No outro dia entrei num café, estavam duas pessoas atrás do balcão a conversar, eu disse bom dia, ninguém respondeu. Disse novamente um bom dia em alto e bom som e com um sorriso na cara! As senhoras suspenderam a conversa, olharam para mim com ar de desdém e uma delas disse "Já vai, sim?", num tom sobranceiro e de quem não gosta de fazer novos amigos. Eu ri-me, virei costas e saí a abanar o rabo, só para elas verem o que tinham perdido. Ouvi resmungos e um "Mas o que é que quer?", ao que eu respondo sem me virar, "Quero que vás para o car#!ho!". Mentira, não disse mas pensei, em vez disso respondi com mais classe "Agora não quero nada, mas se tivesse vindo aqui para tomar um café e meia dose de falta de educação ia bem servido, menos com o café que deve ser mais azedo que a senhora". Ela mandou-me à merda e eu disse "Oh agora já não, com essa simpatia vou antes a outro lado" e saí do café.
Permitam-me ser um bocado bruto e quiçá arrogante, mas tirar um café até há macacos que já aprenderam. Não é física quântica! Por isso, se querem manter o trabalho sejam simpáticos e atendam cada pessoa sem se lembrar dos outros 90 anormais que vos trataram mal. Caso contrário serão, e com toda a razão, despedidos, porque há mais uns milhares à espera de emprego e que estão dispostos a ser mais simpáticos e profissionais que vocês. Com isto não estou a dizer que é um trabalho de menos valor, ou que as pessoas que o fazem têm menos valor, nada disso, só estou a dizer que é provável que haja mais gente a saber tirar um café do que a fazer um transplante de coração. Só isso.
Dou muito mais valor a um varredor de lixo simpático e bem educado do que um médico arrogante e prepotente
Isto para introduzir um tema que é o facto de haver pessoas a atender ao público que são mais mal encaradas que a Lili Caneças depois de comer um limão e lhe enfiarem uma malagueta no esfíncter, embora calculo que as papilas gustativas dela, tanto as de cima como de as baixo, já estejam insensíveis. Imagino que atender ao público significa atender muitos atrasados mentais, que não respeitam e tratam como criados quem os atende. Calculo que sim e que deva ser exasperante lidar com pessoas parvas todos os dias. Mas eu também já lidei com clientes e com colegas que só me apetecia partir-lhes o cabo o teclado na cabeça e fazê-los engolir o rato com fio e ainda assim não tratava os restantes como saco de pancada das minhas frustrações e desilusões diárias. Faz parte do meu trabalho saber lidar com pessoas e mesmo que eu não gostasse do que fazia, já que o estava a fazer tentava ser o melhor possível. Sei que ninguém cresceu a sonhar trabalhar numa caixa de super-mercado ou num call center, felizmente para mim e infelizmente para tantos outros, não tive que o fazer para pagar as contas e por isso talvez me falte alguma empatia para compreender essa antipatia. Mas sei que há muitos, que mesmo não estando lá por gosto dão o melhor que têm e sempre com um sorriso no rosto. E digo eu que se alguém vai subir nesses trabalhos, são esses que dão o melhor e não tratam mal os clientes. Se calhar ninguém sobe, é certo, mas a subir hão-de ser esses. Isto partindo do princípio que a maioria são empregados, porque quando são os donos do negócio então era terem que pagar um imposto adicional para não serem parvos e não se queixarem da crise e que o negócio está mau.
Esses antipáticos não têm nada que se queixar que estão a ser substituídos por máquinas, tanto nas portagens como nas caixas de super-mercados. No que difere uma pessoa de uma dessas máquinas? De que difere ir a um café ou a uma máquina de venda automática? A simpatia e o trato humano. Só isso. Eu nunca vou às máquinas, não por princípio, mas porque já passo demasiado tempo em frente ao computador no meu dia à dia. Mas quando encontro uma pessoa mal humorada fico a pensar que devia ter ido à máquina e que deviam ser todos despedidos e trocados por 1s e 0s, puxando assim a brasa à minha sardinha de Engenheiro Informático. Há um rapaz que trabalha nas portagens da ponte 25 de Abril e que é o único realmente simpático e entusiástico. O curioso é que ele tem um forte atraso, físico e provavelmente mental, mas está ali com uma alegria e com um bom dia rasgado nos lábios sempre que executa a mesma tarefa diariamente, vezes sem fim. "Bom Dia! Aqui tem! Obrigado e boa viagem". A babar-se todo mas sempre, sempre com um sorriso e alegria de criança ingénua que dá mais valor às pequenas coisas e se queixa menos das grandes.
Uma vez o empregado era tão antipático que perguntei se o café com simpatia era mais caro. A piada não foi bem aceite e provavelmente o café veio com extra-cuspo
Esses antipáticos não têm nada que se queixar que estão a ser substituídos por máquinas, tanto nas portagens como nas caixas de super-mercados. No que difere uma pessoa de uma dessas máquinas? De que difere ir a um café ou a uma máquina de venda automática? A simpatia e o trato humano. Só isso. Eu nunca vou às máquinas, não por princípio, mas porque já passo demasiado tempo em frente ao computador no meu dia à dia. Mas quando encontro uma pessoa mal humorada fico a pensar que devia ter ido à máquina e que deviam ser todos despedidos e trocados por 1s e 0s, puxando assim a brasa à minha sardinha de Engenheiro Informático. Há um rapaz que trabalha nas portagens da ponte 25 de Abril e que é o único realmente simpático e entusiástico. O curioso é que ele tem um forte atraso, físico e provavelmente mental, mas está ali com uma alegria e com um bom dia rasgado nos lábios sempre que executa a mesma tarefa diariamente, vezes sem fim. "Bom Dia! Aqui tem! Obrigado e boa viagem". A babar-se todo mas sempre, sempre com um sorriso e alegria de criança ingénua que dá mais valor às pequenas coisas e se queixa menos das grandes.
Já fui cliente assíduo de muitos cafés, não pela qualidade exemplar como que tiravam a bica ou abriam a garrafa de água das pedras, nem pelo excelso decote da empregada, mas sim pela simpatia com que me tratavam. Mais rápido deixei de ir a muitos outros "só" porque nem bom dia sabiam dizer ou se faziam de esquisitos quando pagava café com uma nota. Nem é preciso sorrir, se não tiverem os dentes todos até agradeço, mas um bom dia ou boa tarde, ainda que passivo, faz a diferença. A Madre Teresa de Calcutá dizia que um sorriso pode mudar o mundo, pelo efeito borboleta que pode causar. A Teresa era meio avariada da cabeça, obviamente, mas até podia ter alguma razão utópica. Já tive pessoas a ser simpáticas para mim e senti que isso afectou o meu bom humor o resto do dia, tal como já tive pessoas a serem mal educadas que tiveram o efeito contrário. Eu não sou propriamente a pessoa mais simpática do mundo mas gosto de ser bem educado. Há uns anos para cá comecei a obrigar-me a sorrir mais às pessoas com quem contacto diariamente e a dizer bom dia, obrigado e se faz favor sempre com um sorriso na cara. Faz a diferença, nem que seja porque quando não devolvem a simpatia posso-lhes chamar nomes com razão e isso faz-me sentir bem. É como praticar artes marciais mas sem a parte que cansa.
Quem não gostou deste texto porque pensa que me estou a armar em superior é porque não me conhece. A esses queria deixar um pedido "É um Big Mac com um Sunday de caramelo com topping de amêndoa. Se faz favor!"
Receita simples para quem está a atender ao público:
PS: Nem falei aqui dos porteiros de discotecas e de polícias. Esses são tão mimosos que terão um lugar especial num texto futuro.
Receita simples para quem está a atender ao público:
- Dizer "Olá" com um ar simpático. Caso o cliente seja o primeiro a fazer isso então é favor responder no mesmo tom.
- Se foram os primeiros e o cliente não responde à vossa simpatia, não fiquem logo de trombas que ele pode não ter ouvido.
- Tentar novamente com simpatia
- Se o cliente for mal educado mandem-no para o vernáculo do pénis
- Repetir o mesmo processo para cada cliente novo esquecendo o anterior
PS: Nem falei aqui dos porteiros de discotecas e de polícias. Esses são tão mimosos que terão um lugar especial num texto futuro.
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