29 de dezembro de 2015

Je Suis Piropo - Nova lei e novos piropos



Então diz que "amandar" piropos agora é crime? Era muito mais fácil eu fazer um texto a criticar todas as feminazi, grupo de mulheres (e homens) que já sabem que desprezo com todo o carinho do mundo. No entanto, não gosto de coisas fáceis e, por isso, vou dizer que até concordo com esta lei. Porquê? Porque quem diz que o piropo passou a ser crime é quem apenas lê os títulos das notícias dos jornais online. O piropo não foi criminalizado, mas sim o assédio sexual bardajão. Há piropos e piropos. «Bom dia menina», não é piropo. É boa educação. Todos vimos aqueles vídeos onde mulheres se passeavam na rua e eram cumprimentadas dezenas de vezes, na maioria delas de forma cordial e educada. Aquilo não era assédio sexual, eram gajos a ser simpáticos. Com segundas intenções? Certamente que sim, somos homens e somos todos uns porcos, já se sabe. Uma vez, uma amiga minha ouviu o seguinte piropo de um senhor das obras «Ó filha, enchia-te essa coninha de leite.». Poderia ser um comentário preocupado com o flagelo da osteoporose ou até uma oferta altruísta para procriar, mas não. Foi só um comentário, no mínimo, indelicado. Digo no mínimo porque ele utilizou o diminutivo. «Ahhh mas a liberdade de expressão!!!», dirão alguns.

Não foi para dizer a uma rapariga, sozinha na rua, que se lhe enchia a coninha de leite que o 25 de Abril foi feito.

O meu pai nunca me contou que se cantava nas ruas o Grândola Vila Morena intercalado com gritos de «Abaixo a censura! Por um Portugal livre de dizer às mulheres que lhes queremos encher a coninha de leite!». Façamos um exercício: imaginem-se a sair do metro às 23h00, numa noite escura e de fraca iluminação na rua. Chuvisca e vão pelos umbrais a tentarem desviar-se da gotas grandes que caem das goteiras. Não se vê ninguém na rua a não ser um grupo de três ou quatro homens mais à frente. Passam por eles, com passo apressado, e ouvem «Psss, ó boa! Fodia-te toda!» e «Se eu te apanhasse era até achar petróleo.». Agora, se não forem, imaginem que são mulheres. Chato, não é? Acredito que seja para estes casos que a lei foi criada, para casos em que o piropo se transforma em assédio puro que intimida e leva a outra pessoa a pensar que se calhar vai ser ali violada e que, no fim, mesmo que achem petróleo, não ficam com royalties. É difícil para nós, homens, percebermos isto porque se pensarmos na situação oposta, em que vamos sozinhos e três raparigas nos dizem isso, mesmo que não fossem giras, o nosso ego enchia-se e se calhar não chegávamos, mais uma vez, sozinhos a casa.

Pronto, isto é a razão pela qual eu vejo a lei com bons olhos. Olhos que não despem nem comem, atenção. Agora, claro que há, também, uma certa parvoíce na lei. É parvo chamarem-lhe «propostas sexuais não solicitadas». Numa primeira abordagem qualquer proposta de sexo é não solicitada! Alguém tem de tomar o primeiro passo! Apenas depois disso é que há, ou não, adesão da outra parte. Outra questão: como é nas discotecas? Toda a gente sabe que um «Olá, como te chamas?» dito numa discoteca não é mais do que dizer por outras palavras «Adorava escalavrava-te a boca do corpo hoje à noite e, já agora, chamo-me António.» A intenção não está na semântica e no vocabulário utilizado e é preciso ter cuidado com isso para não haver gente acusada de "serial piropal" injustamente. Muitas vezes, um «Olá» tem mais intenções sexuais do que um «Ajoelha-te aqui e sorri como um donut.». Isto para não falar de que a diferença entre assédio e charme, muitas vezes é apenas o facto de o homem em questão ser giro ou não. Aposto que daqui a um ano, quando fizerem o estudo de todos os acusados do crime do piropo, vão perceber que só os feios tiveram esse privilégio.

Já me aconteceu no Bairro Alto, uma rapariga dirigir-se a mim e perguntar-me:

- És canalizador?
- ... - respondo, meio aparvalhado com tal abordagem.
- É que estou toda molhada, se calhar tenho um cano roto e podias tapar-me a fuga.
- Classe - respondi, enquanto me ri e fui à minha vida.

Não fiquei ofendido até porque a rapariga não era feia, mas para a próxima apresento queixa! Não sou um bocado de carne, ouviram? Suas sujas! Mentira, nunca apresentaria queixa porque é claro que há hipocrisia nesta lei e, obviamente, que é para proteger as mulheres e não os homens. Desafio algum homem a ir a uma esquadra apresentar queixa numa situação destas. Vai acontecer algo deste género:

- Senhor agente, acabaram de me assediar!
- Acalme-se, homem. Conte-me lá o que aconteceu? - diz o agente.
- Então, não é que eu ia a passar por um salão de design de nails e uma senhora disse-me em alto e bom som «Ó jovem, só não tenho pele das tuas costas debaixo das minhas unhas de gel com piercings porque tu não deixas!»
- E então? - diz o agente, confuso.
- Então que foi uma proposta de sexo não solicitada.
- Ó Antunes, temos aqui um paneleiro! - finaliza o agente a rir-se desbragadamente.

Dois pontos a reter: primeiro, isto não vai acontecer, já que as mulheres não são tão javardas e indelicadas quanto os homens; segundo, quantas vezes é que os homens já se sentiram intimidados e ameaçados por mulheres na rua? Pois... essas vezes todas. Quase nenhumas. É por isso que esta lei acaba por não ser hipócrita. É justa e adequada ao rácio de genéro sexual e comentários inapropriados. Pelos atrasados mentais pagamos todos nós, homens decentes que agora vamos ter medo de mandar o nosso piropo.

Esqueçam, os homens decentes não mandam piropos à parva na rua a desconhecidas porque isso é só idiota. Só quando estamos bêbados, vá.

Obviamente que nunca ninguém irá ser preso por dar um piropo ou mesmo fazer um comentário ordinário a uma mulher. Primeiro, porque vai ser muito difícil provar o que realmente foi dito, e, depois, porque era só parvo alguém ir realmente preso por isso num país onde os corruptos e gestores aldrabões de bancos não o são. Como eu sou contra leis que ninguém cumpre, acho que se deviam encontrar alternativas mais viáveis como punição. Por exemplo: uma rapariga vai a passar por uma obra e ouve um comentário alusivo ao chavascal entre as suas pernas. Chama a polícia que averiguará a ocorrência e, de seguida, vai a julgamento. Sendo culpado, o que acontece é o seguinte: é dada a oportunidade ao pai da rapariga, ou marido, ou namorado, ou irmão mais velho, de ter uma hora a sós na cela do preso, onde as leis não se aplicam. Era um método muito mais justo. Agora, e porque também vai acontecer, sempre que se provar que uma mulher acusa, sem fundamento, um homem de a assediar sexualmente através de um piropo javardo, proponho o seguinte como pena para essa mulher: ter de estar numa cela durante uma hora com o Zezé Camarinha a segredar-lhe dicas de engate em inglês arcaico, bem encostado à sua orelha. Claro que nem é preciso dizer que comentários sexuais a quem tem claramente menos de 12 anos devia dar prisão perpétua com banhos semanais na companhia do Wilson.

De qualquer das formas e para não se perder a tradição do piropo, deixo aqui um guia para os trolhas que possam estar a ler isto, para que se acautelem nos tempos vindouros. A diferença entre ser preso e continuar livre pode estar apenas e só na eloquência do que se diz. Por isso, aqui fica o novo acordo de piropos com o antes e o depois.

«Ó flor, dá para pôr»
Peço perdão mas a senhora é dotada de tamanha beleza que se assemelha à estrutura reprodutora das plantas Angiospérmicas, de tal forma que me é impossível deixá-la passar por mim sem que lhe pergunte se me é possível introduzir... conversa. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

És como um helicóptero: gira e boa...
A senhora tem feições tão delicadas que desperta o Quim Barreiros que há em mim, o que me leva a fazer um trocadilho entre o adjectivo "gira" com as hélices do veículo de motor giroscopico, vulgo helicóptero. Sendo que não sou do norte, como piada, apenas, irei também fazer o trocadilho com "boa", de voar, pelo facto da senhora também ser dona de um belo corpo que aposto que está, também ele, preenchido por uma personalidade sublime e que adoraria conhecer. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Ó febra, junta-te aqui à brasa.
Não querendo de qualquer forma ferir as suas susceptibilidades no caso de ser vegetariana, mas a senhora possui massa corporal de fazer lembrar o corte em fatias da perna de gado porcino. Como tal, gostaria de a convidar a aconchegar-se junto da zona do meu corpo cuja temperatura está mais alta devido ao sangue que lhe aflui de momento. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Ó estrela, queres cometa?
Caríssima donzela, não pude deixar de reparar que emana um brilho resplandecente capaz de ofuscar quem a olhar sem óculos de protecção. Gostaria, portanto, de a indagar se pretende interagir com um corpo do sistema solar cujo nome original grego quer dizer «cabeleira da cabeça». Pode parecer uma metáfora para sexo anal, mas garanto-lhe que é uma oferta desprovida de segundas intenções. Obrigado e um bem haja.

Ó jóia, anda aqui ao ourives.
Peço desculpa por incomodar, mas a senhora assemelha-se a uma mistura de metal com pedra preciosa. Gostaria, portanto, de saber se poderia locomover-se até a um raio de um metro de mim para que eu lhe mostre as minhas capacidades de manuseamento de materiais preciosos. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Ó filha, com um cuzinho desses deves cagar bombons...
Peço desculpa, mas a senhora possui uns glúteos de tal forma bem torneados que me apraz dizer-lhe que nem acredito que pelo seu excelso esfíncter sejam expelidas fezes. Acredito que pelo seu orifício traseiro saia uma espécie de mousse de chocolate ou Ferrero Rocher, em dias que comeu muito pão. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Ó filha, fazia-te um pijaminha de cuspo.
Estando eu preocupado com o seu bem-estar e com o frio que se avizinha. Se me permitisse, prometo que lhe faria umas vestes de dormir feitas inteiramente em saliva, lambendo-a como fazem os gatos às suas crias. Seria um dois em um, sendo que o ritual de tomar banho e vestir o pijama seria feito de uma assentada. Uma proposta que aumenta a produtividade e a maximização do tempo. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

O teu cu parece uma serra eléctrica: não há pau que lhe resista!
Permita-me proactividade de afirmar que os seus glúteos parecem ter mais potência do que uma serra motorizada a gasolina. Utilizo esta metáfora, aproveitando também para comparar o meu pénis a um tronco de madeira, para dizer é impossível resistir a tal atracção fatal. Com esta metáfora realço também o facto de elogiar a dureza da sua musculatura traseira, dado que seria capaz de me partir o pénis carvalhesco. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Posso pagar-te uma bebida ou preferes em dinheiro?
Não querendo ser indelicado, gostaria de a a convidar para tomar um refresco, quiçá um sumo detox. Não podendo, a senhora, aceitar o meu convite, ofereço-me para lhe dar cinco euros para que possa tomar uma bebida por minha conta e aproveitar este belo dia na excelente companhia de si própria. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Com umas bóias dessas o Titanic não tinha ido ao fundo.
Como forma de elogio às suas fantásticas glândulas mamárias, gostaria de as congratular, em tamanho e feitio, dizendo que acaso estivesse no penoso naufrágio do Titanic, na manhã de 15 de Abril de 1912, creio que este não se teria afundado. A ter acontecido tal tragédia, aposto que tanto o Di Caprio como a Kate se conseguiriam sustentar à superfície da água devido ao princípio de Arquimedes, vulgo impulsão, garantido por seus magníficos bagos mamíferos. Sem segundas intenções me despeço, obrigado e um bem haja.

Desafio-vos a fazer este exercício para os seguintes piropos:
  • A tua mãe só pode ser uma ostra para cuspir uma pérola como tu...
  • Ó 'morcona', comia-te o sufixo...
  • Quem me dera que fosses um frango para te meter um pau no cu e fazer-te suar...
  • Belas pernas... A que horas abrem?
  • Posso tocar no teu umbigo . . . da parte de dentro?
Em suma, a lei não está mal, o que poderá vir a estar mal é a interpretação que se fará dela. Como em tudo, menos nos meus textos, é preciso é bom senso. Continuo a achar que há desbloqueadores de conversa que embora javardos, têm piada e que podem funcionar para quebrar o gelo e, quem sabe, mais tarde, a bancada da cozinha. Deixo-vos com o meu preferido: «Queres ir lá a casa foder e comer pizza? Que cara é essa? Não gostas de pizza?». Podem usar, mas com cuidado. Se forem feios não arrisquem.



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