29 de outubro de 2015

Os vizinhos da minha namorada cantam Britney Spears



Quando durmo em casa da minha namorada sinto um enorme choque cultural. Para alguém nascido e criado na Buraca, estar em Alvalade, zona bem, é todo um mundo novo. Não passa um carro a tocar Kizomba a rebentar com o subwoofer, comprado na Norauto com o rendimento de inserção social. A Lacoste é uma marca usada por senhores com mais de 60 anos com os seus pólos verde-sporting e não por mitras com os seus bonés de ladecos e bolsas da cintura ao pescoço, quais São Bernardos do gueto. E, à noite, sinto a falta da banda sonora que me embala desde de pequeno: as sirenes da polícia, os tiros e os gritos que enchem a noite calma da Buraca. De vez em quando, em Alvalade, até vou ao café no bairro de ciganos só para matar saudades, mas não é a mesma coisa.

Na minha casa estou habituado a ouvir gritos entre homem e mulher, com portas a bater e tudo o que de bonito há na tradição da violência doméstica heterossexual. Estou habituado a buzinadelas às quatro da manhã em que um vizinho vai lá abaixo entregar um pacote suspeito a um amigo. Já estive, até, habituado a ter duas acompanhantes de luxo no prédio, que saíam para trabalhar às duas da manhã, entrando para o banco de trás de um Porsche Cayenne com um motorista vestido com o rigor que a profissão de chulo exige. Na casa da minha namorada tudo é diferente, a começar pelo facto de os vizinhos de baixo serem gays, algo que percebi há muito tempo, desde a primeira vez que os ouvi a cantar Britney Spears numa maratona de Karaoke pela noite dentro. Já o fizeram várias vezes, onde até há quem cante bem mas sempre em voz de falsete. São vizinhos que fazem muitas festas e sempre gays, na definição alegre da palavra. Ouvem-se gritinhos, cantorias, um ou outro «Ai mulher!» e, até, um «Vai Nádia Diamonds, a pista é tua!» que eu ouvi às duas da manhã com estes ouvidos que a terra há-de comer. Ninguém me contou nem sonhei, mas imaginei logo um desfile de drag queens com a lingerie que já caiu do estendal da minha namorada e que nunca foi devolvida. Nada contra, atenção! Quando o barulho é muito, basta-me dar duas ou três pisadas no chão que eles calam-se logo, mostrando que são vizinhos respeitadores.

Mas, na noite passada, ouvi algo que nunca tinha ouvido na minha vida: dois homens a fazer amor no rabo.

É estranho, não vos vou mentir. Ouvir dois homens a praticar o esconde a morcela à bruta não foi agradável. É como estarmos a procurar pornografia e aparecer-nos o thumbnail de um homem a com a boca no colo de outro! Um hetero olha logo para o lado ou faz scroll rapidamente enquanto contrai o esfíncter. Ouvir dois homens à bulha todos nus, ou, pelo menos, de calças para baixo, mete-nos imagens que não queremos na cabeça. É impossível ouvir aquilo e não visualizar a situação. Sou um gajo pela igualdade, já toda a gente sabe disso, conheço muitos gays, já partilhei balneários com muitos, e faria respiração boca-a-boca a um homem sem problema. Sou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a favor da adopção por parte de casais homossexuais e essas modernices todas. Acho até que a homofobia está estritamente relacionada com a falta de neurónios funcionais. Aliás, concordo com o que disse Morgan Freeman, «Odeio a palavra homofobia. Não é uma fobia! Tu não estás com medo. Tu és só idiota.». Mas, como gosto de ser honesto, tenho a dizer que é um pouco desconfortável ouvir dois homens a fazer sexo. Dois homens a beijarem-se na boca à minha frente? Não me faz confusão, mesmo se houver muita língua. Homens a fazer sexo? Não gosto de ver. Não é a minha cena, peço desculpa. Nenhum homem hetero, por mais mente aberta e defensor da igualdade que seja, vê confortavelmente um filme pornográfico gay sem franzir o sobrolho e sentir um enjoozito. Não existindo palavra melhor, o que sentimos é nojo. É uma palavra forte mas não vamos estar aqui com paninhos quentes! É um nojinho, sim senhor! Calculo que seja o mesmo que um homossexual sente ao ver um pipi a ser lambido por um homem, ou o que uma lésbica sente ao ver um felácio heterossexual. É como ver os pais ou, Deus no livre, os avós no forrobodó com as peles ao pendurão. Mete nojo, mas até ficamos contentes por eles. Sou gajo para lá ir deixar um bilhete debaixo da porta a dizer «Só para dizer que vos ouvi a fazer sexo. Nada contra, mas deu-me um nojinho. Viva a igualdade!».

Não se trata de preconceito, trata-se de não gostar de ter imagens na cabeça que não me atraem. Por exemplo: se fossem duas vizinhas gostosas a praticar o lambe a carpete como gente grande, não me faria confusão, embora dissesse à minha namorada que era nojento. No entanto, se fossem duas vizinhas com obesidade mórbida já me ia ser desconfortável porque ia colocar-me imagens na cabeça de pouca sensualidade a não ser para quem tem fetiches com a zona da charcutaria dos hipermercados. É assim que eu vejo o sexo homossexual: da mesma forma que sexo entre duas pessoas nada atraentes para mim. Não me interessa se são homens ou não, interessa-me o facto de que não me atraem sexualmente. Portanto, se me causa alguma confusão não é porque discrimino os gays, mas sim porque discrimino toda a gente que eu não acho atraente.

Sou daqueles vizinhos apologistas que o barulho do sexo não entra nas contas da lei do ruído, seja a que horas for. Pedir aos vizinhos para baixarem o volume dos gemidos, do vernáculo gritado ou do som da palmada no glúteo, é uma falta de respeito! Já se queixaram de mim e só fez com que eu me empenhasse ainda mais nas próximas para a chinfrineira ser ainda maior.

Vizinhos que fazem bom sexo, são vizinhos que vão chatear menos nas reuniões de condomínio.

Nunca um vizinho que anda satisfeito ao nível da safadeza no leito vai queixar-se das lâmpadas fundidas ou do lixo que não é despejado. Isso é coisa de velho ressabiado por ver rabos gostosos e saber que só lhes pode tocar se for a pagar. Por isso, façam sexo com barulho à vontade que eu não vos chateio, mesmo que me esteja a ser desconfortável. Sou um gajo porreiro, bem sei. Por isso, enquanto eles estavam a fazer a lide, eu aguentei e tentei não me concentrar naqueles sons de homem em apuros. Subi o som da televisão, tentei distrair-me com o telemóvel, enrolei-me em posição fetal e meditei para ir para o meu happy place, mas nada funcionou. Comecei a tentar imaginar que a aquele som não passava de um javali a jogar à cabra cega, ou de uma cabra cega a pisar pioneses, mas era impossível. Aquilo era claramente um combate de jiu jitsu onde havia uma chave de pila, feita com duas nádegas masculinas. O isolamento deste prédio é tão mau que parecia que estavam a fazer sexo aos pés da minha cama. A meio até consegui ouvir uns barulhos metálicos e temi que fosse de um saca-rolhas e fosse ter o Correio da Manhã à porta. Provavelmente, foi o só som da tiára da Nádia Diamonds a cair no chão.

A minha sorte foi que aquilo durou dez minutinhos. Os homens são uns egoístas no sexo, já se sabe, então quando são dois deve ser um toma e embrulha que agora vamos remodelar a sala. Mas atenção, dez minutinhos ali intensos a dar tudo. Aquilo foi, claramente, sexo pós discussão no qual se notava um misto de amor e raiva. No fim, ouviu-se o chuveiro e pensei: «Claro, o sexo gay é como qualquer tipo de sexo anal: no fim, é sempre aconselhável ir ao duche porque o intestino tem bicheza que não convém deixar a marinar no prepúcio, durante toda a noite.». Lá se lavaram e não houve segundo round, mas quem diz que os homens adormecem sempre depois do sexo é porque não conhece estes vizinhos. Sendo que são os dois homens, seria de esperar que fosse tiro e queda! Orgasmo seguido de ressonar! Nada disso! Puseram-se a falar, falar, falar, ver televisão e, a certa altura, um grita em plenos pulmões (eram já três da manhã): «Olha para aquela gorda com aquele vestido!!!». Sem me levantar da cama, bati com o pé no chão. Fez-se silêncio. Quem duvida que os gays são pessoas de bem, aqui tem a prova.

«Isto é tudo homossexualidade reprimida!», devem estar a pensar alguns de vós.

Claro que não é! Caso fosse, tinha sentido umas comichõezitas na zona das virilhas e nada. Morto. Falecido como se tivesse acabado de fugir de um foca leopardo pelas águas gélidas do Ártico. Mais encolhido do que uma tartaruga fotossensível num dia de Agosto. Tão inerte que o Schumacher ao lado dele seria considerado hiperactivo.

Não tenho mais nada a acrescentar. Achei que devia partilhar esta minha experiência convosco. Caros vizinhos, se por acaso lerem isto, não se coíbam. Ajavardem à vontade, gritem, chamem por Deus e pela Celine Dion que eu quero é que sejam felizes. De resto, já sabem, cantorias depois das duas da manhã aos dias da semana é que não. Se for Queen ainda vá que não, agora, Britney Spears... deixem-se de paneleirices.

PS: Dia 4 de Novembro sai o meu belo livro. Se quiserem estar a par das datas das apresentações e outras informações, cliquem aqui e deixem o vosso email que se houver alguma coisa na vossa cidade eu aviso-vos. Obrigado.
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23 de outubro de 2015

Cronologia política: o que nos espera?



Cavaco Silva pronunciou-se e indigitou Passos Coelho como primeiro-ministro, como seria de esperar. Há quem aplauda o respeito pelo resultado da votação e a continuidade do que sempre se fez em situações em que não há maioria absoluta, há quem ache que um governo de esquerda seria mais estável, pelo menos a curto prazo. A mim é-me indiferente. PS ou PSD, já todos vimos que a diferença é pouca ou nenhuma. Como cidadão que opina sobre todos os assuntos, vou fazer uma pequena previsão dos acontecimentos políticos que nos esperam:
  • Cavaco Silva indigita Passos Coelho como Primeiro Ministro.
  • Passos Coelho envia mensagem a António Costa a dizer "Chupa!".
  • Paulo Portas envia mensagem a António Costa a dizer "Chupas?"
  • Passos Coelho toma posse com um sorriso de violador maroto na cara.
  • António Costa passa horas no banho a chorar em posição fetal.
  • Partidos de esquerda fazem moção de rejeição ao Governo.
  • Passos Coelho aparece na Assembleia com uma t-shirt onde se lê «Haters gonna hate, coninhas gonna conate».
  • António Costa continua em posição fetal mas diz que apoia a moção de rejeição.
  • O Governo cai.
  • Passos Coelho demite-se e vai trabalhar a recibos verdes para a empresa de um amigo.
  • Marcelo Rebelo de Sousa é eleito Presidente da República.
  • Cavaco abandona o Palácio de Belém numa mota laranja, com a Maria a pendura e grita: "Hasta la vista bitches!!!"
  • Mariana Mortágua diz que depois disto já viu tudo. Afirma que só falta ilibarem o Sócrates e ela desiste da política e despe-se para a Playboy.
  • Sócrates é ilibado e sai em liberdade, aplaudido por uma multidão. Ganha a alcunha do D. Sebastião Clooney.
  • Mariana Mortágua despe-se para a Playboy. Ironicamente, a direita é muito utilizada nesse dia.
  • Costa demite-se e Sócrates assume o cargo de secretário geral do PS e prepara-se para as eleições antecipadas.
  • Marcelo faz um comunicado ao país onde sugere vários livros, dentro dos quais destaca «Por Falar Noutra Coisa» que diz ser o melhor livro de sempre*
  • Sócrates é eleito Primeiro Ministro com maioria absoluta e é eleito, também com maioria absoluta, o mais sexy da Dica Da Semana, deixando Tony Carreira para segundo lugar.
  • Sócrates constitui Governo e anuncia os seus ministros:
    • Vice Primeiro-Ministro: Diogo Infante;
    • Ministro das Finanças: Fátima Felgueiras;
    • Ministro dos Negócios Estrangeiros: Sara Norte;
    • Ministro da Defesa: Um porteiro de discoteca;
    • Ministro da Administração Interna: Isaltino Morais;
    • Ministro da Justiça: Palhaço Batatinha;
    • Ministra da Presidência: Margarida Rebelo Pinto;
    • Ministro Desenvolvimento Regional: Zezé Camarinha;
    • Ministro da Economia: Vale e Azevedo;
    • Ministro do Ambiente: O ex CEO da Volkswagen;
    • Ministro da Agricultura e do Mar: O Dux da Lusófona;
    • Ministro da Saúde: Alexandra Solnado;
    • Ministro da Educação: Carlos Cruz;
    • Ministro da Segurança Social: Ricardo Salgado.
  • A economia portuguesa cresce mas só porque Luaty Beirão quebrou a greve de fome e foi direito aos Pastéis de Belém.
  • Marcelo faz novamente um comunicado ao pais só para mandar um beijinho à Judite de Sousa.
  • Sócrates anuncia o programa "Isto parece mesmo o PEC 4 mas não é".
  • É convocada uma manifestação onde se esperam mais de cinco milhões de pessoas na rua a exigir mudança!
  • A manifestação é cancelada porque o Benfica é campeão e o Marquês está reservado.
  • Aumentam os impostos no dia seguinte.
  • Convoca-se nova manifestação. 
  • A manifestação é adiada porque vem aí o Verão e depois com o calor sua-se muito e cansa.
  • O Verão dura até Outubro e o Natal está à porta. A manifestação fica para o ano seguinte.

E vai ser isto. A imperial vai continuar barata e o país vai continuar na mesma.

*O livro sai diz 4 de Novembro.
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20 de outubro de 2015

Como resolver a frigidez religiosa?



É com a graça do Senhor que vamos a mais uma consulta de elevado teor javardo em mais uma rubrica: "Doutor G explica como se faz".



Caro Dr. G, tenho namorada há cerca de 2 anos e mesmo que ache que o nosso kanguru perneta é de boa qualidade - temos sexo freq. (3-4 vezes/semana, rara a semana q n temos), claro que algumas são rapidinhas mas também há grandes combates de luta greco-romana sob os lençóis, ambos gostamos de fazer sexo oral, já variamos imenso (até já tivemos o livro do Kamasutra aberto à frente para experimentar), etc etc... - vivo com uma inquietação que nunca me tinha acontecido antes: não consigo dar um orgasmo à rapariga! Fico a pensar que poderá ser de não ter a chave certa para abrir o cadeado dela (ou pior, de ser realmente mauzinho na cama), mas ela nunca se queixa, bem pelo contrário... Mesmo que fosse isto sempre me disseram «enquanto houver língua e dedo não há mulher que meta medo», mas nem mesmo assim vai lá (até sugeri comprar um brinquedo para ajudar!)... O pior é que quando ela está quase lá e ainda dá mais vontade de %$#%"$#%, ela diz que «não se está a sentir bem», e faz por a coisa acalmar, coisa que nunca me tinha acontecido antes... Enfim Dr. G, será que ela é impossível de satisfazer?! Será que sou uma merda e tenho que esforçar mais? Lista de espera para transplante de piroca?? Ou será que estou a dar importância a mais ao assunto visto que ela não se queixa?
Anónimo, 22, Porto

Doutor G: Caro Anónimo, falta um ponto essencial na tua história para poder avaliar a situação em conformidade: ela atingia o nirvana javardo com outros e/ou sozinha? Se a resposta for «sim», lamento informar-te mas és tu quem não sabe dar-lhe o tratamento como deve ser. Se a resposta for «não» então talvez estejamos perante um caso de frigidez auto-inflingida. Não me parece tratar-se de um comum caso de falecimento vaginal, visto que a rapariga parece gostar e dizes que até chega a estar quase a atingir a erupção de serotonina. Nesse caso, o que eu sugiro é que não pares mesmo quando ela disser que se está a sentir mal, é continuar a matraquilhar com o piston de chicha até ela perder a mania de que é pecado ir ter com o senhor antes do tempo. Bebam uns copos antes e relaxem que vai funcionar melhor do que um transplante de piroca, que é provável que fiques aí com um pedaço de carne ao pendurão que, embora maior, de pouco te irá servir. Comprem brinquedos à vontade embora se ela diz que se está a sentir mal, não vai ser diferente quando estiver a levar com o dildo turbilhão v18 de uma marca conhecida de retroescavadoras. Quanto a dares importância ao assunto, acho que deves dar, porque se ela não se queixa a ti, vai fazê-lo às amigas ou pior, um amigo.


Caro DR. G, ando com problemas na minha relação, sou casada e ao contrario do meu marido eu não sou nada religiosa e foi difícil para mim aguentar até à tão esperada noite de núpcias. Este não o ponto principal da historia, desde os meus tempos de adolescência que sempre tive uma atracão especial por raparigas, não deixando de me sentir atraída por homens. O meu marido não sabe que eu sou como a gillete, dou para os dois lados. Recentemente conheci uma rapariga no ginásio, acho-a atraente e depois de muita conversa falei-lhe se estaria a fim de dançar o funaná pelado a três. Como é que abro a mente do meu marido, visto que ele é muito religioso e as únicas pernas que ele quer abrir são as minhas? Ajude-me Dr.G que é uma fantasia que eu quero mesmo realizar.    
Rute, 29, Celorico da Beira

Doutor G: Cara Rute, para convenceres o teu homem só tens de lhe dizer: «Quero trazer uma amiga para a cama connosco.». Pronto, está feito. Ele só não aceitará se for gay ou se estiver com medo que seja uma armadilha para depois numa próxima vez cobrares o favor e levares o Wilson. Se o problema dele for por pensar que Deus está a ver e que condena sexo a três, diz-lhe que Deus até é fã dessas coisas e que até lhe faz uma vénia se conseguir satisfazer-vos às duas. Deus é um gajo porreiro nessas coisas, caso contrário nunca tinha inventado o orgasmo, muito menos os múltiplos das mulheres. Vistam-se de freiras que pode ser que ele prefira. Pensando bem, se ele é assim tão religioso, quase padre, pode ter mais resultado se se vestirem de colegiais.


Caro Dr. G, namoro com uma gaiata 4 anos mais velha que eu e ela tem uns fetiches muito estranhos. Não é que eu no outro dia acordei com o meu pé dentro da boca dela? Confrontei-a com o assunto e não é que vim a descobrir que ela gosta mais de lamber pés do que chupar-me a linguiça. Mesmo assim não desgosta, ainda ontem veio dizer-me que queria que lhe desse com o oboé na testa e ao mesmo tempo lhe enfiasse com o dedo gordo pelo cu a cima. Não sei se devo participar nas brincadeiras dela. Preciso de ajuda Dr.G, devo ou não devo? 
João Maria, 18, Idanha

Doutor G: Caro João Maria, mas estás armado em xoninhas ou quê? Claro que deves, as fantasias dos outros são para ser satisfeitas. Se me estivesses a falar de um cocó no peito, uma chuvinha dourada nas costas e uma cataplana de peixe regurgitada nos olhos, aí dizia-te já para não te meteres nisso que isso só gente com transtornos é que gosta. Agora, se ela gosta de te chuchar no dedão grande do pé então é deixá-la estar ali entretida. Ela que aproveite para te roer as unhas que até te poupca trabalho. Há muita gente com fetiches com pés e não há mal nenhum nisso, desde que ela não te peça para lamberes os dela depois de ter corrido uma maratona com uns ténis da feira e sem meias. Para isso mais vale comprares um queijo da Serra. Quando a dares-lhe com o oboé na testa e enfiares-lhe o dedo gordo no rabo, não percebo o problema. Era mais estranho se fosse para lhe dares com o dedo gordo na testa, além de que seria mais exigente em termos anatómicos.


Querido Doutor engenheiro, conheci um rapaz numa festa de verão em 2013, e desde então que mantemos contacto e uma amizade colorida que começou um mês depois disso. Este verão disse-me que só esteve comigo este ano. Estava tudo a correr bem, eu ia estudar para lá em Setembro ele já falava em namoro e passou a ser ainda mais amoroso e as lutas na cama passaram a ser ainda melhores. O pior é que aconteceu um imprevisto e só vou poder estudar lá para o ano... A nossa amizade mantém-se mas da ultima vez que estivemos juntos já foi mais como antes. Ele tem uma panca por uma rapariga e pediu-me conselhos (já me tinha falado nela antes do verão)...  Já saiu algumas vezes com ela e eu e disse para ele avançar porque já saíram muitas vezes, mas fiquei devastada porque sei que ele não é de meio termo, quer algo sério. Eu estes dias nem tenho tomado a iniciativa de mandar a primeira mensagem, mas ele tem necessidade de falar comigo todos os dias porque tem mandado sempre. Dr.G o que ele quer afinal? Se gosta da outra porque sente tanta necessidade de continuar a falar comigo, sendo eu de longe e tudo? Será que é possível ele esperar um ano visto que já esperou 2? Será que me quer só picar para ver a minha reação?
Florinda, 20, Porto

Doutor G: Cara Florinda, e estudar? 20 anos e tiveste outro imprevisto e não entraste na Faculdade? Esse imprevisto chama-se falta de estudo Florinda. Queres acabar como bailarina do Toy? Tu tem juízo Florinda e troca o Kamasutra pelo livro de Matemática. Agora, voltando à tua dúvida: esse gajo é um palerma. Mas desde quando é que se pedem a quem andamos enrolados, e com quem já tivemos conversas sobre namoro, conselhos sobre como saltar à cueca de terceiras? Mas esse gajo come gelados com a testa ou quê? Isso é um erro de principiante, a não ser que tu sejas uma daquelas raparigas que fica a pensar «Ai queres a outra? Então agora até te vão saltar os tintins com a queca que te vou dar! Ou não me chame eu Florinda!». Se fores desse tipo de mulher, a nossa conversa pode acabar aqui porque é de alguém que se valoriza pouco. Bem, mas partindo do princípio de que não, vou explicar-te o que acho que se passa na cabeça dele: ele não comeu ninguém durante este ano porque não conseguiu e decidiu dizer-te isso para parecer que gosta muito de ti; se calhar até gosta, mas ao ver que tu vais ficar mais um ano longe, decidiu dar banho à minhoca a ver se algum peixe graúdo mordia; ele falou-te na outra rapariga para te dar a entender que afinal já não quer namorar contigo e que são só parceiros da fodenga, «fuck buddies» em estrangeiro. Concluindo, ele só vai ficar à tua espera se não lhe aparecer nada melhor entretanto.


Doutor, uma dúvida que me assola e que ainda não foi abordada... qual é a cena das cock teasers? Não entendo como é que uma mulher consegue chegar a um nível de teasing extremo e depois... nada!!! O que lhes vai naquela cabeça? Qual é a cena delas? Conto com a sua experiência para saber como acabar com este flagelo que tantas dores de "cabeça" dá a um homem!  
Um cidadão consternado, 24, Barreiro

Doutor G: Caro cidadão consternado, uma «cock teaser» é apenas uma mulher que não foi excitada ao ponto de ir até ao fim. Sim, há mulheres que gostam de provocar só porque sim e para dar negas no fim mas... se o homem souber dar-lhes a volta elas acabam a noite nuas sem que isso estivesse nos seus planos. As «cock teasers» acabam por ser as mais fáceis porque são as que mais facilmente se colocam na boca do lobo, pensando elas, incautas, de que o lobo é mansinho e não tem pedalada para elas. Quando apanham um lobo em pele de cordeiro que as apanha de surpresa, ó meu amigo, a palavra «teaser» desaparece-lhes do título profissional e dá lugar a «sucker». Algumas acabam violadas, é um facto, e não é desses casos que estou a falar.


Doutor G, a minha questão é a seguinte: há cerca de três meses, comecei a namorar com o meu atual namorado. Até agora, tudo tem corrido sempre bem. O problema é o seguinte: pouco antes de começarmos a namorar, a ex namorada dele decidiu que deviam ser amigos, e ele aceitou. Falam regularmente, sobre vários assuntos, mas o meu namorado muitas vezes esconde isso. Quando o confronto, diz ser coisas sem importância, que apenas não contou porque achava que eu ia ficar com ciúmes. O que mais me preocupa, é que ele ainda não lhe contou do nosso namoro, e tenho medo que ela fale com ele porque ainda tem esperanças de voltar, e ele, homem que é, não vê isso. O que devo fazer Doutor? 
Beatriz C., 20, Lisboa

Doutor G: Cara Beatriz, ser amigo da ex-namorada é como guardar o cotão do umbigo num frasco e ir lá dizer «Bom dia» todas as manhãs. Até te podia dizer que há alguns casos onde isso acontece e que é natural, dependendo se já eram amigos antes, de como acabaram, etc e tal. Mas, sendo que me dizes que ele ainda nem lhe contou que vocês namoram, é mais do que óbvio que esse gajo não gosta assim tanto de ti e quer manter a porta (e não só) da namorada entreaberta para ele voltar para ela assim que quiser. Mesmo sem saber o caso, vou arriscar dizer que foi ela que acabou com ele e disse «Mas podemos ser amigos» mesmo à gaja que não quer que o homem tenha outra para já. Ele, xoninhas, aceitou e agora anda contigo a tentar esquecê-la mas sempre na esperança que ela mude de ideias e o chame. Pode também dar-se o facto de ele ainda andar a picar o ponto G dela. Deixo ao teu critério, mas na minha opinião ele não te merece, a não ser que tu aceites essa situação com normalidade. Aí és tão parva quanto ele e só se estraga uma casa. Podes sempre começar a falar com o teu ex e enviar-lhe uma foto da zona das virilhas, dizendo que a tua Beatrizinha ficou amiga do Zé Guloso dele.


Caro Dr G, depois de bastantes anos solteirona por não encontrar um rapaz à maneira, finalmente encontrei o tão desejado rapaz em que posso confiar, divertir-me e adiante... Quer dizer, não tão adiante porque até ele me deixar deitar a cabeça na foronha da almofada dele foi um St António! Infelizmente ele tem problemas de saúde, problemas esses que afetam o seu desempenho sexual. Ele explicou-me isso tudo, eu compreendi e esperei dois valentes meses em que toda eu já era fogo! Bem, até que um dia ele lá se decidiu que era hora de apagar o fogo e quando me saca da mangueira... Choque! Além de ter que aproximar para a conseguir ver, ela está sempre mais murchinha que um vaso de salsa que não é regado ao fim de 3 dias no mês de Agosto. Eu bem tento tudo para ela se animar mas tadinha, mesmo quando fica toda risonha, o tamanho continua a deixar-me bem tristonha. Nestes meses que se passaram, os sentimentos foram sempre crescendo em ambas as partes mas não sei o que fazer. Dr G, acha que estou a dar demasiada importância ao sexo? Eu não sei mas na minha ideia acho que não há mulher alguma que aguente uma vida inteira sem prazer sexual.
Mara, 27, Porto

Doutor G: Cara Mara, tu é que sabes a importância que o sexo tem para ti. Eu acho que uma relação saudável tem de ter bom sexo, caso contrário tudo se vai desmoronar, nem que seja porque não dá para fazer sexo de raiva pós-discussão, onde se libertam todas as tensões. Se no conflito Israelo-Árabe fizessem uma grande orgia, acredito que se alcançaria a paz num instante. Ele que fale com o Futre e lhe peça daqueles comprimidos que tiram o calcário da serpentina, como dizia a saudosa Rute Remédios. Se, devido às condições de saúde, ele não poder tomar nada disso, então é mais complicado. Diz que comer quatro dentes de alho crus todos os dias durante dois meses aumenta substancialmente as concentrações de óxido nítrico no sangue e, consequentemente, a potência da erecção. Isto é mesmo verdade, não sou eu a inventar só para ele andar com mau hálito todos os dias. Se o problema é mesmo tamanho e não o desempenho, também se torna complicado. Ele que coloque dois preservativos e, no meio dos dois, espuma de enchimento que se mete nos prédios. Não dá tamanho mas dá volume, que diz que é o que importa mais. Resumindo: se gostam um do outro, tentem várias coisas, experimentem brinquedos e chafurdem no sexo oral e manual a ver se te acalma o fogo. Se, mesmo assim a coisa não melhorar, tens de tomar a decisão se amor sem sexo satisfatório te conseguirá fazer feliz. Se as condições de saúde dele forem muito graves, também só vais ter de esperar pouco tempo... Ficou um clima estranho...



Se Deus quiser para a semana cá nos veremos novamente. Se até hoje ele tem querido sempre, não há-de ser agora que vai mudar de ideias. Rezem muitos «Pais Nossos» para limparem o karma e, até lá, enviem as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 


Partilhem e façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.

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15 de outubro de 2015

O cavalheirismo morreu com a igualdade



Deu-me para a nostalgia (e preguiça) e decidi reeditar o primeiro texto que escrevi neste humilde estabelecimento.

Acho que o cavalheirismo é uma palermice. Gosto da boa educação e respeito, quando se justificam, mas parece-me que o cavalheirismo é discriminatório. Não acreditam? Vamos por partes:

Pagar o jantar (especialmente se for primeiro encontro)
Nem sou muito forreta, mas acho descabida toda esta noção de que fica bem ao homem pagar o jantar, ou as bebidas, ou o motel. Até o posso fazer, mas porque sim e me apetece, e não porque fica bem e é esperado que o faça. Se uma mulher reparar que eu não paguei o jantar, então, provavelmente, não merece um segundo encontro. Esta tradição existe por duas razões: A primeira porque a mulher não era economicamente independente, então tinha de ser o homem a pagar. Mas isto acontecia, e acontece, para demonstrar poder sobre o sexo feminino, mostrando quem é que manda e mete comida na mesa. Nos dias de hoje, de igualdade, isso já não faz sentido e acho que é continuar a discriminar. A segunda razão nasceu pelo facto de o homem pensar que aumenta as suas possibilidades de praticar o coito pagando o jantar à donzela. O pior é que é capaz de ser verdade em muitas situações. Quanto maior for a conta, mais probabilidade há de se comer três pratos a seguir. Uma vez uma rapariga "esqueceu-se" da mala e da carteira quando fomos jantar fora. Duas vezes. Não houve terceiro encontro. Gostava de saber se já alguma mulher pagou, por iniciativa própria, a conta do jantar num primeiro encontro. Tenho sérias dúvidas.

Ceder o lugar a uma mulher
Se eu não estiver cansado e a mulher em questão vier carregada de sacos e com um ar de quem vai ter um AVC, obviamente que cedo o meu lugar sem qualquer problema. A questão é que também o faria se fosse um homem a estar nessa situação. Agora, privar-me do meu descanso só porque fica bem devido à noção antiquada de que as mulheres eram seres mais fracos, é algo que não me agrada. Não gosto de discriminar. Quem tem energia para andar dez horas num centro comercial, correr trinta lojas com 12 sacos na mão, tudo isto de saltos altos, tem, certamente, energia para aguentar uns minutos em pé. Já agora, em termos de prioridade, deixo-vos um enigma: estão dois amigos sentados numa carruagem do metro e entram quatro pessoas. Um velho de bengala com aquela tosse de quem já não vai aproveitar a vida muito mais tempo; uma velha a carregar uma grade de minis aos ombros; uma trintona com seios épicos e ar cansado de quem esteve a fazer uma maratona sexual mas que ainda lhe apetece mais; uma criança preta que pisou uma mina e ficou sem uma perna. A quem devem, os dois jovens, ceder os seus lugares?

Mulheres e crianças primeiro em caso de tragédia
Escandaloso! Crianças ainda vá que não vá, nem que seja para não as ter de aturar aos berros na fila de espera. De resto, mulheres e homens em pé de igualdade, se faz favor! É eu apanhar-me num naufrágio a ver se cedo o lugar na fila dos botes salva-vidas. Até passo à frente, se for preciso! Derrubo duas ou três velhas e mando uma grávida borda fora. Se só deixarem entrar mulheres e crianças num barco salva-vidas, depois quem é que se ia saber orientar e conduzir sem raspar nas rochas? Há que pensar nas coisas.

Proteger do frio
Ceder o casaco quando estão -4ºC ao Sol porque a mulher achou que não devia levar casaco, porque não tinha nenhum que ficasse bem com aquelas botas: Temos pena! As mulheres estão sempre a gabar-se que têm mais capacidade de sofrimento do que os homens e mais resistência à dor. Então, ora aí está uma boa maneira de provar tais afirmações. Até porque, depois, ficamos constipados e com febre e como nós somos mais mariquinhas vamos queixar-nos muito mais do que elas. Por isso não há o porquê de arriscar. Se eu tiver calor e ela frio cedo, educadamente e de forma protectora, o meu casaco. Mas, se depois começar a sentir um fresquinho peço-o de volta. O segredo é usarmos sempre um casaco da cor que ela mais odeia.

Abrir a porta para uma mulher passar primeiro
É uma questão de cortesia e boa educação que deve ser feito a qualquer pessoa, homem ou mulher. Muitas vezes, especialmente em elevadores, estou à espera e chega uma mulher toda lampeira e age como se fosse a minha obrigação deixá-la ir à frente. Nesses casos faço questão de passar primeiro e não segurar a porta. A não ser que a mulher em questão justifique deixá-la passar para poder observar melhor outros ângulos. De certeza que foi para observar glúteos que essa moda surgiu. Por exemplo, a subir escadas, faz-me todo o sentido deixar as mulheres de mini-saia irem à frente. Toda a gente sabe que aquilo prende a mobilidade e se caírem para trás, está lá quem lhes meta a mão.

Avisar o momento do clímax
Aquando do sexo oral, efectuado pela mulher ao homem, diz que é de cavalheiro avisar quando estiver a chegar o momento do lançamento da língua de camaleão. Quer dizer, um gajo chegar a casa com um ramo de flores ou uma caixa de chocolates de surpresa, tudo bem: «Ai amor, adoro quando me fazes surpresas». Quando é uma surpresa que vem cá de dentro, somos uns porcos e insensíveis à sensibilidade da epiglote da menina. Enfim, quem é que vai entender as mulheres?

Concluindo, prezo muito o romance, mas prezo ainda mais a igualdade. Acho que os princípios do cavalheirismo estão assentes no machismo e a verdadeira igualdade pressupõe a extinção de privilégios. Boa educação e cortesia, sim. Cavalheirismo obrigatório, não. Num casal gay ou lésbico, será que também se coloca este problema? Quem paga o jantar num primeiro encontro gay? Quem finge que percebe de vinhos e faz a prova? A quem vai o indiano vender rosas? São tantas as questões importantes que não vejo serem discutidas nas reuniões dos partidos. É por isto que Portugal está como está.
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13 de outubro de 2015

Quem deve tomar a iniciativa e dicas de depilação



Metam o cinto que isto hoje vai doer. Vamos a mais uma sessão do consultório sexual e sentimental "Doutor G explica como se faz".
 


Caríssimo Dr. G, estou com problemas em lidar com o sexo oposto. Conheço um rapaz pelo qual me sinto atraída há  bastante tempo e quando estou com ele só o me apetece saltar-lhe para cima. No entanto, estou sempre à espera que ele tome a inciativa. Apesar de saber que ele é bastante inseguro, acho que também quer andar às cambalhotas comigo. O meu grande dilema é: tomo a inciativa, e se não for correspondida passo por estúpida, ou desisto de vez? O que aconselha? Se acha que devo tomar a inciativa, como o fazer? 
Anónima, 21, Lisboa

Doutor G: Cara Anónima, infelizmente não sei se deves ou não tomar a "inciativa", até porque não sei o que isso é. Só se fores fanhosa e estiveres a tentar dizer «iniciativa», então acho que sim, que a deves tomar. O tempo das mulheres ficarem à espera que os homens lhes levem a comidinha, e o resto, à boca, já lá vai. A igualdade também é para estas coisas, para se ficar com o peso da iniciativa e o medo de levar uma nega. Se achas que ele está interessado, é porque quase de certeza que está. Os homens são uns fáceis. Quando se leva  uma nega, nunca se passa por estúpido! O mundo é de quem vai atrás e não de quem fica à espera. Quem diz o mundo, diz o chafurdanço na pocilga dos lençóis. Em relação a formas de o fazeres, como já disse, os homens são uns fáceis e basta-lhe dizer: «Ó meu xoninhas, já que tu não atas nem desatas, que tal desapertares-me o vestido com os dentes e meteres-te em cima de mim com o teu pisa papel?». 


Olá Dr. G! Estou numa relação há 2 anos e poucos meses. O rapaz é ótimo (estou perdida de amores por ele), tem mais 1 ano que eu, já não é virgem e ultimamente tem vindo a propor me a questão do sexo pois acha que sou virgem. Mentalmente eu sou... mas fui violada quando tinha 6 anos pelo filho de uma amiga da minha mãe (o típico " se contares à tua mãe, vou dizer que és uma mentirosa e que te portas mal lá em casa). Estou decidida que quero estar com este rapaz mais intimamente, sei que se fosse só para o jiu-jitsu debaixo dos lençóis já me teria deixado à muito tempo. Devo contar lhe a situação? Devo esquecer o que aconteceu e "perder a virgindade" com quem quero? Ainda pensei no assunto de ser nova, mas se tenho idade para decidir o meu futuro também tenho idade para abanar a casa toda apartir do meu colchão! 
N, 16 , Algures no mundo

Doutor G: Cara N, parece-me que o teu caso é mais para polícia e psicólogo do que para um javardão como o Doutor G. Mas, sendo que enviaste mensagem, vou responder. Primeiro, o pior que podes deixar que o outro filho da puta que te violou te faça, é deixares que ele afecte o resto da tua vida e a tua felicidade com os outros. Se eu fosse aquele padre italiano que falou esta semana, diria que a culpa foi tua: já com seis anos eras gostosa e andavas a provocar o senhor com as tuas fraldas tanga e com a boca lambuzada dos chupas-chupas. Mas, como eu não sou um monte de merda, digo-te que espero que tenhas ido à polícia e digo-te que ainda vais a tempo de contratar pessoas para lhe enfiarem uma abóbora, do Entroncamento, pela anilha acima. De lado. Voltando ao teu namorado, tu é que sabes se lhe deves contar ou não e que tipo de relação é a vossa. Calculo que te vás sentir bem se lhe contares e acredito que ele te perceba melhor com isso. Se ele reagir mal é porque é um atrasado mental que não te merece. Se já decidiste que queres stick para a barbucha com o moço, então força nisso e não deixes que os traumas do teu passado influenciem o teu presente. Pensa que tens uma grande vantagem: já não te vai doer tanto como à maioria das virgens! Peço desculpa por ter enfiado esta bojarda do dia assim, sem cuspo nem nada. 


Bom dia caro doutor G, não lhe quero desperdiçar muito tempo pelo que vou directo ao ponto. O que recomenda para rapar os tomates? A minha namorada gosta de mim depiladinho e eu gosto de lhe fazer a vontade, no entanto sempre que me tento rapar, a minha banheira parece ter sido usada nas filmagens do Psycho. Talvez por não ter mão de cirurgião, talvez por ter o saco enrugado e borbulhento, como um velhote de 8 anos ainda com acne de adolescente. Já tentei com Gillete, máquina de barbear e um creme depilador (que não fez absolutamente nada para alem de me deixar os ovos mais quentinhos).

Ps: Sou só eu que tenho o pescoço do maroto com pelos até meio? Às vezes tenho receio de ser parte gorila e não saber.   
João Teixeira, 29, Lisboa

Doutor G: Caro João, se é para ficar com a sacola dos girinos e com a enguia trapalhona lisinha qual golfinho bebé, então é gilete. Creme pode queimar, máquina não fica tão bem e pode arrepanhar. Podes sempre fazer com cera, se fores um gajo rijo e quiseres ir mostrar a tomatada a uma esteticista. Eu faço com uma navalha romba e ferrugenta que o meu bisavô usava para matar crocodilos em África. Isto fica que é um mimo. Se tens os tomates que parecem dois Ferrero Rochet do Natal passado, compra lâmina tripla e estica essa merda quando estiveres a efectuar a tosquia. Não te esqueças de cortar os nós com uma tesoura primeiro. Em relação a ter pelos até metade do tronco, não tenho, mas pode ser porque o meu meio é muito mais acima do que o normal. 


Estimado Dr. G, eu sou uma rapariga tímida, introvertida e extremamente envergonhada, vulgo, xoninhas. Mas também extremamente sexual e não muito virada, neste momento, para relacionamentos sérios. Ao contrário da sua normal dedução, eu não tenho vagas infindáveis de rapazes a querer entrar-me nas calças (provavelmente devido à minha personalidade, que é considerada rude)  a quem possa recorrer, pelo que tenho de ir conhecer alguns. Mas esta cidade, que não passa de uma grande aldeia, não tem sítios que uma pessoa possa frequentar para estas coisas (pelo menos sítios que passem um tipo de música que não faça uma pessoa contemplar o suicídio). Como se não fossem entraves suficientes, vivo numa aldeia remota, em casa dos meus pais. Como pode ver, a minha situação dificulta bastante a prática da luta greco-romana sem roupa debaixo dos lençóis (ou por cima deles, ou sem qualquer envolvimento de lençóis...) e por isso peço-lhe dicas e conselhos para ultrapassar estes problemas e poder arranjar parceiro(s) para uma boa cobowyada. Pode pensar que tudo isto se deve a ter semelhanças físicas com um símio, mas não é verdade. Não as tenho com uma supermodelo russa, no entanto isto é facilmente ultrapassável com uma saia de tamanho apropriado e um soutien push-up ou algum álcool.
C, 21, Leiria

Doutor G: Cara C, não conheço a noite de Leiria nem as festas académicas, por isso não me posso pronunciar. Tens sempre o Tinder, uma aplicação móvel para fazer novas e bonitas amizades. Mentira, é para pinar com desconhecidos. Se vives numa aldeia remota, o mais provável é teres match com um primo. Só te peço para que não procriem porque diz que os filhos de primos direitos saem concorrentes  de reality shows. 


Boa noite caro Dr G. venho por este meio pedir ajuda para com os meus dilemas. Existem não 1, não 2, não 3 mas 4 mulheres na minha vida. Vou classificar cara/corpo/personalidade de 1 a 10 para facilitar.
  • 6/10/4 Ex-namorada com a qual me dava um bocado mal e o sexo é meh, mas está sempre disponível e faz tudo.
  • 9/9/5 Ex-amante também muito calminha, mas que era uma actriz porno na cama e só preciso me esforçar para voltar ao vale dos lençois.
  • 8/7/7 Amiga com a qual quase namorei no passado e voltou agora à minha vida, está sempre a mandar bocas que no futuro provavelmente poderei/deverei saltar-lhe para cima e é só eu querer. É divertida damos-nos bem mas é completamente louca e isso assusta.
  • 10/9/9 uma miúda com que andei que me apaixonei completamente, o sexo foi o melhor que já tive mas não queria relação comigo porque estava solteira à pouco tempo e queria aproveitar para passear com as amigas e estar sozinha e é literalmente o que tem feito. Mas não me sai da cabeça de todo!!!!!
Portanto tenho a 1 disponível a full time, a 2 tenho que me esforçar mas é possível, a 3 é só estalar os dedos e a 4 não sei o que fazer para a recuperar. Sendo que a 1 e a 2 dá para guardar em casa e nunca ninguém saber, a 3 já seria mais difícil porque tenho de a levar à rua e eu já sei que eventualmente alguém me ia apanhar... Eu aviso todas que não as amo! Que não sou gajo de mentir que isso é feio e muito fácil! Mas não sei se deva tentar com a 4 ou comer as outras 3 ao mesmo tempo ou ir comendo a 1 enquanto espero por uma 5. Se conseguir a 5 posso fazer um pentagrama e invocar uma mulher do submundo (é de onde elas vêem não é?). Alguma sugestão de como lidar com isto tudo? Não gosto de nenhuma e devia estar sozinho? Gostaria de perceber pessoalmente como o Dr iria lidar com tal situação na sua vida pessoal! É uma canseira dar milho a tanto pombo! 
Jervásio, 27, Cacém

Doutor G: Caro Jervásio, tal como o teu homólogo chimpanzé, tens de aprender a separar o lixo e a fazer reciclagem. Vamos por partes:
  • A primeira não vale a pena. Tendo um corpo de 10 e não sabendo fazer nada de jeito na cama, a juntar ao facto de ser ex-namorada, faz-me querer que não há necessidade de ir buscar os restos ao tupperware. A não ser que alguém lhe tenha ensinado a fazer as coisas entretanto, algo que tu, pelos vistos, não foste capaz.
  • Se é só para o funaná pelado e ela tem alma de actriz pornográfica, então nem sei onde está a dúvida.
  • Se comeres a terceira, vais acabar por namorar com ela e de gente maluca quer-se distância. Ex-namorados de mulheres loucas acabam com ácido nas miudezas.
  • Esta nunca vai querer mais nada contigo, já tiveste a tua oportunidade. Uma mulher só não quer namorar com quem anda a fazer sexo se o sexo não for daquele épico que lhe troca as sinapses todas.
Se conseguires juntar todas para fazer esse ritual de magia chavasca, tiro-te o chapéu, mas se só queres luta greco-romana sem equipamento, então qualquer uma pode servir. Se queres algo mais sério não vai ser com nenhuma dessas, caso contrário terias a certeza de qual querias. Ah, queres a última, mas essa não vai dar. 
 
 
Bom dia Dr.G, eu e o meu namorado temos uma relação super aberta, falamos de tudo sem vergonhas e apesar de não vivermos juntos as nossas casas são como se fossem de ambos. Acontece que o rapaz agora veio-me com umas ideias de sexo anal... fiquei um pouco sem reaçao pois nunca exprimentei, o meu medo prende-se por 2 motivos:
  1. O rapaz é avantajado na zona peniana... pelo que tenho medo de trepar a parede com a dor tipo homem aranha.
  2. As minhas amigas já experientes em anal avisaram-me que poderá acontecer algo pior.. um cocó agarrado ao pénis por exemplo. 
Queria saber a opinião do Dr.. há efetivamente o risco de sair algo não desejado? É comum ? É que não sei com que cara olharia pra ele depois... Obrigada! 
C, 19, Aveiro

Doutor G: Cara C, primeiro tens de ter a certeza se ele estava a falar de sexo anal sendo ele o activo, ou se estava a sugerir que lhe enfiasses um dildo rambo xxl no esfíncter. Há que saber comunicar nas relações para não haver equívocos. De resto, vamos por partes:
  1. É possível que doa, não tenho experiência na óptica do receptor, mas diz que no início é coisa para doer. Eu já fiz cocó grosso e aquilo parecia que estava a cagar um Toblerone dos grandes. O segredo é descontrair, usar muito lubrificante e uma calçadeira.
  2. Claro que há essa possibilidade, a trombinha entra no intestino grosso, querias que viesse coberta de molho de soja e leite creme? Não é comum, mas acontece vir uma ou outra pepita de chocolate. É apostar nos dias em que já se foi ao WC e saiu daquele cocó que quando passamos o papel parece que esteve lá uma lontra ninja bebé que não deixou pistas.
Experimentem e se for prazeroso para os dois, óptimo. Se der merda, acontece. É rir da situação. E limpar, claro. 
 
 
Querido doutor G., escrevo-te no meu maior desespero. Vejo-me metida numa situação sem pés nem cabeça: há uns anos envolvi-me com um rapaz mais velho uns 4 anos. Na altura armei-me em fura-pastos e achei que dávamos umas voltinhas, fazíamos umas conchinhas e as coisas ficavam na maior. Como seria de esperar, f*di-me. Literalmente, porque nem a isso tive direito. O marmanjo partiu para outra(s) e deixou-me com o coração aos cacos. Ultrapassei a cena, e passado um ano e tal comecei a namorar. Top! Achei eu. Este relacionamento, com um rapaz mais novo, durou 10 meses. Acabou porque, mais uma vez na minha ingenuidade burra, achei que podia voltar a falar com o marmanjo mais velho (dando um ar de cena ultrapassada, amigos como sempre – eu achava mesmo isto, o que ainda é mais deprimente) e perdi-me novamente de amores por ele. Em jeito de conclusão: eu achei mesmo que depois de nos afastarmos, cada um ter ido à sua vida, ele ter tido um relacionamento nesse período (onde saiu lesado – karma is a bitch, se é que me entendes) e ter ficado igualmente de coração partido, tínhamos ambos crescido mentalmente e finalmente éramos pessoas mais maduras. Quando voltámos a falar 24h/dia, partilhar tudo e mais alguma coisa, haver claramente desejo de ambas as partes em dar umas voltinhas peladas nos mesmos lençóis, ele saiu-se com um “não quero estar com ninguém, não quero complicações nem passar pelo que passei novamente”, que depressa passou a um “gosto muito de ti mas vamos ser só amigos, e desculpa se te dei a entender o contrário”. Na verdade, sempre achei que ele era bipolar. Voltei a afastar-me dele, depois de ele espernear e dizer que nós podíamos continuar a ter a mesma proximidade e o nosso afastamento era apenas uma decisão minha. Pedi-lhe que a respeitasse mas cá dentro só gostava que ele tivesse realmente evoluído e crescido para um homem melhor e viesse à minha procura. Será pedir muito? Serei assim tão ingénua por acreditar que a pessoa de quem gosto pode algum dia mudar e fazer-me feliz? Deverei inscrevê-lo numa instituição psiquiátrica?
P., 21, Portugal

Doutor G: Cara P, se nem a festa rija tiveste direito, então não te fodeste literalmente. Faz-me, literalmente, comichão pessoas que não sabem usar a palavra «literalmente». Em relação ao teu caso, acho que o devias internar numa ala psiquiátrica e aproveitar para lá ficar também. Não quero ser bruto, mas repara: ele ao menos foi sincero contigo e não usou os teus sentimentos por ele para velejar no teu mar de fluídos badalhocos, quando o podia ter feito várias vezes, até se fartar e te mandar pastar. Acho que ele é o mais são no meio disto tudo, que sabe o que quer e te disse sempre as intenções dele sem te levar ao engano. Tu é que decidiste enganar-te a ti mesma e ainda continuar com a ilusão de que ele vai mudar. Ele não gostava de ti e continua a não gostar. Engole o orgulho, já que não vais engolir mais nada, e parte para outro. Uma pessoa só é perfeita para nós se gostar de nós, se não é só uma pessoa que não vale a pena. «Estou? Gustavo Santos? Daqui fala o Deepak Chopra da Buraca e é só para te dizer: toma e embrulha que eu também sei usar frases feitas a dar uma de guru sentimental e inteligente.» 


Gostaram? Sim? Acham que o Doutor G podia fazer uns textos diferentes de vez em quando, ao género: «10 melhores frases de engate» e cenas do género? Digam de vossa justiça. Obrigado a todos e, como sempre, até para a semana e continuem a enviar as vossas dúvidas para porfalarnoutracoisa@gmail.com. 

Partilhem e façam muito amor à bruta, que de guerras o mundo já está cheio.

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12 de outubro de 2015

Os 10 mandamentos revistos



Os dez mandamentos, escritos por Deus e entregues a Moisés em duas tábuas de pedra, já se encontram bastante desactualizados e há muito que precisam de ser revistos. Na era digital e numa altura em que a Igreja Católica tenta apelar aos mais novos, decidi reescrever os mandamentos para que a juventude de hoje consiga identificar-se mais facilmente com os valores cristãos. Ora vejam lá se assim não faz tudo muito mais sentido.



Original: Amar a Deus sobre todas as coisas
Revisto: Amar o Like sobre todas as coisas

Amar a Deus é coisa do passado. No mundo actual o que se deve amar é o Like: o Like nas fotos a mostrar, subtilmente, o decote; o Like na página de fãs na qual se colocou "Figura Pública" sem que ninguém os conheça de lado nenhum; o Like na foto do sushi que se publicou no Instagram. Não esquecer, claro, o Like nas fotos de crianças a morrer à fome, que é o equivalente a rezar pela paz do mundo: não serve de nada. O Like é vida, é ego e auto-estima. Amai o Like, o Comentário e a Partilha. Ámen.


Original: Não usar o Santo Nome de Deus em vão.
Revisto: Não identificarás o amigo bêbedo numa fotografia.

Faças o que fizeres nunca identifiques, sem autorização, um amigo ou conhecido numa fotografia da noite passada. Esteja ele bêbedo ou não, pode ter dito à namorada que tinha ficado em casa a estudar e omitido que foi ao Caxaça roçar-se em menores badalhocas da Margem Sul. Faz como Jesus e partilha uma fotografia da última ceia quando ainda estavam todos sóbrios. As raparigas também nunca devem identificar as amigas em fotografias nas quais elas não estejam com o cabelo e a maquilhagem impecáveis, para não lhes estragar o engate ao perceber-se que, afinal, as fotos de perfil eram só jajão.


Original: Santificar Domingo e festas de guarda.
Revisto: Ressacarás ao Domingo.

Um dos poucos mandamentos que se mantém intacto, embora por razões diferentes. O Domingo continua a ser sagrado mas não para se levantarem às sete da manhã para ir à missa. Ao invés, chega-se a casa a essa hora, já com dois pães com chouriço e um caldo verde no bucho. Podem beber sangue de Cristo, que dizem que beber é a melhor forma de curar a ressaca. Não comam é hóstia! Faz cimento no estômago e gases muito pouco santos.


Original: Honrar pai e mãe (e os outros legítimos superiores).
Revisto: Bloquearás o pai e a mãe no Facebook (e o chefe).

Uma regra de ouro para a juventude, já que hoje em dia se expõe mais a vida aos desconhecidos e "amigos" do Facebook do que à própria família. Bloquear os familiares directos é uma regra de ouro para quem quer usar o Facebook para dar estatuto. Nada pior do que verem um comentário da vossa mãe, ou pai, numa fotografia em roupa artística, qual Maria Madalena das barracas. Nada pior do que verem o vosso pai a comentar "Ganda peida ó jóia!", numa fotografia vossa que lhe apareceu no mural sem ele perceber que era a própria filha. E claro, não querem ser identificados em fotografias da vossa adolescência, que a vossa mãe decidiu publicar por achar que o acne, o aparelho e a roupa dos anos 80 vos ficavam a matar.


Original: Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo)
Revisto: Nunca apagarás a conta de Facebook

Por muito tempo que te ocupe, por muito que te faça conviver pouco ou nada no mundo real, por muitas ofensas que te façam, por muito cyberbullying que sofras, nunca deverás apagar a tua conta de Facebook, ou estarás morto para todo o mundo. Deixarás de receber convites para festas de aniversários, casamentos e deixarás de saber quando os teus amigos anunciam a gravidez com a foto de uma ecografia que podia ser de um exame ao intestino por causa de uma prisão de ventre prolongada. Se o Like deve ser amado acima de todas as coisas, então o perfil de Facebook deve ser conservado mesmo que tenhas Instagram, SnapChat e Tinder. Se o apagares serás crucificado nos murais públicos das redes sociais e olhar-te-ão de lado, qual leproso bicho-do-mato.


Original: Não pecar contra a castidade
Revisto: Não preservarás a castidade para além dos 14 anos

Os tempos mudaram e se queres integrar-te e fazer parte da tribo urbana dos teus colegas, terás de sacrificar a tua santíssima trindade o mais cedo possível. Ser virgem depois do 8º ano é muito old school, então se já tiveres chumbado ninguém espera de ti outra coisa. Publica fotografias do rabo e do decote, a fumar e a beber, aceita os pedidos de amizade de desconhecidos e aceita os convites que te fazem para irem ao Urban beber um shot. Só se vive uma vez #YOLO. Vive a vida louca #CARPEDIEM. Ajoelha e olha para cima que o pai está no céu #ÁMEN.


Original: Não furtar
Revisto: Não farás facejacking

Se alguém deixar o computador desbloqueado ou o telemóvel sem código ao teu lado, não deverás furtar-lhe a identidade e colocar posts de cariz homossexual no seu perfil. Não deverás fazer like com a sua conta em páginas de gosto duvidoso como a do Gustavo Santos. Facejacking, nos dias de hoje, é pior do que roubar o cartão do cidadão e deixá-lo no local de um triplo homicídio. É pior do que deixar a carteira roubada de um padre dentro da fralda de uma criança. O único furto admissível é sacar torrents. O que Deus semeou, todos podem fazer download.


Original: Não levantar falsos testemunhos.
Revisto: Não colocarás fotos falsas no perfil do Tinder.

Mentir é feio, mas só em alguns casos. Uma coisa é mentires aos teus pais que estás em casa de uma amiga a estudar e na realidade estares no S. Francisco Xavier a receber soro depois de teres virado duas garrafas de vodka do umbigo da tua amiga gorda. Isso são mentiras benignas e Deus não castiga. Agora, colocar uma fotografia falsa no perfil do Tinder, ou uma verdadeira mas de quando tinhas 10 quilos a menos, é induzir as pessoas em erro e não se faz. Deus está atento a estas coisas e encarregar-se-á de te castigar, ao promover um encontro com alguém com fetiche por chicotes e coroas de espinhos. Tentativas de contornar este mandamento, tirando fotografias de cima e num ângulo enganador, também devem ser punidas.


Original: Não desejar a mulher do próximo
Revisto: Não farás likes nas fotos de perfil da mulher do próximo

Há mandamentos que nunca mudam e este é um deles. Mantém-se igual mas adaptado às novas tecnologias: nunca gostes das fotografias das namoradas dos teus amigos, ou dos namorados das tuas amigas. Nunca o faças, especialmente, em fotografias de bikini e tronco nu e em fotografias de perfil de há dois anos, dando a entender que és alguém que se está a esforçar demasiado a tentar manchar a amizade com nódoas brancas de amor proibido. «Bros before hoes», já dizia Jesus quando discursava aos seus followers. Não sejas um Judas.


Original: Não cobiçar as coisas alheias
Revisto: Não marcarás compras em mão de artigos do OLX para depois deixares o vendedor pendurado

Há que ter respeito por quem vende artigos usados na Internet. Vê, pesquisa e imagina como seria a tua vida se tivesses aquele sofá ratado, aquele microondas enferrujado ou aquele dildo Rambo XXL em segunda mão. Mas, embora possas sonhar, nunca faltes ao respeito e marques encontros para entrega em mão para depois não apareceres. Pede factura sempre, e se o vendedor disser que não tem, diz que és o cliente mistério das Finanças, só para ver a cara dele.


E é isto, possivelmente um dos textos mais parvos que já escrevi. Espero que passem a mensagem e que não quebrem estes mandamentos, para conseguirem ter um lugar no céu do ciberespaço. Em nome do Like, do Share e do Coment Santo. Ámen.
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10 de outubro de 2015

José Rodrigues dos Santos é homofóbico, ou homofóbica?



Nem ia escrever sobre isto, mas como estou sem nada para fazer vou mandar uns bitaites sobre este caso que está a marcar a nossa actualidade. Já venho um pouco tarde para a orgia, mas trago Halibut, Redbull e feijoada e, por isso, de certeza que serei bem-vindo. Imagino que já todos saibam o que aconteceu e o José Rodrigues dos Santos já pediu desculpas, em directo, mas o alarido nas redes sociais continua. Vamos então analisar o comentário que ele fez em relação ao Alexandre Quintanilha, sendo que 
existem apenas três opções:

  1. José Rodrigues dos Santos é homofóbico e disse o que disse propositadamente para denegrir a imagem do deputado do PS;
  2. José Rodrigues dos Santos tem o sonho antigo de ser humorista e decidiu fazer uma piadinha em directo no Telejornal sem pensar nas consequências;
  3. José Rodrigues dos Santos enganou-se, e a explicação que deu, a justificar o que disse, é verdadeira.
Não estou a ver mais nenhuma hipótese e por isso vamos analisar cada uma destas três:
  1. Se esta for a opção certa, então é óbvio que o José é um palerma e que devia pedir desculpas e ser despedido das suas funções. Portugal já tem demasiados homofóbicos e não precisa de mais em cargos de relevo na televisão pública;
  2. Caso tenha sido isto o que aconteceu, então José deverá pedir desculpas pela piada, isto porque ele não é humorista nem o Telejornal é um programa de humor, e continuar a sua vida e as suas funções com normalidade, já que fazer comentários inadequados mas sem malícia, todos o fazemos durante a nossa vida;
  3. Se foi apenas um engano, José não devia ter pedido desculpas e deveria, até, mandar para o caralho quem o está a acusar de homofobia e a apedrejá-lo na praça pública das redes sociais.
Na minha opinião, acho que se tratou apenas de um engano e não acredito que o pivô de informação de maior renome do nosso país, mesmo que seja homofóbico, o fosse revelar em pleno Telejornal e de forma tão pouco subtil. Para isso, fazia como a imagem do meu texto e tinha subornado a equipa gráfica para pintar uma tiara e umas beiças no Quintanilha.

Tinha muito mais valor ele ter feito uma trocadilho ordinário com o apelido do Deputado ou ter-lhe chamado, pausadamente, «De...PUTA...da».

Eu, que até parto sempre do principio que as pessoas são más e mesquinhas, acho que neste caso foi apenas um engano que poderia ter sido relativo a um Deputado heterossexual. O orelhas teve azar. Note-se que eu não conheço o José Rodrigues dos Santos e, por algumas entrevistas que já vi, nem vou muito com a cara dele por o achar um bocado arrogante. Posso estar a ser injusto, mas todos nós temos direito a tirar conclusões precipitadas e preconceituosas. Não lhe reconheço assim tanto talento na escrita quanto isso, até porque nunca li nada dele a não ser excertos que, mais uma vez, achei demasiado armados ao pingarelho de quem está mais preocupado em ser eloquente do que em passar a mensagem e emoção ao leitor. Mais uma vez, posso estar a ser injusto e o homem ser realmente um génio da escrita. Não vou basear-me no número de vendas, porque a Margarida Rebelo Pinto e o Gustavo Santos também vendem milhares de livros e a qualidade está à vista. Mentira, a qualidade, se está lá, está bem escondida.

Não percebo esta sensibilidade toda, já que quem pratica regularmente o sexo anal seria de esperar que já estivesse mais calejado. «Considero que é um insulto a um deputado que foi eleito para Assembleia da República e por isso espero que todos os partidos políticos se pronunciem.» disse o Deputado. Epá, e acalmar a patareca, não? Mas agora ter sido eleito dá-nos um estatuto especial? Insultar um deputado ou um comum mortal é diferente? Se o orelhas tivesse dito, relativamente a um sem abrigo homossexual, "um, ou uma, sem-abrigo" o erro era menor? Teriam os partidos que se pronunciar sobre isso? Ironicamente, este comentário parece-me mais prejudicial do que benéfico para a luta a favor da igualdade. É esta hipocrisia e exagero que me fez comichão neste caso. Tanto dos visados como dos revoltados das redes sociais, quais cavaleiros brancos defensores das minorias, mas só no conforto do sofá. Aposto que a maioria desses já fez comentários piores, e de propósito, com o José Castelo Branco ou outro homossexual (se é que o José o é), mais exuberante e, com todo o respeito, mais bichona doidivanas. Acho que o senhor Deputado está a dar demasiado valor à situação. O seu marido, igualmente, talvez por inveja de não vender tantos livros. A ILGA Portugal, igual, ao dizer que eram evidentes as intenções do orelhas em achincalhar o deputado. Aparentemente, a ILGA deve ter nos seus quadros aquele senhor especialista em linguagem corporal e o espanhol da máquina da verdade das Tardes da Júlia. Ao menos que fossem criativos no que exigem como pedido de desculpas: pediam que o José fosse apresentar o telejornal vestido de mulher; que fosse obrigado a dançar o Tango com o Alexandre Frota; ou que fosse obrigado a fazer karaoke de uma música da Dina no bar Finalmente. Qualquer uma destas era mais adequado do que um pedido de desculpas. Mas temos 6 anos ou quê? Nessa altura é que pedir desculpas resolvia as coisas! Hoje, se a atitude dele foi assim tão grave, acho que devem exigir algo mais, caso contrário é estar a dizer que se pode ser homofóbico à vontade desde que depois se peça desculpas.

Quem devia pedir desculpa foi quem elegeu deputados do PS e do PSD e nos obrigou a mais quatro anos de sodomia à força.

Aposto que no próximo Gay Parade vai haver um carro alegórico com a cabeça do José Rodrigues dos Santos com orelhos de Dumbo. A tromba, é que já não sei onde a vão enfiar. Espero que depois o José Rodrigues dos Santos exija um pedido de desculpas público deles e de toda a gente que já o chamou orelhas, inclusivamente às Produções Fictícias pelo boneco da Contra-Informação de abanos proeminentes. Se precisar de apoiantes, que fale com o Topo Gigio dos Ídolos.

A quem lhe passar pela cabeça, devido a algum comentário ou piada neste texto, que eu sou homofóbico, leia este texto ou este. Depois, se alguém mantiver essa opinião, então que vá apanhar nos refegos das nalgas e deixe de ser mariquinhas.
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