Hoje vou-vos contar uma história bonita. Mentira. De bonita não tem nada. Aconteceu no Verão de 2011 na cidade de Málaga que fica ali para os lados de Espanha.
Eu e dois amigos estávamos de férias a pernoitar num Hostel, em camaratas daquelas grandonas de 10 pessoas, homens e mulheres tudo no mesmo saco. No nosso quarto tudo bem, gente relativamente normal, nem sequer estava cheio, poucos ressonadores e ninguém a cheirar mal dos pés. No entanto, num dos quartos ao lado vislumbrámos uma criatura sempre que íamos à casa de banho partilhada no corredor. Uma criatura que não saía da cama. Sempre vestido e calçado com a mesma roupa, sentado no colchão sem lençóis a beber uma cerveja de litro. Apenas se levantava para ir fumar a varanda e ir a rua só para comprar tabaco e mais cerveja. Apelidei-o carinhosamente de Koala, porque uma vez estava a subir o escadote do beliche e parou ali, imóvel a olhar quem passava no corredor. Fui à casa de banho e voltei e ele continuava na mesma posição, como um Koala ou uma preguiça. Mas achei que Koala era mais fofinho.
Bem, como já referi, ele estava no outro quarto, não era problema nosso, mas já havia conversas no hostel sobre a personagem. Consta que estava lá há 2 semanas, ia sempre prolongando a estadia, não falava com ninguém e causava pesadelos a todos os que lhe olhavam nos olhos por mais de 2 segundos. Cabelo comprido, que se espremido daria óleo suficiente para fritar meio kilo de batatas fritas. Lado direito da cara desfigurado, queimado ou algo do género. Toda a sua figura era saída de um filme de terror. Uma mistura de zombie, sem abrigo e arrumador de carros. Pacote completo. Um achado para as senhoras. A foto de cima não lhe chega sequer aos calcanhares, é apenas de um senhor que encontrei na net com fisionomia parecida a que apliquei as minhas fantásticas habilidades de photoshop. Mas dá para perceber a ideia. Este seria talvez o pai do senhor, o Koala 1.0. O nosso era uma versão muito mais assustadora e realista.
Um dos dias, somos despertados com a empregada a entrar no quarto e a preparar uma das camas. A empregada vira-se para nós com uma cara de pena, nojo e medo ao mesmo tempo. Percebemos que o Koala viria ai. O André vira-se para mim e diz "O Koala vem para o nosso quarto!!!". E assim o vemos a entrar, com o seu andar arrastado, trepar para o andar de cima de uma das camas, não de nenhuma das nossas, e a recostar-se a olhar para o infinito e para dentro da nossa alma. A empregada foi-se embora com um olhar cúmplice para o André de "Desculpa e boa sorte..."
Bem, lá nos levantámos como um dia normal e decidimos que íamos ser simpáticos para o rapaz. Não havia razão para não o sermos. Dissemos bom dia, ele respondeu de uma forma de quem não o fazia muita vez porque ninguém lhe devia dirigir a palavra. Perguntou-nos de onde éramos, nós dissemos de Portugal, ele gostou. Era da Escócia se bem me lembro. Perguntou-nos mais algumas coisas e nós a ele e o ambiente ficou melhor. Pensámos "Somos uns preconceituosos de merda! Só porque o rapaz é estranho. Nunca ninguém lhe deve ter feito nenhuma pergunta e afinal é um gajo simpático".
Saímos, fomos passear, à praia ou lá o que foi. Voltámos pouco antes da hora de jantar e lá estava o Koala no seu ninho, já sem ténis mas com as suas meias brancas que de branco já tinham pouco. Levantou-se logo e perguntou-nos onde tínhamos ido e se o dia tinha sido bom. Claramente que éramos os seus melhores amigos. Ficámo-nos a sentir mal outra vez por termos sido tão preconceituosos ao inicio, embora fosse impossível não o ser. Não apenas pelo aspecto físico, mas por todo o seu comportamento inadequado a quem está num hostel, sozinho, num país diferente. Se há pessoal que se passa e mata uma catrefada de gente de uma vez, este encaixava o perfil que nem uma luva feita à medida.
Depois de banho tomado, estávamos a vestir-nos no quarto e o André vira-se para mim com ar estupefacto e diz "Olha para o gajo, olha...". Eu viro-me para trás e está o Koala deitado, de barriga para cima, a arquear-se todo com a cabeça a olhar para nós e a gemer e grunhir. Exactamente como uma cena do exorcista! Ficámos incrédulos ao que se estava a passar. "Ricardo, olha o Koala a espasmar-se todo!". O Ricardo não quis ver. Recusou-se a olhar e ficar com essa imagem. Até hoje ele orgulha-se de não ter visto aquela imagem dantesca.
Bem, isto passou. Nada como uma possessão demoníaca para abrir o apetite. Fomos para a cozinha partilhada e começámos a fazer a janta. Estava lá um casal Australiano também a cozinhar. Nisto vem o Sr. Koala inspeccionar, qual Gordon Ramsey. Já todo confiançudo, das cervejas que tinha estado a ingerir e depois de ter relaxado os músculos com os alongamentos de exorcista que tinha feito. Começa a perguntar "O que é isto?". Enquanto pousa o seu dedo nojento numa das nossas febras que estavam a ser temperadas. Para quem já viu o Scary Movie foi tipo o gajo da mãozinha deficiente a mexer na comida dos outros. Menos uma febra para jantar... Começou a abrir o frigorífico e a mexer em tudo que lá estava e a cheirar. Comida que não era dele obviamente. Há uma altura em que ele quase encostado ao André, mete a mão aos talheres. Conseguimos ver os músculos do André a ficarem tensos e a cara de "Queres ver que o cabrão vai buscar uma faca para nos matar, ou um garfo para nos arrancar os olhos e saltear com cogumelos?". Mas nada aconteceu. Mas foi um momento tenso, principalmente porque nós vimos duma zona em que se espera sempre o pior. Acabámos de cozinhar, sentámo-nos a comer. Ele nesta altura estava a ver TV e beber cerveja na sala, que era pegada à cozinha.
Já tínhamos acabado de jantar, mas tinha sobrado bastante comida ainda. Fomos num instante ao quarto buscar alguma coisa, já não me lembro do quê, voltámos a subir e qual não é o nosso espanto quando o cabrão do Koala está com as beiças todas gordurosas e a lamber os dedos no meio da cozinha. Olhámos para a comida que tinha sobrado e claramente faltava alguma xixa. O casal Australiano vira-se para nós com cara de pânico e sussurra-nos "Não toquem na comida...". Aquele filho de uma koala badalhoca tinha tido a lata de nos ir comer a comida sem pedir autorização, depois de termos sido simpáticos para ele, e ainda por cima comeu com as manápulas imundas. E não deve ter sido a primeira febra que apanhou, deve ter andado a escolher a melhor e a fazer cortes com a unhaca para ver qual era a mais tenra. Foda-se.
O nosso primeiro instinto foi agarrar no gajo e fazê-lo vomitar à força de joelhadas no fígado, mas como somos gajos serenos decidimos agir com ironia. Oferecemos-lhe a comida que tinha sobrado. Perguntei-lhe "Parece que estás com fome, queres o resto da nossa comida?", ao que ele responde "Não é minha". E eu digo "Pois eu sei que não é tua, é nossa, mas queres ou não?". E ele "Sim". E nisto começa a tirar nacos de carne à mão e a comer todo alarve, a babar-se todo, como se fosse um zombie a comer coxinhas humanas depois de um jejum de 2 semanas.
Depois de banho tomado, estávamos a vestir-nos no quarto e o André vira-se para mim com ar estupefacto e diz "Olha para o gajo, olha...". Eu viro-me para trás e está o Koala deitado, de barriga para cima, a arquear-se todo com a cabeça a olhar para nós e a gemer e grunhir. Exactamente como uma cena do exorcista! Ficámos incrédulos ao que se estava a passar. "Ricardo, olha o Koala a espasmar-se todo!". O Ricardo não quis ver. Recusou-se a olhar e ficar com essa imagem. Até hoje ele orgulha-se de não ter visto aquela imagem dantesca.
Bem, isto passou. Nada como uma possessão demoníaca para abrir o apetite. Fomos para a cozinha partilhada e começámos a fazer a janta. Estava lá um casal Australiano também a cozinhar. Nisto vem o Sr. Koala inspeccionar, qual Gordon Ramsey. Já todo confiançudo, das cervejas que tinha estado a ingerir e depois de ter relaxado os músculos com os alongamentos de exorcista que tinha feito. Começa a perguntar "O que é isto?". Enquanto pousa o seu dedo nojento numa das nossas febras que estavam a ser temperadas. Para quem já viu o Scary Movie foi tipo o gajo da mãozinha deficiente a mexer na comida dos outros. Menos uma febra para jantar... Começou a abrir o frigorífico e a mexer em tudo que lá estava e a cheirar. Comida que não era dele obviamente. Há uma altura em que ele quase encostado ao André, mete a mão aos talheres. Conseguimos ver os músculos do André a ficarem tensos e a cara de "Queres ver que o cabrão vai buscar uma faca para nos matar, ou um garfo para nos arrancar os olhos e saltear com cogumelos?". Mas nada aconteceu. Mas foi um momento tenso, principalmente porque nós vimos duma zona em que se espera sempre o pior. Acabámos de cozinhar, sentámo-nos a comer. Ele nesta altura estava a ver TV e beber cerveja na sala, que era pegada à cozinha.
Já tínhamos acabado de jantar, mas tinha sobrado bastante comida ainda. Fomos num instante ao quarto buscar alguma coisa, já não me lembro do quê, voltámos a subir e qual não é o nosso espanto quando o cabrão do Koala está com as beiças todas gordurosas e a lamber os dedos no meio da cozinha. Olhámos para a comida que tinha sobrado e claramente faltava alguma xixa. O casal Australiano vira-se para nós com cara de pânico e sussurra-nos "Não toquem na comida...". Aquele filho de uma koala badalhoca tinha tido a lata de nos ir comer a comida sem pedir autorização, depois de termos sido simpáticos para ele, e ainda por cima comeu com as manápulas imundas. E não deve ter sido a primeira febra que apanhou, deve ter andado a escolher a melhor e a fazer cortes com a unhaca para ver qual era a mais tenra. Foda-se.
O nosso primeiro instinto foi agarrar no gajo e fazê-lo vomitar à força de joelhadas no fígado, mas como somos gajos serenos decidimos agir com ironia. Oferecemos-lhe a comida que tinha sobrado. Perguntei-lhe "Parece que estás com fome, queres o resto da nossa comida?", ao que ele responde "Não é minha". E eu digo "Pois eu sei que não é tua, é nossa, mas queres ou não?". E ele "Sim". E nisto começa a tirar nacos de carne à mão e a comer todo alarve, a babar-se todo, como se fosse um zombie a comer coxinhas humanas depois de um jejum de 2 semanas.
Nesse momento tivemos uma decisão unânime sem sequer falarmos nela. Não íamos dormir ali hoje! Ainda por cima o gajo para ir fumar a varanda passava mesmo por nós. Ninguém queria acordar com aquela visão do inferno. E os níveis de confiança dele e o nosso sangue latino a ferver na veia ia fazer as coisas descambar mais cedo ou mais tarde. Então fomos embora, feitos maricas, mas sobretudo para evitar conflito. Um de nós passava-se com o abuso de confiança e dava um enxerto no rapaz. Isso ou ele degolava-nos durante a noite o que era uma hipótese muito provável. Qualquer um de nós sozinho provavelmente desfazia o gajo mas preferimos evitar o confronto, como pessoas sensatas que somos (mariquinhas).
Fomos dar uma volta e voltámos para arrumar as malas. Ele ficou triste ao saber que íamos embora e queria saber detalhes para onde íamos e onde morávamos exactamente em Portugal. Escusado será dizer que fingimos que não ouvimos e fomos à nossa vida na esperança que o gajo não nos tivesse feito cópias das chaves de casa e visto a nossa morada na carta de condução e um dia nos aparecesse as 8 da noite em casa para jantar. Até hoje nunca aconteceu, acho que já podemos dormir descansados. Acabámos por apenas encontrar vagas numa pensão que era claramente usada para fins de prostituição. Mas antes meretrizes do que Koalas.
Moral da história: Quando um gajo parece maluco normalmente é. As aparências iludem mas também dizem muito sobre alguém. Isso e que somos uma cambada de mariquinhas.
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