7 de dezembro de 2015

10 tipos de colega de escola



Já aqui falei dos tipos de colega de trabalho e dos tipos de professor que eu tive na escola. A pedido de várias famílias e professores, aqui fica a lista dos dez tipos de aluno e colega de escola que eu vi com estes olhinhos que a terra não há-de comer porque eu vou ser cremado e as minhas cinzas irão ser utilizadas para temperar um bacalhau com broa. A maioria destes colegas também devem ter populado as vossas turmas, já outros talvez sejam apenas autóctones às escolas da Buraca e da Damaia. Vamos lá então que se faz tarde e amanhã é feriado da Imaculada Conceição, graças a Deus.

O PAPAGAIO
Este era dos tipos de colegas que mais me apetecia levar para trás da cantina e agredir até lhes sair massa encefálica pelos ouvidos. É aquele tipo de colega que sempre que o professor termina um raciocínio do género: «E é por isto que que o coeficiente XPTO da cena ao quadrado é 0» depois do qual o aluno papagaio mete a mão no ar e com um brilho nos olhos diz «Então quer dizer que é por isto que o coeficiente XPTO da cena ao quadrado é 0, não é senhor professor?». Eram duas chapadas à padrasto naquela cara de panhonha! Pior ainda quando o professor diz «É isso mesmo!» em vez de lhe dizer «Mas eu não tinha acabado de dizer isso, ó meu atrasado mental?!». Enfim, não dão aos professores o poder que eles deviam ter para educar as crianças palermas. Este tipo de aluno é aquele que se senta sempre na secretária à frente da do professor e que raramente é o melhor aluno da turma e sabe que tem que compensar esse facto com pontos de bónus na participação nas aulas. Interromper uma aula para repetir o que o professor acabou de dizer não é participação oral, é só ser-se parvo.

A POPSTAR
A popstar não escolhe género e tanto podemos estar a falar de uma Katy Perrry ou de um Justin Bieber. É aquele tipo de aluno que vai às aulas para desfilar a roupa nova e pouco para aprender. Fazem suspirar os colegas do sexo oposto e recebem muitas cartas no dia dos namorados. Invariavelmente, a Katy Perry da nossa turma, outrora linda e deslumbrante porque entrou na puberdade cedo demais, agora está mais acabada do que um vão de escadas de uma clínica de aborto ilegal do Intendente. O Justin Bieber está careca, gordo e casado com uma gaja que o obriga a ter um Facebook conjunto porque ainda acha que ele tem o encanto de quando era jovem. Como passaram os tempos de escola a fazer pouco dos outros em vez de estudarem, nem sequer têm dinheiro para disfarçar as rasteiras que o tempo e a gravidade lhes foram pregando.

O DESPORTISTA
Este tipo de colega é aquele que chumbava a todas as disciplinas mas que tirava nota máxima a educação física. Mostrem-lhe equações, poemas ou silogismos filosóficos e o cérebro dele implode! Ficam ali com baba no canto da boca enquanto olham para aquilo qual chimpanzé autista olha para uma banana cristalizada do bolo rei. Mas, dêem-lhe uma bola para os pés e para as mãos e ele revela todo o seu potencial, qual Cristiano Ronaldo da Linha de Sintra. Os pais já sabem disso e inscrevem-no em todos os desportos à procura daquele onde ele possa ser excelente e fazer disso vida, caso contrário já toda a gente sabe que vai acabar a acartar caixas num armazém. É um trabalho digno como outro qualquer, atenção, mas nunca nenhum pai disse ou irá dizer «O meu sonho é que o meu filho seja o melhor repositor de stock do Pingo Doce» ou «O meu filho acabou de entrar em medicina. Enfim, é pena vê-lo a desperdiçar o potencial enorme que teria para ser o melhor porteiro de discoteca da Margem Sul!».

O IMORTAL
O imortal era um gajo que andava lá na escola que passava os intervalos a brandir um pedaço de madeira qual espadachim do gueto. Um autêntico Zorro da Buraca ou o Ian McLoud da Rinchoa. Não falava com ninguém e tinha sempre um olhar ameaçador de quem está na prisão e não num estabelecimento de ensino. Era um gajo pequeno e com ar de totó mas que bastava olhar para ele para sabemos que se um dia a nossa escola fosse notícia, iria ser na capa do Correio da Manhã com o título «Massacre em Escola da Damaia! Finalmente Portugal a seguir os passos dos Estados Unidos». Vê-se que há tensão acumulada naquele corpo pequeno e franzino. Lembro-me que muita gente gozava com ele até ao dia em que ele abriu a cabeça de um palerma com uma golpe à Dartacão mesmo na moleirinha. A partir desse dia o pessoal não parou de gozar, mas apenas deixou de o fazer na cara dele. É assim que se resolve o bullying: à paulada na cabeça.

O RIQUINHO
Em todas as turmas há pelo menos um aluno filho de pais ricos. Em todas as turmas menos nas turmas das escolas da Buraca e da Damaia. No colégio Moderno se calhar é o contrário «Lembram-se daquele colega pobre? Fogo, que cena! E o cheiro?». Nunca tive um colega chamado Bernardo, Salvador ou Martim. Nunca tive raparigas na turma com o nome de Constança, Matilde ou Pureza. Havia muitos Wilsons, Andreias e Jamilas. Olhando bem, o meu nome seria o mais beto na escola. Guilherme Duarte, aliás. Dois nomes de beto, branco e do Sporting e a viver na Buraca. Desde cedo que nada fez sentido na minha vida.

O TRAFICANTE
Quando eu digo que não havia um colega rico, não estava a contabilizar com o colega que vive acima das possibilidades devido à economia paralela onde tem um negócio lucrativo de venda de fármacos ilegais. Não sei se haverá em todas as escolas e turmas, mas nas minhas sempre houve. Vários. No 8º ano tinha um colega que levava pistola para a escola e que não era de brincar. Quer dizer, ele brincava com ela, mas isso não fazia dela menos verdadeira. Havia sempre aquele aluno que tinha ténis da Nike acima das suas possibilidades e que sabíamos que deveria ter fontes de rendimento não declaradas, fosse dele ou dos pais, ou de ambos, num belo negócio familiar que ensina às crianças desde pequenas o quanto custa a vida e o quanto custa um grama de coca.

A ÉRICA FONTES
Há sempre uma porquita em todas as turmas, toda a gente sabe disso. Mas uma porquita que faz ganzas nas aulas sem disfarçar? E uma porquita que se masturba com canetas em plena aula de matemática a revirar os olhos enquanto a professora também os revira mas devido à resposta errada do desportista? Este tipo de porquita rebelde não é para todas as turmas! É aquela gaja que já desistiu de estudar porque sabe que vai ganhar dinheiro com o corpo. Seja a casar com um velho rico ou no talho de beira de estrada. Uma vez, aquando de uma conversa qualquer de recreio, disse-nos em alto e bom som: «Ser puta? Na boa. Levo no cu por 50€, muito facilmente!». Disse aquilo com uma convicção que nos deixou pasmados e sem saber o que dizer. Virámos costas e fomos embora porque nenhum de nós tinha cinquenta euros.

O CASAL MARAVILHA
E o casal que mete nojo à turma toda? Há sempre um desses que passa as aulas de mãos dadas e a escrever corações e o nome no caderno de apontamentos do respectivo. Têm aquele brilho no olhar de quem já não é virgem com 14 anos e não foi com o tio Alfredo que perderam a inocência. Passados vinte anos ainda continuam juntos, já não se suportam mas dizem que foi o destino que os juntou desde cedo só para desculpar o facto de nunca mais terem encontrado alguém que os quisesse. Têm quatro filhos e outro a caminho. O sonho dele é formar uma equipa de futsal, o sonho dela é ter uma equipa de assistentes para a ajudarem no seu negócio de design de nails de gel com berloques pimba.

O DESISTENTE
É aquele colega que chumba por faltas no primeiro mês de aulas. Ele tenta tudo, chega a dar justificações de faltas com assinaturas falsas, mas ninguém tem dez avós para morrer no mesmo mês. Este tipo de aluno identifica-se facilmente no primeiro dia de aulas devido ao facto de já ter barba no 5º ano. A minha mãe uma vez perguntou a uma rapariga no dia de apresentação «Veio acompanhar alguém?», ao que ela responde «Não. Sou aluna.», só para vos dar uma ideia do tamanho do bicho. No meu 12º ano, as turmas de matemática e física passavam de 20 alunos no 1º período, para apenas 5 no 2º. Ter noção dos nossos limites e saber quando desistir é uma virtude, dirão alguns.

O XONINHAS
Há sempre um xoninhas em todas as turmas da escola. Nas turmas da faculdade, especialmente em Engenharia Informática, há pelo menos 100. O xoninhas é aquele bom aluno que não fala nas aulas e está sempre atento ao professor. Não gosta de ir ao quadro nem de ler em voz alta e fica corado de cada vez que o professor lhe faz uma pergunta, apesar de saber a resposta. Tem uma paixão secreta por alguém da turma mas nunca é capaz de tomar a iniciativa porque é um coninhas de primeira. Até ao 10º ano tive sempre o mesmo xoninhas na turma: eu. Ninguém diria que ia ficar assim, tão soberbamente parvo. Só para verem que há esperança para todos os xoninhas. #XoninhasAoPoder


Espero que tenham gostado e que não fiquem ofendidos se se identificarem com um, ou mais, destes tipos. Não sejam coninhas. #ConinhasGonnaConate

PS: Eu sei que xoninhas se escreve com "ch", escusam de se armar em Edite Estrela nos comentários.




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