12 de setembro de 2014

Figuras de estilo com exemplos parvos



Às vezes sou ofendido por algumas pessoas que levam a mal alguns dos meus textos. Na maioria das vezes é apenas porque essas pessoas são parvas, mas acredito que outras seja porque já se esqueceram da matéria de português, em especial as figuras de estilo. Como tal, e porque não gosto de mal entendidos, aqui fica uma pequena revisão, com exemplos bem claros, para que não restem mais dúvidas.


Ironia – Figura que sugere o contrário do que se quer dizer.
"A Ana Malhoa até é uma gaja que tem muito talento" - Começo por uma das mais complicadas de identificar, porque depende de quem a escreve. Para muitos (demasiados), esta frase faz todo o sentido e não possuí qualquer figura de estilo, mas para pessoas de gosto minimamente decente, não só transborda ironia como também azeite.

Metáfora – Comparação de dois termos, seguida de uma identificação.
"Aquela árvore faz lembrar um Cavaco, está ali parada há anos", temos aqui uma metaforização de uma árvore, inerte, muda e velha, referenciando-se ao nosso Presidente da República. Como bónus temos o trocadilho do nome do Aníbal com um cavaco que não é mais que um tronco cortado, ou uma árvore morta.

Aliteração – Repetição de sons consonânticos.
facto que efectivamente fizemos figura de foca deficiente e somos nós a financiar a falcatrua destes falcões que não fiscalizaram as facturas. Foda-se." - Uma frase que não faz sentido mas dá para perceberem a ideia.

Onomatopeia – Conjunto de sons que reproduzem ruídos do mundo físico.
"Uhhh, ahhh, hummm, ui ui ui, já está, já está" - Retirado de um filme de Tomás Taveira, esse erudito do chavasco.


Hipérbole – Ênfase resultante do exagero.
"Este ano ganhamos o campeonato de certeza" - Dizem com uma esperança exagerada os adeptos do Sporting a cada início de época. Eu sei bem do que falo.

Polissíndeto – Repetição dos elementos de ligação entre palavras.
"As pessoas que tratam os filhos por você deviam apanhar um calduço e um murro e um pontapé e uma cabeçada e um piparote e uma belinha e uma faca ferrugenta e velha e romba e suja, no lombo e nas virilhas e no baixo ventre" - E reparem que não estou a usar nenhuma hipérbole. Ou estarei? Se estiver, então ao dizer que não estou é porque estou a utilizar ironia. Sou bué ninja.

Pleonasmo – Repetição de uma ideia já expressa.
"Não tarda vou subir para cima de ti com força e à bruta" - Outras também comuns são o "descer para baixo", "tenho um amigo meu" e "em nome do pai, do filho e do espírito santo".

Antítese – Apresentação de um contraste entre duas ideias ou coisas.
"Os pobres enriquecem os ricos e os ricos empobrecem os pobres" - Para além de uma antítese também contem a figura de estilo chamada verdadeirismo.

Paradoxo – Um mesmo elemento produz efeitos opostos.
"José Castelo Branco é casado com uma mulher" - Esta frase está cheia de conceitos contraditórios, primeiro porque não seria de esperar que o Zé se casasse com uma mulher e segundo, porque a Betty não parece bem uma mulher. Pelo menos viva.

Eufemismo – Dizer de uma forma suave uma ideia ou realidade desagradável.
"O Passos Coelho é um idiota" - Repare-se no uso do eufemismo "idiota" em vez da expressão "filho da puta".

Personificação – Atribuição de qualidades ou comportamentos humanos a seres que o não são.
"Aquela porta é burra que nem uma Fanny" - A atribuição da qualidade humana de pensar e ser ou não inteligente, a uma porta, dá-se um nome de personificação já que as portas não pensam. A Fanny pensa, maioritariamente em cocó.

Alegoria – Coisificação de um conceito abstracto.
"O buraco do BES é escuro e não se lhe vê o fundo" - Uma alegoria ao buraco financeiro do BES, como se de um buraco físico e profundo se tratasse. Obviamente que qualquer buraco físico tem um fundo, se não seria um túnel, já o buraco do BES provavelmente não tem e quem vai ao fundo somos nós.

Perífrase – Figura que consiste em dizer por muitas palavras o que poderia ser dito em algumas ou alguma.
"António José seguro prima pelo discurso descurado, faltando-lhe pulso e assertividade nas suas afirmações. Não tem postura nem transparece competência para ser 1º Ministro" - É uma figura de estilo muito utilizada pelos políticos e esta demonstra bem a sua utilização, inúmeras palavras quando se poderia dizer apenas "António José seguro é um palerma".

E é isto, ficaram algumas de fora mas estas são as mais importantes. Doravante espero não ser mais insultado (ironia novamente).




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