Parece que o Vale e Azevedo vai ser actor numa peça de Natal na prisão. Na mesma prisão está também Carlos Cruz que deve adorar tudo o que mete o menino Jesus ao barulho. Mas, não vamos por aí, inspirado nessa notícia tomei a liberdade e heresia de rescrever um conto de Natal bem conhecido de todos. Espero que gostem.
Era uma vez, há muito tempo atrás, num reino não muito longínquo e num tempo onde tudo era mágico, (tudo era mágico porque era tudo uma cambada de analfabetos e ninguém sabia explicar nada de acordo com a ciência) em que foi anunciado o nascimento de um menino especial. O acontecimento era também ele tão especial que vieram três reis do Oriente. Vale "Melchior" e Azevedo, Ricardo "Gaspar" Salgado e Isaltino "Baltazar" Morais, os três reis magos, magos na forma de como faziam desaparecer dinheiro dos outros. Decidiram meter-se a caminho para Belém para ver e adorar o menino que acabara de nascer. Como da estação do Oriente não há metro nem comboio directo para Belém, decidiram ir de autocarro, levando consigo os presentes para assinalar o nascimento desse menino especial, Jesus.
Era uma vez, há muito tempo atrás, num reino não muito longínquo e num tempo onde tudo era mágico, (tudo era mágico porque era tudo uma cambada de analfabetos e ninguém sabia explicar nada de acordo com a ciência) em que foi anunciado o nascimento de um menino especial. O acontecimento era também ele tão especial que vieram três reis do Oriente. Vale "Melchior" e Azevedo, Ricardo "Gaspar" Salgado e Isaltino "Baltazar" Morais, os três reis magos, magos na forma de como faziam desaparecer dinheiro dos outros. Decidiram meter-se a caminho para Belém para ver e adorar o menino que acabara de nascer. Como da estação do Oriente não há metro nem comboio directo para Belém, decidiram ir de autocarro, levando consigo os presentes para assinalar o nascimento desse menino especial, Jesus.
- O que levais vós, Azevedo? - perguntou Isaltino.
- Levo ouro, muito ouro para presentear o pequenote. E vós, caro Morais?
- Eu levo incenso, que dizem que cheira a estrume no casebre - diz Isaltino - e vós Ricardo?
- Eu levo mirra.
- Mirra? Que merda é essa? - pergunta Isaltino.
- Não sei. Mas se ele não gostar levo também 1.000.000€, que os outros 3 milhões tive que os gastar no outro dia. - disse Salgado num tom cabisbaixo.
Lá foram eles, atravessando o deserto, suportando o sol abrasador do meio dia e o frio acutilante da meia noite. Quando digo deserto, quero dizer Margem Sul, já que como nunca nenhum deles tinha andado de transportes públicos, enganaram-se no autocarro e foram pela Vasco da Gama e tiverem que ir dar a volta para apanhar a 25 de Abril. Apesar de não saberem ao certo para onde iam, contavam com o auxílio da Estrela de Cavaco Silva, pouco faladora mas que possuía bons contactos e lhes dissera para onde rumaram. Apesar de republicano, a Estrela era conhecida por ter amizades com reis... da corrupção. Chegaram, sãos e salvos, sem serem assaltados, mesmo tendo passado pelo Barreiro, Seixal e Montijo. Ao chegarem lá, bateram à porta de madeira envelhecida e, segundos depois, esta abriu-se e deram de caras com o pai do menino, "José" Passos Coelho.
- Sim? Que quereis? - Perguntou ele não sabendo de quem se tratava.
- Soubemos que foi aqui que nasceu o menino - disse Vale e Azevedo.
- O menino? Mas quem disse isso?
- Vimos no Correio da Manhã! Um acontecimento único, trouxemos prendas para celebrar o seu nascimento - esclareceu Azevedo enquanto apontava para o saco dos presentes.
- Ah bom... se trazeis prendas entrai, entrai bons homens.
Passos guiou-os no seu enorme casebre até uma sala grande. Ali estava uma manjedoura onde já se conseguia ver um bracinho esticado e um palrar precoce para a idade. Ao lado estava a sua mulher, a olhar enternecida para dentro do berço improvisado. Os burros e vacas não estavam lá, porque a Endemol não os deixou sair da Casa dos Segredos para participarem na peça.
- Parabéns minha senhora, muitos parabéns. Qual é o seu nome? - pergunta Vale e Azevedo no seu tom bonacheirão.
- "Maria" Merkl - diz ela num sotaque estranho.
- Muito prazer minha senhora, nós somos os três reis Magos e trazemos oferendas para o menino. Tão lindo que ele é. Saí à mãe... - diz Azevedo, perito em mentir. Isaltino quase que solta uma gargalhada.
Merkl olha para o seu marido, num levantar de sobrolho confuso, mas Passos acena afirmativamente com a cabeça tranquilizando-a.
- Muito obrigado caros reis.
- Posso usar os vossos sanitários para cagar? - Pergunta Isaltino na eloquência que o caracterizava.
- Claro que sim - diz Passos - podeis cagar sempre que quiserdes nesta minha humilde casa.
- Se calhar também vamos, não é Salgado? - diz Azevedo num piscar de olhos de quem queria alguma privacidade.
Chegando ao WC, que era uma árvore no quintal, rodeada de cravos viçosos, Vale e Azevedo diz de imediato:
- Já viste a tromba da Merkl? Já percebi porque é que ainda é virgem...
- Ainda por cima com aquele bigode quadrado e descolorado - comenta Isaltino.
- Não vi bigode nenhum... - diz confuso Vale e Azevedo.
- Não disse que era na cara! - continua Isaltino.
- Tu és um ganda porco ó Isaltino, a falar assim da senhora! - diz Ricardo.
- Deve ser virgem deve. Mesmo que seja, agora toda aberta por causa do parto é que nunca mais ninguém vai acreditar nessa história! - concluí Isaltino.
- Foda-se ó Isaltino, tu és mesmo um badalhoco. Bem vamos lá mas é despachar isto que ainda tenho que ir ao Novo Banco pedir uma caderneta de cheques.
Apressam-se a voltar à sala, onde estavam José e Maria, de pé, numa calma e sorriso sereno de quem acabou de ser pai e mãe. Os reis magos debruçaram-se sobre as suas malas e começaram a retirar as prendas, num natal que chegou antecipado, até porque o Natal foi inventado naquela noite.
- Trago aqui ouro para o menino. Menino... Ouro... Menino de ouro faz-me lembrar um jogador que eu tive no Benfica e depois despedi para ser o melhor jogador no ano seguinte e ajudar o Sporting a ganhar o campeonato - desabafa Vale e Azevedo - Mas atenção, se vieram cá as finanças não digais que fui eu que vos ofereci o ouro.
- Muito obrigado caro rei, muito obrigado. Ouro nunca é demais não é verdade? - Graceja Merkl no seu sentido de humor que lhe é tão característico.
- Eu trago incenso porque ... porque ... calculei que gostassem de ter a casa bem perfumada. Podem também fumar...
- Eu trago mirra! - Interrompe Ricardo.
- Was scheiße ist das?! - pergunta Merkl.
- Santinha! - dizem os três reis.
- Que merda é essa?! - pergunta novamente em português.
- Santinha! - dizem os três reis.
- Que merda é essa?! - pergunta novamente em português.
- É tipo uma árvore espinhosa ou o que é... - tenta explicar Salgado.
- E para que é que o menino quer uma árvore espinhosa? - confronta-o Merkl.
- Pois, não sei, pensei que pudesse dar jeito. Fazer um chá ou uma pomada para as assaduras nas virilhas. Mas pronto, tenho também aqui um milhão de euros...
- Ah bom, assim já estamos a falar como deve ser. Venha de lá esse cheque então, se for notas tanto melhor.
- Não é dinheiro nem cheque minha senhora, é em acções do BES.
- Com todo o respeito, caro rei Salgado, mas vós pensais que eu sou burra? Posso parecer uma mula mas de burra tenho pouco. Essa scheiße não vale um carra....
- Calma Maria, calma! - acalma Passos - Alguma coisa se há-de arranjar, a gente mete alguém a pagar isso, "nacionaliza-se" mais ou menos a coisa e todos pagam e nós recebemos - diz ele fazendo um gesto de aspas com os dedos, como quem anuncia que vai haver coelho da Páscoa.
- Ai Passinhos, como eu gosto de ti, fazes-me as vontades todas. Sabes mesmo como tratar uma mulher.
Maria retira o menino da manjedoura e aconchega-o junto a seu corpo forte, preparando-se para o amamentar. Os três reis magos olham uns para os outros, num misto de nojo e sobressalto, apressando-se a sair. Nisto, o lençol que aquecia o menino fica preso na palha da manjedoura, destapando-o e revelando que o menino era afinal uma bela menina.
- Não tem pichota! - grita Isaltino, cuspindo-se como se tivesse descoberto a pólvora, mas sem o rastilho.
- Ahhh, ohhh - exclamam os outros reis em uníssono.
- Pois, tendes razão, nós queríamos dizer-vos mas tivemos receio que mudásseis de ideias e decidísseis não presentar a nossa filha. Mas sabeis, o Correio da Manhã inventa muitas coisas e lá inventaram que era um menino e que se chamava Jesus. Mas não, apresento-vos agora oficialmente a nossa filha. Chama-se Troika. Feliz o dia em que José "Espírito Santo" Sócrates me emprenhou imaculadamente, mas o Passos vai cuidar dela como se fosse sua filha. Far-se-á em sua honra um livro com vários evangelhos, que será bíblico e ao qual chamaremos orçamento de estado. Vai crescer bela, vistosa e não há-de ser virgem como eu. Vai foder muitos portugueses.
FIM
PS - Peço desculpa pelas incoerências (poucas) históricas e cronológicas que este conto contém. Mas tal como a Bíblia, também é uma obra de ficção.
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