2 de fevereiro de 2016

Com que idade se deve perder a virgindade?



Bem vindos a mais uma consulta do Doutor G. Vai ser curto e grosso que o Doutor G está de mau humor e precisa de ir fazer sexo e adormecer de seguida, ainda com a namorada presa debaixo do seu corpo escultural.


Caro doutor G, conheci uma rapariga pela net e que tal não foi o à-vontade da conversa que menos de uma semana depois já estávamos a sair juntos, o passeio correu bem, ela é uma querida e eu sinto-me atraído por ela, falamos quase todos os dias e combinámos voltar a estar juntos. O senão no meio desta história é a de que ao questionar-lhe após o primeiro encontro se tinha alguém, julgando eu saber a resposta me sai o tiro pela colatra e ela me diz que tem namorado. As minhas questões são as seguintes:

  1. É normal uma rapariga dar conversa a um rapaz que não conhece de lado algum e sair com ele tendo namorado?
  2. É normal o discurso e a forma como me trata apontar para o facto de não ter ninguém?
  3. Devo questioná-la sobre se estas saídas comigo não lhe causam constrangimentos com o namorado, ou devo por outro lado perceber quais os contornos desta relação para perceber se tenho hipóteses de substituir o atual?
  4. Quais as intenções desta rapariga?
Anónimo, 20, Porto

Doutor G: Caro Anónimo, quatro perguntas? Enviei-te por email a factura e o NIB. Vamos por partes:

  1. Não. Só é normal se ela for uma porca.
  2. Não. Só é normal se ela for uma porca.
  3. Não perguntes nada e aproveita o facto dela ser uma porca.
  4. Não sei as intenções, mas sei que é uma porca.

Caro Doutor G, alerto-o de imediato para o facto de esta admiradora que lhe escreve ser, e ter plena noção disso, uma xoninhas de primeira. Bem no topo da escala. Pelo engonhanço inicial, já deve ter desconfiado de que se trata de um caso de estudo. É bem provável. Cá vai: estou perto dos 30 e sou virgem. Não, não tenho semelhanças nenhumas com a Susan Boyle. Aliás, até tenho bastantes admiradores, devido aos meus traços algo exóticos (um deles, por eu lhe ter dado p'ra trás, tentou enforcar-se com uma corda feita de lençóis). Enfim, deixemos a novela mexicana. Também não tenho nenhum distúrbio mental. A menos que xonice seja um quadro clínico. Simplesmente não me apetece ter rolo de carne ao empurrão de um indivíduo qualquer... O que é facto é que, há dois meses, inusitadamente, deu-me p’ra me meter num talho, vulgo Tinder. Por curiosidade… E não é que um deus ariano de 21 anos, que estava em Portugal, meteu conversa e eu mordi o isco (em sentido figurado, infelizmente)? Pediu-me por 2 vezes para me encontrar com ele e eu deixei-o a ver navios. Principalmente porque, da 2ª vez, foi bastante explícito quanto ao que pretendia do encontro – profanidade, que é como quem diz, luta luso-germânica no vale dos lençóis (e ainda dizem que os alemães são xoninhas…!). Mas ele deve ter uma paciência de santo (ou então eu devo valer mesmo a pena), porque insiste e diz que volta a Portugal em breve. Só que eu tenho medo… E se o indivíduo me sai algum antissemita e me quer arrancar a pele para fazer sabonetes? E agora, a grande questão: como é que eu lhe digo que estou interessada no fumeiro alemão, só que… SOU VIRGEM, de modo a que não o ponha a mexer mais depressa do que um sócio da Buraca em modo running? Ou não digo? Sim, eu sei que faço parte daquele grupo de gajas (estúpidas, eufemisticamente falando) que é só conversa e depois nem vê-las. Mas não é por mal. A sério. É simplesmente uma mistura de hormonas, crenças parvas e inseguranças que nos carcomem o cérebro. Entre outras coisas… Estou a precisar de um Ctrl + Alt + Del... Obrigada e peço desculpa pelo testamento. ;)    
Anónima, 29, Planeta dos Xoninhas

Doutor G: Cara Anónima master xoninhas, todas as mulheres se metem no Tinder por curiosidade. Ainda está para vir a primeira que assuma e diga «Sim, fui para o Tinder porque gosto que me ajavardem a boca do corpo com alheira genital enquanto eu faço de ovo a cavalo, sem compromisso e com vários gajos diferentes por semana.». É sempre «Curiosidade» ou «Conhecer pessoas.». Quanto muito há várias que estão no Tinder porque é mais uma plataforma que lhes permite rejeitar homens para se sentirem melhor com elas próprias. Se queres ir ao castigo com o teu alemão, diz-lhe que és virgem e logo vês. Acho que deves sempre dizer-lhe que és virgem, para teu bem, para ele saber que não pode entrar por aí à bruta feito panzer nazi. Tens sempre a opção de dar uso à câmara de gás e à parte do teu corpo que te tem prejudicado mais: a boca. Não por esta ordem, porque ATM, sem passar pelo chuveiro, é nojento. Moral da história: queres mesmo perder a tua virgindade de coleção com ele? Vai em frente, mas com jeitinho, a não ser que tenhas um dildo africano em casa e que já tenhas a musculatura labial inferior mais do que treinada para agasalhar salsicha fresca.


Caro Dr. G, durante cerca de 18 anos fui um rapaz não só tímido mas também condicionado na vida social por morar no cu de Judas. Depois as coisas mudaram, mas serve isto para dizer que tenho pouquíssima experiência em relações, sociais ou não. Adiante... acontece que o que mais aprecio num possível interesse amoroso é que ela seja carinhosa e me ache boa gente, assim como eu a acho boa gente (pode chamar-me lamechas; eu sei que sou). O problema é que, nos últimos 5 anos, todas as moças que preencheram indubitavelmente estes requisitos têm um hábito chato, que é o hábito de serem comprometidas! Algumas até são casadas... a minha dúvida é se isto é comum na vida social: que as comprometidas sejam as mais carinhosas e, portanto, as que mais me atraem. Será que é por terem quem lhes faça festa lá em casa que estão mais felizes e, portanto, com mais vontade de espalhar amor por aí? Espero que isso não seja a regra, senão vou sempre ir parar às comprometidas. Já agora, não tenho nenhum fetiche por pessoas comprometidas; quando eu me interessei pelas moças de que falo, eu nem sabia que elas eram comprometidas...  
P, 23, Porto

Doutor G: Caro P, ter interesse amoroso por alguém que é boa pessoa não é lamechice, é inteligência. Quando dizes que as mais carinhosas são comprometidas, estás a querer dizer que são carinhosas contigo? Não percebi. É que se assim for, estás a criar um paradoxo ao dizer que são boas pessoas. As comprometidas deixam de o ser com a mesma velocidade que arranjaram namorado. É veres a tua janela de oportunidade. Aposta nos últimos meses de Primavera que é quando as relações tendem a terminar devido aos padrões migratórios do Verão. De qualquer das formas, há por aí muita mulher solteira e boa moça mas normalmente são-no por pouco tempo. Mulher bonita e sexy, boa pessoa e solteira há mais de 6 meses, 99% das vezes tem traços de psicopatia. Dá para ver nos olhos.


Ganhei finalmente coragem para lhe escrever. Há pouco tempo fiz uma ''amizade pedagógica'' c/ um Erasmus Alemão. Sabe, ele tem namorada e diz que combinaram ser ''livres'' este ano, sinceramente não quero saber se ele está a mentir. Eu divirto-me muito mas por outro lado já quebrámos todos os 10 mandamentos do nosso tango. Conhece as minhas amigas todas, há xoxos em público, fomos ao IKEA... Socorro! O sexo feminino adora estas coisas, está no sangue, ter uma asa cheia de músculo para nos proteger é um mimo. Agora, quando um macho alinha nisto... Será que ele se está a apaixonar? O que faço?
M, 21, Lisboa

Doutor G: Cara M, primeiro do que tudo, é óbvio que ele te está a mentir e que a namorada dele não foi informada desse pacto de liberdade condicional durante um ano. Sendo que os alemães têm fama de ser muito frios e não demonstrarem afecto, diria que provavelmente ele está mesmo a ficar apaixonado. A minha pergunta é a seguinte: e então? Ele vai embora no fim do ano. Se ele se puser com histórias que quer ficar em Portugal, basta dizeres-lhe que não gostas dele o suficiente para casar e ter filhos cuja primeira palavra que vão dizer é «Mutter», «Vater» ou «Heil Hitler». Podes também dizer-lhe que és meio judia da parte do pai e pode ser que ele deixe de gostar de ti.


Caro Dr. G, venho aqui expor-lhe dois problemas:

  1. Há mais de dois anos tive um caso passageiro com uma rapariga, mas passado uns meses o interesse despertou. Andamos durante uns meses e tínhamos excelentes momentos de lutas greco-romanas debaixo dos lençóis. Porém, a universidade distanciou-nos, mas nunca demos o nosso caso por terminado. Isto até que levei com um belo par de estruturas afiadas na minha cabeça (não éramos namorados, mas a sensação era esta). Aí deixamos de ter o nosso caso e ela lá continuou com as suas aventuras académicas. Entretanto tive alguns casos, mas nunca uma verdadeira namorada. Contudo, no verão surgiu de novo aquele sentimento e, como estava solteiro, acabamos por voltar a estar juntos umas quantas vezes. Desta vez não me quis deixar agarrar e mantivemos a coisa simples. Agora tudo voltou para as universidades mas de vez em quando lá acontece qualquer coisa sem nenhum compromisso à mistura. Cheguei a acabar com isto de vez, mas quando o ambiente é propicio acaba por acontecer alguma coisa. Aqui a questão é: será que devia deixar este caso ir rolando visto que não há qualquer compromisso ou deveria cortar já?
  2. Não me considero um xoninhas, falo muito à vontade com raparigas pessoalmente e sempre me disseram que sou uma pessoa muito interessante. O meu problema é saber quando uma rapariga está interessada em mim! Eu noto a maneira como falam, gestos, etc., mas nunca consigo ver quando é que elas estão realmente interessadas em saltar-me em cima... Será que tem alguma sugestão para mim neste caso?
Afonso, 21, Aveiro

Doutor G: Caro Afonso, vamos por partes:

  1. Se não há nenhum compromisso e tu não sofres com o facto de saber que ela nas horas livres de ti anda a chafurdar com outros, é deixar andar que ao menos sempre vais petiscando qualquer coisa. Usa é sempre o preservativo que ela um dia pode vir com bicho.
  2. É um mistério antigo o de conseguir perceber os sinais das mulheres. É mais fácil perceber sinais de fumo ou sinais de luzes de um taxista do que os sinais de interesse da fêmea humana. É perguntar. «Olha lá, ó Patrícia. Estás aí a efectuar-me um excelso felácio, sim senhora. Mas ainda não percebi se estás só a enviar-me sinais errados ou não. De qualquer das formas, depois de eu me vir, quero esclarecer essa situação porque eu já estou farto que andes a dar-me sinais errados.»

Caro Doutor G, tenho 24 anos ja tive 2 relacionamentos que se podem considerar de mais sérios e uns quantos "amigos" e "amigas". O problema, ou não, é que sou virgem. Pois não sei como uma gostosa como eu continua virgem. Mas tenho um medo de ter um relacionamente agora e dizer que sou virgem, medo e vergonha. Com esta idade e ser virgem é uma coisa rara eu sei mas o meu obetivo não é ir para o casamento virgem não tem nada a ver com isso mas também não sei como deixei agravar o caso doutor. Por isso, como vou dizer a alguém que com esta idade continuo virgem? Como ultrapassar essa vergonha? O medo da reação da outra pessoa? Por favor doutor preciso mesmo da sua ajuda. 
Anónima, 24, Lisboa 

Doutor G: Cara Anónima, tudo depende do tipo de relacionamento que queres. Queres só um Skelator para dar cabo do teu He-Man numa noite de loucura e sem compromisso? Força nisso. Podes optar por romper o hímen em casa com o auxílio de um pepino e um cabide, só para o rapaz não achar que estás com o período. Se o teu objectivo for ter um namorado, não tens de ter vergonha em lhe contar. Se ele for o gajo indicado para ti, e gostar de ti, não vai ficar incomodado com isso. A maioria dos homens até prefere, devido à insegurança que têm, acham que não ter termo de comparação é melhor. Já um homem confiante e que sabe que é bom lutador de judo pelado, prefere uma mulher experiente que é para ela ter a certeza de que ele é mesmo bom e não é só por falta de termo de comparação. De qualquer das formas, ser virgem aos 24 não é vergonha nenhuma, apenas é tempo perdido.


Estimado humano, qual é a probabilidade de encontrar um rapaz que considere: Goodfellas um dos melhores filmes de sempre; tenha lido Catcher in the Rye e que depois de ter lido o livro tenha percebido que afinal não era um psicopata; goste da escrita de Leonard Cohen; odeie o Justin Bieber por nenhuma razão em particular e em momentos de fraqueza e confusão intelectual ouça Taylor Swift e se questione sobre o porquê de o fazer? E já que estamos nisto, se fosse um ser humano melhor do que eu também dava jeito (sei que esta parte será mais complicada dado que para ter estes gostos ele tem que ser tão pretensioso como eu mas enfim...) A minha pergunta, na verdade é: Achar que algum dia, vamos encontrar alguém com os mesmos interesses é minimamente plausível ou apenas idealista? Sei que normalmente a temática é sexo mas dado o meu uso de meias com padrões coloridos, essa situação está no plano do metafísico. Aliás, se for bem feito, pelo menos, segundo o que vendem, deve ser para lá que as pessoas vão. Cá para mim, sexo é como um gajo com um six pack - à primeira vista parece agradável mas quando pensamos que o six pack é o part time dele, deixa de ser atraente e passa a ser triste. (Este comentário é mesmo de virgem ressabiada! Porém, não deixa de ser válido.)
N, 20, Braga 

Doutor G: Cara N, começa a meter mais tabaco nas cenas que fumas. Outra virgem? Mas andaram a rodar o Doutor G no convento ou quê? Só pipi por encertar, hoje. Claro que irás encontrar alguém com gostos parecidos aos teus, mas não esperes que sejam 100% iguais, até porque isso é uma seca de relação. Sem discórdia e dualidade de gostos, não se aprende nada. Por isso, deixa de ser picuinhas. Em relação à tua analogia de sexo com six-pack, deixa-me dizer-te que não faz sentido algum. O sexo é bom e quem não gosta tem stress na cabeça. Não me venham com merdas que são gostos e necessidades diferentes. É pancada nos cornos recalcada porque uma vez viram o pai a levar com um strap-on da mãe enquanto o tio Alfredo gravava tudo e batia uma com a pila entalada entre dois hamsters. Quando fizeres sexo, do bom, vais dar-me razão.



Não se estiquem tanto no tamanho das dúvidas que enviam que eu tenho mais que fazer. De qualquer forma, muito obrigado e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas questões javardas e lamechas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.





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