10 de outubro de 2015

José Rodrigues dos Santos é homofóbico, ou homofóbica?



Nem ia escrever sobre isto, mas como estou sem nada para fazer vou mandar uns bitaites sobre este caso que está a marcar a nossa actualidade. Já venho um pouco tarde para a orgia, mas trago Halibut, Redbull e feijoada e, por isso, de certeza que serei bem-vindo. Imagino que já todos saibam o que aconteceu e o José Rodrigues dos Santos já pediu desculpas, em directo, mas o alarido nas redes sociais continua. Vamos então analisar o comentário que ele fez em relação ao Alexandre Quintanilha, sendo que 
existem apenas três opções:

  1. José Rodrigues dos Santos é homofóbico e disse o que disse propositadamente para denegrir a imagem do deputado do PS;
  2. José Rodrigues dos Santos tem o sonho antigo de ser humorista e decidiu fazer uma piadinha em directo no Telejornal sem pensar nas consequências;
  3. José Rodrigues dos Santos enganou-se, e a explicação que deu, a justificar o que disse, é verdadeira.
Não estou a ver mais nenhuma hipótese e por isso vamos analisar cada uma destas três:
  1. Se esta for a opção certa, então é óbvio que o José é um palerma e que devia pedir desculpas e ser despedido das suas funções. Portugal já tem demasiados homofóbicos e não precisa de mais em cargos de relevo na televisão pública;
  2. Caso tenha sido isto o que aconteceu, então José deverá pedir desculpas pela piada, isto porque ele não é humorista nem o Telejornal é um programa de humor, e continuar a sua vida e as suas funções com normalidade, já que fazer comentários inadequados mas sem malícia, todos o fazemos durante a nossa vida;
  3. Se foi apenas um engano, José não devia ter pedido desculpas e deveria, até, mandar para o caralho quem o está a acusar de homofobia e a apedrejá-lo na praça pública das redes sociais.
Na minha opinião, acho que se tratou apenas de um engano e não acredito que o pivô de informação de maior renome do nosso país, mesmo que seja homofóbico, o fosse revelar em pleno Telejornal e de forma tão pouco subtil. Para isso, fazia como a imagem do meu texto e tinha subornado a equipa gráfica para pintar uma tiara e umas beiças no Quintanilha.

Tinha muito mais valor ele ter feito uma trocadilho ordinário com o apelido do Deputado ou ter-lhe chamado, pausadamente, «De...PUTA...da».

Eu, que até parto sempre do principio que as pessoas são más e mesquinhas, acho que neste caso foi apenas um engano que poderia ter sido relativo a um Deputado heterossexual. O orelhas teve azar. Note-se que eu não conheço o José Rodrigues dos Santos e, por algumas entrevistas que já vi, nem vou muito com a cara dele por o achar um bocado arrogante. Posso estar a ser injusto, mas todos nós temos direito a tirar conclusões precipitadas e preconceituosas. Não lhe reconheço assim tanto talento na escrita quanto isso, até porque nunca li nada dele a não ser excertos que, mais uma vez, achei demasiado armados ao pingarelho de quem está mais preocupado em ser eloquente do que em passar a mensagem e emoção ao leitor. Mais uma vez, posso estar a ser injusto e o homem ser realmente um génio da escrita. Não vou basear-me no número de vendas, porque a Margarida Rebelo Pinto e o Gustavo Santos também vendem milhares de livros e a qualidade está à vista. Mentira, a qualidade, se está lá, está bem escondida.

Não percebo esta sensibilidade toda, já que quem pratica regularmente o sexo anal seria de esperar que já estivesse mais calejado. «Considero que é um insulto a um deputado que foi eleito para Assembleia da República e por isso espero que todos os partidos políticos se pronunciem.» disse o Deputado. Epá, e acalmar a patareca, não? Mas agora ter sido eleito dá-nos um estatuto especial? Insultar um deputado ou um comum mortal é diferente? Se o orelhas tivesse dito, relativamente a um sem abrigo homossexual, "um, ou uma, sem-abrigo" o erro era menor? Teriam os partidos que se pronunciar sobre isso? Ironicamente, este comentário parece-me mais prejudicial do que benéfico para a luta a favor da igualdade. É esta hipocrisia e exagero que me fez comichão neste caso. Tanto dos visados como dos revoltados das redes sociais, quais cavaleiros brancos defensores das minorias, mas só no conforto do sofá. Aposto que a maioria desses já fez comentários piores, e de propósito, com o José Castelo Branco ou outro homossexual (se é que o José o é), mais exuberante e, com todo o respeito, mais bichona doidivanas. Acho que o senhor Deputado está a dar demasiado valor à situação. O seu marido, igualmente, talvez por inveja de não vender tantos livros. A ILGA Portugal, igual, ao dizer que eram evidentes as intenções do orelhas em achincalhar o deputado. Aparentemente, a ILGA deve ter nos seus quadros aquele senhor especialista em linguagem corporal e o espanhol da máquina da verdade das Tardes da Júlia. Ao menos que fossem criativos no que exigem como pedido de desculpas: pediam que o José fosse apresentar o telejornal vestido de mulher; que fosse obrigado a dançar o Tango com o Alexandre Frota; ou que fosse obrigado a fazer karaoke de uma música da Dina no bar Finalmente. Qualquer uma destas era mais adequado do que um pedido de desculpas. Mas temos 6 anos ou quê? Nessa altura é que pedir desculpas resolvia as coisas! Hoje, se a atitude dele foi assim tão grave, acho que devem exigir algo mais, caso contrário é estar a dizer que se pode ser homofóbico à vontade desde que depois se peça desculpas.

Quem devia pedir desculpa foi quem elegeu deputados do PS e do PSD e nos obrigou a mais quatro anos de sodomia à força.

Aposto que no próximo Gay Parade vai haver um carro alegórico com a cabeça do José Rodrigues dos Santos com orelhos de Dumbo. A tromba, é que já não sei onde a vão enfiar. Espero que depois o José Rodrigues dos Santos exija um pedido de desculpas público deles e de toda a gente que já o chamou orelhas, inclusivamente às Produções Fictícias pelo boneco da Contra-Informação de abanos proeminentes. Se precisar de apoiantes, que fale com o Topo Gigio dos Ídolos.

A quem lhe passar pela cabeça, devido a algum comentário ou piada neste texto, que eu sou homofóbico, leia este texto ou este. Depois, se alguém mantiver essa opinião, então que vá apanhar nos refegos das nalgas e deixe de ser mariquinhas.




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