28 de fevereiro de 2014

Ana Malhoa está turbinada



Já viram o novo video clip da Ana Malhoa? Não? Têm o estômago forte? Não comeram muito ao almoço? Então aqui fica, respirem fundo, vejam e continuem a ler.


Vamos começar pelo princípio. O vídeo começa com um carro a derrapar. Parece uma manobra propositada mas eu garanto-vos que foi despiste devido a derrame de azeite na estrada. Este vídeo tem mais azeitice do que o da Bernardina. Não que seja pior, porque é uma tarefa hercúlea, mas porque se leva mais a sério e isso é o pior de tudo. A Ana Malhoa já nos habituou a isso desde que deixou de cantar o AEIOU e passou a cantar o "Ai ui me gusta" em Portunhol e a enfiar o cú em dois garrotes justos, que ela chama calças, acompanhada de batidas caribe de 2ª categoria de há 15 anos atrás, altura em que já não eram boas. A esta combinação juntam-se 2 bailarinas que claramente são strippers em part-time, e atenção que é um elogio, estou a afirmar que se mexem bem. Mas também estou a afirmar que têm ar de badalhocas, mas nada contra. O primeiro gajo que aparece no vídeo, apelidado de Super-Tom, deveria chamar-se Super-Pop Azeitona. O outro gajo foi o único que teve o bom senso de não usar aquele gorro a dizer Ana Malhoa em dourado. Deve ser um gajo com um pouco mais de auto-estima que os restantes, mas não muita.

Mal começa a música, a Ana Malhoa diz para a câmara em tom sério: "Não! Eu nunca apoiaria a guerra! A guerra não é vencedora. Sou uma máquina sim, Lá Makina de Fiesta". O quê?!?!? Foda-se que não me ria tanto há muito tempo. Das melhores introduções que já vi numa música. Totalmente coerente com o vídeo. Aqui é que se vê que esta gente não consegue melhores letras. Eles bem começaram por tentar fazer uma coisa séria e com mensagem, mas logo desistiram e passaram para a máquina da festa. Máquina da festa deve ser certamente a alcunha de alguma rapariga de alterne, ou a alcunha que alguma menina deu ao seu vibrador, turbinado também.

O que quer dizer "toda turbinada"? Boa pergunta. Pelo que investiguei é uma gaja que tem implantes mamários daqueles que não dá para disfarçar nem com casaco de ir para a neve. Mas assim à primeira, estar turbinada pode parecer uma de duas coisas: está com pastilhas no buxo, e não são das rennie, ou está a mandar rateres numa crise de flatulências incontrolável, o que lhe confere um som de um carro com o turbo a disparar. Mas não, visto que se tratam de implantes mamários, é caso para dizer que a Ana Malhoa está igualmente turbinada e, pelo que vi na Playboy, foi ajustar o turbo a uma garagem de vão de escada no Montijo.

Pronto, o resto da música é um misto de pimba-choque com o detalhe adorável de ter o "uhhh uhhh" à lá Big Show SIC em pano de fundo. Desta vez sim, a serem coerentes. E esta merda ainda deve ter custado dinheiro a fazer, e se o propósito era andar nas bocas do mundo, salvo seja, foi conseguido. É como tudo, quem gosta gosta e não se fala mais nisso. Se toda a gente tivesse bom gosto o mundo também não tinha piada. Se eu estiver bêbedo numa discoteca e esta música passar eu vou dançar todo turbinado como se não houvesse amanhã. Bem já chega, que já me estou a sentir mal disposto. Vou fazer o jantar, hoje com salada sem ser temperada, que já tive a minha dose de gorduras monoinsaturadas com este vídeo.
Adeus e um bem haja.

P.S. - Reparem no fim, que o vídeo é patrocinado pelo ginásio Olímpia. Coincidência ou não, o cinema de Lisboa que passava películas para adultos, daquelas bem badalhocas, era o cinema Olímpia. Sou um gajo atento aos detalhes.
Ler mais...

27 de fevereiro de 2014

O sonho mais esquizofrénico que já tive



Hoje vou-vos contar o sonho mais estranho que já tive, pelo menos dos que me recordo. Se os sonhos querem dizer alguma coisa sobre nós, então este provavelmente significa que eu sou maluco, coisa que já desconfiava há algum tempo. Eu sonho quase todas as noites e lembro-me quase sempre do que sonhei, mas se não escrevo, anoto ou conto a alguém, passado umas horas já não resta nada.

Não me lembro bem como começou, sei que tinha já havia toda uma história estranha por trás mas apenas me lembro a partir de uma parte em que estava a conduzir na Avenida da Liberdade e, de repente, começo a ver pessoas nuas no meio da estrada, nos passeios, na relva, em todo o lado. Mas não eram apenas pessoas nuas, eram pessoas nuas a praticar o sexo, assim numa mega orgia, mas do que me lembro era cada um para seu lado, não havia cá misturas, e eram todos casais heterossexuais, que eu até a dormir sou extremamente macho. Como a zona do cérebro que controla a lógica e o bom senso está desligada quando estamos a dormir, achei aquilo normal. Pronto, era um bocado chato porque tinha que me andar a desviar do pessoal que estava a praticar o coito no meio da faixa de rodagem, mas fora isso tudo bem. Nisto, enquanto vou a fazer slalom entre rabos ao léu, passo a rotunda do Marquês e está um tanque com um palco em cima, tipo autocarro de dois andares. Estava a bloquear a estrada e então tive que parar o carro para ir lá ver o que se passava. A fornicação que havia à volta entretanto passou para segundo plano e nem a avistei mais durante o sonho. Fui lá ver se podiam desviar o tanque da estrada e nisto aparecem-me os Homens da Luta a dizer que eu ia ter que esperar um bocadinho porque estavam a escrever uma música de intervenção. Sem refilar até me ofereci para ajudar e tratámos disso em conjunto. Deve ter ficado muito jeitosa a música, pelo menos se estiver coerente com o sonho. Pronto, assunto arrumado lá se foram embora. Antes que entrasse no carro, materializa-se uma gaiola gigante à minha frente com gajos com fatos de mergulho e botijas de gás. Mais uma vez não era coisa que desafiasse a lógica, parecia que era algo que acontecia todos os dias. Perguntaram-me se queria ir com eles e sem perguntar nada lá fui. Ao que parece nos meus sonhos confio muito mais nas pessoas do que acordado. Começámos a descer em direcção ao centro do planeta até que entrámos no oceano, pacífico norte provavelmente. Ao que parece íamos ver tubarões brancos e visto que é algo na minha bucket list, estava bastante excitado para o acontecimento. Andavam por ali a nadar até que o cabo da jaula se partiu, o cabo que não existia antes, ou que estava pendurado na estátua do Marquês de Pombal. Afundámos até ao fundo, que normalmente é para onde se afunda e era claro que teríamos que sair da jaula para retornar à superfície. Assim o fizemos, ou fiz, porque nesse momento já não havia mais ninguém lá para piorar a situação. Comecei a nadar para cima, provavelmente deixando um rasto castanho de tão acagaçado que estava. Até acho que vieram uns peixes piloto ver que engodo era aquele. Bati as pernas com tanta força que subi até à superfície a uma velocidade de jacto e emergi graciosamente das profundezas do oceano. Desta vez materializa-se um barco gigante que me iça para bordo. Eu aliviado e todo contente agradeci, porque até a dormir sou bem educado. Passado uns momentos, estava a tirar fotografias a uma paisagem paradisíaca. Lembro-me de ter um pôr do sol e de a ver através da máquina. Tirei fotografias e quando pousei a máquina é que reparo que a paisagem era um poster gigante na parede de uma sala. Olho à minha volta e estão várias pessoas lá. Perguntei o que se passava e onde estávamos e ao que parece estávamos presos em Moçambique. Comecei a achar estranha a situação. Aquilo não tinha ar de ser uma prisão e não havia razões para me prenderem. Dirigi-me à porta da cela, que não era mais que uma porta normal de uma qualquer sala de nossas casas, abri-a e qual não é o meu espanto quando vejo que dava para um dos corredores do Colombo. 

E pronto acordei. Foi aparecer no Colombo que me fez acordar, não foram as pessoas promiscuas no meio da estrada, não foram os Homens da Luta a bloquearem-me a estrada com um tanque, não foi a jaula e os tubarões, não foi a caricata prisão, foi o Colombo. Obrigado Belmiro, estragaste-me o sonho com mais potencial que já tive. Aquilo era coisa para continuar por caminhos bem sinistros e dar uma história melhor para contar.

Devem-me ter escapado alguns detalhes interessantes mas é o que me consigo lembrar. Se quiserem contem nos comentários o vosso sonho mais estranho. Pode ser pornográfico e com muitos detalhes que eu não faço censura. Se houver alguém com formação em psicologia que queira interpretar o sonho também pode ser. Um dia hei-de voltar a escrever sobre sonhos, especialmente sonhos lúcidos, que são das experiências mais alucinantes que se pode ter. Vá, adeus e bons sonhos.
Ler mais...

26 de fevereiro de 2014

Rita Pereira vestida de banana em Moçambique


Está na ordem do dia a polémica das fotografias da Rita Pereira. E como está na ordem do dia tenho que falar sobre isso. Não que tenha muito a dizer, mas porque é isso que me dá visualizações no blogue e isso enche-me o ego. Honestidade acima de tudo. Vamos lá então, não faço ideia do que vou escrever mas alguma coisa há-de sair (quem não sabe do que falo é ir aqui e ver a notícia).

Primeiro que tudo (é sempre assim que se começa um tema sobre o qual não se sabe o que se vai dizer) as fotos estão giras mas não é por causa da Rita Pereira, é porque qualquer foto com pretinhos sorridentes é gira. A Rita vestida de canário quanto muito piora a fotografia. Se repararem os mais novos estão contentes mas o pessoal mais velho não está a achar muita piada, ou está a despi-la com os olhos. Podia fazer um comentário sobre o facto de eles estarem a olhar para ela fixamente por ela estar de amarelo, cor da banana, mas isso era racista. E como já sabem que eu não sou racista, não vou dizer isso.

Muito pior que esta produção foi a triste figura que a Rita Pereira fez na Playboy. Não por as fotos não estarem boas ou ela não ser jeitosa, mas porque nem uma maminha mostrou. Se não quer mostrar xixa que pousasse para outras revistas que assim é de um grande indelicadeza para quem precisa de auxílio visual para se entreter consigo mesmo. Nem sequer deu para se ver se os mamilos condizem com os olhos, ou seja, se cada um aponta para o seu lado.

É de mau gosto ir fotografar uma sessão destas para o meio da pobreza? Talvez sim, mas sessões destas já são de mau gosto de qualquer forma. É melhor irem para destinos paradisíacos e ficarem em hotéis de luxo para fotografar ou ir para uma zona pobre e dar o dinheiro que pouparam a quem precisa? Eu preferia que tivesse sido esse o caso. Eles dizem que deram dinheiro a várias famílias, achava melhor que tivessem dado a uma instituição lá do sítio, se não alguns vizinhos vão ficar com inveja.

"Até os fãs dela a criticaram!". E então? Mas alguém que é fã da Rita Pereira diz alguma coisa de jeito? Quando digo fã é aquelas pessoas que partilham e comentam constantemente as fotos deste tipo de VIPs, que de Very Important têm zero. Mas ainda pior pior é esta ser a notícia mais lida do Diário de Notícias entre ontem e hoje e eu estar a escrever sobre isso. 

Muitas das pessoas que estão indignadas são as que compram as revistas cor de rosa quando podiam dar esse dinheiro a alguém que precisa. Essa é que é essa. Atenção que não estou a defender esta palhaçada, estou apenas a dizer que há coisas pior e que lá no fundo no fundo, a culpa é de quem alimenta esta indústria do nada, já dizia o Valete, que costuma dizer coisas muito acertadas.

Bem não correu mal, vou reler e se estiverem a ler isto é porque achei que devia ser publicado. Adeus e um bem haja e já sabem, se quiserem conhecer a Rita Pereira, vão para a rua com a cara pintada de preto e é só esperar que ela apareça de vestido esvoaçante para vos salvar, qual super herói cujo poder é ter uma visão periférica acima da média.
Ler mais...

Coisas da minha (e da tua) infância



Há coisas que nos ficam na memória mesmo sem nos lembrarmos delas. A quem nasceu ali em meados dos anos 80 recordem-se lá comigo.

A minha infância foi jogar à bola do ringue, esfolar os joelhos, trazer amigos a casa para lanchar, beber leite com Milo, tostas de queijo e Cerelac. Era brincar nos escorregas e baloiços, fazer castelos e túneis na areia. Era jogar ao quantos queres, à apanhada e andar a decidir onde era o coito. Agora o coito é outra coisa, igualmente boa. Era acordar às 7 da manhã num Sábado para ver desenhos animados com o entusiasmo que hoje poucas vezes tenho. Era ver os Power Rangers, o Ren and Stimpy, os Meninos do Couro, o Inspector Gadget, o Dartacão, os Thundercats, as Tartarugas Ninja, o Condre Patrácula, os Ursinhos carinhosos e o He-Man sem perceber que ele tinha uma indumentária e um corte de cabelo bastante duvidosos.

Era jogar Spectrum, Sega e PC. Era jogar Tetris, Pacman e Prince of Persia. Era jogar Scorch com o meu primo horas sem fim enquanto não apareceu o Tomb Raider e o Virtua Fighter. Era jogar o Sonic e o Super Mario sem nunca ter visto o Sporting campeão. Era ter fatos de treino com cores berrantes como o Hugo Chávez. 


Era as mães dos nossos colegas usarem todas permanente e os pais usarem bigode.

Era ir alugar cassetes ao clube de vídeo e ter que as rebobinar antes de as ir devolver porque era bom costume. Era achar que o Sozinho em Casa era o melhor filme de sempre até aparecer o Jurassic Park. Era ter bonecos de dinossauros pela casa toda e querer ser paleontólogo ou biólogo marinho quando crescesse, com demasiada pressa de ser grande. Era ver o Kit e Michael Knight e não fazer ideia que eles não eram brasileiros. Era ver o Esquadrão Classe A e as Marés Vivas sem notar a foleirada que são. Era gostar de ver a Pamela Anderson correr. Era ler livros de Uma Aventura, dos Cinco, do Calvin & Hobbes, do Tio Patinhas e da Maga Patalógica. Era ver os desenhos da Disney até saber as falas de cor. 

Era brincar com Legos horas a fio, a criar e destruir. Passar montes de tempo à procura daquela peça minúscula que vinha no manual de instruções. Era querer ter o barco pirata e o forte dos Playmobil. Era brincar com os GI Joes, os Transformers e não achar muita piada ao Action Man. Era ter daqueles jogos com argolas dentro de agua que se tinha que carregar nuns botões para as enfiar lá num sítio. Salvo seja. Era o jogo dos hipopótamos esfomeados e da pesca com aquelas canas pequenas com íman na ponta. Era jogar Mikado e jogar Monopólio sem nunca chegar ao fim.


Era aquele da cirurgia, em que aquele osso em forma de Y era o mais fodido de tirar. Era não dizer asneiras quando se perdia. 

Era coleccionar tudo. Os Tazos, os Matutolas e os fastasmas que brilhavam no escuro que saiam nas batatas fritas. Os autocolantes do Bolicao também. Era fazer colecções de caderneta de cromos, de futebol e de carros. Era ter baralhos de cartas com gajas de mamas ao léu como o pináculo da pré adolescência. Era comer Push-Pops até lançarem o boato que fazia cancro na língua. Cá para mim foi porque era um objecto demasiado fálico.

Era ver a família toda junta no Natal. Os primos todos reunidos, os tios todos vivos e os avós saudáveis. Era andar na quinta do meu avô sem pensar em mais nada a não ser aproveitar aquele ar puro, fazer festas nos cães, ver as vacas e atirar pedras aos lagos. Era não ter saudades do passado porque ele não existia e porque se vivia ao máximo o presente. As saudades iam sendo guardadas nos bolsos para mais tarde as sentirmos.
Ler mais...

24 de fevereiro de 2014

E proibir a estupidez em espaços fechados?



Pois é, parece que a partir de Maio vai ser proibido fumar em espaços fechados. Podem ler mais aqui. Enquanto muitos dos não fumadores rejubilam do alto da sua superioridade moral, a mim, fumador prestes a deixar, como sempre, faz-me comichão. Principalmente porque há aquela coisa bonita chamada liberdade.

"Ah mas eu não tenho que levar com o fumo dos outros!!!" Dizem os não fumadores e, acrescento eu, com TODA a razão! Por isso mesmo é que podem optar por não ir a um determinado local onde se fume. Veja-se lá a simplicidade do problema. Quem está mal muda-se. Antes de fumar tinha a mesma opinião, e eu comecei a fumar tarde, portanto já tinha opiniões válidas nessa altura. E quando deixar de fumar vou mantê-la, porque não sou um hipócrita que só gosta das leis que lhe dão jeito.

Em espaços públicos fechados concordo perfeitamente. Até concordo em Centros Comerciais. Agora em cafés e bares e discotecas com gestão privada e onde só lá vai quem quer? A decisão deveria ser do dono e mais nada. Se eu quisesse só abria um café para fumadores e ninguém tinha nada a ver com isso. Quem não fuma nem quer apanhar com o fumo não vai lá. Tão simples quanto isso. As pessoas esquecem-se que o tabaco se compra de forma legal e que, cada vez mais, para fumar é preciso agir-se como um toxicodependente, num canto, ao frio e à chuva.

Que eu saiba quem fuma paga impostos como todos os outros, e ainda mais altos em cada maço que compra. Por mim até podiam ser mais altos para compensar os custos médicos que se podem vir a precisar, ou, em alternativa não haveria impostos sobre o tabaco, mas se fosse provado que tinhas adquirido alguma doença por fumares não tinhas direito a ser tratado pelo sistema nacional de saúde. Mas assim sendo, pelos impostos que dás ao estado até devias passar à frente na fila. Bem mas isso são outras contas que não me apetece estar a fazer agora.

Mas pronto, é mais uma das leis que reflecte a sociedade hipócrita onde vivemos. Se é assim tão mau, se é preciso proibir que se fume em espaços fechados, se temos nos maços aqueles avisos cómicos então que proíbam a sua venda! Isso sim era de homem, não era ter esta situação ridícula que chega ao ponto de "Este maço vicia, e pode matar! Mas nós vamos vender na mesma porque parecendo que não até nos dá dinheiro!". É isto que cada frase que vem impressa nos maços quer realmente dizer.

É ridículo, mais ridículo que fumar, que por si só é um acto ridículo. Mas mais ridículo é lutar por tirar direitos aos outros, quando no fundo basta ir tomar café a outro lado. Porque é isso que fazemos quando o dono é antipático. "Nunca mais cá volto!". Mas quando há fumo no ar, que nos pode matar parece que não é tão grave como o Sr. Alfredo do café Central não dizer bom dia nem obrigado.

Já a lei do tabaco tinha sido aprovada e não se podia fumar dentro de muitos locais. Estava eu numa esplanada a fumar um cigarro quando um casal se senta numa mesa ao lado. Qual não é o meu espanto quando começam a refilar devido ao fumo lhes estar a poluir os seus puros e delicados alvéolos pulmonares enquanto degustavam um Whiskey. Obviamente que lhes disse que se não queriam fumo que fizessem uso da lei pela qual batalharam tanto e fossem lá para dentro sentar-se. Não foi bem aceite o meu comentário. Mas por outro lado nunca um cigarro me soube tão bem. Não sou um insensível, atenção! Tenho inclusivamente cuidado quando há uma criança numa mesa ao pé em que os pais estão a fumar avidamente para cima dela. Tento não fumar ou que o meu fumo não vá para lá, porque sabe-se bem, através de estudos e cenas, que o fumo materno e paterno não faz doidoi mas o de estranhos mata.

Bem, posto isto, deixem-me só dizer que fumar é uma estupidez. Faz mal e mata. Mas quem não fuma também morre todos os dias, convém não esquecer. E se calhar há mais probabilidade de morrer a atravessar a estrada para ir ao café respirar ar puro do que de morrer de fumo passivo.

5 coisas que se deviam proibir em espaços fechados em vez do tabaco:
  • Crianças. Abro excepções para as mudas;
  • Pessoas de boné.
  • Pessoas que cortam as unhas na mesa do café;
  • Pessoas que falam alto ao telemóvel;
  • Velhas que sustêm a respiração para cuscar a conversa da mesa do lado;
Ler mais...

20 de fevereiro de 2014

Cursos intensivos para Empresárias da Noite


 Já leram a notícia que anda por aí sobre os cursos intensivos de aspirantes a prostitutas? Não é cá, infelizmente, mas sim na nossa vizinha Espanha. Os cursos são promovidos pela Associação de Trabalhadoras Sexuais. Muito profissionais. Esta medida foi tomada devido ao grande aumento de novas prostitutas, que, dizem elas é para pagar os estudos devido ao crescente desemprego. Não me lixem, ou neste caso, não me fodam! Salvo raras excepções só vende o corpo quem quer. Principalmente quando estamos a falar de prostitutas de luxo que cobram 500€ à hora. Uma meretriz de beira de estrada provavelmente não tem mesmo outra opção, seja para alimentar os filhos, pagar a droga ou porque foi apanhada no esquema marado e apegou-se demasiado ao seu chulo. Agora estas que anunciam em sites, cobram valores altos e são, pelo que se vê nas fotos, bastante jeitosas não o fazem para pagar os estudos ou por dificuldades. Fazem porque são badalhocas. Porque muito provavelmente já o eram antes mas não cobravam, e visto que já andavam a fornicar amiúde, decidiram fazer dinheiro com isso, o que para mim é ser-se inteligente, tornar um hobbie num trabalho a tempo inteiro com alta remuneração. Querem viver à grande sem trabalhar muitas horas. Querem luxos sem ter que estudar ou ser empreendedor. Essa é que é essa. E não estou a criticar, estou apenas a observar os factos. 

Acho que a prostituição devia ser legal e não tenho nada contra. Provavelmente se um homem se pudesse prostituir a mulheres e dar-se ao luxo de escolher apenas clientes jeitosas eu ponderava essa opção de carreira. Não tenho nada contra. Se vai haver sempre então que se legalize, que paguem impostos e se chame a ASAE para ver se o material está em condições. Bem, mas voltando aos cursos. Como pessoa de influência que sou tive acesso ao conteúdo programático que partilho agora aqui convosco:

Pontos teóricos:
  • Como parecer mais bonita do que realmente se é;
  • Meretriz, prostituta, pêga, rameira, acompanhante ou puta? Que título utilizar quando nos temos que apresentar a novas pessoas?
  • Matemática 1ª classe aplicada à negociação;
  • Melhores pomadas do mercado para assaduras;
  • Porque não se deve beijar na boca? Somos putas mas não tanto!
Laboratórios práticos:
  • Equilíbrio em saltos altos de 20 centímetros;
  • Acting Nível 1 - Parecer que sabemos falar;
  • Acting Nível 2 - Não fazer cara triste quando o cliente tem micropénis;
  • Acting Nível 3 - Convencer o cliente que nem era preciso ele pagar mas tem que ser porque somos profissionais;
  • Alongamentos antes ou depois?
  • Mastigar pastilhas gorila fora do prazo para fortalecer os músculos do maxilar.
Parece-me um curso bastante completo e que irá melhorar certamente a qualidade do serviço e consequentemente a satisfação de todos os clientes. Tem o meu carimbo de apoio. 

P.S. - Abordei o tema ao de leve e superficialmente eu sei, mas prometo que um dia mais tarde tratamos dele mais à bruta com tau taus e chicote.
Ler mais...

Almerinda vs Gertrudes


A Almerinda e a Gertrudes são duas amigas de 80 e poucos anos. Ao contrário de muitas velhas, não se queixam por tudo e por nada, nem estão a enumerar as doenças todas que têm, por ordem alfabética e em degradê de cores, em vez disso têm orgulho em ser rijas que nem cepos. Ora vejamos:

Almerinda: No outro dia comi pão com bolor. Não me fez nada de nada. Nem uns gasesitos. E o verde assenta-me bem na placa.
Gertrudes: - Ui, pão com bolor é para meninas, eu só como a sopa quando já tem piquinho a azedo e ainda me dura uma semana fora do frigorífico. E pensa que o corpo se queixa? Nem nada. Até pede.
Almerinda: Hum... eu isso não faço porque não gosto muito de sopa. Mas todos os dias como meio quilo de chocolate. Acha que os diabetes refilam? Caladinhos que nem ratos.
Gertrudes: A Almerinda também tem diabetes? O médico também diz que eu tenho mas eu nem noto. Eu não tenho vesícula e todos os dias de manhã como um pão com alho, cebola e farinheira. Azia? Nem vê-la.
Almerinda: Eu vesícula tenho, mas não funciona. Mas às vezes faço sushi com peixe que se estraga lá em casa, porque cozinhá-lo fico com a cozinha demasiado perfumada. Então como-o. Nem indigesta fico.
Gertrudes: Ui ui indigestão? E congestão? Eu é ver-me a comer feijoada à bruta e depois passado uma hora tomar banho de agua fria. Nem um arroto me sai. Por isso é que sou rija que nem um cepo.
Almerinda: Eu água fria não gosto, nem para beber. Normalmente depois de comer os ovos cozidos com salmonelas, bebo a água ainda a borbulhar só para matar o bicho. Que o bicho morto até faz bem. Não é que vivo me fizesse mal, mas é o hábito.
Gertrudes: Já que falamos de quentinho… eu passo a ferro com a roupa vestida. Fica com os contornos do corpo.
Almerinda: Também já fiz isso, mas dava-me o frio.
Gertrudes: Frio? A Almerinda tem frio?
Almerinda: Frio é uma forma de dizer.
Gertrudes: Está dito está dito. Vou já contar à Alzira.

E pronto é isto. Obrigado e bom dia.

P.S. - A da sopa azeda é inspirada na minha tia avó que já faleceu. Mas que eu saiba não teve nada a ver com comer sopa estragada.
Ler mais...

19 de fevereiro de 2014

O Koala Zombie



Hoje vou-vos contar uma história bonita. Mentira. De bonita não tem nada. Aconteceu no Verão de 2011 na cidade de Málaga que fica ali para os lados de Espanha.

Eu e dois amigos estávamos de férias a pernoitar num Hostel, em camaratas daquelas grandonas de 10 pessoas, homens e mulheres tudo no mesmo saco. No nosso quarto tudo bem, gente relativamente normal, nem sequer estava cheio, poucos ressonadores e ninguém a cheirar mal dos pés. No entanto, num dos quartos ao lado vislumbrámos uma criatura sempre que íamos à casa de banho partilhada no corredor. Uma criatura que não saía da cama. Sempre vestido e calçado com a mesma roupa, sentado no colchão sem lençóis a beber uma cerveja de litro. Apenas se levantava para ir fumar a varanda e ir a rua só para comprar tabaco e mais cerveja. Apelidei-o carinhosamente de Koala, porque uma vez estava a subir o escadote do beliche e parou ali, imóvel a olhar quem passava no corredor. Fui à casa de banho e voltei e ele continuava na mesma posição, como um Koala ou uma preguiça. Mas achei que Koala era mais fofinho.

Bem, como já referi, ele estava no outro quarto, não era problema nosso, mas já havia conversas no hostel sobre a personagem. Consta que estava lá há 2 semanas, ia sempre prolongando a estadia, não falava com ninguém e causava pesadelos a todos os que lhe olhavam nos olhos por mais de 2 segundos. Cabelo comprido, que se espremido daria óleo suficiente para fritar meio kilo de batatas fritas. Lado direito da cara desfigurado, queimado ou algo do género. Toda a sua figura era saída de um filme de terror. Uma mistura de zombie, sem abrigo e arrumador de carros. Pacote completo. Um achado para as senhoras. A foto de cima não lhe chega sequer aos calcanhares, é apenas de um senhor que encontrei na net com fisionomia parecida a que apliquei as minhas fantásticas habilidades de photoshop. Mas dá para perceber a ideia. Este seria talvez o pai do senhor, o Koala 1.0. O nosso era uma versão muito mais assustadora e realista.

Um dos dias, somos despertados com a empregada a entrar no quarto e a preparar uma das camas. A empregada vira-se para nós com uma cara de pena, nojo e medo ao mesmo tempo. Percebemos que o Koala viria ai. O André vira-se para mim e diz "O Koala vem para o nosso quarto!!!". E assim o vemos a entrar, com o seu andar arrastado, trepar para o andar de cima de uma das camas, não de nenhuma das nossas, e a recostar-se a olhar para o infinito e para dentro da nossa alma. A empregada foi-se embora com um olhar cúmplice para o André de "Desculpa e boa sorte..."

Bem, lá nos levantámos como um dia normal e decidimos que íamos ser simpáticos para o rapaz. Não havia razão para não o sermos. Dissemos bom dia, ele respondeu de uma forma de quem não o fazia muita vez porque ninguém lhe devia dirigir a palavra. Perguntou-nos de onde éramos, nós dissemos de Portugal, ele gostou. Era da Escócia se bem me lembro. Perguntou-nos mais algumas coisas e nós a ele e o ambiente ficou melhor. Pensámos "Somos uns preconceituosos de merda! Só porque o rapaz é estranho. Nunca ninguém lhe deve ter feito nenhuma pergunta e afinal é um gajo simpático".

Saímos, fomos passear, à praia ou lá o que foi. Voltámos pouco antes da hora de jantar e lá estava o Koala no seu ninho, já sem ténis mas com as suas meias brancas que de branco já tinham pouco. Levantou-se logo e perguntou-nos onde tínhamos ido e se o dia tinha sido bom. Claramente que éramos os seus melhores amigos. Ficámo-nos a sentir mal outra vez por termos sido tão preconceituosos ao inicio, embora fosse impossível não o ser. Não apenas pelo aspecto físico, mas por todo o seu comportamento inadequado a quem está num hostel, sozinho, num país diferente. Se há pessoal que se passa e mata uma catrefada de gente de uma vez, este encaixava o perfil que nem uma luva feita à medida.

Depois de banho tomado, estávamos a vestir-nos no quarto e o André vira-se para mim com ar estupefacto e diz "Olha para o gajo, olha...". Eu viro-me para trás e está o Koala deitado, de barriga para cima, a arquear-se todo com a cabeça a olhar para nós e a gemer e grunhir. Exactamente como uma cena do exorcista! Ficámos incrédulos ao que se estava a passar. "Ricardo, olha o Koala a espasmar-se todo!". O Ricardo não quis ver. Recusou-se a olhar e ficar com essa imagem. Até hoje ele orgulha-se de não ter visto aquela imagem dantesca.

Bem, isto passou. Nada como uma possessão demoníaca para abrir o apetite. Fomos para a cozinha partilhada e começámos a fazer a janta. Estava lá um casal Australiano também a cozinhar. Nisto vem o Sr. Koala inspeccionar, qual Gordon Ramsey. Já todo confiançudo, das cervejas que tinha estado a ingerir e depois de ter relaxado os músculos com os alongamentos de exorcista que tinha feito. Começa a perguntar "O que é isto?". Enquanto pousa o seu dedo nojento numa das nossas febras que estavam a ser temperadas. Para quem já viu o Scary Movie foi tipo o gajo da mãozinha deficiente a mexer na comida dos outros. Menos uma febra para jantar... Começou a abrir o frigorífico e a mexer em tudo que lá estava e a cheirar. Comida que não era dele obviamente. Há uma altura em que ele quase encostado ao André, mete a mão aos talheres. Conseguimos ver os músculos do André a ficarem tensos e a cara de "Queres ver que o cabrão vai buscar uma faca para nos matar, ou um garfo para nos arrancar os olhos e saltear com cogumelos?". Mas nada aconteceu. Mas foi um momento tenso, principalmente porque nós vimos duma zona em que se espera sempre o piorAcabámos de cozinhar, sentámo-nos a comer. Ele nesta altura estava a ver TV e beber cerveja na sala, que era pegada à cozinha.

Já tínhamos acabado de jantar, mas tinha sobrado bastante comida ainda. Fomos num instante ao quarto buscar alguma coisa, já não me lembro do quê, voltámos a subir e qual não é o nosso espanto quando o cabrão do Koala está com as beiças todas gordurosas e a lamber os dedos no meio da cozinha. Olhámos para a comida que tinha sobrado e claramente faltava alguma xixa. O casal Australiano vira-se para nós com cara de pânico e sussurra-nos "Não toquem na comida...". Aquele filho de uma koala badalhoca tinha tido a lata de nos ir comer a comida sem pedir autorização, depois de termos sido simpáticos para ele, e ainda por cima comeu com as manápulas imundas. E não deve ter sido a primeira febra que apanhou, deve ter andado a escolher a melhor e a fazer cortes com a unhaca para ver qual era a mais tenra. Foda-se.

O nosso primeiro instinto foi agarrar no gajo e fazê-lo vomitar à força de joelhadas no fígado, mas como somos gajos serenos decidimos agir com ironia. Oferecemos-lhe a comida que tinha sobrado. Perguntei-lhe "Parece que estás com fome, queres o resto da nossa comida?", ao que ele responde "Não é minha". E eu digo "Pois eu sei que não é tua, é nossa, mas queres ou não?". E ele "Sim". E nisto começa a tirar nacos de carne à mão e a comer todo alarve, a babar-se todo, como se fosse um zombie a comer coxinhas humanas depois de um jejum de 2 semanas.

Nesse momento tivemos uma decisão unânime sem sequer falarmos nela. Não íamos dormir ali hoje! Ainda por cima o gajo para ir fumar a varanda passava mesmo por nós. Ninguém queria acordar com aquela visão do inferno. E os níveis de confiança dele e o nosso sangue latino a ferver na veia ia fazer as coisas descambar mais cedo ou mais tarde. Então fomos embora, feitos maricas, mas sobretudo para evitar conflito. Um de nós passava-se com o abuso de confiança e dava um enxerto no rapaz. Isso ou ele degolava-nos durante a noite o que era uma hipótese muito provável. Qualquer um de nós sozinho provavelmente desfazia o gajo mas preferimos evitar o confronto, como pessoas sensatas que somos (mariquinhas).

Fomos dar uma volta e voltámos para arrumar as malas. Ele ficou triste ao saber que íamos embora e queria saber detalhes para onde íamos e onde morávamos exactamente em Portugal. Escusado será dizer que fingimos que não ouvimos e fomos à nossa vida na esperança que o gajo não nos tivesse feito cópias das chaves de casa e visto a nossa morada na carta de condução e um dia nos aparecesse as 8 da noite em casa para jantar. Até hoje nunca aconteceu, acho que já podemos dormir descansados. Acabámos por apenas encontrar vagas numa pensão que era claramente usada para fins de prostituição. Mas antes meretrizes do que Koalas.

Moral da história: Quando um gajo parece maluco normalmente é. As aparências iludem mas também dizem muito sobre alguém. Isso e que somos uma cambada de mariquinhas.
Ler mais...

18 de fevereiro de 2014

10 coisas que me IRRITAM!!!


 Gosto de me considerar uma pessoa relativamente calma e ponderada, mas há coisas que me fazem querer assassinar alguém com requintes de malvadez. Requintes de malvadez é das minhas expressões favoritas porque quando alguém relata uma notícia e diz "Foi morto com requintes de malvadez" essa expressão, por si só, é requintada e malvada. Bem, mas voltando ao que me deixa irritado, furibundo, pior que estragado, com os cabelos em pé, arreliado ou até mesmo piurso. Ora vejamos:
  1. Sair do banho todo pimpão, com o corpinho a passar frio e agarrar na toalha e perceber que está húmida ou molhada do banho anterior. Culpa minha bem sei, mas é coisa para me deixar de mau humor.
  2. Energúmenos que ouvem música no telemóvel sem auscultadores. Especialmente nos transportes públicos. Já falei um pouco sobre isto aqui. Mas basicamente acho que essas pessoas deviam falecer.
  3. Voltando ao banho: Quando tinha água aquecida através de botija de gás e este acabava a meio duma bela ensaboadela no Inverno. Isso ou alguém abrir a água na cozinha e o meu chuveiro começar a deitar água gelada e eu ter que gritar em plenos pulmões "OLHA A ÁGUA!!! ESTOU NO BANHO!!!"
  4. Eu estar sentadinho já com as nalgas a fazerem parte do sofá como se fossem um só e o comando da TV deixar de funcionar exactamente quando o Passos Coelho está a falar. Quando digo deixar de funcionar é a usual técnica da cachaporrada, troca as pilhas de posição e carregar com toda a força nos botões já não surtir efeito.
  5. Pessoas a atender ao público que não dizem nem bom dia nem nada. Depois queixam-se que nas portagens já só há máquinas. Se a única vantagem que uma pessoa tem em muitos trabalhos perante uma máquina é a simpatia e o trato humano, então assim é bem feito que fiquem sem trabalho.
  6. Pessoas que não usam piscas na estrada. À pala destes filhos da puta há acidentes que um gajo tem que ficar 1 hora no trânsito só porque um animal não quis ter o trabalho de mexer 2 dedos 1 centímetro.
  7. Pessoas que dizem "Tu dissestes" ou "Tu fizestes" e por aí fora. As pessoas que dizem hádem e há-des também se podem incluir neste lote. Hades é o Deus Grego dos mortos, não é o segunda pessoa do singular do presente do indicativo do verbo haver com a preposição de.
  8. Mulheres que dizem "Não se passa nada..." quando, claramente, o semblante cerrado que se assemelha a um mamute que acabou de provar limão pela primeira vez demonstra o contrário. E valorizam elas a honestidade e sinceridade acima de tudo.
  9. Pessoas que dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. Deus claramente não sabe escrever. O estado do mundo só se justifica se Deus for analfabeto e autista.
  10. Pessoas que comem de boca aberta. Nojo. Posso estar a comer a comida mais deliciosa do mundo mas se tenho à minha frente um símio que não aprendeu a mastigar de boca fechada perco automaticamente todo o paladar e só me apetece alimentá-lo à força por uma sonda no ânus. E com bocados de comida inteiros, só para ver como o cabrão se desenvencilha a mastigar com os movimentos peristálticos do cólon.
E pronto é isto. Era capaz de fazer uma lista de 100 coisas. Sou uma pessoa com os sentimentos à flor da pele. Os maus claro. Será só a mim que estas coisas fazem comichão? Digam-me nos comentários que não sou o único! Para mostrar que tenho sentimentos fofinhos um dia faço as 10 coisas que me aquecem o coração. Ou as 3 coisas vá.
Ler mais...

17 de fevereiro de 2014

Alegoria da Buraca


 O fim de semana foi bom meus leitores fofinhos? Pronto ainda bem, vamos lá começar a semana como deve ser. É um texto grande, por isso ponham o cinto. Um texto que os menos inteligentes vão achar racista, desde logo pela foto de um pretinho. Mas fui eu que tirei a foto, gosto dela e não tinha mais nenhuma que representasse bem o conteúdo do texto. E não, ele não me está a tentar roubar a máquina fotográfica. Seus racistas.

Eu nasci, fui criado e ainda resido nessa bela localidade da Buraca, nos arredores de Lisboa mas já no Concelho da Amadora. Viver na Buraca é toda uma experiência. Não será só na Buraca, mas em muitas das zonas dos arredores das grandes cidades com paredes meias com grandes bairros sociais. A Buraca está delimitada pela Cova da Moura, Bairro 6 de Maio, Bairro da Boavista e do Zambujal. 4 zonas maravilhosas, que se não fosse o tráfico de droga, os assaltos, confrontos com a polícia, os homicídios e as barracas até que não eram zonas más.

Viver na Buraca é ver alguém a fazer jogging e pensar que já houve merda. É estar habituado a ouvir tiros na rua, que quando se ouve já nem se repara a não ser que sejam mais do que os habituais. É saber todos os atalhos e becos num mapa de fuga mental pelo qual me tinha que reger quando era mais novo. Era ir jogar à bola para o ringue todos os dias e saber que aquela bola nova provavelmente não voltaria para casa. Era saber que correr rápido e ter stamina era importante e não era para jogar, mas para fugir. Foi ter vontade de ter carta e carro assim que possível, não para ser independente, mas para não se ter que frequentar a estação da Damaia, onde há placas a dizer "Para sua segurança utilize a saída 2 a partir das 21h". Uma estação ter este aviso é sinal que já desistiram.

É ouvir Kizomba como música de fundo onde quer que se passe com muitos carros a fazerem questão de dar música ambiente a todos os outros. E depois há aqueles atrasados mentais que andam com o telemóvel a dar música sem utilizar auscultadores. Sempre que vejo um artista desses dou-lhe um enxerto de porrada mental com o golpe de misericórdia a ser enfiar-lhe o telemóvel no rabo a tocar o Hino da Alegria. Se fosse uns Led Zepplin, uns U2, ou até o Quim Barreiros tudo bem, mas nunca é. Quem tem bom gosto não anda com o telemóvel a dar som. Só os labregos com mau gosto em tudo, incluindo musical fazem isso. Por isso é sempre uma Kizomba foleira, ou música de carrinhos de choque.

Mas morar na Buraca tem as suas vantagens. Provavelmente não te vão parar numa operação STOP se conseguirem ver com antecedência que és branco, a não ser que tenhas boné e o carro alterado com o sentido estético do José Castelo Branco. Havia um grande risco de eu ter ficado mitra. Não sei qual a função que calcula essa probabilidade, mas basta olhar à volta e ver que era uma probabilidade bastante alta. Mas, ou pela educação em casa, ou pelos bons amigos que tive a sorte de fazer, nunca segui esse caminho. As marcas de fato treino e a Lacoste não ganharam muito dinheiro à minha custa.

Viver na Buraca é ter uma espécie de Ganza McDrive a 2 minutos de casa, onde se pode parar o carro e adquirir estupefacientes com todo o profissionalismo e comodidade sem deixar sequer o assento do carro. Pelo menos foi o que um amigo meu me contou... Não sei se é por essa facilidade de acesso que a Buraca já deu muitos nomes ao humor nacional, tais como Bruno Nogueira, António Feio e João Baião.

Andei sempre em escolas públicas. Os meus pais acharam que eu tinha cabedal para não precisar de ir para um colégio de xoninhas. Na escola número 1 da Buraca, na Escola Preparatória da Damaia, ou como carinhosamente apelidávamos, Escola Pretória da Damaia, e depois na Escola Secundária D. João V, também na da Damaia (para quem não sabe, a Damaia é a irmã mais velha da Buraca). Eu senti o que poucos brancos sentem. Senti-me minoria. E senti-me descriminado por ser branco. Sofri muito mais racismo do que alguma vez pratiquei, até porque acho que nunca o fiz. Sempre tive a inteligência para saber que se há 99% de probabilidade de ser assaltado por um preto na minha zona é apenas por questão social e económica, e não por questão de raça. Curiosamente a única vez que me apontaram uma arma, ainda que uma seringa, foi um branco. Mas tenho amigos que foram assaltados com facas, pistolas e violência várias vezes e que essas experiências lhes moldaram o pensamento em relação ao racismo.

"Pretos?", que expressão racista, dizem alguns hipócritas. A palavra não quer dizer nada, o que quer dizer é o sentido que está por trás. "Uma pessoa de côr" e outras expressões do género são palavras inventadas por brancos para poderem dizer "pretos" sem se sentirem mal. Eufemismos e paninhos quentes é para quem descrimina. Quem trata todos por igual não precisa desses subterfúgios.

Vou dar uma de avô cantigas e contar-vos uma fábula, mas que é real. Um dia, uma madrugada, estava eu a chegar a casa, estacionei e desliguei o carro. Veio um grupo de 4 rapazes na minha direcção, já eu os tinha topado há muito, pedir um cigarro. Não tinha. Depois pediram-me boleia que eu tentei declinar de forma simpática. Sacaram de um molho de notas de 20€ do bolso e disseram que me pagavam, que era só para não terem que apanhar um táxi porque como eram pretos nunca conseguiam arranjar taxista que os levasse. Vi-me num dilema: ou pensava que eram boa gente e os levava, ou partia do princípio que me queriam assaltar e, para isso, podiam fazê-lo ali, ou partir-me o carro depois de eu entrar para casa e/ou fazer-me visitas semanais, já que ficavam a saber qual era o meu prédio. Decidi levá-los e disse: 
- Bem isto é uma prova de confiança do caralho que vos vou dar, que mais ninguém faria por isso vejam lá...
- Na boa, a gente nem tem armas nem nada. - Fiquei muito mais descansado... E pronto, lá partimos. 
- Podemos fazer uma ganza no teu carro? - Gostei da educação em pedirem.
- Podem, mas se aparecer bófia não tenho nada a ver com isso. 
- Na boa sócio, queres? Até te deixamos aqui esta placa. - Mais uma vez, boa educação e preocupação para com as minhas necessidades. 
- Não obrigado, já deixei de fumar. - Lá continuámos, ao som de música que eles fizeram questão de pôr, perguntas de circunstância e eles a falar crioulo entre eles ao que eu disse:
- Olha que eu percebo crioulo! - Curiosamente não costumo colocar isso no CV
- Na boa, na boa estávamos só a dizer que aquela gaja tinha ganda cu!
- Pois eu percebi, estou só a dizer para se estiverem ai a falar de cenas privadas a pensar que eu não percebo... - Mentira, quis foi mostrar que eu era bué cool e street wise...
- Nahhh na boa, mas boa onda teres avisado mano!
A meio da viagem veio a conversa do racismo. 
- Não nos querias trazer porque somos pretos né? 
- Não tem a ver com isso, não costumo dar boleia a pessoal desconhecido às 6 da manhã. Nem era pelo medo de ser assaltado era mesmo porque não costumo fazer isso e estou cheio de sono. Fossem pretos ou brancos.
- Ya mas se fossemos brancos se calhar tinhas dado mais rápido... 
- Epá se calhar mas não é porque sou racista, é porque a probabilidade de ser assaltado na minha zona por pretos é maior do que por brancos, mas isso não tem a ver com racismo, tem a ver com a zona que é, se eu for a uma zona complicado no Porto tenho tanta ou mais probabilidade de ser assaltado e por brancos de certeza. Não tem a ver com a raça, tem a ver com a exclusão social...
- Porra, você é honesto. Falou verdade! Náaa, falou mesmo verdade!!!
- Tinha dado mais depressa se fossem 4 gajas boas! - Rematei eu.
- Xiiii mesmo a sério HAHAHAHAHAH - Gerou-se uma risada e euforia como só os pretos sabem fazer, basta ver a diferença entre um stand up do Dave Chappelle e do Louis CK. Os pretos sabem rir melhor e mais alto, não há dúvida, apesar da pele mais escura são mais transparentes nessas coisas.
Após 15 min de viagem:
- Bem podes parar aqui. Esta é a nossa zona. Sempre que vieres cá dizes que vens da minha parte e ninguém te toca. - Agradeci a preocupação embora me parecesse que não era zona que eu fosse visitar tão cedo.
Quiseram dar-me 20€ mas eu não quis. Eles ficaram sensibilizados pelo meu gesto até porque sempre eram mais 20€ que tinham para comprar ganza. 1 a 1 despediram-se de mim, com apertos de mão criativos, encosto de ombro e agradecimentos sinceros. Dei meia volta e voltei para casa.

Agora estavam eles bem intencionados de início? Tenho dúvidas. Já são muitos anos a virar frangos. Acho sinceramente que decidiram que não me iam assaltar algures a meio da viagem. Ou por eu estar aparentemente descontraído e para lhes estar a dar boleia ser mais maluco que eles, ou porque acharam que não valia a pena. Ou apenas porque a festa tinha sido boa e já estavam cansados. Seja como for, foi uma boa experiência, voltei para casa com uma história boa para contar.

E pronto viver na Buraca é assim. Dá estaleca, forma o carácter e dá-me ferramentas muito úteis para a minha vida pessoal e profissional. Nem que seja porque quando digo que sou da Buraca vejo um misto de respeito e medo nos olhos das pessoas. E de nojo também. Ficam-se sempre com bons contactos no mundo do crime. Há sempre um amigo de um amigo que por 500€ despacha pessoas e nunca se sabe quando se precisa desse tipo de serviços. Não é tão mau como parece talvez porque para mim já é normal. Se preferia ter nascido noutro sítio? Olhando à primeira vista e pondo o preto no branco, passe a expressão, preferia certamente ter crescido na Quinta da Marinha. Mas também podia ter crescido um beto com a mania que é rico, que é tão mau ou pior do que ser mitra. Fora a piscina.

P.S. Se a expressão "por o preto no branco" fosse "por o branco no preto" provavelmente seria considerada racista.
Ler mais...

14 de fevereiro de 2014

S. Valentim é quando o Homem quiser


Para quem não sabe, dia 14 de Fevereiro festeja-se o Dia de São Valentim que foi decapitado precisamente neste dia no ano 270. Bem romântico não acham? Estamos a celebrar a decapitação de alguém comprando presentes que muitas vezes são feitos com trabalho infantil. Que ternura. Neste dia bonito quem tem namorado/a gasta dinheiro, quem não tem fica em casa a lamentar-se sem saber a sorte que tem. Ter alguém para partilhar este dia é bom, mas não é porque é neste dia, é porque são os os outros 364 dias do ano. Por isso quem está solteiro que aproveite a boa vida e gaste o dinheiro que ia gastar hoje em coisas mais giras do que ursos de peluche e caixas de chocolate. Gastem num SPA ou num table dance, que é quase a mesma coisa. 

O dia dos namorados é uma pirosice isso toda a gente sabe. Mas também é pirosa qualquer carta de amor, que só não é ridícula para o remetente e destinatário da mesma. Para todos os outros que lerem é pior que uma letra do Tony Carreira. "Depois de ti mais nada" já dizia o poeta. Mas o mais nada também incluí "não mais chatices" e o "poder fazer o que me apetecer", por isso nem tudo é mau. O pessoal dramatiza este dia, não sabem estar sozinhos. Quem não se sente bem sozinho é porque não está em boa companhia.

E aqueles grupos de raparigas encalhadas que decidem sair todas juntas neste dia só para mostrar que não têm problemas em ser solteiras, quando no fundo, ao darem importância a este dia estão a mostrar o contrário. Os homens também o fazem mas é porque sabem que vão encontrar gajas necessitadas e que pode ser que tenham sorte e sejam namorados delas por uma noite. Namorar por trás e à bruta. Os homens não sentem a mesma pressão por serem solteiros e não é culpa da sociedade que é machista, é culpa das mulheres que nunca se libertaram das promessas da Disney. Dizem que a pornografia distorce a noção de sexo aos homens mas acho que as novelas e contos de fada distorcem muito mais as expectativas das mulheres para as relações do mundo real. Mas isto é conversa para outro dia que hoje está de chuva.

Posso só acrescentar, já que estamos numa de namorados, que quem têm um Facebook conjunto do género "Kátia e Tó" é parvo. Principalmente o gajo porque se deixou levar na conversa da namorada. Sim porque isto é ideia de gaja. As pessoas continuam a ser uma, a ter uma personalidade, uma individualidade. Ou pelo menos deviam, digo eu. Mas eu não sou ninguém para julgar é um facto. Mas também é um facto que essas pessoas são atrasadas mentais. Será que têm uma casa de banho com 2 sanitas? Era mais coerente.

Para terminar, se querem dedicar uma música neste dia deixem-se de paneleirices de músicas "românticas" tipo "All of me" do John Legend que já sei que é nessa que estavam a pensar. Sejam honestos e dediquem esta do grande comediante e músico Tim Minchin. Que é a dedicatória de amor mais honesta e por isso a mais bonita que já ouvi. Mas certifiquem-se que a vossa namorada tem sentido de humor, porque nem sempre corre bem. Fica à vossa responsabilidade.

P.S - Nada de trombas automáticas que isto não é para ti, nós somos diferentes!
Ler mais...

13 de fevereiro de 2014

Mister, não gosto dessa posição


Viram aquela notícia de um treinador de FUTSAL que terá alegadamente abusado de 17 menores? Está agora a ser julgado. Já aqui falei de pedofilia anteriormente mas nunca é demais dizer que um gajo destes deveria ser apedrejado em praça pública. Isto se for culpado claro, visto que ainda está a ser julgado. Mas óbvio que é.

Ele diz que só os massajava, para descontrair o corpo e evitar lesões. É uma boa desculpa sem dúvida, mas já vi muita massagem começar muito profissionalmente e depois no fim acabar em festa brava. Principalmente em filmes independentes na internet.

A minha pergunta desde logo é: em que lugar estava a equipa na tabela? Se estava em 1º lugar acho que se deveriam estudar os métodos de treino do senhor. Podem ser revolucionários. Se calhar o andar novo com que ele deixava os petizes confundia os adversários. Escusado será dizer que os treinos acabavam sempre com uma sessão de alongamentos e de um jogo da rabiaOs jogadores que estavam suplentes não estavam a aquecer o banco, como se diz em gíria futebolística, mas sim a aquecer o colinho do Mister.

"E tu João, qual é a posição que gostas mais de jogar?", "Ponta de lança Mister". "Ai sim? Mas vamos testar-te de joelhos pode ser? Puxa as caneleiras para cima!".

Vamos lá ver quantos vai apanhar, 6 com saída por bom comportamento a meio da pena? Por mim nem era preciso prendê-lo, era porem-no numa sala e deixarem os familiares fazer uma visita. É uma palhaçada, violar 1 criança ou 15 é igual neste país. Apanha mais anos um gajo que trafique droga ou faça assaltos à mão armada do que um gajo que abusa de crianças. O que nos vale é que depois na prisão se faz justiça e estes gajos têm o que merecem. Sei de um caso que um pedófilo preso se queixou à assistente social que abusavam sexualmente dele na prisão, que é o termo técnico para apanhar no rabiosque. A assistente social assobiou para o lado e tirou isso dos relatórios para que ele continuasse a ter o que merecia. Acho bem. Se fosse eu ainda tentava fazer os possíveis para o colocar numa cela com o Cabo Verdiano mais grandão da penitenciária. Só para estreitar os laços da lusofonia.

E pronto agora é esperar que a justiça faça o seu papel e o senhor vá treinar a equipa de futsal da prisão, onde os papéis se vão inverter e ele, para além de treinador vai ser apanha sabonetes... apanha bolas queria eu dizer.
Ler mais...

12 de fevereiro de 2014

O canudo não aquece



Saiu hoje a notícia de que um estudo revelou que mais de metade dos sem-abrigo em Lisboa tem filhos e ainda que 5% são Licenciados. Eu acho que olhar por esse prisma é ser-se negativo. Temos que olhar pelo lado positivo. O nosso país tem um sistema de educação pública tão acessível que até os sem-abrigos já se começam a licenciar! O mesmo acontece com as prostitutas e empregados do McDonalds. E também de realçar que os nossos sem abrigos são tão bem tratados que até haja quem queira procriar com eles. Estas notícias é que desanimam a malta. Ponham-me a dirigir uma redacção e vão ver se isto não vai para a frente.

O estudo diz também que 87% são homens. As mulheres só dormem na rua se quiserem, essa é que é essa. Por mais feia que seja há sempre um senhor com uma caminha quentinha algures, que não se vai importar de lhe dar abrigo, e até em dar um dinheirinho extra.
48% dos sem abrigos estão na rua há menos de 3 anos. 30% desses há menos de 1 ano. Tínhamos os novos ricos, agora temos os novos sem abrigo. Espero que não sejam tão parvos e manientos como os primeiros. É a prova que nos últimos anos temos tido boas políticas e que temos elegido os melhores governantes possíveis.

No total contam-se 800 sem abrigos. 800!? Pensei que fosse mais. 800 era fácil de resolver se houvesse vontade para isso. Custa-me pensar em pessoas a dormir na rua. Mas mais do que dormir na rua é a falta de contacto pessoal que têm. Porque viver na rua significa que não se tem família nem amigos que realmente se importem, e isso para mim é o pior. Muitos deles merecem a sorte que têm, mas para os sem abrigos poucas segundas oportunidades há. Há pouco tempo escrevi algo sobre isso numas páginas soltas que um dia podem dar num livro. Se fosse sem abrigo tinha mais tempo para escrever.

Corpos que se encovam sobre si mesmos na esperança de conservar o calor e o pouco de humanidade que lhes está na alma, já há muito vendida por entre as pedras frias da calçada. Faces sujas com o rasto das lágrimas de arrependimento derramadas sobre o resto da sujidade que o banho da semana passada não foi capaz de arrancar da pele gasta e esfarelada de tanto dormir no chão áspero e amargo. Gestos e posturas desistidas de vida, de oportunidades que não vão chegar para remendar, de culpa no âmago do ser por assim ter de ser. 
Na Estação do Oriente no Parque das Nações, onde nestes dias, no interior do Inverno, onde a Primavera ainda não ameaçava, acumulavam-se dezenas de sem abrigos. A arquitectura moderna e minimalista, de brancos e luzes brilhantes contrastavam com a escuridão das vidas que ali se mantinham quentes. Fatos e gravatas apressados a entrar para o metro e o comboio, ou para o parque de estacionamento onde tinham os carros, passavam ali alheados ao que os rodeava, talvez por já ser normal, por já terem visto aquilo vezes demais, ou talvez por o seu umbigo lhes toldar a visão.
O ranger dos carris do comboio e o chiar dos travões ligavam-se em sintonia ao ligeiro tremer do chão quando o metro passava embalando quem ali dormia ao relento, mas com um tecto que impedia a chuva. O fumo dos carros entrava por entre as correntes de ar que mantinham o frio constante agarrado ao granito que revestia o chão e ao cimento que segurava as paredes.
Por entre os sem abrigo, vêem-se voluntários munidos de recipientes com sopa de vegetais e outros de caldo verde, com pães e manteiga, aromatizando o ar e disfarçando a poluição. A música ambiente que vinha dos elevadores dá o toque final. Muitos que faziam daquela gruta construída pelo homem a sua casa, ou pelo menos a sua ponte. Maria conhecia-os pelo nome, quase todos, cada vez havia mais. Eles também a conheciam, reconheciam-lhe o gesto, eram gratos numa humildade desumana de quem deixou de ser gente há muito.
Desde o Sr. Zé, um alcoólico que perdera tudo o que tinha e que chorava sempre que contava a mesma história uma e outra vez sobre como se voltasse atrás tudo seria diferente. Sobre como a sua mulher o deixou e levou os filhos e ele sem forma de pagar seja o que fosse teve que fazer da rua o seu lar. Há mais de 10 anos que era assim.
Havia também o Rui, sem senhor no nome. O Rui tinha 30 anos e vivia há mais de metade da sua vida assim. Abandonado pelos pais fora acolhido por um tio paterno que resolveu fazer dele o saco de pancada. Começara quando ele tinha 12 anos, quando tudo o fazia prever, e escalara durante 3 anos. Visitou os hospitais, mentindo a médicos e enfermeiras como se os móveis fossem violentos como seu tio. Fartou-se e antes que ali morresse ou deixasse de querer viver fugiu e refugiou-se nas entranhas da cidade, pouco condescendentes para quem não sabe tratar de si. Mas cedo aprendeu, teve que ser.
Natasha, uma imigrante romena era outros dos habitantes daquela micro sociedade improvisada. Tinha vindo para Portugal em busca de uma vida melhor, e se aquilo era melhor do que tinha, Maria só podia imaginar como seria a sua vida antigamente. Vivia de mendicidade e de pouca dignidade. Falava o português por entre um sotaque acentuado de leste e um choro cantado, constante na sua voz escurecida pela cidade. Sonhava juntar dinheiro para trazer para cá a sua família ou para voltar para a Roménia, se por aqui continuasse assim a vida de oportunidades que veio procurar mas não encontrou.
Estes eram alguns dos rostos que decoravam os bancos e os muros de azulejos brancos daquele sítio. Maria sabia-lhes a história, o arrependimento, a descrença na vida mas sabia-lhes sobretudo o nome e quem eram. Sabia que aquela ajuda não era nada. Que não iria resolver nada a não ser aquela noite e talvez o dia de amanhã. Mas sabia também, que era importante para eles. Fazia com que acreditassem um pouco mais nas pessoas e na vida, que não era tudo mau, e que, naquele momento, sentissem uma alegria pura embora misturada com a tristeza de ter que ser assim.
Não gostava de ter preferidos, mas era impossível não os ter. Primeiro ela sabia bem que nem todos eram boas pessoas, nem todos tinham aprendido com os erros e nem todos davam valor ao que ela tentava fazer por eles. Leonardo seria dos seus preferidos se ainda cá estivesse, mas agora restava-lhe António. António era diferente de todos os outros. Tinha a inteligência e a cultura de alguém que não pertencia ali. Tinha a sanidade mental intacta no meio da sua forma diferente, honesta e crua de ver a vida e o mundo que o rodeava. Maria adorava conversar com ele, ou melhor, ouvi-lo nos seus monólogos de onde tentar sorver o máximo de conhecimento e experiência de vida que conseguia. Admirava-o por assim ser, livre de tudo por escolha própria. Era um conformado feliz, mas não conformado no sentido de que desistiu de lutar pelo que queria, conformado na forma do mundo girar muitas vezes ao contrario, ou de pernas para o ar.
Ler mais...