falhadas, vejo-me numa curva algo sinuosa, com uma bifurcação ao fundo, à qual não sei se devo/quero ceder:
a) Conheci há pouco tempo uma rapariga muito ‘interessante’ (psíquica e, sim, fisicamente! Da minha área profissional), com quem tenho falado bastante e me identifico (só não estamos mais próximos porque vivemos a alguma distância) – perfeita para uma relação séria, para apresentar à família e até, quiçá, procriar no futuro;
b) O meu melhor amigo acha que depois destes falhanços no campo afetivo eu devo experimentar, sem compromisso, ‘o outro lado da moeda’ e ofereceu-se apara me ajudar com isso.
Eu não me imagino a ter (nem assumir) nenhuma relação do género, porque acima de tudo sou uma pessoa bastante discreta e que detesta todo o tipo de trejeitos ‘mariconços’. Porém, o meu amigo é, aparentemente, ‘muito macho’ e diz que eu devo encarar a sua oferta como uma nova experiência de vida.
O que fazer? Continuar ‘menino certinho’ e investir na relação hétero (que não me trará chatices, nem grandes aventuras)? Ou ceder (ao que tenho evitado) e arrepender-me mais tarde (correndo o risco de me sentir mal comigo próprio)?
Gustavo, 25, Granja
Doutor G: Caro Gustavo, para estares sequer a ponderar enveredar por uma relação homossexual, é porque no fundo, tens um desejo antigo de jogar ao esconde a morcela com um homem. Nada de mal nisso, até te incentivo a fazê-lo, porque me parece que estás com dificuldade em sair do armário e, quando o fizeres, serás muito mais feliz. Dizes que te vês numa estrada com uma bifurcação ao fundo, mas parece-me que essa bifurcação não é o que tu mais aprecias e preferes uma estrada de um único caminho. Para quem não percebeu, isto era uma metáfora para as diferenças anatómicas em termos de genitália masculina e feminina. Tu manda-te de cabeça e veste o maiot para praticar luta greco-romana com o teu amigo ou outro gajo qualquer. Não tens nada que te sentir mal contigo próprio, se cedeste à tentação é porque era o que o teu íntimo pedia e não há nada pior do que não sermos verdadeiros e honestos connosco próprios. Sai do armário pá! Ainda por cima se for um do IKEA diz que são perigosos se não estiverem pregados à parede. Já sabes é que depois disso nunca mais vais poder dar sangue.Querido Doutor G, conheci há uns meses atrás um rapaz pelo qual me interessei imediatamente. Depois disso adicionei-o nas redes sociais, conversa puxa conversa e começámos a falar quase diariamente. Tudo muito bem mas, e há sempre um mas, ele tinha namorada. Entretanto e depois de muitas complicações e muitos ''quero-te mas não te posso querer'' ele lá acabou com a namorada, pela qual já não sentia nada sem ser amizade. Chegámos a encontrar-nos mas nunca chegou a acontecer nada, não por falta de vontade mas porque ambos queríamos ir com calma. A conversa continuava a ser diária e mostrávamos cada vez mais interesse um no outro mas há cerca de uns dias estamos mais afastados, as mensagens já não são regulares e sinto que está a perder o interesse em mim. Será que devo desistir dele e partir para outro ou acreditar que é normal porque anda mais ocupado e que ainda vamos ter muito forrobodó? Anseio pela resposta Doutor, e desde já obrigada.
Carolina, 19, Porto
Caro Doutor G, tenho um amigo casado que foi trabalhar para Angola há 2 anos mas a mulher dele ficou em Portugal. Ele volta a Portugal de 6 em 6 meses e, tendo chegado na semana passada, a mulher fez-lhe uma agradável surpresa anunciando que está grávida de 7 meses e meio! O meu amigo não é lá muito bom a matemática, por isso pediu-me para perguntar ao doutor se o filho irá nascer com o signo Leão ou Virgem. Desde já agradeço o seu esclarecimento.
António, 34, Luanda
Doutor G: Caro António, claramente o filho irá nascer Virgem, a não ser que seja prematuro. O teu amigo vai passar a ter ascendente em Touro. Ou isso ou ela guardou os girinos dele num boião para se inseminar a ela própria com um saco de pasteleiro, só para testar a confiança dele. Ele é tão ceguinho, que se o filho nascer mulato, ele vai pensar que é porque esteve a trabalhar em Angola.Olá dr. G, espero que esteja tudo bem consigo e com o seu sósia! Eu sou uma rapariga bastante romântica que acredita em almas gémeas e que acha que só devemos ter relações sexuais com pessoas que realmente gostamos! O problema é que eu não tenho sorte nenhuma nessa merda que é o amor e sinceramente já começo a ter medo de morrer virgem! A minha questão é a seguinte, o sr dr acha que devo esperar por uma pessoa especial para me entregar pela primeira vez ou devo "cagar" para os valores que tenho e fazer sexo com a primeira pessoa com quem eu tiver vontade (atenção que eu não disse com a primeira pessoa que aparecer)?
M, 19, Guimarães
Olá Dr.G, nunca fui muito sabichão com as raparigas nem muito sociável, mas no secundário lá consegui arranjar uma namoradita, até ao ano em que entrei na faculdade (parece comum a toda a gente, entre-se na universidade e os problemas aparecem logo o.O) e a minha relação começou a ir a baixo, não sei se era eu ou ela, mas muito sinceramente eu já não estava para aturar. Entrei em engenharia informática e como é mais que sabido aquilo é a festa da mangueira, fêmeas nem vê-las, mas curiosamente, no meu ano entraram algumas bem jeitosas e bonitas (nada de se deitar fora diga-se), com o passar dos tempos, trabalhos em grupo e o caraças, lá me aproximei de uma delas, até que o 1o ano acabou e chegou o verão, e foi ai que as coisas começaram as descambar de vez, a relação nem sei porquê que não acabou e eu aproximei-me de vez da minha colega (refiro-me como colega para diferenciar as duas) de faculdade, íamos à praia juntos, uns passeios sem ninguém saber e por aí fora, até que se passou mais meio ano (+/-) e finalmente tive uma luta grego romana debaixo dos lençóis com a minha colega (sim infelizmente ainda namorava, mas a minha colega pensava que não, aliás, ela fez questão de nós só termos algo quando eu acabasse com a minha namorada, mas mentira atrás de mentira, lá acabou por ficar a pensar que eu já não namorava). Como se estes já não fossem problemas que cheguem, não ser capaz de acabar uma relação que já devia ter acabado à muito tempo (muito sinceramente não faço ideia porquê, tanto sinto "a falta dela" como não), como andar a enganar uma rapariga excelente, esta situação continua até aos dias de hoje, e com isto já vou com quase 7 anos de namoro e 2 e meio de traição sem que nenhuma saiba da outra. Sempre fui apologista da ideia de "se arranjas-te outra enquanto tens namorada e tens dúvidas sobre se escolher alguma, escolhe a segunda, caso contrário não a tinhas arranjado", mas o pah, não sei, deve ser do hábito, mas a namorada é só merdas e problemas que não lembra nem ao menino jesus, e a colega, é incrível, incluindo debaixo dos lençóis, e não tenho ponta por onde lhe pegar relativamente a pontos negativos, mas não me consigo decidir entre nenhuma, apesar de estar bastante inclinado para a minha colega. O que raios devo fazer? Não se poupe nas palavras/insultos, até eu sei que os mereço.
C.A. Algures
Com tantas dúvidas que ando a receber, estou a ponderar ter duas edições semanais do consultório. O que acham? Era giro ou o que é de mais enjoa? Deixem a vossa opinião e eu logo decido. Obrigado a todos e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com.
Partilhem e façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.