20 de maio de 2015

Se calhar as bastonadas foram merecidas...



Bem, eu não ia falar sobre este assunto porque ao ler o título de uma notícia em que aparecem as palavras Guimarães e agressões, pensei que fosse mais uma notícia sobre o Carrilho. Mas como não gosto de tirar conclusões apenas dos títulos lá percebi que afinal tinha sido a polícia a distribuir fruta em Guimarães e no Marquês a torto e a direito. Não me choca nem um pouco. Porquê? Porque é normal. É ao que a "nossa" polícia nos tem habituado desde há muitos anos para cá. Devo confessar que e
u não gosto de polícias. Tenho problemas com a autoridade principalmente porque não os posso agredir quando são arrogantes para mim. Não gosto de fardas, sejam elas quais forem a não ser quando são utilizadas para fazer safadezas no quarto. As fardas servem para intimidar e são sinal de formatação e de falta de incentivo para questionar a autoridade por parte de quem as usa, o que é bastante irónico.

Não estou sozinho neste pensamento, infelizmente ninguém tem especial apreço pelos polícias em Portugal e os principais responsáveis por isso são os pais que dizem às crianças "Olha que eu chamo a polícia", quando querem que elas se portem bem. Vão-nos enraizando que os polícias existem para nos manter na linha e não para nos proteger e ajudar. Lembro-me perfeitamente de quando o meu irmão tinha cerca de 2 ou 3 anos, estarmos com os meus pais numa esplanada e para ele tomar Ultralevur (sim estava de caganeira), cujo sabor ele detestava, os meus pais utilizaram essa frase mesmo quando passava por nós um polícia. O meu irmão bebeu aquilo mais depressa do que um traficante enfia bolotas no cu ao ver uma operação stop ao longe. O polícia chegou ao pé de nós e disse amavelmente e com um sorriso sincero "Peço desculpa por estar a incomodar, mas por favor não diga isso à criança, é por isso que ninguém gosta de nós..."

Escusado será dizer que ao chegar-se perto, fez com que o meu irmão se encolhesse e se borrasse de medo. Literalmente.

Bem, falemos então do caso de Guimarães. Há aqui as seguintes hipóteses:
  1. O senhor que levou umas lambadas está a dizer a verdade e não fez nada de mal, apenas questionou porque não podia estar ali.
  2. O polícia mauzão está a ser verdadeiro e realmente o senhor cuspiu-lhe na cara sem que nada o justificasse.
  3. Estão os dois a mentir e houve ofensas de parte a parte.
Seja qual for a vencedora, nenhuma das três justifica a acção da polícia e em nada tem a ver com lá estar a criança ao lado. É apenas e só porque a polícia existe para proteger e garantir a segurança dos cidadãos e não para contribuir para a violência. Mesmo que o outro lhe tenha cuspido, o polícia deveria ter-lhe dado ordem de prisão primeiro e depois tentado imobilizar, fazendo tudo para não recorrer à violência. Em vez disso decidiu sacar do cassetete com uma convicção de quem estava à espera daquele momento há muito, numa excitação a fazer lembrar um adolescente depois da namorada lhe dizer pela primeira vez que o pode tirar para fora para ela dar festinhas. Neste caso também a farda dele ficou suja, não de sémen mas de nódoas que envergonham todos os polícias competentes. Agora que já estamos em acordo que nada parece justificar uma atitude daquelas por parte do polícia, mesmo que tenha sido cuspido, vamos falar da outra parte da culpa, que nunca morre solteira. Deve um pai ir para o meio da confusão com um miúdo tão pequeno? Deve um pai ir confrontar a polícia de mão dada com o seu petiz? Poder pode, mas é parvo. Devia ter bom senso e meter o rabinho entre as pernas e ir embora, porque se quer ser herói e desafiar a autoridade, algo que eu valorizo, que o faça sem o filho pequeno ao lado. Se o ofendeu e/ou lhe cuspiu então ainda pior, claro. Resumindo, nada justifica aquela violência desmedida mas se calhar foi merecida. Perceberam? Não devia ter acontecido mas se calhar só se perderam as que acertaram ao lado. Perceberam agora? Tal como um pedófilo nunca deve ser morto ao pontapé nos tomates em praça pública, porque somos um país civilizado, mas se isso acontecesse era merecido. Volto a explicar: Se ele cuspiu merece um par de chapadas mas o polícia devia ter-se controlado e não as ter dado, tal como se um gato se pavonear à frente de um rottweiler treinado, este deve aguentar a vontade de o esfrangalhar todo, porque é para isso que foi, ou devia ter sido formado.

Dava-lhe depois uma sova na esquadra, longe das câmaras, como acontece todos os dias e já ninguém ficava escandalizado.

Espero que tenham percebido. Eu sei que parecem conceitos contraditórios mas não são. Agora voltemos à má fama dos polícias em Portugal onde, ao contrário dos Estados Unidos por exemplo, ninguém ou quase ninguém cresce com o sonho de ser polícia. Ninguém acha que ser polícia em Portugal é uma profissão de respeito e de valor, o que faz com que os polícias sejam mal tratados. Ganham mal mas acima de tudo são mal tratados porque têm pouca e má formação. Sei que me vão cair em cima por dizer isto, mas não é preciso ser muito inteligente para se ser polícia. Atenção que esta equação não significa que não haja polícias inteligentes, boas pessoas, sensatos e bem formados porque obviamente os há e muitos, mas que os testes que fazem permitem a entrada a pessoas a roçar o défice de aprendizagem patológico, isso permitem. Só assim se explicam tantas situações como estas. Eu tenho amigos tanto na PSP como na GNR e estou certo que vão concordar comigo, se é que conseguiram perceber. (É brincadeira, não me comecem a mandar multas para casa assinadas por Agente Charlie). Eu dou-lhes a atenuante da pressão, das más condições e disso tudo, mas se alguém que foi para polícia pelas boas razões, que são apenas e só fazer do país um local melhor e mais seguro, se quem vai com essas intenções sente que não aguenta e vai ter que ser mais um troglodita, então só tem que pedir demissão. Os verdadeiros e bons polícias devem ser os primeiros a não proteger nem compactuar com este tipo de colegas que têm a ideia errada do que é servir a população e quando digo servir é no melhor sentido da palavra. A vergonha deste tipo de casos não é para a polícia enquanto instituição, é para quem decidiu que iria dar o corpo para proteger, educar e ajudar os outros. Esses polícias bons é que estão a ser envergonhados e deviam exigir melhor formação, educação e critérios na selecção da nossa força policial. Aliás, o nome força policial diz tudo. Por alguma razão não é meiguice policial.

Para mim o pior ainda foi a atitude de alguns policias no Marquês e estou a referir-me a um que se vê nas filmagens a mandar as pessoas para o caralho e a colocar o bastão a fazer de pénis, convidando os adeptos do Benfica a sugá-lo. Nada, mas nada, nada, nada, mesmo nada, justifica que um polícia tenha esta atitude. Nunca um polícia pode instigar à violência e provocar um civil, mesmo que do outro lado esteja o maior mentecapto e excremento humano de sempre. Se fosse eu a mandar, este polícia dificilmente voltaria a vestir aquela farda a não ser para fazer festas de strip em bares gay. Há sobretudo uma coisa que não percebo, que é o facto de ele achar que é de macho mandar outro homem felaciá-lo, eu que pensava que só nos anos 90 é que havia a teoria homofóbica de que só quem leva é que é maricas. Lembro-me de um colega no 7º ano que no calor das discussões dizia "Vê lá que se queres levar um broche", até que alguém lhe explicou que isso significava que ele se estava a oferecer como degustador de pila alheia e não o contrário.

Agora é que reparei que esse polícia do Marquês me fez lembrar um puto do 7º ano... Acho que isso diz tudo.

Quando a polícia arreia em manifestantes que estão a lutar pelos seus direitos, por causa de dois ou três anormais que vão para lá atirar pedras mesmo que nem saibam o nome do Ministro das Finanças, quando isso acontece há muita gente que acha que é merecido e que deviam era estar a trabalhar. Que as fardas são para respeitar! Quando é com um adepto de futebol parece que é o fim do mundo e até aposto que se fosse um adepto do Vizela nunca o alarido teria sido tão grande. Atenção que eu acho muito bem que se revoltem com este caso e que os responsáveis sejam punidos exemplarmente. O que me faz comichão é que já vi muitos outros, tantos e tão piores em que não vi nem metade da revolta. Já vi polícias a entrarem na Cova da Moura e a distribuir bananos e insultos por tudo o que é gente desde que de pele escura, novos e velhos, sem se importarem em acertar em 1000 inocentes para acertar num criminoso. Já se deram tiros pelas costas e se mataram crianças que nunca tiveram culpa de nada, muito menos culpa para serem abatidas de forma cobarde. Mas nessa altura, não houve notícias de abertura, não houve primeiras páginas de jornais e muito menos vídeos com milhares de partilhas e comentários a exigir a cabeça da polícia. "Alguma coisa ele deve ter feito..." pensaram muitos dos que agora estão indignados.

Moral da história: Nada justifica aquela cena selvática embora possa ter sido merecida. Há muitos polícias bons e há muitos polícias maus, mas vamos tratá-los e respeitá-los como se fossem todos bons até prova em contrário. No entanto, quando aparecer a polícia de intervenção, pelo sim pelo não, é melhor não lhes ir perguntar as horas com uma criança pela mão. Já bastava à criança o  trauma de ter que andar na rua vestido com uma camisola do Benfica... Pronto, agora é que me vão insultar.




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