31 de janeiro de 2014

Ser Português é...



Podemos não ter a organização dos Suíços, o rigor dos alemães, a limpeza dos austríacos, a pontualidade dos britânicos, a meticulosidade dos franceses, o orgulho dos espanhóis ou a riqueza dos escandinavos, mas que somos um povo muito mais simpático e caloroso que esta cambada toda disso não tenho dúvidas. E ser português é isso. Ser português é ser muita coisa.

Ser português é pedir um ramo de salsa ao vizinho e ficar lá meia hora a conversar. Ser português é falar alto na rua e nos restaurantes sem notar. Ser Português é ter o melhor jogador de futebol do mundo e não gostar muito dele até vir alguém de fora criticar. Ser português é ter na guelra o sangue quente arrefecido por uma ditadura. Ser português é ter poesia de revolução e fazê-la sem violência e de cravo na mão. Ser português é comer chouriço assado na lareira com mais prazer do que ir ao restaurante gourmet. Ser português é revoltarmo-nos quando nos dizem que o limite passa de 0,5 para 0,2, porque ser português é beber vinho, cerveja e agua-ardente.

Ser português é ter orgulho em sê-lo mesmo quando se diz o contrário. É ir lá fora e falar de fado, da comida, da praia, de tudo o que nos orgulhamos quando temos saudades. Ser português é ter saudades. É ter saudades do sol, das sopas da avo, dos cafés e cigarros na esplanada com os amigos. Ser português é ter saudades e não esquecer. É ser nostálgico mas ter amnésia selectiva de 4 em 4 anos e queixar-se que está tudo na mesma.

Ser português é desenrascar. É encontrar caminho sem perguntar. Ser português é pedir indicações e ter logo a ajuda de vários estranhos. Ser português é tentar a borla seja do que for. Ser português é oferecer só porque se simpatizou com alguém. Ser português é ter os melhores lá fora porque é lá fora que se faz o melhor. Ser português é ter o mar no horizonte e nunca olhar para terra, é seguir em frente até o mar acabar, é descobrir, sonhar e inventar. Ser português é conquistar, é dar porrada na mãe, é dizer não e expulsar os mouros e os espanhóis. Ser português é esquecer. Ser português é o vídeo da Bernardina ter mais de 3 milhões de visualizações e a maioria não ter gostado. Ser português é toda a gente ver a casa dos segredos em segredo. Ser português é achar que ser advogado ou doutor é melhor do que ser pasteleiro ou agricultor mas gostar mais de bolos e batatas do que tribunais e hospitais. 

Ser português é dizer bom dia ao vizinho, é dizer bom dia no café, é dizer olá como está ao carteiro, é dizer bem obrigado no elevador. Ser português é dizer vai-se andando, para a frente, nunca para trás. Ser português é ser pessimista quando as coisas estão boas mas optimista quando estão más. Ser português é ser-se humano e por isso ser-se incoerente. É ter poetas nas gentes, é ter Antónios Aleixos semi-analfabetos mas que sabem mais que doutores. É ter bêbedos e drogados no génio de Pessoa. É tudo valer a pena porque a nossa alma não é pequena. Ser português é ter a alma grande mas não ter dinheiro para a manter. Ser português é pedir crédito para o plasma e LCD, para as férias no Brasil e depois ficar sem comer. Ser português é acreditar em tudo o que passa na TV. Ser português é duvidar de tudo o que se lê.

Ser português é ser de brandos e bons costumes até ver. Ser português é andar à porrada por causa de futebol ou lugares de estacionamento. Ser português é acelerar e ficar chateado se se é multado. Ser português é saber as leis e saber que podem ser ignoradas. Ser português é eleger sempre os mesmos filhos da puta. Ser português é ser revoltado. Ser português é esquecer a semana no sábado e sofrer por antecedência no domingo. Ser português é chegar ao trabalho na segunda e falar da bola. Ser português é ser descarado. É dizer à gaja boa do trabalho que temos que ir beber um copo a qualquer lado. Ser português é seduzir sem medo do resultado. É ter lata de cerveja na mão e na outra contar os trocos para mais uma rodada.

Ser português é sentir orgulho na garganta mesmo com a pressão do nó de forca que nos traçaram. Ser português é apertar o cinto mas andar de rego à mostra. Ser português é dizer mal mas ai de quem diga mal e não seja português. Ser português é não ser patriótico mas sentir os olhos aguados ao ouvir o hino. É dizer que é o mais bonito de todos. É meter uma bandeira na janela e deixar a porta aberta a quem quiser entrar. Ser português é gritar com a selecção mesmo sem nunca se ter ganho nada, só pelo orgulho de se ser de Portugal.

Ser português é escrever este texto à pressa porque estão à minha espera em algum lado. Ser português é chegar atrasado mas de peito levantado.
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30 de janeiro de 2014

Praxar é ridículo, e isso é bom



Bem, toda a gente fala de praxes hoje em dia e eu não gosto de ficar atrás, ainda para mais quando vejo tanta idiotice a ser dita e escrita, principalmente nos comentários de notícias. Já tinha falado um pouco deste assunto quando escrevi sobre o caso Lusófona, mas ainda tenho mais coisas para dizer, por isso venham daí comigo.

A praxe é como tudo, quando há idiotas a geri-la torna-se uma parvoíce. Se por outro lado forem pessoas com bom senso, torna-se gira, o que acredito ser a maioria dos casos. As praxes abusivas são como o Bullying. Não é culpa só do Bully, porque atrasados mentais vão sempre existir. É culpa de quem vê e assobia para o lado. Se numa praxe abusiva os outros baterem o pé por verem o colega a passar mal, acabam-se logo os abusos, garanto-vos.

Eu fui praxado, 1 semana, todos os dias. Foram actividades engraçadas, jogos divertidos, nenhuma humilhação, e serviu de facto para integrar o pessoal, que sendo de informática é na sua maioria coninhas e virado para si próprio. Gostei, foi giro, não foi essencial mas foi giro. Fiz o que quis, das vezes que achei que estavam a passar das marcas disse "Não obrigado, vai tu" e eles foram ter com outro caloiro mais disponível para a palhaçada. 

Nunca praxei ninguém porque nunca entram gajas boas no meu curso, e não me apetecia passar as minhas tardes entre 200 homens. Mas isto sou eu.

Eu sei que em alguns casos há coação, há instigação ao medo e que nem todas as pessoas foram ensinadas a dizer não a figuras autoritárias, aliás é por isso que as coisas estão como estão em tantas outras áreas. É por isso que há polícia abusiva, governos humilhadores, pais autoritários, igrejas castradoras e patrões exploradores. É porque não dizemos não vezes suficientes. Aqui é igual. Se o não basta para impedir abusos, e ele não é dito quando é preciso, então o problema não são as praxes, são outros, muito mais profundos que um ritual que na sua maioria é benigno. Se vier um filho da puta a dizer "Ahh agora vais-te atirar ali da ponte porque eu é que mando", vocês só têm que dizer. "E ires para o caralho, parece-te bem?". Ou um mais educado "Não obrigado" também serve, mas sou mais pelo aparato.

Dizem que os gajos à frente da praxe são uns "burros e estúpidos" que andam lá há não sei quanto tempo sem fazer nada, com muitas matrículas e que não têm valor para liderar seja o que for. Diz isto normalmente quem até já elegeu primeiros ministros com licenciaturas duvidosas... Não sou de julgar as pessoas pelo número de matrículas porque isso levar-me-ia a partir do principio que então quem tem curso superior é mais inteligente e tem mais valor do que quem não tem. E como vejo à minha volta tantas provas do contrário não consigo fazer esse juízo de valores.

Acho que quem chega a uma faculdade, não conhece ninguém, e se rejeita a ir às praxes sem experimentar é um coninhas. Eu sou um gajo tímido e fui. E fez-me bem. Faz bem rirmo-nos de nós próprios, expormo-nos ao ridículo de vez em quando. Por isso é que digo que praxar é ridículo e ainda bem. É bom fazer coisas ridículas de vez em quando, principalmente quando se tem 18 anos e não parece mal. Faz crescer o carácter e no processo ainda se conhecem umas gajas boas. Não no meu caso porque era tudo uma cambada de nerds com a ocasional gaja de bigode descolorado. Mas ouvi dizer que noutros cursos a há disso. Utopia para nós gajos de informática.

Portanto a proibição parece-me ridícula, porque se vamos proibir tudo porque de vez em quando acontece um acidente por causa de uns anormais que não sabem avaliar o risco, vamos ter que proibir muita coisa, e a vida vai ficar mais aborrecida. Deixem-se de histerias, morreu gente, sim, faz parte. Aposto que durante muito tempo ninguém vai para a praia do Meco à noite em alerta vermelho. A morte deles salvou outras.  

Não eram caloiros, estavam lá porque queriam, correu mal. A culpa não é das praxes, a culpa não é de ninguém, azares acontecem.

Vão às praxes, experimentem, curtam os melhores anos das vossas vidas mas se vos disserem para fazer alguma coisa que não querem, digam que não. Se vos forçarem a alguma coisa, decorem bem a cara do gajo e um dia mais tarde acertam-lhe o passo. A violência não resolve nada mas ajuda. Mas também não se armem em coninhas e digam que não a tudo, porque ai dão razões ao praxante para vos dar com uma colher de pau nos nós dos dedos.
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29 de janeiro de 2014

Ensaio sobre o manguito



Mais uma vez venho aqui de falar de assuntos cujo o interesse para a sociedade vale zero. Venho falar desta vez sobre a origem desse belo gesto, efectuado com a nossa mão, que serve para expressar o grande desagrado com alguém ou alguma situação. O Manguito!

Primeiro que tudo vamo-nos concentrar no manguito em si. Consiste em fechar a mão e esticar apenas o dedo do meio formando assim uma forma obscena que faz lembrar órgão genital masculino. Ora bem... quem foi a mente doente que descobriu isto? Quem, no seu perfeito juízo, utilizou o seu membro para simular o outro membro? Remontará a que século esta descoberta? Haverá registos pré históricos? Eu fiz o trabalho sujo e investiguei. Pouco descobri. Há quem diga que surgiu no império Romano, identificado como "digitus impudicus" em manuscritos da época. Já dizia o Obélix que aqueles romanos eram doidos.

Ao longo da nossa vida vamo-nos deparando e sendo alvo em diversas ocasiões com o manguito de certos e determinados indivíduos. Para os mais atentos, é notória a existência de dois tipos distintos de manguito: O primeiro, mais másculo, mais comum também, é o mais utilizado pelos taxistas, e faz transparecer mais raiva e indignação, que consiste num punho fechado apenas com o dedo indicador esticado. O segundo, por seu lado, não é utilizado para ofender mas sim para fazer pirraça. O preferido das gentes mais cultas e sofisticadas, que consiste na mão aberta encolhendo todos os dedos menos o do meio.

O manguito tem várias qualidades. Primeiro que tudo está ao alcance de toda a gente. Não descrimina nem por sexo, religião, raça ou género. Só descrimina os manetas que, mesmo assim, poderão exibir o seu coto que as pessoas entenderão certamente a intenção. A situação em que mais é utilizado é sem dúvida no trânsito, situação em que na segurança dos nossos carros e devido a dificuldade de comunicação com os outros utilizamos a língua gestual para marcar a nossa posição. Ninguém faz um manguito numa discussão cara-a-cara porquê, ou num debate político só para reforçar o ponto de vista? Eu gostava de ver. O Manuel Pinho tentou abrir essa porta, mas não foi bem aceite o conceito.

Tenho pouca experiência em manguitos, do ponto de vista do utilizador, nem me lembro se o fiz alguma vez, mas recordo-me de um amigo exibir o seu a um carro que se atravessou à nossa frente e ia provocando um acidente. O carro perseguiu-nos até parar ao nosso lado num semáforo. Nisto o condutor abre a janela e a mulher que estava no lugar do pendura grita "Mete o dedo na cona da tua mãe". Nós rimo-nos, deliciados com a classe da sujeita, e cada um foi à sua vida.
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Negociadores GNR vs Quêfros



Já há uns tempos vi nas notícias que estavam a formar agentes da GNR na bela arte de negociar com criminosos. Não sei porquê mas juntar as palavras GNR e negociar com criminosos na mesma frase faz-me lembrar suborno, partidas estranhas que a mente nos prega.

Ora bem, não querendo criar estereótipos, a grande maioria dos GNR são uns senhores de bigode e barriga proeminente cujos níveis de inteligência deixam algo a desejar. Como tal, penso que as capacidades para tratar de um negócio cuja moeda de troca são, na maioria das vezes, a vida de reféns inocentes poderá ser algo reduzida. "Ah mas não são todos iguais", eu sei que não mas estereotipar é giro. O único sítio onde já vi um GNR negociar com arte e mestria foi num bar, no qual em troca de algumas minis fechava os olhos a algumas irregularidades que à sua volta aconteciam. Bom negócio para o dono do estabelecimento e também para o senhor agente cuja alegria passado alguns minutos estava bem patente nos seus olhos. Com certeza que de seguida até foi desempenhar melhor a sua profissão de tanta alegria que sentia.

Ora a minha sugestão era a seguinte: Que tal contratar daqueles senhores que andam a vender rosas nas ruas, vulgo "quéfro"? Esses senhores sim, possuem as qualidades e capacidades necessárias para negociar com eficácia e eficiência seja com quem for. Não é por mero acaso que existem há muitos anos pelas nossas ruas, sem precisar de inovar no negócio (fora as coroas de brilhantes e os adereços temáticos pela altura do Natal) e continuam a vender mesmo com a crise. É certo que à custa da ilusão de que uma simples rosa permitirá a entrada em zonas femininas possivelmente interditas, como se de um suborno ao porteiro se tratasse. Também vive à custa da quantidade de álcool que navega no sangue da grande maioria dos portugueses. Mas também, um assaltante que arrisca a vida e uns anos na cadeia para roubar meia dúzia de tostões, não estará na posse das suas capacidades mentais, condições ideais para o negociador ter sucesso. Mesmo que o criminoso pense que está a fazer um óptimo negócio, o "quéfrô" vai ficar sempre a ganhar.

"Liberto a senhora se me derem um avião!" Mau negócio para a polícia, a meu ver o avião vale mais. Com os negociadores que sugiro, o larápio conseguiria no máximo um papagaio de papel em troca da mesma senhora e ia todo contente mostrar aos amigos o fantástico negócio que tinha feito.

Às vezes é preciso é ter visão para aumentar a eficiência dos serviços e ao mesmo tempo reduzir os custos. É preciso pensar fora da caixa.
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28 de janeiro de 2014

As melhores formas de emagrecer



Pois é, acho que ainda não ofendi pessoas suficientes neste blogue. Como tal, venho falar de um assunto sensível: Quem já ouviu "Pois ele deixou-se engordar, deve ser um problema hormonal", ou "O meu problema é que tenho o metabolismo muito lento"? Eu já ouvi este tipo de desabafos, e normalmente enquanto barravam um donut com manteiga de pepitas de chocolate e bebiam uma coca-cola light de penalti depois de um almoço de rodízio brasileiro.

Há pessoas que quando se queimam na mão em óleo e a pele fica tostada vão lá roer os dedos só porque lhes cheira a churrasco. E essas pessoas são normalmente gordas e o único problema que têm é comer mal e demais, e não fazerem desporto a não ser quando percorrem o corredor dos chocolates do Continente. As hormonas delas estão óptimas e o metabolismo até pode estar mais lento, consequência de não mexerem o rabo para nada. 

Estas pessoas são fáceis de detectar. Vê-se logo quem são no facto quando vão ao ginásio (que fica no primeiro andar de um qualquer estabelecimento, por exemplo), em vez de irem de escadas, apanham o elevador para subir 1 piso. Andam a treinar "duro" mas não são capazes de começar o aquecimento 1 minuto antes ao subir as escadas. Quem faz isto e se queixa de não emagrecer, claramente não está a treinar afincadamente.

Emagrecer é apenas e só, comer menos calorias do que as que se gastam. Não me venham com tretas. Salvo raríssimas excepções, que concedo que possam existir, que são realmente problemas incontroláveis, todos os outros gordos são uns alarves e que não querem tirar o cu do sofá! Eu por mim tudo bem, não tenho nada a ver com isso, mas não me venham com tretas e dizer que as dietas e o exercício que fizeram não funcionam. Se comerem menos, mais saudável e fizerem exercício vão ver que emagrecem. Meto dinheiro nessa aposta.

Se eu lançasse um livro de dietas seria barato e só teria uma página. Chamar-se-ia "Comece a emagrecer agora" e no único parágrafo de texto diria. "Para começar a emagrecer já, fecha essa boca de aspirador de gorduras e açucares, levanta o cu do sofá recostado onde estás a ler este livro, e vai andar. Vai dar a volta ao quarteirão ou o caralho, mas mexe essa peida até que essas pregas de gordura fiquem doridas de tanto abanarem.

"Ai porque as mulheres gordas também são bonitas". Hum... podem ser. Mas eram mais bonitas se fossem mais magras. De certeza! E não estou a falar de escanzeladas, modelos de passerelle, que uma corrente de ar lhes desloca a bacia. Estou a falar de um peso saudável, porque é isso que está em causa, é saúde, não é estética. Dizer que não se deve ligar ao peso, que as mulheres gordas são lindas é mentira e é perigoso. Engraçado que nunca ouvi daquelas campanhas a defender os modelos XXL em relação aos homens. Aparentemente só as mulheres gordas é que são bonitas, só as mulheres é que são afectadas pelo estereótipo irrealista de beleza que a sociedade nos apresenta. Parece que os homens não têm direito a isso. Homem de six pack é que é. Dizem que os gordos são mais simpáticos, que é como quem diz que são mais feios. "Era giro ele?", "Era simpático". Mas isto é conversa para outro post, que se não este fica maior e mais feio que uma gorda de leggins a arrepanhar a xixa que parece que estão ali as orelhas do dumbo a sair pela cintura.

A nossa condição genética faz com que sintamos atracção por pessoas com um ar saudável, que contenham bons genes para procriar. É assim que as coisas funcionam no nosso cérebro. Por isso é que gordura é considerada menos estética, é fundamentalmente por questões de saúde. Dizerem a alguém que tem 30 kg a mais que não precisa de emagrecer porque todas as mulheres são bonitas é parvoíce. Devíamos era incentivar a saúde, não era por paninhos quentes só para os gordos não se sentirem mal. Que se sintam mal e que esse mau estar os leve a um estilo de vida mais saudável. Mas não se metam em anorexias e bolimias que isso é ainda mais parvo.

Sei que há gordos e gordos, eu falo de gordos que a saúde começa a ficar em risco. Quem tem uns kilinhos a mais tem é que de deixar de preocupar com isso, que mais 5 menos 5 kilos não é por ai que vos vão achar mais ou menos atraentes. Só se ao perderem esses kilos ficarem mais confiantes e aí sim, o sexo oposto cheira-lhes a confiança, principalmente as mulheres. Estou a falar daqueles gordalhufas que chegam ao ponto de ter que utilizar um daqueles carrinhos eléctricos para passear e para mim isso é gozar com todos os paraplégicos.

Gordinhos/as a ler este post não fiquem ofendidos, não é a minha intenção. Mas prefiro tratar-vos assim do que de forma condescendente e estúpida como fez a Margarida Rebelo Pinto. Por isso vá, encarem isto como um incentivo a fazerem pela vossa saúde neste ano que agora começou. Saladinha sem molho hoje ao jantar, ok? Vá, bom apetite!
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10 formas criativas de te despedires


Depois do texto sobre as 10 coisas a não colocar no CV, e já que estamos numa de parvoíces, fica aqui um artigo diferente. Este não se destina a quem está à procura de emprego mas a todos aqueles que estão descontentes no local de trabalho. Seja porque o patrão vos trata mal, porque vos pagam mal, ou qualquer outro motivo que vos vai levar num futuro próximo a despedirem-se. Para que não chegue a altura em que se passam e são despedidos sem deixarem a vossa marca, deixo algumas ideias para atingirem o objectivo em grande estilo e para que se lembrem, por muitos e bons anos, da vossa cara:
  1. Pendurar uma moldura com uma foto tua em tamanho real, nu, a comer uma maça, no gabinete do chefe e esperar o resultado.
  2. Chegar a uma 2ª feira e esperar que numa conversa casual o patrão pergunte "Então esse fim de semana foi bom?". Dizes "Sim chefe, fui à caça". Ele irá perguntar "Caça de gajas?". Nisto tu dizes: "Não chefe. Caça mesmo a sério, veja", com isto abres a mochila onde deves colocar com antecedência coelhos e perdizes mortas. Se forem assim meio amarfanhadas e desfeitas e com um cheiro já putrefacto tanto melhor.
  3. Não tomar banho o máximo de dias consecutivos até seres chamado à atenção pelo chefe. No dia que acontecer despes-te e vais tomar banho no autoclismo do urinol. No fim, vais nu perguntar-lhe chefe se está bom assim para ele.
  4. Colocar um vídeo pornográfico no portátil, com o som no máximo e recostares-te na cadeira à espera do resultado. Quando forem falar contigo dizes "XIU! Deixa ouvir".
  5. Quando o chefe for a casa de banho vais atrás dele. Colocas um enchumaço nas cuecas e esperas que ele saia. Quando ele sair sais também e à frente de todos, depois de reparem que tens a tenda montada, olhas para o patrão com um ar cúmplice e dizes "Obrigado chefinho", enquanto lhe passas um guardanapo no canto da boca.
  6. Ir de roupão por cima da roupa, levar um garrafão de vinho, pousá-lo no chão e começar a beber com uma palhinha das grandes. Pantufas são opcionais.
  7. Vir da hora de almoço com uma arma à cintura e começar a olhar fixamente o patrão nos olhos e sussurrar-lhe "Que horas são?" E depois dizer "Ok, obrigado, ainda é cedo..."
  8. Gritares bingo em plenos pulmões sempre que passar a gaja boa do marketing. Vai ser giro perceber a capacidade de detectar padrões da tua chefia.
  9. Ires à casa de banho sempre que o chefe for, até ele, constrangido, deixar de ir ao WC durante 3 dias e perguntares "Então chefe, pelo meu relatório não cagas há 3 dias, correcto?"
  10. Perguntar ao chefe "Que idade tem a sua filha?" Enquanto coças a genitália e lambes os lábios
Espero ter-vos dado boas ideias. Digam qual é a vossa preferida e acima de tudo deixem mais sugestões.
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27 de janeiro de 2014

Também há velhos idiotas



Já aqui falei sobre a 3ª idade e de como não acho que se devam respeitar pessoas mais velhas só pelo facto de serem mais velhas, mas sim se forem ou não boas pessoas. Um idiota de 30 anos será, muito provavelmente, um idiota de 80. Podem ler ou reler esse belo texto clicando aquiComo prometido nesse texto, conto-vos aqui uma história verídica com pessoas de idade, que envolve tentativa de esfaqueamento e também cocó. O ano decorrido era mil nove e quarenta e oito. Mentira, foi há dois anos. A história é um pouco longa mas vale a pena. Muito provavelmente é caso único no mundo.

Tudo começou com um telefonema: "Olha queres ir acertar o passo a um senhor de 70 e poucos anos?". Não é um telefonema que eu receba muitas vezes, entenda-se, e por isso prendeu a minha atenção. Então entre algumas explicações, lá fiquei a saber que um senhor de idade tinha agredido a irmã de um amigo meu, na casa dos 30 anos, no estacionamento do Pingo Doce (não me lembro qual, mas também não interessa). Ao que parece a irmã desse meu amigo estacionou e vem uma velha por-se a frente do carro a dizer que o lugar estava reservado. A irmã ignorou a velha e estacionou na mesma ao que a senhora começa a gritar que ela a estava a tentar atropelar. Nisto vem o senhor, sai do carro e começa a gritar na cara da irmã do meu amigo, dizendo que o lugar era dele e que ela tentara atropelar a mulher dele. Conversa puxa conversa e o senhor não vai de modas e soca a rapariga no peito fazendo que com ela caia para trás, para dentro do carro e comece a chorar o filho pequeno que estava na cadeirinha no banco de trás. Um pandam como mandam as leis. Um regabofe do melhor. Ela sacou a matrícula do carro e com um ou dois telefonemas lá se conseguiu a morada do homem. Legal? Nem por isso. Mas às vezes tem que ser.

Esta história convenceu-me. "Vamos lá acertar o passo ao senhor, mas ainda vamos é levar um tiro que esses velhos gostam de ter caçadeiras em casa" disse eu. Mas fomos na mesma. É de notar que nenhum de nós ia com intenção de agredir ninguém, apenas de conversar com o senhor e obter um pedido de desculpas, mas acima de tudo porque somos parvos e não tínhamos nada para fazer nessa tarde. Então lá fui, eu, esse meu amigo e outro amigo nosso.

Lá nos metemos no carro e fomos cantando alegremente durante a viagem a música do Dartacão, só para entrar na personagem. Chegando à porta de casa do senhor, uma zona pacata, de moradias e vivendas, batemos à porta. Nisto abre um senhor, que correspondia à fotografia (mais uma vez, a legalidade deste processo é questionável). Pergunta o meu amigo João, irmão da vítima:
- É o senhor Alfredo Manivelas?
- Sou sim senhor! - Diz ele com orgulho e de peito cheio.
Nisto eu e o Manuel aparecemos, estávamos convenientemente afastados para o homem não ter receio de abrir a porta. O senhor olhou-nos normalmente nem imaginando que lhe estavam a bater à porta para cobrar o que ele tinha feito há apenas umas horas atrás.
- O senhor esta manhã teve uma atitude um pouco questionável. Importa-se de me dizer o que se passou? - Disse o João.
- Eu? Ó meus amigos, isto é alguma brincadeira ou quê?
- Não, estou a falar muito a sério. O senhor agrediu uma senhora hoje no parque de estacionamento do pingo doce.
- Eu? Essa parva? Eu não fiz nada, ela é me faltou ao respeito!
- Essa parva é minha irmã senhor Alfredo, e ela diz que você a agrediu e como deve compreender eu confio nela.
- Bem já não estou a gostar desta conversa, diz ele enquanto tenta fechar a porta.
Nisto o Manuel trava-lhe a porta com o pé e diz:
- Alfredo, esta porta já não fechas! - Com isto tinham sido claramente assumidos os papéis de bom e mau polícia, a mim restava-me o polícia mais ou menos.

A conversa começa a subir de tom, a mulher vem à porta e começa aos gritos, a vizinhança vem toda cá fora a ver o que se passa. O Manuel começa a mandar fumo do cigarro para a cara do Alfredo e começam as altercações verbais parte a parte, com o João a tentar acalmar e eu a dizer:
- Senhor Alfredo, todos nos exaltamos às vezes, acontece! Só queremos que peça desculpa. Só isso. Que admita e peça desculpa. Estar a mentir só vai piorar a situação porque é estar a faltar duplamente ao respeito à irmã do meu amigo.

- Essa gente é uma merda! - Grita um dos vizinhos. O que nos deu ainda mais certeza que aquele velho merecia pouco respeito da nossa parte.

Nisto o velho vai lá para dentro. Era claro que ia buscar alguma coisa. Eu temi que viesse de lá a caçadeira que tinha falado e disse que era melhor afastarmo-nos um pouco. Vem de lá o senhor Alfredo com um facalhão de trinchar vacas, com a mulher a agarrá-lo aos gritos e ele com ar de assassino a dizer "Vou-te cortar a barriga meu cabrão", dirigindo-se ao nosso mau polícia. Em relação a nós ele estava calmo. Era o Manuel que ele queria. Nós agarramos-lhe no braço e tentamos acalmar dizendo que com aquela atitude iria correr mal para o lado dele, que ninguém tinha vindo ali para aquilo.

- Se for preciso ir à polícia eu testemunho que ele vos tentou esfaquear - grita novamente um dos vizinhos, outro, não o mesmo, o que ainda reafirmou mais a ideia de estarmos perante boas pessoas.

As coisas acalmaram, tiramos-lhe a faca, demos à mulher para ela ir guardar, e o velho começou a quebrar. A chorar, a tremer de nervos e finalmente a começar a admitir que se tinha excedido. Não chegou a admitir tudo e a pedir desculpa, mas já era suficiente para nós. Mesmo antes de virmos embora a velha agarra-me no braço e diz-me sussurrando "Borrei-me toda!". Eu pensei que era um borrar metafórico, mas não, era mesmo um borrar de quem tinha feito coco pelas pernas abaixo com a emoção. Não pude deixar de me rir e de sentir que já tinham pago pelo que tinham feito. Nem nos nossos sonhos mais ambiciosos pensámos conseguir tal vitória.

Chamámos a polícia, vieram rápido, falaram connosco e foram esclarecer o assunto com eles, com os vizinhos a chamarem-lhes nomes pelo caminho. Perguntaram se queríamos apresentar queixa, que os vizinhos tinham testemunhado que ele nos ameaçou com uma faca. Dissemos que não. Não nos perguntaram como tínhamos dado com a casa do senhor, sabiam que a resposta não ia ser a verdade, disseram-nos só "Epá chegámos lá e a senhora estava na casa de banho a limpar-se! Estava toda cagada pelas pernas a baixo! Não voltem lá, ok?". Nós acedemos e dissemos que não. A nossa missão estava cumprida.

O Alfredo Manivelas não voltaria tão cedo a agredir alguém, muito menos uma mulher. Foi merecido, apesar de não deixarmos de ter pena do homem, porque se calhar até foi mais culpa da esposa que lhe fez a cabeça ao pensar que a tentaram atropelar. Ainda assim nada o desculpa. Correu bem, mas podia ter corrido mal. Podíamos ter levado um tiro, uma facada, ou termo-nos exaltado ao ponto de responder na mesma moeda ao senhor. Mas não o fizemos e é isso que fica para a história. Isso e termos feito uma velha fazer um número 2 pelas pernas abaixo, embora não seja coisa que se ponha no CV.

Acabo como terminei. Respeito as pessoas que merecem e não gosto do pré-conceito de que devemos respeitar os mais velhos. Devemos respeitar toda a gente até que provem o contrário, e o Alfredo provou. Fez-lhe mal à digestão essa prova mas foi a mulher que ficou mal do intestino.
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10 coisas que não se devem colocar no CV



Foi recentemente notícia, uma lista dos 10 erros proibidos numa entrevista de emprego. Podem ler aqui, mas aviso já que é uma treta. Treta porquê? Porque acho que caiem todas no âmbito do bom senso. Não ser antipático nem arrogante vem no topo da lista. Acho que não é preciso um estudo para saber isso. Mas deu-me a ideia de contribuir para quem anda agora à procura de trabalho, com algumas dicas sobre as 10 principais coisas a evitar colocar num CV. Tirando as óbvias, como por exemplo, ter sido administrador do BPN... Aqui vai a lista, sem ordem de preferência, separadas por secção para facilitar o enquadramento (estrago-vos com mimos):

Aptidões e Competências de Organização e Gestão:
  • Excelente organização adquirida através da colecção de selos e construções de cera do ouvido
  • Capacidade de resolução de conflitos adquirida com ex-mulher
  • Capaz de levar a cabo tarefas fora do âmbito como desentupir retretes e/ou fazer desaparecer cadáveres
Aptidões e competências sociais:
  • Excelente espírito de equipa adquirido em projectos anteriores e orgias ocasionais na casa do Vítor
  • Dador de sangue de 2001 a 2010 (altura em que me foi diagnosticado HIV)
  • Moderador do fórum de nudismo Portugal e praticante ocasional na fonte da telha
  • Administrador do canal #bondage do mIRC
  • Excelentes conhecimentos sobre leis de Assédio Sexual no local de trabalho.
Outras aptidões e competências:
  • Conhecimentos legais, adquiridos em processo crime de homicídio, no qual me representei a mim próprio.
  • Católico praticante
Bastante útil, não concordam? Se tiverem outras sugestões deixem-nas nos comentários para podermos todos entre ajudar-nos.
Ao não colocarem isto no CV aumentam bastante as vossas probabilidades de encontrar trabalho. Mas se colocarem, pelo menos uma, provavelmente vão-se lembrar de vocês durante muito mais tempo. Fica a dica! De nada! 
Se gostaram, leiam o artigo relacionado sobre as 10 formas criativas de te despedires!
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23 de janeiro de 2014

Lapa vs Estoril



Esta semana houve uma notícia com o título "Gangues de boas famílias lutam quase até à morte". Se não leram podem ler aqui. Eu como sempre, prefiro esperar uns dias até comentar, para se ter acesso a todas as informações e não reagir de cabeça quente. Mentira! Sou é preguiçoso.

Primeiro que tudo quero apenas dizer que ter dinheiro não faz uma boa família. Por isso o título causa-me estranheza e também repulsa. Depois esta gente que apelida de gangues qualquer grupo de rapazes mal comportados e com a mania que são machos alfas, também me preocupa. Gangues em Portugal há muito poucos, eu vivo ao lado da Cova da Moura e nunca vi nenhum digno desse nome. Isto não são gangues, são putos estúpidos e mimados que não estão habituados a ouvir não como resposta. Depois em grupo acham-se os maiores, como todos os putos estúpidos, de classe alta, média ou baixa.

Bem vamos então ao que aconteceu. Foram 3 espancamentos levados a cabo por vinganças e porque, já se sabe, que violência gera violência.  Se bem que eu acho que eles com aqueles cabelos à "foda-se" provavelmente nem vêem em quem acertam e, se calhar, tudo não passou de um mal entendido!

O facto de isto ter acontecido à saída de um jogo de Rugby entristece-me. Era muito mais adequado ter sido à saída de uma partida de Golf ou prova Equestre. Era muito mais giro. O Rugby também é um desporto beto, verdade, mas com os outros tinha sido mais caricato. Para além disso era assim que eu gostava que tudo se tivesse passado:

- Você não sabe que o pessoal da Lapa não é bem vindo ao Estoril?
- Salvador, por favor, eu venho onde eu quiser.
- De todo Martim, estou muito arreliado consigo e não encaramos com bons olhos esta situação.
- Salvador olhe que me viro a si! Já estou a perder a paciência!
- Lembra-se do Manel Maria? Lembra-se do que lhe aconteceu? Veja lá se também quer ir parar ao hospital.
- Mas o Manel Maria não é tão rico como eu. Você sabe quem é o meu pai?
- Ai veja lá! O menino do papá. Vamos andar à porrada como os pobres?
- Vamos a isso Salvador. Deixe-me só tirar o cabelo da frente dos olhos e pousar os Aviators.

Nisto aparece um gangue a sério, rouba-lhes tudo e dá um enxerto de porrada nos putos para deixarem de ser tão afectados daquela cabeça atrasada mental. Era assim que devia ter acontecido. Assim a notícia seria: "Gangue de delinquentes espanca quase até à morte rapazes bem comportados de boas famílias", e tudo voltava ao normal e ninguém se admirava. Fica tudo admirado de quem tem dinheiro ser mal comportado. Eu conheço muita gente com dinheiro em que os únicos valores que tem são mesmo os materiais. Há quem diga "os gangues que andem a matar-se uns aos outros que ficamos nós melhor". Eu concordo. Principalmente para estes casos.
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Não desculpo



"Arranjar uma desculpa" é uma expressão muito utilizada no nosso país como se a desculpa estivesse avariada e precisasse que alguém a arranje. "Ah mas arranjar também significa obter!" diz o pertinente leitor. Ok, é verdade, mas se eu não tenho a culpa, tenho a desculpa, não preciso de a obter de lado nenhum. Ao português (e ao ser humano em geral) tudo serve como desculpa. O português tem sempre razão, eu pelo menos tenho.

Os sinais luminosos intermitentes existentes nos nossos carros, pisca-pisca ou apenas piscas, são o exemplo disso. A sua utilização nas situações para quais foram criados é raramente posta em prática, já que a maioria dos condutores pensa que se tratam apenas de ornamentos para tornar o prolongamento do seu pénis, vulgo carro, mais bonito e luminoso, descuidando que um simples gesto que consiste em mover 2 ou até 1 dedo para deslocar o manípulo 1 centímetro indicando a direcção que pretendemos tomar pode evitar na verdade bastantes acidentes. Ainda por cima são daqueles acidentes apelidados de "toque" mas que entopem a 2ª circular e me fazem chegar atrasado, não que tenha horas para o que quer que seja, mas se fico preso no trânsito porque um anormal acha que dá muito trabalho por o pisca concerteza que fico arreliado.

Agora se for para "arranjar uma desculpa" o português já utiliza os piscas, e são logo os 4 de uma só vez. Exemplifico: Estaciona em segunda fila, vai almoçar ou tratar da papelada, que já sabe que o poderá ocupar durante 1 hora. Mas deixa os 4 piscas... E ai de quem buzine e refile com o senhor do Mercedes que lhe bloqueia o carro há meia hora, pois ele responde logo irritadíssimo como se a razão fosse sua amiga de infância "Não vê que tenho os 4 piscas?!". Como se as 4 luzinhas a piscar conferissem à viatura e ao condutor um estatuto de super herói imune a qualquer tipo de coima e até mesmo de culpabilização moral seja por parte de quem for.
Na minha opinião, e se não desse direito a prisão preventiva e o processo fosse arquivado só porque sim, era agarrar nesse indivíduo e aleijá-lo severamente com um bastão de ferro. O problema é que se apanha o português oposto, o banana que pede desculpa por tudo e por nada, este ainda é capaz de dizer "Desculpe lá, não tinha reparado.." E o senhor do Mercedes vai para casa a pensar que tinha realmente razão mais uma vez. Mas isto é pano para outra manga.

Tenho dito. Muito obrigado e Deus vos abençoe! (Deus... outra coisa inventada só para tentar justificar o indesculpável).
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22 de janeiro de 2014

Post de merda



Dado o teor demasiado sério dos últimos posts, parece-me a altura certa para efectuar uma dissertação, sobre sanitas. Por questão de coerência. "Qualquer altura é boa para falar de sanitas" pensam vocês. E têm razão. Vamos então falar sobre elas e desvendar certos mistérios que nos povoam a mente deste a mais tenra idade. Ao invocar este assunto, duas questões nos assaltam:
  1. O porquê de existir um tampo da sanita?
  2. O porquê do fim da sanita ser curvo?
Eu estou aqui para vos entreter mas também para vos esclarecer e instruir, dando-vos cultura geral acerca dos mais interessantes temas da actualidade. Posto isto, passo então a explicar cada uma das questões que pertinentemente foram postas.

1 - O tampo da sanita serve para quê? Perguntamos todos nós aos nossos pais, mal chegamos à idade dos "porquês". Os nossos pais embaraçados com tal pergunta desviam o olhar e disfarçam dizendo "queres ir andar de baloiço?". Muitas vezes ouvi eu isto... Pois é, mas hoje estou cá eu, e se os vossos pais não vos dizem, digo eu! Serve apenas para criar tema de discussão entre pais e filhos e casais que já pouco comunicam entre si. A minha nota de apreço aos fabricantes que se decidem pela sua construção em madeira, pois fica mais quentinho e não custa a sentar logo de manhã, principalmente no inverno. É que quando é de plástico, muitos de nós aguentam ao máximo para só ir efectuar a descarga depois de alguém o ter feito, pois assim é garantido que o tampo se encontra ainda morninho. E fazer isto diga-se... é nojento.

2 - Aqui está o cerne da questão a meu ver, quando falamos de sanitas, e atenção que não é nem penicos, nem bidés, é sanitas! Portanto o que aconteceria se vários engenheiros de todo o mundo não se tivessem reunido e chegado a conclusão que o fim da sanita deveria ser curvo? A resposta a isto é muito simples meus amigos, os dejectos sólidos pelo nosso corpo expelidos, encalhariam e não rebolavam caprichosamente para o esgoto. Tomando portanto uma forma curvada, o fim da sanita, fim da vida para qualquer dejecto, impele uma força centrípta que fornece uma aceleração linear e rotacional que, aplicada ao trolho, o direcciona para o outro mundo, obscuro e cujo cheiro é característico, o esgoto (fossa céptica nalguns locais do país).

Quero apenas deixar um apelo a todos os responsáveis pela indústria de sanitas neste país: Para quando podemos contar com uma sanita, cujo design impeça que a água caprichosamente salte atingindo os delicados glúteos de cada um, tal como o tsunami desbravou costa asiática? É que o tsunami não possui xixi...
Por ora, dou por completa esta dissertação. Se tiveram mais questões deixem nos comentários que terei todo o gosto em responder, para cada vez mais se deixarem de fabricar tabus e deixarem as sanitas expressarem-se livremente. Ah e vamos fazer um esforço para popularizar novamente a palavra "retrete". Soa a vinho francês caro e acho que tem muito mais classe que sanita.
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O Hitler queria ser pintor



O meu irmão, quando era pequeno, dizia que queria ser médico da pica ou dragão com fogo, para assar castanhas. Uma criança que vive na Buraca e fantasia com agulhas teria tudo para correr mal, mas, felizmente, hoje em dia, esta é muito feliz e conseguiu juntar o melhor dos dois mundos: vende castanhas no Rossio, para sustentar o vício que tem na heroína. Estou a brincar. Antes fosse. Infelizmente é designer. É quase a mesma coisa, mas com menos saídas profissionais. O que leva uma criança a deixar de querer ser dragão com fogo e assador de castanhas, para ser designer? A criatividade que se perde em menos de vinte anos… O mundo faz-nos isto. Temos sonhos e arrumamo-los na gaveta do fundo juntamente com as recordações de amores passados. Ficam ali. Não gostamos de os deitar fora, mas também nunca mais lhes vamos mexer.

Pensei nisto porque dei por mim a perguntar se a arte pode salvar o mundo. Não por achar que é a mais importante das áreas e a que devemos valorizar mais, mas porque, normalmente, os artistas são os únicos que trabalham no que realmente lhes dá prazer e porque são os únicos que criam para outros sentirem.

Ninguém se emociona ao saber das novas descobertas na área da medicina ou da tecnologia como se emociona a ouvir Mozart, Queen ou Ana Malhoa.

A imagem no cimo do texto é uma das pinturas de Adolf Hitler. Sim, ele queria ser pintor. Era o sonho dele. Mas, depois de ser rejeitado pela Academia de Belas-Artes de Viena, decidiu que o genocídio era a sua segunda área de interesse. Não é uma acção/reacção, obviamente, mas se ele tivesse entrado e seguido a sua paixão, teria ele, mais tarde, enveredado pelo caminho complicado e com poucas oportunidades de emprego que é a de ditador absolutista e carniceiro? Não sei. Mas gosto de pensar que as coisas teriam sido diferentes. Hitler era um génio. Do mal. Mas um génio. Poderia ele ter sido genial noutra área? Não sei. Que ele tinha pancada na cabeça, disso não há dúvida, e que nada desculpa o que ele fez, claro que não. Mas poderia ter sido diferente? Acho que sim. Se tivesse sido motivado para fazer aquilo de que gostava, pela sociedade, e pelos que o rodeavam. E, se tivesse conseguido entrar na Academia de Belas-Artes de Viena, talvez não houvesse Holocausto. Basta mexer numa variável pequena para alterar o resultado final, e essa, claramente, é uma variável maior do que a maioria. Poderia ter sido um pintor sociopata e com uma pancada tremenda na cabeça, mas muitos dos de hoje também o são. Muitos dos CEO de grandes empresas também.

Por todo o mundo, a hierarquia das disciplinas que nos ensinam é a mesma. Matemáticas e Línguas no topo, Humanidades a seguir e a Arte no fundo. Há uma história engraçada, contada brilhantemente na palestra TED «Do schools kill creativity?», que conta o caso de uma miúda de oito anos. E de como a sua mãe foi chamada à escola por os professores considerarem que ela tinha um défice de aprendizagem e/ou hiperactividade. A mãe levou-a a um especialista. Depois de falar com elas em conjunto, disse à miúda que iam falar em privado e que ela teria de ficar no gabinete sozinha. Ao saírem, o especialista ligou o rádio, fechou a porta e disse: «Observe a sua filha.» E a mãe e ele viram que, no minuto em que eles saíram e a música começou, ela se levantou e começou a dançar, e ele disse: «A sua filha não está doente nem tem problema nenhum. Ela é uma bailarina. Leve-a a uma escola de dança.» E a mãe seguiu o conselho. O nome dela é Gillian Lynne, e acabou por se tornar numa das mais famosas bailarinas e coreógrafas do mundo.

A maioria dos pais, principalmente nos dias de hoje, tê-la-ia posto num psiquiatra e enchido de calmantes. Quantos artistas se perderam e pessoas infelizes se ganharam com este método de educação e de sociedade que esmaga a nossa criatividade? Isto é apenas uma premissa para deixar a pergunta no ar. Não podemos ser todos artistas, claro, mas não há incentivo da parte da sociedade, do sistema de educação, dos pais, para sermos artistas e criativos. Nunca ninguém me disse: «Gostas de escrever? Então, porque não te dedicas a isso?» Sou engenheiro informático, Artes é pouco comigo, e até acho que a arte contemporânea muito poucas vezes é arte. Um quadro branco com um ponto não é arte, é parvoíce. Pessoal a urinar para cima de jornais com fotos de políticos não é arte; caso contrário, todos os cães seriam artistas.
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21 de janeiro de 2014

O dia em que me cruzei com o Carlos Cruz



Isto passou-se por volta de 2001 ou 2002, portante pouco antes do escândalo da Casa Pia. Tinha eu os meus 18 anos, e estava à porta da casa de banho do Coliseu de Lisboa à espera de um amigo. Nisto, quem sai do WC é o Sr. Carlos Cruz. Eu olhei para ele naturalmente, e ele olha-me de alto a baixo com um ar de desprezo e sobranceria. Eu fiquei a sensação que seria ele a pensar "Deixam entrar qualquer tipo de pessoas nesta gala dos Globos de Ouro". Sim eu estava nos Globos de Ouro, não por ser conhecido, nem conhecer ninguém conhecido, nem ser rico, mas porque o meu pai a troco de umas paletes de leite e sumos tinha em troca uns bilhetes para vários concertos do Coliseu, entre eles esta gala. Eu tenho os contactos que realmente interessam! E eu como bom português, se é à borla vou. Fui uma vez, nunca mais lá voltei. Bem, voltando ao Carlos Cruz. Aquele ar dele tirou-me toda a simpatia que eu até nutria por ele, enquanto apresentador e figura pública. Nisto o meu amigo sai da casa de banho e diz-me "O Carlos Cruz não lavou as mãos depois de mijar". E pronto foi isto. Quando rebentou o caso percebi que não era um ar de desprezo, mas sim um ar de "Se fosses 1, 2, 3... 10 anos mais novo papava-te todo". Felizmente não me cumprimentou com aquelas mãos que não lavou que tinham acabado de estar em contacto com a pila com que andava a foder criancinhas.

"Ai mas ele pode ter sido tramado", dizem alguns em relação ao Carlos Cruz, só porque o acham mais fofinho que os outros. Pode? Poder pode, mas isso qualquer pessoa que esteja presa, que não tenha sido apanhada em flagrante. Se vamos a pensar assim estamos mal. O que é certo é que foi condenado e para todos os efeitos é um filho da puta inclassificável. Pior que os outros todos ainda. Porquê? Porque era o mais respeitado e foi o que andou a chorar mais em todos os canais de TV. Eu acho que um gajo com o dinheiro, poder e reconhecimento que ele tinha, só seria condenado com provas muito, muito fortes. Por isso vamos lá deixar a conversa do que se calhar ele é inocente, porque 99,9% de certeza que não é.

Só passou a ser mais aceitável fazer humor ou falar de pedofilia abertamente depois do Caso Casa Pia. Para além dessa importância, este caso mostrou que existem pedófilos em todos os estratos sociais, de todas as educações e orientações sexuais. Que é um problema que atravessa tudo e que deve ser levado mais a sério. Que violar uma criança, ou bebé, deve ser punido com mais do que 2 ou 3 anos de prisão, ou mesmo 6 ou 7 como o pessoal da Casa Pia apanhou. Que os poucos 25 anos, de pena máxima que temos direito a reclamar, são para casos como este. Ainda por cima prisões onde não os põe a tomar banho com o resto da malta, só para o convívio. Consta que até têm algumas regalias, como juntarem-nos todos 1 vez por semana numa almoçarada para relembrar os velhos tempos. Consta que a ementa é uma bela pratada de jaquinzinhos com salada de tomate cherry. Acho que deviam ser tratados de pior forma. Não podemos esquecer o impacto impacto profundo na nossa sociedade que este caso teve. Até ditados populares centenários sofreram alterações, por exemplo agora diz-se a propósito do médico Ferreira Diniz: Em casa do Ferreira espetam-me o pau.

Viram a volta que eu dei só para espetar duas piadas sobre pedofilia neste texto? Se não estavam à espera é porque é a primeira vez que cá vêm.

Para mim ser pedófilo é conseguir ser o mais baixo que o ser humano pode chegar. É conseguir meter nojo até ao triplo homicida que matou uma família inteira por 100€. E esses gajos não se impressionam facilmente. São gajos que já viram de tudo. Mas até esses se repulsam por um gajo gostar de meter a pilinha em criança alheia. Eu acho que os pedófilos têm todos a pila pequena. E viram-se para as criancinhas porque parecendo que não uma mão de criança numa pila pequena dá logo outra escala.

Os padres são os cinturões negros dos pedófilos. Conseguem tornar a pedofilia ainda mais nojenta. Reprimiram a sua sexualidade e expressam-na em crianças do coro que já não lhes bastava estar ali a cantar músicas do senhor ainda têm que levar com a batuta do maestro no rego das nalgas. Quando Jesus disse "deixai vir a mim as criancinhas" não era essa merda que ele queria dizer! Sempre se violou crianças e sempre se há-de fazer. Mas hoje em dia vem-se com a conversa do "é uma doença", "ele não consegue controlar os impulsos". Olha que filha da putice hein! Os animais quando estão doentes são abatidos não são? Desejo-lhes sinceramente uma morte lenta e dolorosa e sempre com comichão naquele sítio das costas que não se consegue coçar. "Ah foi abusado quando era criança". Ai foi? Então metam-no a ele e ao gajo que o abusou em criança numa arena e deixem-nos lutar até à morte! No fim, o que sobreviver é-lhe colocada uma granada no esfíncter e enche-se-lhe o bucho de purpurinas e confetis para o gajo se finar em grande estilo.

Era assim que eu lidaria com a pedofilia. E não estou a hiperbolizar! Tudo transmitido na TV com patrocínios e apostas e o dinheiro revertia a favor de instituições (sem serem da Igreja) que acolhem crianças abusadas. Olho por olho (ou ânus por ânus neste caso) e o mundo seria um local menos mau. Fica o sugestão a quem faz as leis e trata dessas coisas.
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A Bernardina fez-me acreditar em Portugal



Pois é. Na altura que isto saiu eu estava parado na escrita. Pensei "Bolas tinha tanta coisa gira para dizer acerca disto e passou o timing". Foi retirado do youtube por reivindicações de direitos de autor mas agora voltou, com os seus quase 3 milhões de visualizações. E eu pensei "talvez não seja tarde para achincalhar esta gente". Já quase tudo foi dito, bem sei, mas não consigo evitar. Se por acaso não sabem do que falo, podem ver aqui. Não aconselho. Já vi muitas coisas que preferia não ter visto na minha vida, mas esta destaca-se. Este vídeo faz a música da Fanny ter classe. E isso diz tudo. A Fanny em condições normais nunca teria classe. Pode ter muita coisa, mas classe não.

Primeiro que tudo quero deixar aqui patente que este vídeo fez-me acreditar novamente em Portugal, e que temos salvação. Porquê? Porque foi visto por 3 milhões de pessoas e aparentemente a maioria não gostou! Isto, mais que os indicadores da economia e do desemprego, mostra que estamos no caminho certo.

Vamos lá então deitar abaixo o vídeo ponto por ponto:
  1. Primeiro que tudo, as xuxas da Bernardina parecem aqueles sacos de leite do dia Vigor. Pingonas e sem vigor nenhum. O Canuco tem mau gosto musical mas também em termos de glândulas mamárias.
  2. O Canuco diz "as mulheres de hoje em dia" quando a Bernardina não lhe deixa tocar nas mamas para, segundo ele "ver se está quentinho". Não sei que tipo de mulheres de antigamente ele conhece, mas ao que parece foi criado numa casa de alterne.
  3. O facto da Bernardina "cantar" partes com sotaque africano. Porquê? Para o Canuco perceber? Parece-me um pouco racista.
  4. Ela dizer algures na música "que só quer ser amiga dele". Portanto, um empregado de mesa vem, tenta-te meter a mão nas mamas e o único problema é que ela só quer ser amiga dele. Parece-me óbvio. É normalmente assim que faço novas amizades. Facilita a intimidade.
  5. Quero também deixar um louvor para o grupo de baile, mais coordenado que um grupo de velhos com Parkinsson a dançar o Harlem Shake. O rapaz tem um piquinho a azedo e não há mal nenhum nisso, mas achei que o deveria dizer. E as bailarinas, principalmente a da esquerda, que está a ter um AVC e mesmo assim manteve-se ali como seria de esperar de uma profissional.
  6. Ela diz na letra que o pai zanga e a mãe também. Pudera! Já vi pais menos desiludidos com filhas depois de as verem num filme porno, mesmo daqueles interraciais e em grupo.
  7. Para finalizar e para isto não ficar demasiado grande, quero deixar também um obrigado especial ao director de fotografia. Por ter escolhida tão belas paisagens deste nosso Portugal.
Concluindo. Isto é tudo mau. Tudo. A música, a letra, as vozes, a dança, os cenários, as mamas. É tudo demasiado mau para ter sido feito a pensar que estava bom. Eu quero acreditar que isto foi feito apenas e só para o gozo. Não consigo conceber a ideia de que haja alguém que no fim, depois de tudo editado tenha olhado para isto e diga "Foda-se, isto está muita bom!". Gostos não se discutem mas quem gosta genuinamente disto, por achar que tem qualidade, é atrasado mental. Agora se me disseram que isto foi feito como brincadeira, para ter piada, e por gozo, então tenho que tirar o chapéu e dizer que está genial e cumpriu o objectivo. Infelizmente por muito que queira acreditar, parece-me, que vindo das personagens que vem, talvez esteja errado.

Mas volto a dizer, o facto de a maioria não ter gostado, de lhes ter chamado todos os nomes, de se ter indignado e revoltado, enche-me de esperança num país e mundo melhor.

P.S. - Depois do que aconteceu no caso Casa Pia ainda há pessoas a optar pelo diminutivo/alcunha "Bibi". Acho estranho. Embora acredite que esta Bibi, com esta música, também tenha feito muitas crianças chorar.
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20 de janeiro de 2014

Sonhar vs Bater Punho



O meu irmão quando era pequeno dizia que queria ser Dragão com fogo para assar castanhas. Agora quer ser designer. A criatividade que se perde em menos de 20 anos. O mundo faz-nos isto. Temos sonhos e arrumamo-los na gaveta do fundo juntamente com as recordações de amores passados. Ficam ali, não gostamos de as deitar fora mas também nunca mais lhes vamos mexer.

Vivemos um período estranho. Um período onde dizer mal de quem não consegue alcançar os seus sonhos é considerado discurso motivacional. Não me entendam mal, eu sou dos primeiros a dizer que somos um país de trabalhadores calões, que preferem queixar-se no café do que trabalhar. Mas isso é porque gosto de generalizar e sou parvo, não me levo a sério ao ir falar sobre isso em frente a uma plateia com o intuito de dizer que eu cheguei onde cheguei porque bati punho. Talvez porque ninguém me pague para isso ou  porque ainda não tenha chegado a lado nenhum. Mas bati muito punho, principalmente depois de ter internet em casa, ali por volta dos 13 anos, timing perfeito. O pessoal da minha geração é o único que teve o início da puberdade que coincidiu com o início da internet em casa. Ele há com cada conveniência... Mas não era à grande como agora. Antes de mais toda a gente em casa ficava a saber quando se ligava a internet, devido ao canto da sereia que o modem nos oferecia. Depois não era cá vídeos HD com stream em tempo real. Era fotos, má qualidade e com tempos de loading que um gajo tinha que puxar pela imaginação entre cada imagem para não se perder o entusiasmo.

Bem distanciem-me um pouco do tema. Voltando ao bater punho metafórico. Eu acredito na inequação que quem é rico e tem sucesso no que faz, lutou por isso, trabalhou muito mais do que a maioria está disposto. Principalmente os que vieram do nada, porque quem já herda dinheiro é muito mais fácil fazer mais. Agora o contrário não é verdade. Toda a gente que trabalha no duro e arrisca e se empenha tem sucesso. Mentira. A maioria está na miséria porque arriscou demais, ou porque simplesmente era mau a fazer o que tentou fazer. Outros dirão que foi sorte. E foi. Mas a sorte procura-se.

E eu fico inspirado ao ouvir uma palestra do Miguel Gonçalves, do Ricardo Diniz ou do Manuel Forjaz. Faz-me sentir que tudo é possível, que só depende de mim e como eu tenho confiança nas minhas capacidades fico a pensar que vou ter sucesso e ser milionário já amanhã. Mas depois penso melhor e vejo que é tudo uma treta que lhes sai da boca para fora. É giro, é inspirador, são grandes oradores e têm boas histórias e metáforas bonitas para contar. Também fazem falta e gosto de os ouvir. Mas são tretas. Se os ouvirmos sabendo que estão apenas a fazer isso, a contar uma história com uma boa moral não tenho problemas com eles. Tenho problemas quando acham que a receita do seu sucesso pode ser replicada bastando querer. O sucesso deles deve-se a eles mas também se deve aos ingredientes à sua volta. Que muitos, ou a maioria não tem. 

Ou seja, mete-me nojo gajos que vêm dizer que basta bater punho e vender pipocas para pagar os estudos. Que se uma empresa não te contrata é porque tens um mau CV e a culpa é tua. Que tens que vender o teu produto e se o fizeres o desemprego vai-se embora. Por um lado acho que é o discurso que precisamos de ouvir. Acho que precisamos de ouvir que a culpa é só nossa. Que não adianta culpar os outros. Que se não chegamos a lado nenhum na nossa vida é apenas e só porque não nos esforçámos os suficiente. Se calhar é isso que precisamos ouvir. Mas é mentira. E eu sou a favor da verdade. Mas ganha-se mais dinheiro a dizer mentiras.

É preciso empenho? É. Esforço? Sim. Trabalhar no duro? Claro! Mas não basta. E não basta porque não depende só de nós. Depende primeiro que tudo do sítio e das condições onde nascemos. Se temos boa orientação em casa. Se temos possibilidades para ir para uma boa escola. Se nos damos com os amigos certos. Se descobrimos os que gostamos realmente de fazer. Se o mercado tem espaço para nós. Se ganhámos a lotaria genética e com ela a capacidade de trabalhar 10x mais que a maioria. Se o nosso lado direito do cérebro funciona e nos dá a criatividade para nos destacarmos da maioria. Entre tantos outros constrangimentos que ditam o sucesso ou não de uma pessoa.

A premissa do que se batermos punho todos temos sucesso cai por terra na sua génese, no sentido em que se batêssemos todos punho em conjunto éramos todos geniais e como tal não tínhamos nada de diferente em relação aos outros e que nos fizesse destacar (chamo apenas à atenção que um homem que se prostitui a outros homens é, a meu ver, levar demasiado à letra o mote do Miguel Gonçalves).

Se trabalhar no duro, estudar, arriscar, criar, inovar ajuda a arrombar as portas do sucesso? Claro que sim. Mas pode não chegar, e não há problema nisso, é normal, é a vida. O sonho do meu irmão de ser dragão com fogo para assar castanhas, muito provavelmente não se vai concretizar. E isso é bom. Primeiro porque era parvo e segundo porque temos que continuar a ter sonhos que são e ficam apenas isso. Sonhos. Não interessa o punho que batermos, que nunca vão deixar de ser um sonho molhado. E sonhar é bom. Porque se acharmos que tudo é possível como nos sonhos, provavelmente nunca vamos acordar.
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