Nos dias que correm, existe a moda de que toda a gente pode e deve ser empreendedor. Num tempo em que toda a gente tem projectos, apps e empresas e em que todos acham que a sua startup vai ser o próximo Facebook, parece-me que começa a haver algum descontrolo. Nem vou referir as roulotes que agora se chamam food trucks e que vendem comida a preço inflacionado só porque usam gourmet, do bairro, ou artesanal no nome. Vejo com maus olhos esta moda de todos quererem ter o seu próprio negócio. Não dá para sermos todos chefes, lamento. Alguém tem de trabalhar. Ser empreendedor, ou bater punho, como diz aquele rapaz que tem cara de quem tem de bater muito punho, não é para todos e isso vê-se em algumas empresas cuja ideia de negócio é, apenas e só, palerma. Nas reuniões de brainstorming diz-se que não há ideias estúpidas, mas essa ideia de que não há ideias estúpidas é, ela própria, uma ideia estúpida. Vamos a alguns exemplos de apps e startups reais, algumas que até receberam milhões de investimento:
iSmell
É um dispositivo que se liga ao computador para deitar um aroma. Há uma cena parecida que são velas. Pois, coiso. «Ah, mas dá para deixar um cheiro específico quando recebes um email.», dizem os fundadores desta empresa. Uau, vai dar imenso jeito para quando o pessoal receber um email do chefe durante o fim de semana o aparelho largar um cheiro a merda.
LayoffSpace
Uma rede social para os desempregados. «Como assim?», perguntais vós e muito bem. Não, não é para arranjar emprego como o LinkedIn, por exemplo. É para os desempregados fazerem amizades com outros desempregados! Toda a gente sabe que quando se está na merda só queremos conhecer pessoas que sintam as mesmas dores que é para nos sentirmos melhor connosco. Sim, dá jeito ter amigos que possam ir beber café às três da tarde de segunda-feira, mas depois quem é que paga a conta?
PeeBreak
Uma app para ser utilizada no cinema ou em locais onde não se pode falar alto. Para que serve? Para, com um clique, informarem as pessoas que vão fazer xixi e ver se alguém também quer ir. Não era agarrar nos fundadores desta startup e enfiar-lhes a cabeça na sanita? Primeiro, estão a ignorar metade do mercado já que toda a gente sabe que as únicas pessoas que pedem companhia para ir ao WC são as mulheres. Depois, é só estúpido. Se alguém tem esta necessidade, que faça um grupo no Whatsapp chamado «Pausa para xixi» e utilize-o para esse propósito. Depois, podem colocar fotos a documentar porque se têm necessidade de relatar todos os vossos movimentos urinários, então também devem ser pessoas nojentas que partilham foto do xixi e das construções de fezes que obram.
EggMinder
Um tabuleiro com uma app que vos diz quantos ovos ainda têm no frigorífico. A humanidade no seu esplendor máximo da inovação e avanço tecnológico! Qual descoberta de planetas gémeos da terra, qual robô Rover em Marte, qual projectos para terraformar e colonizar outros planetas! O EggMinder resolve o verdadeiro problema da humanidade que é o de saber quantos ovos temos no frigorífico! Quantas vezes não saí de casa a saber que tinha três ovos, mas depois com a azáfama do dia dou por mim a pensar se eram três ou dois. Por sorte, basta ir ao meu telemóvel e verificar que afinal tenho lá três! Ufa, obrigado progresso! Talvez tenha uma visão curta e, daqui a uns anos, isto seja como o GPS em que todos nos perguntamos como é que antigamente as pessoas encontravam o caminho sem ele tendo de recorrer a mapas em papel e perguntar a pessoas na rua. Talvez, no futuro, as pessoas digam «Fogo, como é que as pessoas comiam omeletes sem o EggMinder? Tinham de abrir o frigorífico, saber contar até uma dúzia e fechar o frigorífico. Que tempos medievais e obscuros, esses! Obrigado EggMinder.»
Looney
O Looney é uma rede social em que as pessoas podem falar com os seus amigos imaginários. Sim, um Facebook para malucos sem amigos a sério, ou seja, um Facebook normal. Pareceu-me ridículo e que nunca iria fazer dinheiro, mas depois lembrei-me que já existe uma empresa muito parecida e que é bastante lucrativa: a Igreja.
Ideais geniais, não concordam? Quando os telemóveis são mais smart do que as pessoas que tentam tirar partido deles, o resultado é sempre engraçado. Já agora, deixo-vos com três ideias brilhantes que tive e que acho que podem ser milionárias. Se houver investidores por aí mandem mensagem privada.
As mulheres cada vez mais utilizam vibradores para terem o prazer do sexo sem os malefícios de ter de aturar um homem. No mesmo sentido, cada vez mais pessoas fumam cigarros electrónicos para terem o prazer de fumar sem os malefícios do tabaco. Génio como sou, pensei em juntar os dois e fazer o primeiro cigarro electrónico que vibra! Ideal para fumar depois do orgasmo sem ser preciso sair da cama. É preciso ter cuidado para não confundir os modos, caso contrário as utilizadores correm o risco de ficar com os dentes lascados e com o salmão fumado.
O PassaPorCima não é mais do que um ou mais tablets com um suporte especial para o carro. Ao contrário dos suportes normais, este ficaria na janela virando o ecrã para o exterior. Depois, haveria uma aplicação que podia ser activada por controlo de voz. Cenário: imaginem que vão na autoestrada e vai um carro colado à vossa traseira armado em campeão. Só teriam de dizer «PassaPorCima Activate» e depois do sinal dizer uma frase que seria transformada em texto e mostrada no tablet para o condutor do outro carro ver. Pensem nisto como um kit mãos livres do insulto. Podiam utilizar emojis de manguitos para melhor expressar a vossa raiva. Vem com uma versão especial para taxistas que substitui os pontos finais por asneiras.
Uma sombrinha para marcar dejectos de cão na rua. Muita gente não apanha os cocós do seu patudo e deixa os passeios todos cobertos por fezes que são pisadas por transeuntes incautos. A pensar nesses donos de cães que têm nojo de apanhar o cocó dos cães pensei no Poobrella. O Poobrella tem várias vantagens: desde logo o facto de tornar algo feio em algo mais bonito e estético; depois, realça o dejecto com uma cor mais vibrante e faz com que seja mais fácil evitar pisá-lo. Vem, também, com versão LED para iluminar o cocó durante a noite e a versão premium tem um sensor de proximidade que quando activado emite um sinal sonoro para as pessoas mais distraídas e para os cegos.
À primeira vista, podem parecer ideias parvas, mas lembrem-se que metendo um prefixo "i" e um logótipo de uma maçã são produtos para vender milhões.
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