29 de fevereiro de 2016

Modas parvas - PARTE 2 - Carrapitos, crossfit, sunsets, etc.



A pedido de muitas famílias, decidi fazer a segunda parte do texto sobre as modas mais irritantes. Sendo que na primeira parte fui ameaçado de porrada e ofendido por fazer piadas com sushi e gin, por exemplo, espero com este texto ter o mesmo sucesso e fazer muitos e novos inimigos. Vamos lá então ver quais são as novas dez modas mais parvas que andam por aí.

Carrapito
Uma moda que não parece querer desaparecer. Homens com carrapitos! Uma espécie de crista punk, mas murcha e flácida. Querem ser machos alfa e por isso fazem penteados para parecerem galos que usam elástico. Esta moda surgiu em Portugal com um concorrente da Casa dos Segredos e, depois disso, começou a disseminar-se tal como as doenças venéreas, também apanágio dessa mesma fauna. Mães, namoradas e amigos destes homens que acham que são os samurais da Margem Sul, peço-vos uma coisa: digam-lhes que ficam ridículos com aquela merda no cimo da cabeça! Façam de Dalilas e cortem-lhes o cabelo durante o sono. Não custa nada, é como se estivessem a cortar o cu de uma cebola. «Cada um usa o que gosta!», bem sei que sim, mas fica ridículo. A sério. Principalmente aqueles que ainda vão mais longe e rapam o cabelo de lado e dão uma de Tochas invertido. A diferença é que o Tochas pode porque é palhaço, vocês também parecem, mas no sentido negativo da palavra.

Crossfit
Agora, toda a gente faz crossfit. Ir ao ginásio passou de moda e o que está a dar é enfiarmo-nos num armazém a puxar cordas e trepar barras. Depois da epidemia dos health clubs, que sempre foram mais clubes da pausa para ir desfilar aquele novo equipamento comprado na Sport Zone, chega a pandemia do pessoal que se enfia num parque de estacionamento abandonado para abanar as carnes. Como se isto não bastasse, o pessoal do crossfit age como se estivesse metido numa seita. Tenta convencer toda a gente que o crossfit é melhor do que sexo, que o pessoal é muito porreiro e que temos de experimentar. Devo confessar que sou gajo para me inscrever no crossfit. É triste, mas nem eu estou imune às modas parvas. Não sei é se o meu telemóvel é bom o suficiente para fazer aquela parte do treino de crossfit obrigatória que é a de tirar selfies antes, durante e depois do treino. O número de selfies é, normalmente, inversamente proporcional à quantidade de suor.

Restrições alimentares
E de repente, depois de anos de evolução, o ser humano começou a ser alérgico a tudo. Ao glúten, à lactose. A tudo menos à parvoíce. Sim, há pessoas que são mesmo alérgicas, mas a maioria que entra nesta onda é só porque é moda e é cool ser diferente. É aquele pessoal que mais cedo ou mais tarde deixa de ser convidado para os jantares de aniversário porque perguntam sempre «Mas tem comida para mim?». Nesta altura, reviramos os olhos e dizemos que tem água da torneira e alface. Nisto, a outra pessoa responde com a pergunta «Mas a alface é biológica? E a água é filtrada?». Enfim, eram duas chapadas com um pepino no Entroncamento naquela cara que acabavam-se logo as alergias da moda. Era até lhes sair o fusili integral e glúten-free pelas cavidades.

Sunsets
Uma desculpa para as pessoas se embebedarem antes do jantar sem parecerem alcoólicos. Todo o terraço com vista se tornou num local para fazer sunset parties, porque se lhes chamassem Festas do Pôr do Sol, ninguém aparecia porque pensavam que era um programa de música pimba para a televisão. Aliás, estas sunset parties não são feitas em terraços: são feitas em rooftops. Não deve faltar muito tempo para começar a moda das festas em marquises. Já estou a ver o pessoal com cabelo à playmobil a dizer «O Bernardo quer vir comigo e com a Benedita à sunset white party numa marquise na Buraca? Vai ser o máximo, tem vista para a Cova da Moura. Não há nada mais chique do que beber um aquário de gin enquanto vemos os pobres de um lado para o outro.». Podem pensar que isto não passa de inveja pelo facto de eu ser informático e como qualquer informático não ter oportunidade de ver o pôr-do-sol. Ou o nascer. Ou o sol na sua generalidade.

Barba
Pois é, a moda que veio para ficar. Sim, eu tenho barba, mas já a usava antes de ser moda. Sou uma espécie de hipster que já usa as coisas antes de serem mainstream. Quando digo hipster, estou a dizer sem óculos de massa e camisas de flanela aos quadrados, atenção. Nem tenho iPhone nem computador da Apple por isso mesmo que quisesse ser hipster não teria dinheiro para tal. Não tenho nada contra barbas, só acho é que vieram interferir com a minha imagem de marca. Sempre usei barba porque nunca gostei de a desfazer. Era um sinal de "estou-me a cagar" para o estilo. Agora, com toda a gente que usa barba pensam que também faço parte da moda e lixam-me o estatuto de anti-sistema. Nem vou falar do pessoal que põe oleozinhos na barba, nem dos que vão aparar as pontas ao barbeiro vintage-hipster-chique porque de metrossexualidade machona percebo muito pouco.

Blogues de moda
Os blogues voltaram a ser moda. Toda a gente tem um blogue, especialmente o pessoal famoso que nem sabe escrever uma frase em condições. Até o Quaresma tem um blogue e, claramente, não é ele que o escreve porque quase não tem erros. Não estou a ser preconceituoso contra os ciganos, estou só a ser preconceituoso relativamente aos jogadores de futebol. Ainda assim, a pior moda de todas são os blogues de moda. Milhares de raparigas querem ser a Pipoca Mais Doce e fazer vida de mostrar os seus outfits. Sim, porque as bloguers de moda não têm roupa, têm indumentárias e outfits. Querem ter roupas à borla e ser stylists de profissão para ganharam bom dinheiro para comprar aquela mala Channel. É por causa dessa epidemia que já recebi emails de marcas de roupa a perguntar se queria escrever sobre eles em troca de roupa. Pensam que os bloggers se dedicam todos a futilidades e que se vendem a troco de meia dúzia de trapos. Como se esta moda não fosse má o suficiente, ainda temos o Cromos Ídolos Effect em que raparigas que claramente não nasceram para fazer parte do mundo da moda, insistem em partilhar as fotografias em poses sedutoras como se fossem lindas de morrer. É preciso sabermos as nossas limitações e muitas dessas meninas deviam perceber que só deviam fazer de moda se fosse na rádio. Blogger de moda feia e tronchuda é o mesmo que o Ricardo Salgado ter um blogue de economia ou o Homem Elefante ter um canal de YouTube com dicas de maquilhagem. Ou aquela mãe que matou as filhas em Caxias ter um blogue sobre o facto de mariposa ser o melhor estilo de natação.

Hashtags
Pessoas que partilham fotografias nas redes sociais com 959 hastags. Não existam, por favor. Não vêem que isso só vos faz parecer pessoas com carências e desequilíbrios emocionais? Toda a gente gosta de ter likes nos posts que faz, mas não se esforcem tanto que só vos fica mal. Exemplo:
Notificação: Kátia publicou uma fotografia nova.
Legenda: Me, myself and I na praia.
Fotografia: Dos pés e/ou do decote.
Hashtags: #eunapraia #euzinha #memyselfandi #praia #poderosas #happy #verão #sorriso #partilhem #fazmeumlike #esotubemsozinha #divando #canttouchthis #corpo #quemolharparaasmamaséporco #areianasvirilhas #raboassado #like4like #saidafrenteguedes #pes #fifa #meco #tunas #praxe #vida #100diasfelizesporqueosoutros255estounamerda #ginásio #crossfit #zumba #engulomasnaobeijo #romariadepila #jesusmelhorquephelps #bandidafogosa #fun #photo #arrebentabola #melanoma #cancro #ajudemascrianças #voluntariado #bancoalimentar #gin


Apps
Humanidade, não acham que já começa a ser um exagero? Escovas de dentes que se ligam ao smartphone para ver se lavámos bem os dentes? Sensores com uma aplicação que nos dizem que estamos a apanhar sol em demasia? Mas que palhaçada vem a ser esta? Só falta papel higiénico "smart" que nos diz quantas mais passagens precisamos para limpar aquele cocó que teima em ficar agarrado às paredes. No outro dia vi uma app onde se coloca o que temos no frigorífico e depois à medida que vamos consumindo, vamos reduzindo na app e ela diz-nos quando está a acabar algum alimento. O quê?!?! Mas que palhaçada vem a ser esta? E abrir o frigorífico para ver se faltam ovos? Os smartphones estão a fazer dos humanos cada vez menos smart, ou pelo menos mais preguiçosos.

Street Food e cenas artesanais
Já chega, Portugal. Já chega. Já todos percebemos que somos muito bons a fazer comida de fusão, a fazer cerveja com os pés, e a conduzir roulotes de cachorros gourmet. Agora que já todos sabemos isso, parem lá com isso, se faz favor. Não encham a nova edição do Shark Tank com ideias de criar novas hamburguerias, cachorrarias e croqueterias. Sim, existem croqueterias! Não digam que vão inovar a culinária portuguesa porque meteram uma cozinha badalhoca dentro de uma Ford Transit e vendem comida a um preço inflacionado porque lhe metem o rótulo de artesanal, gourmet e homemade. Entre street food e street fodas, já vi meninas à volta do IST que devem vender hambúrgueres com melhor aspecto e higiene do que algumas carrinhas de comida artesanal. 

Zumba
«Fazes desporto?», «Sim, faço zumba.». E pronto, ficou aquele ambiente estranho na conversa. Não tenho muito a dizer sobre zumba, até porque o que conheço é daquelas reportagens que vi na TV e que, invariavelmente, mostra senhoras de meia idade a abanar as peles quais orelhas de dumbo a sair pelos elásticos das calças. Senhoras do Zumba: não é boa publicidade. Quando vão aparecer na TV, metam as raparigas de rabos torneados na mira da câmara. Mas também, quem é que espera que vocês percebam de marketing quando têm uma dança que usa uma palavra do título de uma música da Tonicha.

Politicamente correcto
Para o fim, a moda mais parva de todas: a moda do politicamente correcto. Temos assistido nestes últimos tempos a uma vaga alarmante de pessoas que acham que todos devemos ser politicamente correctos. Pessoas que acham que a honestidade deve ser substituída por paninhos quentes para não ferirmos susceptibilidades. Vivemos tempos estranhos, em que as redes sociais são utilizadas pelos cruzados da moralidade e dos bons costumes e, tal como nas cruzadas, acham que quem não pensa como eles deveria falecer empalado por dois Angolanos, porque dizer "pretos" não é politicamente correcto. Normalmente, quem tem medo de usar estas palavras é quem na verdade discrimina. Quem trato todos por igual não precisa de eufemismos para apaziguar a sua consciência. Por isso, a todos os defensores da moralidade, voltem lá para as vossas Igrejas e não fodam o juízo a quem não é hipócrita.


E é isto. Façam o que vos apetecer, se quiserem entrar em modas parvas é convosco. Cá vou estar para vos achincalhar, porque escrever textos a dizer mal de tudo também é uma moda irritante e eu adoro paradoxos.
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25 de fevereiro de 2016

Para quando o velório da CM TV?



A CM TV não é propriamente um bastião do bom gosto, já todos sabemos há muito tempo. O Correio da Manhã, seja em papel ou na televisão, faz do seu negócio o jornalismo e o entretenimento de retrete. Por jornalismo entenda-se dar notícias sem verificar as fontes, sempre com uns pozinhos de sensacionalismo que dão aquela receita irresistível para quem tem mau gosto e/ou é pouco inteligente.

Hoje, a CM TV decidiu transmitir em direto o velório de uma das crianças que morreu em Caxias, naquele caso que se está a tornar bastante mediático. Sim, dedicaram o programa inteiro de duas horas a acompanhar o velório de uma criança de quatro anos de idade, alternando com imagens do funeral da irmã que foi há uns dias. Trouxeram comentadores e "especialistas" para irem enchendo as duas horas de programa. Os anfitriões das Manhãs da CM TV são o Nuno Graciano, o tio Careca, e a Maya, a tia. Os mesmos personagens que há uns tempos, num vídeo que ficou viral, ofendiam o humorista Rui Sinel de Cordes devido a uma crónica que ele tinha feito sobre cancro, acusando-o de ser um ataque «deplorável» à atriz Sofia Ribeiro. Foram vários os insultos que discorreram sobre o Sinel de Cordes. Nuno Graciano apelidou-o de «besta» o que até me parece que ele achará um elogio, e a Maya disse que era um «humorista sem h» que a meu ver é só um erro ortográfico.

Aposto que o público da CM TV sempre escreveu umorista.

Acho que todos podemos ser moralistas e criticar e achar que somos as melhores pessoas do mundo. Convém é conseguirmos olhar para nós primeiro e ver se temos telhados de vidro. Não vou estar aqui a defender o Rui Sinel de Cordes, até porque ele não precisa. Não é meu amigo e apenas o conheço superficialmente por ter feito um curso de escrita de humor dele. Depois disso estive com ele duas ou três vezes onde de pouco mais se falou do que conversa de circunstância. Por isso, a minha opinião é imparcial e nem é pelo facto de alguns pensarem que somos colegas, até porque eu não sou humorista nem vivo das piadas ou da escrita que faço. Se gosto do humor dele? Algum. Acho que tem coisas boas e outras mais fracas. E quando digo fracas não estou a referir-me que são ofensivas ou não, simplesmente não lhes acho tanta piada. Agora, como também faço incursões pelo humor, por vezes negro, sei que é impossível acertar em todas as piadas e que sem as tentativas falhadas não há lugar para as tiradas geniais. Mas mesmo que não achasse piada a nada do que ele faz ou já fez, a minha opinião continuaria a ser a mesma: é errado tirar-se conclusões sobre o carácter de alguém apenas com base nas suas piadas. A empatia e a compaixão não é diretamente proporcional à negritude das piadas de um individuo. Por vezes, é até o inverso.

O velório em direto no programa de hoje foi mais uma prova (como se fossem precisas mais) de que em terra de burros, quem é hipócrita é rei. Que moral é que têm uns palermas que fazem da vida dar notícias de merda e acompanhar em direto velórios de crianças? Que moral é que tem uma gaja que ficou conhecida por burlar pessoas? Sim, burlar! A não ser que ela me apresente provas científicas, obtidas em laboratórios independentes, de que o tarô, os signos, e as consultas de merda que ela faz pelo telefone funcionam, tudo não passa de uma burla. «Só acredita quem quer!» dirão alguns. Sim, é verdade, o problema é que é fácil fazer acreditar quem está frágil e precisa de crer em algo, por muito ridículo que seja.

Cheguei a casa e estive a ver o programa, para não estar a escrever este texto sem conhecimento de causa. Senti alguma repulsa, mas fui forte e não vomitei o jantar. Entre vários comentários e julgamentos ridículos de quem baseia as suas opiniões nas notícias das capas dos jornais, especialmente do Correio da Manhã, destaco apenas o fim da emissão: a Maya terminou o programa a dizer que nada foi por acaso e que as filhas queriam ficar com o pai e que agora estão juntas no céu. Tudo isto porque ela é muito boa a interpretar o simbolismo do universo e que esses sinais valem mais do que as perícias legais. Juro que ela disse isto! Olha que atrasada mental, hein? Armada em campeã da moralidade e de detetive do mundo do faz de conta. Não metas mais tabaco que não é preciso, Maya. Por outro lado, o Nuno Graciano terminou o programa a dizer que a última parte foram dez minutos à Benfica. Uma piadola futebolística para alivar o ambiente o que só mostra que o tio anda desatento e já devia estar careca de saber que com assuntos sérios não se brinca! Brincar com futebol?! Que indelicadeza, Nuno! Isso é o assunto mais sério com que se pode brincar em Portugal.

A bem ver, a culpa não é do Correio da Manhã e dos seus apresentadorzinhos, é das pessoinhas que estão em casa a ver o velório de uma criança, a ver se conseguem ver o corpo inchado pelo afogamento, nem que seja de esguelha. «Deixai-me ver nem que seja uma orelhinha, meu senhor» rezarão alguns no alto da sua moral e da sua curiosidade mórbida. São as mesmas pessoas que dizem que com coisas sérias não se brinca, aposto. São as mesmas pessoas que acham que uma piada define o carácter de alguém. São essas pessoas que vêem esta merda enquanto tecem comentários ao género «Ah, viste o decote da tia da criança? Quem é que vai assim para um funeral?» e «Havia ali uma senhora que não estava a chorar o suficiente. Cá para mim ainda tem culpas no cartório.». Sim, porque estas pessoas só estão bem a julgar os outros. 

São juízes de bancada e só lhes falta o martelo porque o devem ter enfiado no cu em vez de lá enfiarem as suas opiniões de merda.

Se há alguma coisa que qualquer pessoa inteligente já não espera do CM é dignidade. Resta-nos sonhar que apareça alguma às pessoas que lhe dão audiência. Só faltava haver também uma CM FM onde tinham transmitido o funeral em relato. Dou apenas um lamiré daquilo que o Correio da Manhã podia fazer (ler com voz de relato):

"E lá vai o padre, diz a oração e que a criança não merecia isto mesmo apesar de ter sido concebida em pecado no primeiro encontro. O pai da criança chora, quase que se afoga nas lágrimas! Quase que se afoga, perceberam? E lá vem o caixão, carregado por quatro homens robustos. Chega à entrada a cova, fazem a paradinha e o caixão entra no buraco! É enteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeerrroooo! É sete palmos abaixo da terra! É apneia!!! É velório espetáculo, caros ouvintes!"

Volto a reforçar que isto não tem nada a ver com ser o Rui Sinel de Cordes nem este texto é uma defesa a ele. Sei que há muita gente que ganha visibilidade a lamber rabos a humoristas alheios, mas eu prefiro fazer o meu caminho sozinho e ir à volta. Mas, mal vi este acontecimento, lembrei-me logo dele, ainda bem antes dele ter escrito sobre este assunto no seu Facebook.

Lembrei-me logo do Nuno Graciano a dizer «É uma besta.» enquanto ele a Maya iam masturbando a sua falsa moral e hipocrisia em conjunto, dizendo que com coisas sérias não se brincam.

Esquecem-se é que o que é sérios para uns, para outros é leve e que os limites do humor e da liberdade de expressão são pessoais e intransmissíveis. Eles estão no direito de ofender quem quiserem e opinarem, atenção! Defendo isso como unhas e dentes. Tal como defendo que eu posso estar aqui a opinar sobre a opinião deles e chamares-lhes montinhos de cocó televisivos. Contra o Nuno Graciano, fora essa opinião, nem tenho nada contra. Acho que é só um palerma e ser palerma nem sempre é mau. Teve aquela situação do sushi e para mim quem organiza um festival de sushi em vez de bifanas devia levar com uma posta mirandesa na moleirinha que, no caso dele, nem tem amortecimento piloso nem nada. Era isso um osso buco entre as costelas flutuantes. A Maya é outra história porque acho, sinceramente, que quem cobra dinheiro a pessoas com falsos pretextos e promessas deveria ser multado e preso. Não vejo o por quê de dar consultas de tarô telefónicas seja diferente de ir burlar velhos porta-à-porta a trocar escudos por euros falsos. Acho até pior o que ela faz porque para se ser burlão porta-à-porta é preciso coragem, engenho e carisma. Ela só precisa de aparecer na televisão com um número de chamadas de valor acrescentado em rodapé. Só não seria burla se ela acreditasse mesmo no que diz. Aí era só uma pessoa que acredita em coisas que não fazem sentido e que pensa que está a ajudar as pessoas. Mas não é o caso, eu sei que ela não acredita nem um pouco naquelas balelas e que o faz só pro dinheiro. Como é que eu sei? Uma fonte próxima do casal disse-me. É fodido, não é?

É gente que faz da vida dar uma cor rosa a tertúlias e acinzentar entretenimento para entorpecer as massas desinformadas, tirando partido do sistema de educação podre deste país que gera adultos incultos e sem capacidade de questionar. É gente que vive da Indústria do Nada, como diz a música do Valete. Nada! Nada! Não produzem, não criam, não fazem nada. Nada!

Surfam na onda da futilidade e da inutilidade, comentando e empratando merda. Metem-lhe uma folha de rúcula e um vinagre balsâmico e dizem que é informação e entretenimento. Não é. É merda.

Acho que termino por aqui porque já me estou a enervar. Vou ver a repetição em câmara lenta do enterro da criança que há ali uma parte em que me pareceu fora-de-jogo.

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23 de fevereiro de 2016

Amor e sexo andam sempre de mãos dadas?



Sabem que dia é hoje? É dia 23 de Fevereiro que assinala o aniversário da morte de Alip Anigav, o grande filósofo do século IV. Mentira, Alip Anigav é «Vagina Pila» ao contrário. Apanhei-vos, não foi? Bem, vamos a mais um "Doutor G explica como se faz".


Houve uma altura em que tentei algo com um rapaz quando queria era estar com outro. Eu sei.. As mulheres são uma trapalhada! Um atraía-me psicologicamente e o outro fisicamente. Eu lá me decidi, parti o coração a um e fiquei com o todo bom. A minha questão hoje é, é possível amar alguém mesmo que não te consigas imaginar a ter relações com ela?
Maria do Carmo, 17, Quinta do Conde

Doutor G: Cara Maria do Carmo, a resposta é não. A não ser que estejas a falar do teu pai e da tua mãe. Mesmo que ames alguém seboso e sarrabeco, o amor pressupõe cegueira face ao aspecto físico da pessoa o que fará com que a desejes sexualmente. Por isso, se pensas sentir amor mas nem consegues pensar em chafurdar pelada no planalto dos cobertores, então o que sentes é, provavelmente, apenas amizade. Ah e no caso dos padres também é possível amar-se Deus e não pensar em fazer sexo com ele, porque toda a gente sabe que para isso estão lá as crianças do coro.


Caro Doutor G, apaixonei-me no ano passado por uma rapariga que é um tanto inexperiente em questões amorosas, que por sua vez gostava de um amigo meu que lhe deu com os pés. Fui a umas festas com ela, saimos umas vezes e claramente havia tensão embora ela não parasse de pensar no outro rapaz. Entretanto pouco antes do Natal um amigo meu apresentou-me a namorada dele, que imediatamente se começou a atirar a mim, e por mais que eu tentasse resistir, e com uns shots de absinto, la me enrolei com a gaiata (eu sei ganda cabrão que sou), acabei por ficar um pouco apanhado por ela porque de facto ela tinha experiencia no assunto (puta sabida como se costuma dizer). Parece que depois ela ficou muito arrependida e a sentir-se culpada pelo que aconteceu, não que isso tenha impedido de eu, ela, o namorado dela e mais uns amigos termos voltado a sair e, mais uma vez com a ajuda do alcool, la fiz um bom solo guitarra no instrumento dela. Vim agora a saber que ela nutre sentimentos amorosos pela minha pessoa. Voltando à outra miuda, passei a passagem de ano com ela (no que você chamaria 20 pessoas num T4) e acabamos por nos enrolar, mas depois com o alcool cometi o grave erro de me declarar a individua, ao que ela depois veio a dizer que estava confusa que agora não está interessada numa relção assério, mas que talvez lá para a frente dê, mas que nao queria perder a minha amizade e assim, ao que eu associei a ser posto no buraco da friendzone, o que não é verdade pois ela acitou em sair num date assério comigo, no qual ela repetiu a ladainha de não querer uma relação seria mas para irmos saindo e vemos o que é que dá. Não sei o que é que faça perante estas duas situações, devo afastar-me das duas? Só de uma? Ps: peço desculpa pelo texto longo, ah e o comprei o seu livro, muito bom de facto.
Anónimo 17, Lisboa

Doutor G: Caro Anónimo, só não te chamo mais nomes porque compraste o meu livro. Obrigado por isso. Apesar desse excelente bom gosto, isso não apaga o facto de seres uma besta. Noto aí um padrão que é o de gostares dos restos dos teus amigos. Primeiro a que foi rejeitada por um, depois a namorada de outro. És aquele amigo que vai ao frigorífico sem pedir licença e come os restos de uma perna de frango ratada que estava lá guardada. E que casais são esses que saem em grupo com amigos e a rapariga come outro e ele não repara? Só compreendo se ele se chamar Bernardo e tiver o cabelo à Playmobil a tapar-lhe os olhos. Ainda assim, com os cornos que têm, devia fazer pala e destapar-lhe a vista. Por último, não sei o que é um «relção assério», bem que pesquisei no Google mas "assério" é uma adjectivo para legumes que são de boa qualidade. Pode fazer algum sentido neste contexto, mas não queria entrar em detalhes javardos. Moral da história: comer namoradas de amigos é feio e, por isso, devias afastar-te dela até porque ela é uma puta. Em relação à outra rapariga, ela não quer namorar contigo e, pensa lá bem: queres mesmo ser a segunda opção de alguém? Toma juízo.


Olá Dr. G, conheço um rapaz a quase 1 ano e começamos logo com uma química louca e uma amizade mesmo boa. Comecei logo a interessar-me por ele, e ele mais tarde por mim. Chegamos à fase de "amigos coloridos" a falar de coisas mais serias. A cena é que a ex namorada dele decidiu vir meter-se ao barulho na altura em que a coisa estava a ficar melhor e o gajo ficou confuso da vida. Eu ou ela, eis a questão. E quase nos afastamos de vez por causa disto, ele envolveu-se com ela enquanto eu andei afastada a lidar com as minhas paneleirices; mas passados uns meses lá se decidiu - escolheu-me a mim, no entanto, apesar disso demorou MUITO a namorar comigo (mesmo eu pedindo em namoro!). Disse que ia parar de falar com ela e tudo... e parou durante uns breves tempos. Mas depois voltou e nem me contou ate terem passado uns dias. E agora só descubro que ele fala com ela quase se o colocar sob tortura e ele diz que não é nada de mais para não me preocupar mas quando ele me mostra as mensagens ela esta sempre a tentar convence-lo que ela era a melhor escolha. Ja tentei ignorar, já tentei pedir e explicar ao moço o meu lado e o porque de não querer que ele fale com ela, mas ele as vezes é mais lento que a lista de espera para operações aqui em portugal e não compreende - ou se compreende ignora. O que achas desta cena toda?    
Joaquina P, 20, Setúbal

Doutor G: Cara Joaquina, homem que continue a falar com ex-namoradas, principalmente se elas ainda mostram interesse, é porque também está interessado e ainda não esqueceu. Agora, faz o que quiseres com esta informação. «Ah e tal, somos amigos! É normal ficar amigo das ex-namoradas!», mentiras. Tudo mentiras. O mesmo é válido para uma mulher, que só ficará "amiga" do ex-namorado num destes casos:

  1. Ele afinal prefere pila a pipi;
  2. Ela precisa de quem lhes encha o ego;
  3. Ela quer tê-lo no banco de suplentes;
  4. Ela ainda gosta dele;
  5. Ele tem uma casa com piscina.

Doutor G, comecei a falar com uma rapariga pelo facebook. e por espanto meu, a conversa durante 9 dias consecutivos correu bastante bem? Tudo parecia bem, até que ela, certo dia, dá em modo seca e não fornece nada mais que frases simples, levando-me a responder na mesma moeda até ela, por fim, deixar aquele 'visto às ...' na janela de chat que nós bem "adoramos". Terminando a história, e não me querendo alongar mais, gostava de saber o que poderei ter feito de mal para esta mudança repentina e a partir de quanto tempo após conhecer uma rapariga, tendo em conta que temos ambos 18 anos, é que deixa de ser muito cedo para a convidar para um café ou uma ida ao cinema. Conto com a sua preciosa ajuda e desejo-lhe o maior dos sucessos com o seu trabalho e com a 2ª edição do livro que prometo comprar.  
Afonso, 18, Lisboa

Doutor G: Caro Afonso, de promessas está o inferno cheio. Vais mas é comprar o meu livro antes que esgote outra vez. Está aqui o link. Em relação à tua dúvida, parece-me que ela perdeu o interesse se é que alguma vez o teve. Provavelmente, arranjou outro entretanto que lhe enchesse mais as medidas, e não só. Acontece aos melhores, o timming é tramado. Em relação à tua segunda pergunta, deixa de ser muito cedo para convidar para um café a partir do primeiro dia. Porquê? Porque enquanto tu estás a fazer conversa de circunstância no Facebook, a perguntar-lhe como está o tempo, o que ela acha do Trump e qual a posição dela face à geo-política na faixa de Gaza, há vários outros gajos a convidarem-na para sair e a perguntar como é que está a precipitação no pipi. Na selva, quem é que fica com a presa: o leão que anda à volta a mandar emojies ou o leão que se atira ao pescoço? Nenhum, quem caça são as leoas. Também não sabes nada, foda-se.

PS: Quem me vier corrigir a dizer «Ahhhh, mas os leões às vezes também caçam!!!», é ainda mais xoninhas que o autor desta dúvida. Ainda vocês andavam a comer mucosas nasais e já eu via os documentários do BBC Vida Selvagem.


Boas Doutor G, há 6 anos que conheço um rapaz, que logo na primeira vez que nos vimos tivemos um "love at first sight". Claro que começamos a andar e passado um tempo eu acabei com ele, porque na altura eu queria era bad-boys. Entretanto ele arranjou namorada, mas nós continuavamos a falar e eramos melhores amigos, até que a gaja disse pa ele nunca mais me falar, tasse bem. Ela encornou-o e ele acabou com ela, voltamos a ser amigos e ele arranjou outra namorada. Nisto apercebi-me que ainda gostava dele, e acho que sempre gostei, mas como ele tinha namorada não fiz nada. Entretanto acabou com esta última namorada e como sou um "bocado" stalker e muito atenta, cheira-me que ele voltou a falar com a que lhe pôs as hastes e que vão voltar a andar. Nisto, não sei o que fazer porque gosto mesmo daquele fdp mas acho que ele está a ser burro que nem uma porta. O que devo fazer? 
Uma fã sua, 23, Faro

Doutor G: Cara fã, portanto, tu é que o deixaste porque querias bad boys e ele é que é um fdp? Só faria sentido se fosses mãe dele. Badrabuuuuuuuuummmmmm, que biolência! Tens apenas 23 anos, pelo que estás a chegar demasiado cedo à fase em que ao veres que vais ficar para tia, já preferes um xoninhas fácil de manter a um bad boy irreverente só para chateares o teu pai. Se gostas dele, diz-lhe. Ele, panhonha como é, vai dizer que também gosta de ti. Depois, passado uns tempos, tu vais deixá-lo ou meter-lhe os cornos com um bad boy e volta tudo à estaca zero. É isto, não tenho muito mais a dizer, acho que até o Quintino Aires acertava nesta. Já agora, se o Quintino tiver um blogue, não o pode fazer no SAPO, porque depois a fotografia dele confundia-se com o logo.


O meu caso iniciou-se há coisa de 5 anos quando conheci uma rapariga por intermédio de amigos. Fiquei logo com o radar focado na presa e consegui focar no alvo mas nunca tive a coragem de terminar a caçada e ela fugiu. O problema prende-se com o facto de termos seguido a nossa vida ( já tivemos pelo menos duas relações cada um entretanto) mas sempre que ficamos solteiros nos voltarmos a contactar e eu fazer sempre o papel do xoninhas mor que lambe o salto da princesa para conseguir alguma coisa. Quando nos encontramos temos uma ligação especial e ela dá-me sempre aqueles olhares e sinais de quem quer provar a morcela. Só há um mês finalmente a beijei mas ela constantemente ignora as mensagens e pouco nos vemos pois estudamos a 500km de distância e poucas vezes vamos à nossa terra natal. A minha questão prende-se em como mudar esta imagem de xoninhas que tenho e tornar-me o fruto proibido dela, desejável, o mais apetecível. Tendo em conta que estudo no IST, a fauna local também não é do meu agrado para dar rodagem ao motor e fico de mãos a abanar.
Anónimo, 21, Braga

Doutor G: Caro Anónimo, um xoninhas que estuda no IST? Não acredito! Informática ou Electrotécnica? Mecânica? Ou virgem de Aeroespacial? Bem, não interessa, o que interessa é que o IST tem boa fauna na torre de Química e Civil. Andas desatento. Não podes desculpar a tua inabilidade em facturar com a falta de matéria prima para fazer esculturas fálicas. Bem, mas indo directo ao assunto: se ela frequentemente ignora as tuas mensagens é porque não está assim tão interessada. Sim, beijaram-se mas isso nos dias que correm é um sinal de interesse tão grande como uma prostituta que te efectua um felácio a preço de saldo. O mais provável é ela ter namorado ou alguém mais perto em quem esteja interessada. Quando se vêem, há aquela comichãozita que se acende, mas mal se separam ela volta a pensar no outro. A melhor maneira de saíres do pedestal de super-xoninhas onde ela te vê, é começares a ser tu a ignorar as mensagens dela de vez em quando. Mesmo quando se virem, faz aquela cara de quem está com gases. Se ela vier atrás, está feito. Caso contrário, é porque nunca esteve muito interessada. Se tudo falhar, tens as meninas que trabalham à volta do IST. Assim, da próxima vez que a vires, se voltares a sentir uma comichão é, muito provavelmente, clamídia.


Sr. Dr. G, preciso de uma opinião urgente acerca da minha relação, com o meu namorado, que perdura à 5 anos à distância (Lisboa  - Porto, UaU!). Sim, há quem diga que não há amor que aguente! E, há quem diga que se há amor, há que aguentar. É a velha historia do: "quero viver contigo mas temos que ter paciencia!" Ora, ele tem paciência, sem duvida, e eu também já tive muita, sou uma namorada impecável que não faz pressões nem ultimatos mas a coisa não avança nem com jeitinho. Eu sei que ele gosta de mim e quer formar família comigo ate, isto dito por ele, de forma credível, mas nunca mais é!...já vai no 6 ano...não que eu conte o tempo....eu conto é o "meu" tempo, já não sou uma menina (36 anos, a querer amar e respeitar, na saude e na doença, etc), mesmo que não implique casar, até porque não quero, faz-me aflição tanta confusão e stress típicos de casamentos! Ora bem, mas ate gostava de ser pedida em casamento, nem que fosse para dizer que não! Queria apenas sentir a verdadeira loucura do amor. Um homem para pedir em casamento sem ser pressionado só pode estar loucamente apaixonado, e eu só queria sentir isso da parte dele. Não para me encher o ego nem por vingança, nem é o que me interessa... Eu só queria um sinal de atenção do meu namorado, que fosse esse ou outro (bastava até me ligar todos os dias, e mandar uma ou outra mensagem assim como quem esta mesmo com saudades ou assim, lol), mas, coitado, trabalha muito e por isso não tem tempo para me ver, acho que nem tem tempo para cagar!... E tem que juntar dinheiro para termos um final feliz! Eu só quero é que o dinheiro se foda! (Mas ele trabalha mesmo, é desses) mas... e eu? Como fico? que devo fazer...? Aceitar este regime de desapego da parte dele, continuando a acreditar num futuro de estabilidade que ele procura para ficar comigo...? Dessa justificação que soa a desculpa eterna? Mas ele ama-me, quando estamos juntos de dois em dois meses, parece. Lol! Atenção, ele não é uma peste, pelo contrário, é das melhores pessoas que conheço, tem um coração extraordinário e até já me deu sinais de grande amizade, mesmo na cama! lol Ele é fixe, e é fixe mesmo, uma joia de "miudo", sortuda da mulher por quem ele se apaixonar! 
Anónima, 36, Lisboa  

Doutor G: Cara Anónima, primeiro do que tudo, deixa-me dizer-te que pessoas que falam, falam, escrevem com parêntisis, reticências e "lols" lá para o meio, me dão vontade de distribuir, gratuitamente, chapadas na moleirinha. Posto isto... o que é que eu acho sobre isso...? Não sei. lol Se gostam um do outro (e achas que ele é bom rapaz...), então é deixar andar e acreditar que ele um dia irá ficar contigo (... lol para sempre...! lol ) Já agora... o que são sinais de grande amizade na cama... lol? É vir-se enquanto o trombinhas dele canta o «Amigos para siempre»? LOOOL É dizer que tem todo o gosto em ir ao Bar Vão de Escada ver a tua banda de covers tocar a mesma "merda" (pela vigésima... vez lol)?!? Se for assim..., ..., ..., lol, ... então é mesmo um amigo para a "vida"... lol bué tótil e quê mêmo a bater.


É isto. Obrigado e uma boa semana. Até lá, continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.

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16 de fevereiro de 2016

1, 2, 3, vou vir-me outra vez



Depois de uma semana de ausência devido a sífilis, o Doutor G está de volta para mais uma consulta soberba na rubrica das das terças-feiras, "Doutor G explica como se faz". 


Caríssimo doutor, sempre vi essa xónice de malta que se apaixonada pelo MSN e pelo hi5 nos meus tempos de secundário. A questão é... Eu acho que me apaixonei por uma moça na net. Passamos os dias a trocar mensagens (coisa que eu por norma achava enjoativo até, mas não consigo evitar agora) e ao final do dia falamos pelo Skype. Passamos horas no Skype sem a conversa morrer. Temos imenso em comum e ela é uma besta quadrada encantadora. Além de lindíssima. Mas mora a meio mundo de distância. Já combinamos data para eu ir lá e coisas assim... O meu dilema moral é...  Eu não consigo falar disto a ninguém. Tenho uma alegria enorme dentro de mim e vergonha de a mostrar porque toda a minha vida achei ridículo os xóninhas se apaixonarem pelo ecrã. Ok, basicamente não tenho pergunta nenhuma. É mais o desabafo de não saber como ultrapassar este sentimento de vergonha.
Anónimo, 25, Terras Lusas

Doutor G: Caro Anónimo, então quer dizer que estás com vergonha por não quereres admitir que foste como um desses xoninhas que se apaixonou pela net? Ter vergonha é bem mais xoninhas do que a xonice do engate online. Se gostas dela, admite. Só precisas de ter vergonha caso a tenhas conhecido no grupo de Facebook do Canal Panda e ela tiver 13 anos. Aí sim, mais vale não contares a ninguém muito menos à polícia. Apaixonar-se por alguém na Internet é tão parvo como apaixonar-se por alguém que se conheceu num bar com os copos: só vamos ter a certeza se a pessoa é quem nós pensamos ser mais à frente quando a conhecermos melhor. Tenho duas dicas para ti, dada a tua situação: primeira é que isso nunca vai funcionar devido à distância porque ainda não dá para sacar torrents de pipi. Segundo: quando tiverem no Skype e começar a rolar safadeza, metam uma máscara que essa merda não é encriptada decentemente. De nada.


Olá Doutor G. Estou numa situação complicada. Mais para o desesperante. Namoro com um rapaz há uns meses, e gosto mesmo muito muito dele, do fundo do meu coração. A melhor pessoa que já conheci. É tudo de bom, garanto! Sou infinitamente feliz com ele. Diria até que encontrei uma criação divina. O problema é que ele é ciumento. Muito. Ao ponto de se chatear por eu (supostamente nas costas dele) "conversar" com rapazes que conheço há anos e com quem nunca tive nada (nem queria), mesmo que a tal “conversa” nada tenha de mal. Outra chatice é o meu passado. O meu ex-namorado (que é um parvalhão diga-se de passagem) e do qual o meu namorado acha que ainda gosto (que loucura). Acabámos e tudo isto foi referido por ele, ele é o detentor da razão e nuuuunca está errado (só eu é que estou sempre errada e faço merda). Apesar disso tudo sinto-me de certa forma injustiçada, porque estarei a perder um grande amor por merdas que não fazem sentido e que são passado, mas que no entanto o atormentam. Acrescento que ele diz que me gosta de mim mas não quer ficar com uma pessoa como eu. A minha dúvida é, o que faço? Visto que estou cada vez mais louca e confusa.

  1. Esperneio, desespero, lamento,  arrependo, peço perdão, espero no máximo 60 anos até que ele me aceite de volta e estarei com ninguém até lá.
  2. Cago neste amor com enorme tristeza de o perder mas life goes on.
  3. Levo-o a uma terapia para casais de modo a tentar resolver este conflito.   
Maria, 23, Lisboa

Doutor G: Cara Maria, começas a dizer que namoras e depois a meio do texto dizes que acabaram? Ou acabaram enquanto escrevias a dúvida porque ele pensou que estavas a enviar email a um gajo qualquer, ou tens mesmo as coisas mal resolvidas na tua cabeça. Queres um conselho? Como um grande sábio diria «Nunca nenhum casamento feliz acabou em divórcio.». Se ele fosse o homem da tua vida não era um xoninhas ciumento de primeira e inseguro, por isso não é homem para ti. Queres mesmo um homem ao teu lado que te controla as mensagens e com quem deves ou não falar? Para isso namora com o teu pai. Também se pode dar o caso de tu seres uma attention whore que gosta que lhe afaguem o ego, inclusivamente falando e dando conversa ao ex-namorado que dizes ser parvalhão. Seja qual for o caso, se esse homem perfeito para ti não te quer e não te aceita como és, mais vale ires à tua vida, ou seja, ponto 2. Em relação ao ponto 3, para o levares à terapia de casal era preciso que fossem um casal atualmente, algo que já não são porque ele não te quer. Se calhar enfiei dois dedos na ferida assim à bruta, não foi? É a vida.


Caríssimo Doctor G. o meu problema é o seguinte: todos os meus amigos, quando saímos à noite, conseguem estabelecer relação com mulheres, enquanto eu seguro no Gin. Já tentei de tudo Doctor: já tive aulas de Kizomba para melhorar os meus dotes de dançarino, já fui de camisa aberta com terço à Ronaldo, paguei bebidas, corri diferentes temas de conversa e nada. Tenho a lista de contactos carregada de números de quem me mandou sempre para a friend zone. Conhece algum método infalível? Ajude-me Doctor. Gostava muito de contar histórias de engate verdadeiras aos meus netos, mas por este andar nem avó para eles terei.
Chico Lêdo Coutinho, 23, Belém

Doutor G: Caro Chico, tens nome de gueto e da Quinta da Marinha ao mesmo tempo. É raro e acho que devias valorizar mais isso. Se me dissesses que o problema era não conseguires meter conversa nem sacar números, era uma coisa. Agora, dizes-me que consegues meter conversa e sacar números, mas que depois elas não te querem para a javardeira genital e/ou romântica, então acho que não te posso ajudar muito. O problema será mesmo a tua personalidade. O facto de te esforçares em demasia para o engate, fazendo coisas só para ficarem bem, nota-se que não tens confiança no que tu realmente és. As mulheres cheiram à distância homens que não têm confiança e o pipi retrai-se como a cara de um bebé a provar limão pela primeira vez. Devo ter sido a primeira pessoa no mundo a comparar pipis com caras de bebé. Acho que vou meter isso no CV. Bem, não tenho grandes conselhos a não ser dizer-te que se elas te deram o número é porque tinham o mínimo de interesse. Se depois te colocaram na friendzone, foi porque foste xoninhas e não mostraste proactividade, ou porque elas ficaram sóbrias e viram melhor a tua foto.


Caro Dr. G, namoro com um rapaz há uns dois meses e gosto mesmo muito dele, completa-me em todos os aspetos. Ora, dadas as nossas idades e porque vivemos relativamente longe, é-nos quase impossível deixar o "funaná pelado" de parte nas poucas vezes que nos podemos ver. Como já percebeu, ainda não foram muitos os confrontos no ringue dos lençóis. É certo que apesar de não ter grande experiência neste mundo da sem-vergonha, nunca fui gaja de orgasmo fácil, e apesar de enlouquecer com o que fazemos e querer sempre mais, ainda só o atingi uma vez desde que estou com ele. E é sobre essa vez que queria falar. Houve uma explosão tal na hora H (ou G?) que, do nada, quando me apercebi, tinha lágrimas a cair-me dos olhos! E depois houve uma mistura de pequenas gargalhadas (dos dois) com as minhas lágrimas! Garanto-lhe que não foram de dor e foram completamente involuntárias. Foi verdadeiramente perfeito, mas não percebi esta minha reação! Diga-me, Dr G, será isto normal? E o que acha que significa?
Maria, 20, Braga

Doutor G: Cara Maria, chorar no fim do sexo é perfeitamente natural. Em caso de violação é até obrigatório para não parecer mal. No teu caso, diria que o choro são lágrimas de felicidade de um «Foda-se, até que enfim um orgasmo! Oremos, senhor, oremos!». O orgasmo feminino despoleta uma catrefada de químicos e o camandro que fazem com que as mulheres fiquem todas piradinhas. Gostaste desta explicação altamente científica? Sou muita forte. Mas bom, falando a sério, sim, pode acontecer choradeira na altura do orgasmo e não quer dizer nada a não ser que foi bom. Pode querer dizer que ela tem namorado e que agora depois de se vir é que se está a lembrar dele enquanto esteve a apanhar de força com um salpicão alheio. Em vez de te estares a preocupar com o significado das lágrimas, devias era estar preocupada em ter orgasmos em todas as relação sexuais. Nunca nenhuma relação foi feliz com um orgasmo de vez em quando.


Caro Dr.G, percebi há uns tempos que uma rapariga com a qual tive uma amizade passageira e que é gira que dói, possivelmente poderia estar interessada em mim. De momento tem um "melhor amigo", que julgo não ser nada sério, até porque o rapaz é uma catástrofe ao lado dela. Sempre que passa por mim fala super bem, já tentei meter conversa com ela mas parece que não rola porque também nunca há assunto para fazer rolar. O que acha que devo fazer? Continuar a tentativa de engate ou desistir e ir para outra?  
Paulo, 17, Covilhã

Doutor G: Caro Paulo, se não rola assunto, então não vais aliviar a rola. Viste o que eu fiz aqui? Fiz um trocadilho com palavras homógrafas. Caraças que hoje estou levado da breca, até porque este trocadilho tem o bónus de chegar ao público brasileiro que já começa a ser algum por aqui. Não estou a gozar, até porque estou com as duas mãos ocupadas. Pumba, outro. Muita, muita forte, hoje. Bem, estou só a encher porque o teu caso está perdido. Se não conseguem manter uma conversa, então nem vale a pena continuares a tentar. Mais vale esperares por um dia que a encontres na noite com os copos em que não seja preciso falarem muito. Ah... espera! Tens 17 anos e toda a gente sabe que ninguém bebe com menos de 18! A figura de estilo presente nesta última frase é denominada "Ironia". Pumba, no fim, ainda te ajudo para os exames nacionais de Português.


Nobríssimo Dr. G, sou estudante e, como tal, partilho casa com outras estudantes, num ambiente amigável. No entanto, encontro-me perante um problema embaraçoso. Uma das colegas de casa (logo a do quarto ao lado do meu!) tem um relacionamento que me tem proporcionado algumas insónias. Eu nunca vi bem a cara metade porque ele limita-se a chegar a casa durante a noite só para, obviamente, praticar o desporto pelado. Até aqui, tudo ótimo! O amor é lindo e o desporto é essencial e eu, como qualquer ser humano, sou a favor! O problema é que apesar dos esforços para conter os ruídos, eles existem e perturbam-me duplamente por saber a sua natureza. Fico com a sensação de que vivo num bordel e por mais xoninhas que esta sensação seja, ela não deparece! A questão é a seguinte: devo abordar este assunto? Se sim, como que raio fazê-lo?? Não queria ser uma empata fodas mas preciso de dormir à noite! 
Vera, 20, Lisboa 

Doutor G: Cara Vera, compra tampões para os ouvidos na farmácia. Não queres ouvir pinanço no quarto ao lado então vai trabalhar e arranja uma casa só para ti. Ou arranja um gajo que te faça guinchar mais alto que a tua colega. Se nada disto for possível, fala com eles e pergunta-lhes «Olha, nada contra, cada um tem as suas opções e convicções. Não tenho nada contra satânicos mas podiam não esventrar porcos e galinhas a meio da noite? O barulho é o menos, agora o cheiro a bedum incomoda-me um bocado.»


Caro dr. G, acabei recentemente uma relação de 4 anos e andei à procura de cura sexual via Tinder. Encontrei um candidato à maneira. Somos indivíduos mt diferentes, mas a conversa sempre flui naturalmente entre ambos. Descobri que o sujeito em causa tb está a passar pelo longo processo de separação conjugal, então este tem sido o tema de conversa à já 3 meses. O sexo sempre esteve na mesa, mas o gajo é um coninhas e nunca se afinfa à febra msm eu já lhe tendo dito milhentas vezes que a brasa ainda tem lume que dure. Tornamo-nos confidentes e íntimos um do outro, mas cm a falta de exercício horizontal entre sheets, estou a desenvolver sentimentos por ele. Então a minha dúvida é: mas que raios quer ele? Porque ele vem sempre bater à minha porta mas no entanto nunca entra! Eu quero mt assexualizar-me (desculpe-me o português) com ele, e não quero me afastar pois ele tem me feito bem ao espírito, mas o corpo está viciado na sua ausência e não quer saber de mais fiambre nenhum, a não ser da sua perna extra! 
Súbdita, 25, Porto 

Doutor G: Cara Súbdita, conheceram-se no Tinder, são solteiros, e andam nisso HÁ (está em maiúsculas de propósito) 3 meses? Mas que palhaçada vem a ser esta? Mas conheceram-se no Tinder Católico para virgens ou quê? Essa merda que vocês têm no meio das pernas tem prazo de validade! Em vez de esperares que seja ele a tomar a iniciativa porque não a tomas tu? Em vez de me dizeres a mim que queres provar o seu mui nobre chouriço, diz-lhe a ele! Combinem um encontro, bebam uns copos e diz-lhe ao ouvido «Hoje fiz o buço. Em baixo.». Se ele não perceber a dica, só te aconselho a ficar com ele se gostares de homens com menos números de QI do que de centímetros.


É isto. Estamos conversados por hoje. Até para a semana e enviem as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.

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14 de fevereiro de 2016

As verdadeiras estatísticas do amor



O estudo que se segue contém dados reais.

O amor é, cada vez mais, uma ciência que merece ser estudada a fundo. O amor é um jogo de probabilidades e, para o jogarmos, temos de saber o poder da nossa mão, salvo seja. Dizem os estudos recentes que cerca de 44% da população adulta é solteira, com um rácio de 9/10 de homens e mulheres, respetivamente. É importante reter estes números que serão importantes mais à frente.

A percentagem de homens que encontra uma namorada, ou seja, mais do que sexo casual, num bar ou discoteca é apenas de 2%. No caso das mulheres, o cenário é um pouco mais animador com a percentagem a chegar aos 9%. Esta discrepância de valores pode dever-se ao facto de muitas mulheres serem enganadas por homens que dizem que as amam só para as levar para a cama e, assim, pensam elas que estão numa relação séria quando no fundo, não passaram de carne para canhão. Para se conseguir maximizar as possibilidades de emitir recibo, ou facturar, é necessária atenção aos factores de maior relevo que são alvo de atenção para cada um dos sexos. Atentem no gráfico seguinte:
Por estes dados se vê que os homens são uns porcos e percebe-se, também, que as mulheres mentem muito. Com estes números façamos um exercício mental para ajudar à compreensão dos dados e informação com que acabam de ser inundados.

O Zé, 25 anos, vai a uma discoteca e, nessa discoteca, estão cerca de 300 pessoas. É ladies night e, por isso, está um rácio de apenas 35% de mulheres já que os restantes 65% são homens que foram ao engano do branding. Não quero estar aqui com cálculos matemáticos avançados mas atentem:

300*35%=105 (Juro!)

Ou seja, há apenas 105 mulheres nesse espaço de diversão nocturna. Dessas 105, aplicando a percentagem de 44% de solteiras, vemos que apenas 46 estão descomprometidas, sendo que há 0,2 que são capazes de petiscar alguma coisa com a quantidade certa de shots de tequila. Já agora, a quantidade certa de shots é 1 shot por cada 8,3kg de massa corporal. Voltemos ao Zé: é um rapaz normal, é tímido pelo que lhe é difícil demonstrar o potencial da sua personalidade num primeiro encontr. Não é rico e possui um índice de atractividade mediano, ou seja, 50% dos homens presentes na discoteca são mais atrativos do que ele. Com estes dados é fácil concluir que:

(300*75%)*50%*44%=49,5

Daqui, facilmente se conjetura que há mais homens, solteiros e mais atrativos do que o Zé, na discoteca, do que o total de mulheres solteiras. Isto, sem contar com os comprometidos que também vão para a noite ao engate. Com todos estes dados, mais as leis da Newton da inércia que são ponderadas na lei da primeira aproximação, a juntar às variáveis de causalidade geográfica e temporal, consegue-se, através da seguinte fórmula, chegar a um resultado assustador:
O Zé está fodido e, infelizmente para ele, não de forma literal. Posto isto, onde encontram as pessoas como o Zé o amor da sua vida? Bom, há sempre o método antigo do «Ó Carla, não tens nenhuma amiga solteira que goste de festa?» ou o «Fábio, aquele amigo que vi numa foto tua tem ar de quem lhe dava umas voltinhas. É solteiro ou infiel?». No entanto, nos tempos de hoje, o método mais recorrente é o chamado Xoninhas Dating, ou seja, os sites online de encontros.
Aparentemente, são boas notícias para o Zé, já que ou seja há cerca de 80% das 44% mulheres solteiras dessa idade que usam uma aplicação de encontros online. Sabendo, pelo último Censos em Portugal, que existem cerca de 400 mil mulheres entre os 18-25 anos, facilmente se deriva a seguinte conclusão:

400.000 * 44% * 70% = 140.800

Parece um talho de chicha que o Zé gosta! Entre os utilizadores deste tipo de aplicações, 14% dos homens diz ter encontrado uma relação estável numa aplicação online e esse número sobe para 28% no caso das mulheres. Mais uma vez se vê que é muito mais fácil para as mulheres encontrar o amor, ou, pelo menos, serem enganadas quando alguém diz que as ama só para lhes fazer bagunça no pipi. Podem parecer números animadores para o Zé, mas no mundo do dating online, a fotografia e o aspecto físico contam ainda mais que no mundo real e, sendo que o Zé é um rapaz mediano e que o rácio na internet é igual ao de uma ladies night, onde 2/3 são homens, o Zé tem poucas hipóteses de encontrar o amor verdadeiro. Mesmo que encontre a pessoa certa para casar, é de relembrar que mais de 70% dos casamentos acabam em divórcio em Portugal.
Este gráfico não quer dizer nada, os dados são completamente aleatórios mas achei que ficava bonito para terminar. Moral da história: o amor verdadeiro é raro. Muito raro. Se achas que o encontraste, então trata bem dele. Se não partilhares este post vais ter sete anos de azar em que não terás sexo nem amor. Mentira, não acredites nessas tretas que só estás a dar mais uma razão para ninguém gostar de ti.
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12 de fevereiro de 2016

O texto que o Facebook censurou



Gostaram do título do post? Sou muito bom em marketing. Foi a primeira vez que o Facebook apagou um post meu. Diz que não seguia os padrões de ética. Provavelmente, foi reportada por gente tacanha, mesquinha e mal fodida. Não me queixo, é a vida que um sócio escolheu. Já ser coninhas ninguém escolhe, nasceu com eles. Visto que o Google tem menos tinta azul do que o Facebook, aqui fica o texto para os coninhas gastarem o seu tempo a denunciar aqui também.

- Então és contra ou a favor da adopção por parte de casais homossexuais? - pergunto.
- Contra, claro!
- Então, porquê?
- Porque sim. Paneleiros a ter filhos? Onde já se viu?
- Mas não achas que possam ser bons pais e a amar a criança?
- Podem, mas a criança ainda sai maricas.
- A ciência diz que não, mas mesmo que fosse verdade?
- Já há maricas em todo o lado!
- Então, isso é bom para ti. Não tens sexo há dois anos. Se os homens ficarem todos gays se calhar já consegues ter sorte.
- ... Depois vai ser gozada na escola!
- Mais vale ser gozada na escola do que ignorada no orfanato.
- Não é bem assim. Acho horrível que se faça uma criança sem escolha passar por isso.
- Costumas ajudar muitas crianças com necessidades?
- Não.
- Pensei... como estás tão revoltado com o mal que estão a fazer às crianças...
- Epá, não é isso, só não sou a favor que os gays adoptem. Pronto.
- Acho que tens um piquinho de homofobia.
- Não sou nada. Até tenho um amigo que é gay.
- São amigos íntimos?
- Epá, vai apanhar no cu, estou farto desta conversa.
- Obrigado.

E foi isto. Estavam à espera de melhor quando viram o título, não foi? Daí o facto de ser ainda mais ridículo terem reportado isto. Enfim, homossexualidade reprimida é tramado. Já agora, apelo ao vosso sentimento de liberdade de expressão, para que partilhem este texto como se fosse o surto de clamídia na mãe Kikas. Obrigado e bem hajam.

Somos todos Charlie desde que o Charlie diga aquilo que eu quero ouvir.
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4 de fevereiro de 2016

Ana Malhoa, a nossa Van Dama



De cada vez que a Ana Malhoa lança um novo vídeo, para mim é como se fosse Natal. Por muito que me custe admitir, ela é uma das minhas musas inspiradoras. Nem precisei de ver o vídeo primeiro para decidir que ia escrever sobre ele, porque era óbvio que seria mais uma mina de ouro. A Ana nunca desilude, e, depois, de Turbinada e Encaixa Baby Encaixa, a fasquia estava elevadíssima! Infelizmente, acho que a qualidade tem vindo a aumentar, o que calculo que não seja um elogio para o que ela pretende. Apesar deste "Futura" ficar uns furos abaixo dos restantes dois que falei, continua a ser um poço de gorduras monoinsaturadas que enche o olho a qualquer amante do bom gosto e da classe. Quem ainda não visionou, aqui fica a pérola que, em seguida, irei esmiuçar, analisando todos as suas camadas como se de um bolo de bolacha, com azeite em vez de café, se tratasse.


O vídeo começa com uma sonoridade a fazer lembrar os jogos de naves do Gameboy onde vemos que este vídeo é cortesia da Paradise Entertainment. Nem vou dizer que isso é nome de produtora de vídeos pornográficos de bukkake de vão de escada, porque seria demasiado óbvio. Já agora, se estão no trabalho ou com pessoas ao lado, não vão pesquisar no Google o que é um bukkake. Deixem essa pesquisa para quando estiverem a bater claras em castelo para fazer uma mousse. O vídeo segue e aparecem imagens de concertos da Ana Malhoa com imenso fumo a sair.

Certamente, alguém que deixou cair uma garrafa de água em palco. Todos sabemos que se meterem água em azeite a ferver sai fumarada.

Pode ler-se nas letras que aparecem que a Ana já vai com mais de trinta anos de música. De notar que deve ter havido um erro tipográfico e que se esqueceram das aspas na palavra música. Considerar que a Dona Malhoa tem trinta anos de carreira na música, é o mesmo que eu dizer que tenho 25 anos de carreira de escrita porque comecei a juntar as letras aos 6 anos. Nisto, aos vinte e poucos segundos, entra a voz da nossa bomba latina a dizer «Muitos tentaram mas sempre  falharam. Quiseram matar-me mas sei reinventar-me.». Quem? Quem é que tentou matá-la e falhou? Quem é esta gente que não sabe cumprir uma tarefa tão simples? Apesar de não gostar da música dela, também não acho que seja razão para a matarem. O mute resolve e não é crime. Até porque vimos pelo fenómeno David Bowie, e outros, que depois de mortos é que eles vendem bem e toda a gente gosta deles. E, chamem-me picuinhas, mas prefiro uma Ana Malhoa viva de vez em quando, do que uma Ana Malhoa morta com direito a notícia de abertura de telejornal e posts em catadupa a dizer «RIP Ana Malhoa! Portugal ficará menos tropical e menos urbano sem a sua queen.». Tudo isto acompanhado de um vídeo nostálgico do Buéréré em Reggaeton. Por falar nisso, voltando ao vídeo, aparecem em letras grandes a frase «Movimento Urbano, criando a música urbana do futuro.». Primeiro, acho que a repetição da palavra urbana/o é desnecessário e fico assustado por saber que o futuro do mundo, para além das guerras nucleares e terrorismo, irá ter como banda sonora este tipo de música. Se um bombista suicida incomoda muita gente, um bombista suicida que grita "Come que é pessoal? Está tudo turbinado? Allahu Akbar, baby!» incomoda muito mais.

Depois, finalmente, aparece a nossa musa! A princípio assustei-me pois parecia que estava numa máquina de ressonância magnética e pensei que ainda íamos ter de a ver a rapar o cabelo na praia. Descansei, por isso, ao perceber que aquilo era uma espécie de solário a imitar uma cápsula de hibernação do filme Soldados do Futuro.

Neste caso, em vez do Van Damme temos a nossa Van Dama.

E pronto, entra o beat. O mesmo beat de sempre. Abre-se o solário e o que se vê? Mamaçal. Bom mamaçal, atenção. Ali, empinadinho, como se estivesse de candeias às avessas com a sua amiga gravidade. Estamos já no minuto de vídeo, e ela começa a fazer uma espécie de rap. Reparem que ela se esforça para meter aquela pronuncia de bairro, daquelas mitras que metem acento esdrúxulo no vernáculo de pénis. Exemplo: «Qué que tu quéres, ó cáralho?». A senhora Malhoa coloca-se de pé e podemos desde logo apreciar as suas sandálias de stripper, lindas e cheias de classe, ideais para fazer crossfit. A câmara começa a subir e ali no 1:15 minutos até parece que ela tem um enchumaço nas cuecas. Sempre pensei que o ginásio não trabalhasse esse músculo, mas, realmente, quando uma pessoa se dedica a sério é outra coisa. Percebemos nessa altura, também, que ela está enrolada em celofane. Sempre me disseram que fazer sexo oral a uma mulher sem apanhar bicheza, a solução era utilizar uma folhinha de celofane. Se for por aí, acho até muito bem que ela esteja toda panada em celofane, que é preciso ter cuidado com as doenças que andam para aí, especialmente nas pessoas que vão aos concertos da Ana Malhoa.

E, eis que começa o treino com a nossa bombada tropical a mostrar que está mais turbinada que um Renault GT da Damaia. Vocês viram aqueles abdominais? Aqueles braços? Minha nossa senhora, pela primeira vez invejo alguma coisa da Ana Malhoa! Se ela dedicasse tanto tempo às letras das músicas como dedica ao ginásio, certamente não estaria aqui a falar dela. O vídeo continua, por entre muitas rimas acabadas em "ar", muitos saltos altos de deixar orgulhoso qualquer pai e outras piroseiras, destaco algumas frases:

  • «Não foi o silicone que a mim me deu talento, isso a mim apenas e só me deu preenchimento.». Nada a apontar. É uma boa rima, confesso.
  • «Soy del raggaeton a mais latina da Europa.». E pronto, a nossa Ana não consegue deixar passar uma música sem meter lá para o meio o seu portuñol. Isto para além de que ser latino cada vez menos é uma qualidade. Basta olhar para os países que estão na merda: Portugal, Espanha, Itália, Grécia, toda a América Latina...

Já perto do fim, ela diz «Para ser a melhor de todos os tempos, necessitas qualidades unidas ao talento. Como a dedicação, foco e disciplina. É aí que dás conta que és invencível.». Gosto da cagança da Ana Malhoa que a leva até a rimar "disciplina" com "invenciva". E, sou só eu que acho que esta frase é uma citação do Cristiano Ronaldo? Ora voltem lá a ler... exacto. Depois disso, a Ana diz que é um ícone e eu concordo. É uma espécie de ícone do Internet Explorer que não é por muita gente utilizar porque tem pouca formação que faz dele um browser de qualidade. A "música" termina com a Miss Malhona a afirmar que é «a primeira desta liga». Qual liga? A liga tropical urbano portuguesa? Sim, a competição deve ser severamente feroz. Eu também venci uma competição de jiu jitsu uma vez porque era o único gajo da minha categoria que se tinha inscrito. Agora que penso nisso, um lutador que entre ao som de Ana Malhoa e que enquanto está encostado ao adversário comece a dançar a bambolear-se todo, é capaz de vencer por desistência.

Quando pensava que já estava a acabar, lembrei-me que os vídeos da Ana Malhoa são como os filmes da Marvel: é preciso sempre ver os créditos todos porque há boas surpresas! Fiquei a saber que há um produtor chamado Jorge Jedi que deve ser um gajo que ainda não percebeu que o tempo dos nicks do mIRC já foram há 20 anos. De certeza que ele é que inventou esta alcunha que é para dizer que é o JJ da Margem Sul. Depois, para manter a coerência com o Jorge Jedi, vemos que o main sponsor é o Dr. Rui Teixeira. Quem é o sujeito? Suponho que seja quem lhe deu enchimento às mamocas e lhe emprestou todo o material de clínica que aparece no vídeo. Ou isso ou Dr. é alcunha como Jedi, o que é bastante possível. Por fim, não posso deixar escapar o facto do vídeo ter o apoio da Nacional Óptica.

No meu entender, o patrocínio ideal seria o da MiniSom porque, claramente, aparelhos auditivos é algo que o público alvo da Ana Malhoa precisa.

Como já escrevi anteriormente nos sobre a Ana Malhoa (aqui e aqui), pode parecer que não gosto dela mas nem é o caso. Parece-me boa pessoa e não posso negar que ela coloca um empenho brutal nos vídeos que faz. A produção deste vídeo, para o que se costuma ver em Portugal, está muito boa. Acho, sinceramente que ela é uma excelente artista dentro do género. O género é que é uma merda. Moral da história: como vídeo de motivação para ir ao ginásio é excelente. Como música para ouvir enquanto se treina, ou em qualquer outra situação, é demasiado mau.
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