23 de janeiro de 2014

Não desculpo



"Arranjar uma desculpa" é uma expressão muito utilizada no nosso país como se a desculpa estivesse avariada e precisasse que alguém a arranje. "Ah mas arranjar também significa obter!" diz o pertinente leitor. Ok, é verdade, mas se eu não tenho a culpa, tenho a desculpa, não preciso de a obter de lado nenhum. Ao português (e ao ser humano em geral) tudo serve como desculpa. O português tem sempre razão, eu pelo menos tenho.

Os sinais luminosos intermitentes existentes nos nossos carros, pisca-pisca ou apenas piscas, são o exemplo disso. A sua utilização nas situações para quais foram criados é raramente posta em prática, já que a maioria dos condutores pensa que se tratam apenas de ornamentos para tornar o prolongamento do seu pénis, vulgo carro, mais bonito e luminoso, descuidando que um simples gesto que consiste em mover 2 ou até 1 dedo para deslocar o manípulo 1 centímetro indicando a direcção que pretendemos tomar pode evitar na verdade bastantes acidentes. Ainda por cima são daqueles acidentes apelidados de "toque" mas que entopem a 2ª circular e me fazem chegar atrasado, não que tenha horas para o que quer que seja, mas se fico preso no trânsito porque um anormal acha que dá muito trabalho por o pisca concerteza que fico arreliado.

Agora se for para "arranjar uma desculpa" o português já utiliza os piscas, e são logo os 4 de uma só vez. Exemplifico: Estaciona em segunda fila, vai almoçar ou tratar da papelada, que já sabe que o poderá ocupar durante 1 hora. Mas deixa os 4 piscas... E ai de quem buzine e refile com o senhor do Mercedes que lhe bloqueia o carro há meia hora, pois ele responde logo irritadíssimo como se a razão fosse sua amiga de infância "Não vê que tenho os 4 piscas?!". Como se as 4 luzinhas a piscar conferissem à viatura e ao condutor um estatuto de super herói imune a qualquer tipo de coima e até mesmo de culpabilização moral seja por parte de quem for.
Na minha opinião, e se não desse direito a prisão preventiva e o processo fosse arquivado só porque sim, era agarrar nesse indivíduo e aleijá-lo severamente com um bastão de ferro. O problema é que se apanha o português oposto, o banana que pede desculpa por tudo e por nada, este ainda é capaz de dizer "Desculpe lá, não tinha reparado.." E o senhor do Mercedes vai para casa a pensar que tinha realmente razão mais uma vez. Mas isto é pano para outra manga.

Tenho dito. Muito obrigado e Deus vos abençoe! (Deus... outra coisa inventada só para tentar justificar o indesculpável).




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