Se a Revolução de Abril fosse hoje:
22h55 – É transmitida a canção “A ditadura parte-me o pescoço”, de Agir, como primeira senha combinada pelos revolucionários.
00h20 – É dada a senha definitiva “Olha a revolução!” de Mc Kevinho.
00h30 – É criado um evento de Facebook a convocar toda a gente para a revolução, mas ninguém diz que vai.
01h00 – Na tentativa de criar engagement na revolução, vários influencers digitais são pagos para colocarem stories no Instagram. Usam a hashtag #Revolussão
02h00 – O engagement na revolução continua fraco e por isso o nome do evento é alterado para Revolution of the 90’s e as partilhas e inscrições começam a surgir em grande número.
03h00 – Uber e Cabify lançam cupão de desconto REV20 que dá 20% de desconto a quem quiser deslocar-se para a revolução com os seus serviços.
03h10 – A Prozis chega-se à frente para patrocinar a revolução com oferta de batidos de recuperação pós revolução.
03h30 – As pessoas saem de casa atrasadas porque estavam a escolher o melhor look para a revolução.
04h00 – Os comunicados das forças revolucionárias são passados por áudio em grupos de WhatsApp, juntamente com o negão do mangalhão.
07h30 – As pessoas começam a chegar ao local da revolução, com duas horas de atraso devido ao trânsito.
08h00 – O local da revolução teve de ser alterado porque o Quartel da GNR acabou de ser transformado num hotel de charme.
08h45 – Revolucionários do Porto refilam porque a revolução está a ser feita em Lisboa.
10h00 – As Capazes protestam a falta de diversidade na revolução.
12h30 – O revolucionário com mais influência nas redes tenta discursar para a multidão, mas o som do megafone é abafado pelo barulho dos motores dos tuk-tuks.
13h00 – A revolução está cheia de crianças porque alguns Youtubers viram que estava trending no Twitter e decidiram fazer um vídeo para terem visualizações.
14h00 – Apesar de ter sido pedida uma revolução pacífica, a população veio armada com paus de selfie.
15h30 – É dado o cognome de revolução da selfie e o filtro oficial é o Nashville. As pessoas apressam-se a tirar selfies para quando lhes perguntarem onde estavam no 25 de Abril terem provas, caso contrário é como se não estivessem lá estado.
16h00 – As hashtags mais utilizadas são #RevolutionPorn #MeMyselfAndTheRevolution #SimplesmenteEuNaRevolução
17h30 – Aparece o Primeiro Ministro, tenta discursar, mas ninguém sabe quem ele é e toda a gente aproveita para fazer uma pausa na revolução e lanchar um hambúrguer gourmet.
19h30 – A revolução recomeça em forma de flashmob ao som de Despacito. Há quem dance o eskema porque pensa que está em 2001, altura em que o eskema também não era fixe.
20h00 – Começam os jogos de futebol da jornada, volta tudo para casa e fica tudo na mesma.
E é isto. Viva a liberdade, especialmente para dizer palermices.
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